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Em nome do filho

“Em Nome do Filho” – Capítulo 17

Roteiro de Telenovela Brasileira                 Capítulo 017

 

 

Uma novela de:

Wesley Alcântara

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cena 01. Livraria Dom Casmurro/ Sala da Gerência/ Int./ Dia.

Continuação imediata do capítulo anterior.

Tamara está sentada numa poltrona degustando uma caixa de chocolates importados. Quando Lucído abre a porta com força e entra, sendo seguido por Téo.

Tamara (assustada) – Que isso?

Téo – Eu tentei parar ele lá embaixo, mas não teve como.

Lucído (a Tamara) – Eu exijo falar com você.

Tamara – Marque uma hora. Tô sem tempo hoje.

Lucído – Eu vou ser bem breve.

Tamara – Téo tira esse velho daqui. Louco!

Téo começa a puxar Lucído para fora da sala.

Lucído – Eu vim falar sobre seus pais biológicos. Eu sei quem são.

Tamara fica assustada, e Téo também paralisa.

Lucído – Seus pais estão bem mais próximos, do que você possa imaginar.

Tamara fica perplexa. Close final em Tamara, totalmente assustada.

Tamara (ressabiada) – Isso só pode ser mentira sua. Olha lá o que tu fala hein.

Lucído – E eu viria até aqui pra que? Você me conhece direito Tamara?

Tamara – Não. E é por isso mesmo que eu tô com o pé atrás.

Lucído – Eu não ganharia nada vindo aqui mentir pra você. Eu tenho provas de que isso tudo é verdadeiro, de que podemos estar bem próximos dos seus pais.

Tamara – É, se isso tudo for verdadeiro, você não ganharia nada. Mas por que você quer me contar? Qual o seu interesse nessa história?

Téo fica muito curioso, entra para sala e fecha a porta.

Tamara – Saia Téo. Essa história é só minha. Deixa-me tentar resolver sozinha.

Téo – E você vai acreditar nesse velho?

Tamara – E eu tenho outra saída?

Téo – Eu vou cuidar do caixa.

Téo sai da sala e fecha a porta.

Tamara – Agora estamos somente você e eu. Conta de uma vez quem são meus pais.

Lucído (tenso) – Eu vou contar, mas depois, preciso que escute a história que tenho pra lhe dizer. Essa história vai fazer todo o sentido e mostrar o quão perto de seus pais você esteve.

Tamara se senta.

Lucído – O seu pai sou eu!

(Música de tensão). Tamara olha Lucído com surpresa.

Corta para:

Cena 02. RJ/ Sanatório/ Cozinha/ Int./ Dia.

Yvete está com o pote de sopa na mão, muito aflita. Ellen continua imóvel ao seu lado.

Ellen – Você não estava com fome Yvete? Tome a sopa.

Yvete – Eu não posso com sal.

Ellen – É mentira sua. Tome esta sopa agora ou…/

Nesse instante Fabrício entra na cozinha, fazendo muito barulho. Yvete finge se assustar e deixa cair o pote de sopa no chão.

Yvete – Que susto Fabrício.

Fabrício – Desculpa dona Yvete, não era a minha intenção. Vim à cozinha procurar justamente pela senhora. Vou começar a ler um de meus fascículos que estará disponível no meu próximo livro.

Yvete – Oba! Vamos lá, o que estamos esperando?

Fabrício – Vou limpar a sujeira que fiz, esta sopa não pode ficar no chão. Onde tem pano Ellen?

Ellen (emburrada) – Deixa que eu limpo. Esse é meu serviço.

Fabrício e Yvete saem da cozinha. Ellen pega um pano, se ajoelha e começa a limpar a sopa caída, com muito ódio.

Corta para:

Cena 03. Livraria Dom Casmurro/ Sala da Gerência/ Int./ Dia.

Tamara está perplexa, sentada em sua cadeira, ouvindo Lucído, que está de pé, de frente para ela.

Lucído – E assim, eu fiquei na agonia por mais de 25 anos. Sofri por não saber quem era a minha filha. Mas a Eneida caiu no mundo, deu a filha pra adoção e nem me disse onde.

Tamara fica bastante abalada.

Tamara – Quer dizer que a minha mãe é a Eneida, essa irmã da Vitória que chegou há pouco tempo na cidade?

Lucído – Exatamente. Mas só agora eu consegui a pressionar e fazê-la me dizer quem era a minha Helena.

Tamara – Que nome mais brega hein Lucído. Parece até que sou filha do Manoel Carlos. Mas por que a Eneida nunca me procurou?

Lucído – Ela nunca me disse a razão. Só sei que ela acompanhou seu crescimento, mesmo que de longe.

Tamara – Eu preciso que ela me conte umas verdades. Isso não vai passar em branco não.

Tamara se levanta, pega sua bolsa e se encaminha em direção à porta.

Lucído – E nós, como ficamos?

Tamara – Tá tudo muito bagunçado pra mim, por favor, vá pra casa e espere que eu o procure. Deixa eu entender essa história e saber se tudo isso é mesmo verdade. Ainda tenho minhas dúvidas.

Tamara sai de sua sala. Lucído sai logo em seguida.

Corta para:

Cena 04. Casa de Regininha/ Sala/ Int./ Dia.

A sala está toda escura, Antero abre a porta e entra, puxando Regininha, forte, pelo braço e na outra mão está com a pistola apontada para ela. Antero Joga Regininha com toda a força no chão.

Regininha (assustada) – O que você quer? Eu não tenho mais nada contra a Vitória.

Nesse instante Antero acende a luz e revela Vitória com um exuberante vestido de seda vermelho sangue, sentada no sofá.

Vitória – Então a órfã de tia saiu mais cedo do emprego?

Regininha – O que mais você quer de mim Vitória?

Vitória – Eu quero a sua alma, quero o seu silêncio. Aliás, você já viu os filmes de ação da TV Americana? Lá, quem sabe demais é um perigo. A mesma filosofia, eu trago pra minha vida, quem sabe demais, acaba encontrando a luz mais rápido.

Regininha (medo) – Quer dizer que você vai me matar?

Vitória – Não. Tudo depende de você. Há duas saídas.

Regininha – Você está negociando meu silêncio?

Vitória – Eu não negocio com inferiores. Estou te dando à chance de sair dessa com vida. De não ter o mesmo fim que a sua tia teve. E aí, vai ouvir minha proposta?

Regininha olha para Vitória, em seguida olha para Antero, que está apontando a pistola para a cabeça dela, e volta a olhar para Vitória.

Regininha – Diga.

Vitória – Eu te dou uma grana e você some dessa cidade pra sempre. Nunca mais pisa aqui. Vai pra São Paulo, Rio de Janeiro, o caralho que quiser, mas some da minha vida e da minha vista. Aí eu me esqueço de você.

Regininha – Jura?

Vitória – Tudo que eu quero é me ver livre de você e desse plano de vingança vexatório que você arrumou. Te dou o dinheiro hoje e você vai pro Rio no último ônibus que sai dessa cidade. Sem se despedir de ninguém. Vai sem deixar rastro. E aí?

Regininha – E qual é a outra opção?

Vitória – Destrava a arma Antero.

Antero, com a arma apontada para Regininha, destrava.

Vitória (a Regininha) – Preciso ser mais clara?

Regininha – Posso arrumar minhas coisas então?

Vitória – É assim que eu gosto. Boa garota.

Vitória olha para Antero e sorri. Regininha fica pensativa.

Corta para:

Cena 05. Prefeitura de Flores/ Fachada/ Ext./ Dia.

Imagens da fachada. Fluxo natural de pessoas passando pelo local.

Corta para:

Cena 06. Prefeitura de Flores/ Gabinete da prefeita/ Int./ Dia.

Meg está sentada em sua cadeira, assinando alguns papéis, quando alguém bate a porta.

Meg (tom alto) – Pode entrar.

Meg volta a assinar os papéis. A pessoa abre a porta, entra e fecha. Meg olha por cima dos óculos e fica parada, perplexa. É Bebê.

Bebê – A senhora pediu pra eu vir cedo.

Meg olha Bebê de cima em baixo com olhar malicioso.

Meg – Senta querido. Precisamos conversar um pouco.

Bebê se senta.

Meg – Eu preciso analisar algumas coisas em você, posso?

Bebê – É aquele negócio de currículo? Eu dei pro Lui entregar.

Meg – Não é isso. Aliás, se fosse por isso, você nem estaria aqui. Que lixo de formação a sua.

Bebê – A senhora tá me xingando?

Meg – Digamos que estou te capacitando. Você precisa de instrução. Não te quero como um simples segurança da prefeita, mas sim, como meu digníssimo e respeitado assistente itinerante.

Bebê – O que vou fazer?

Meg (se levantando) – Levante-se.

Bebê se levanta, Meg se aproxima e começa a apertar seus bíceps. Em seguida tira, lentamente, a camisa de Bebê, e começa a apertar seu tanquinho, com muito desejo.

Lui abre a porta de uma vez só e entra na sala.

Lui (bravo) – Que tipo de safadeza está acontecendo aqui?

Meg fica paralisada.

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Cena 07. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.

Uma manicure está fazendo as unhas de Milena.

Milena – Hoje tenho uma bomba pra minha família. Acho que todos ficarão felizes.

Manicure – Que ótimo.

Milena – Faça francesinha nas minhas unhas hoje. Cansei de tons de vermelho.

A manicure continua fazendo a unha. A campainha toca e Teresa vai atender. Tamara entra na casa desesperada.

Teresa – Que isso garota? Não pode ir entrando assim na casa dos outros.

Tamara (a Teresa) – Cala essa sua boca e vá chamar a Eneida, rápido.

Teresa fica parada.

Milena – O que tá acontecendo aí gente?

Tamara se encaminha até próximo de Milena.

Tamara – A sua serviçal não quer chamar a Eneida pra mim. Eu preciso falar com ela urgentemente.

Milena (a Teresa) – Chama a Eneida de uma vez.

Teresa, mesmo contrariada, sobe as escadas em direção ao quarto de Eneida.

Milena (a Tamara) – Senta aí.

Tamara (rude) – Tô bem assim.

Milena volta a fazer suas unhas e Tamara fica de pé, impaciente.

Corta para:

Cena 08. Prefeitura de Flores/ Gabinete da prefeita/ Int./ Dia.

Lui de pé, nervoso. Meg e Bebê sem reação.

Lui – Estou esperando uma resposta convincente de vocês dois.

Meg – Você tá duvidando de mim?

Lui – Nesse mundo, eu duvido até da minha sombra meu bem. Agora se expliquem.

Bebê – A dona Meg tava vendo quanto eu media, pra mandar fazer meu uniforme.

Meg – É isso mesmo.

Lui – Jura? E precisava apalpar tanto abdômen dele assim? Precisava disso tudo?

Meg – Ai, Lui, que horror. Acha que eu vou querer o seu namorado.

Lui – Isso é você quem tem que me responder, queria?

Meg – Assim você até me ofende.

Meg simula um falso choro e Lui a olha com piedade.

Lui – Desculpa dona Meg, não queria causar esse transtorno.

Meg – Tudo bem, agora vai embora pra casa com seu namorado. Amanhã vocês voltam. Por hoje tá encerrado o expediente.

Lui – Sim senhora… Agora vem Bebê.

Lui e Bebê saem. Meg respira aliviada.

Meg – Essa foi por pouco.

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Cena 09. Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Dia.

Eneida e Tamara estão sentadas, conversando. Conversa muito tensa.

Tamara – Para de enrolação e fala de uma vez toda a verdade.

Eneida – O Lucído já disse. Essa é toda a verdade.

Tamara – Então quer dizer que…/

Eneida – Quer dizer que o Lucído e eu somos seus pais biológicos.

Tamara fica chocada e começa a chorar.

Tamara (chorando) – Como vocês puderam? Como vocês me abandonaram?

Eneida (cabisbaixa) – O Lucído não tem nada haver com isso. Ele nem sabia. Eu é que te deixei para adoção. Eu não podia te levar comigo. Não dava. Era um momento meu. único.

Tamara – Seu? Único? E eu? Se fez, tem que assumir. Eu era sua filha. Uma menina indefesa, que precisava de colo, de carinho, de cuidados. Não sabe o quanto me doía e ainda dói, saber que você cresceu numa família que não era a sua. Por mais que eu tenha recebido amor, por mais que eu tenha tido de tudo, faltou saber a minha verdadeira origem. Faltou saber quem são meus pais de verdade.

Eneida – Eu rompi um laço.

Tamara – Pior. Você nunca construiu esse laço. E agora é tarde demais para arrependimentos. É tarde pra tentar estabelecer qualquer sentimento, qualquer vínculo. Tudo que eu sinto é um enorme vazio, vazio este, que jamais será preenchido. Nem por você, nem por ninguém.

Eneida – Eu sei que jamais serei sua mãe, mas eu queria estabelecer algo com você. Queria poder te dar esse amor que ficou guardado aqui.

Tamara – Eu sinto pena de mim, mas pena maior, eu sinto de você. É um lixo humano, algo inexplicável. Você foi um monstro. E sabe como você vai pagar? Com a solidão.

Eneida começa a chorar.

Tamara (saindo) – Morra sozinha!

Tamara sai do escritório e Eneida se joga no chão, em uma crise de choro.

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Cena 10. Rodoviária Municipal/ Ext./ Dia.

Regininha está na plataforma de embarque com uma mochila perdurada nas costas. É quando Eva chega.

Eva – Regininha?

Regininha abraça Eva e fica agarrada a ela por alguns instantes.

Regininha – Que bom que você veio.

Eva – Mas você vai pra onde?

Regininha – As voltas que a vida dá me fizeram mudar o caminho, tive que pegar um atalho, ficar na retaguarda e esperar o momento certo para voltar em cena. Infelizmente eu tenho que ir, mas quero que saiba que estou muito feliz em ter te conhecido.

Eva – Você foi uma amiga e tanto.

Regininha – Eu tô indo pro Rio hoje, mas eu volto. Eu tô levando seu número de telefone e com ele uma saudade grande. Juro que lhe escrevo minha amiga.

Eva e Regininha se abraçam emocionadas. Nesse instante Álvaro chega.

Álvaro (a Regininha) – Então você vai mesmo?

Regininha – Momentaneamente. Eu prometo que volto.

Álvaro – Volta mesmo?

Eva – Eu vou indo minha amiga. Beijos e Boa Viagem.

Eva abraça Regininha e sai.

Álvaro – Fica, por favor.

Regininha – Eu prometo que volto antes do que você possa imaginar.

Álvaro – Tá bem.

Regininha – Não se esquece de mim, tá?

Álvaro – Jamais me esquecerei.

Regininha e Álvaro se beijam apaixonadamente, em seguida, Regininha entra no ônibus e Álvaro se despede com aceno de mão.

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Cena 11. Mansão Trajano/ Jardim/ Ext./ Dia-noite.

(Música “Hoje” – Mc Ludmila.) Transposição do dia para a noite.

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Cena 12. Mansão Trajano/ Quarto de Mafalda/ Int./ Noite.

Mafalda está deitada na cama, com uma caixa de bombons, comendo e assistindo TV, quando Tia Pombinha entra no quarto.

Tia Pombinha – Boa noite, nem vi sua careta hoje.

Mafalda – Dá um tempo, vai.

Tia Pombinha – Que bicho andou te mordendo?

Mafalda – Um bicho enorme, negro e muito, mas muito gostoso, que a senhora não conhece faz anos.

Tia Pombinha fecha a porta do quarto e se senta.

Tia Pombinha – A amiguinha da sua irmã tá lá embaixo.

Mafalda – Quem?

Tia Pombinha – Vitória Lemos de Amadeu.

Mafalda – É normal, essa pilantra vem sempre aqui.

Tia Pombinha – Mas eu tenho minhas desconfianças. Naquele bordel, sempre que elas se juntavam, algo muito ruim estava para acontecer.

Mafalda – Hoje em dia, são outros tempos Tia Pombinha. Outras formas de se ver o mundo.

Tia Pombinha – Seja como for, eu vou descer e vou ver o que se passa nesse lugarejo. Beijo e fui.

Tia Pombinha sai do quarto e Mafalda volta a assistir TV.

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Cena 13. Mansão Trajano/ Sala de Estar/ Int./ Dia.

Close em Meg e Vitória sentadas no sofá conversando. Em seguida, close em Tia Pombinha no alto da escada, ouvindo a conversa.

Meg – Mas matar o Antero? Ele é seu braço direito.

Vitória – Eu não confio no Antero. Não quero mais ele como meu assistente nos crimes.

Meg – Eu acho essa sua atitude radical e precipitada.

Vitória – Ele sabe demais. E agora com a Regininha fora do jogo, a última peça a deixar o tabuleiro vai ser o Antero. Eu preciso acabar com ele. Aí sim serei feliz.

Meg – E você pretende mata-lo quando?

Vitória – Hoje! É hoje que eu pego aquele desgraçado.

Close no olhar de Vitória. Close no olhar de surpresa de Tia Pombinha.

Corta para:

FIM

 

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