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Meu Rio

MEU RIO – Capítulo 22

Aviso: Este capítulo contém descrição de suicídio. Meu Rio é uma web de ficção que fala sobre problemas reais e sérios como depressão, bullying, suicídio etc. Por colocar esses assuntos em debate, esperamos que nossa web ajude a audiência a iniciar uma conversa. Mas se você está lidando com algum tipo de problema, essa web talvez não seja para você ou talvez queira ler com uma pessoa de confiança. Se sentir vontade de conversar com alguém, contatar um parente, um amigo, conselheiro de escola ou adulto que deseja conversar, faça isso. Peça ajuda em cvv.org.br, porque no minuto que começar a falar, as coisas ficarão mais fáceis

[Rio de Janeiro, Metrô – Manhã]

LEONARDO – (No celular) Alô!?
BENEDITA – Leo, você está onde?
LEONARDO – No metrô indo para a faculdade
BENEDITA – Vou te esperar lá, onde te encontro?
LEONARDO – Perto do restaurante universitário, mas por que você quer me encontrar
BENEDITA – Lá conversamos.

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Beatriz – Manhã]

BEATRIZ – Grávida? Eu vou ser avô?
PILAR – Sim, mas o seu filho acha que devo está dando algum golpe nele.
RICARDO – Não é bem assim
BEATRIZ – Como é que? Não ter vergonha não moleque? Eu não te criei assim, peça desculpas agora para a sua noiva?
RICARDO – Noiva?
BEATRIZ – Sim, agora com essa gravidez tem que casar, peça logo desculpa.
RICARDO – Desculpa se te ofendi de alguma forma, mas eu não pretendo me casar com você, eu vou dar meu nome, estar presente, ajudar no que for necessário, mas casar, não vou.
BEATRIZ – Claro que vai e vamos aproveitar logo o almoço para anunciar a gravidez, finalmente você vai se tornar minha nora pra valer Pilar.

***

[Universidade Federal do Rio de Janeiro – Manhã]

BENEDITA – Feliz aniversário irmão, trouxe uma lembrança para você (entrega o presente para Leonardo)
LEONARDO – Obrigado, mas por que não me deu lá em casa?
BENEDITA – O clima não está nada bem lá
LEONARDO – O que aconteceu?
BENEDITA – A Dona Rosa mentiu minha vida toda para mim, ela não é minha mãe biológica.
LEONARDO – Como assim?
BENEDITA – Ela me sequestrou quando eu era criança, lá em uma cidade pequena no Maranhão, chamada Mororó. Me trouxe para cá, casou de novo e teve você. Tecnicamente não somos irmãos.
LEONARDO  – Que história louca.
BENEDITA – Minha mãe biológica me encontrou, fiz o teste de DNA e deu positivo.
LEONARDO – E o que você vai fazer agora?
BENEDITA – Eu vou para longe, longe dessa mentirada. Mas eu quero te deixar uma coisa.
LEONARDO – E a mamãe já está sabendo?
BENEDITA – Não e nem vou, mas como eu disse, eu depositei uma quantia na sua conta, o suficiente para você se virar por um tempo. Eu sei que tirei sarro com você por causa do meu peso, mas você é meu irmão, não deixa ninguém fazer isso com você, seja forte. (Dar um abraço forte em Leonardo) Não vai abrir seu presente?

Leonardo pega a embalagem e abre, ver um conjunto e pequeno bonecos de super-heróis.

BENEDITA – Eu sei que você gosta de super-heróis e sempre quis ter esses bonecos.
LEONARDO –
Obrigado irmã, muito obrigado

***

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Beatriz – Hora do almoço]

ABIGAIL – O almoço já está servido.
TEODORO – Então vamos lá, já estou morrendo de fome.

Todos vão para mesa.

BEATRIZ – (Falando para Pilar) Eu não acredito que o Maxwell vai ficar com essa menina, a sorte dela que ele tá cego, porque se ele enxergá-se ela não teria mínima chance.
PILAR – Deixa ela, logo, logo, ele volta enxergar.

Todos almoçam

TEODORO – Vocês ficaram aqui agora né?
SUSANA – Não, eu só vim buscar minha filha mesmo e volto para a minha terra.
BEATRIZ – Graças a Deus, a segunda notícia boa que recebo neste dia.
TEODORO – Por favor Beatriz, vamos respeitar pelo menos a hora do almoço.
MARCELO – Eu também acho melhor voltar, daqui a pouco tenho que voltar a trabalhar
RICARDO – E você trabalha de que rapaz?
MARCELO – Sou chefe de cozinha em um restaurante importante lá de São Luís.
TEODORO – Então está explicado de onde vem o talento de Anita, aprendeu com o namorado.
ANITA – Ele me ajudou, mas quem me ensinou mesmo foi a minha mãe, ela é uma cozinheira de mão cheia.
MAXWELL – E com esse talento todo a senhora ainda não pensou em abrir um restaurante? Porque se a senhora cozinhar melhor que a Anita, então deve cozinhar para Deuses.

Todos riem.

BEATRIZ – Ah pelo amor de Deus, tenho uma notícia importante para dar pra vocês.
TEODORO – Então fale logo
BEATRIZ – Quem vai falar é a Pilar
PILAR – Bom, vou ser direta, eu estou grávida. Você vai ser vovô Teodoro.

Anita olha para Ricardo.

MAXWELL  – Ah é mano, vai ser papai e eu vou ser titio, parabéns.
TEODORO – Bom, eu sou posso desejar que venha com saúde.
BEATRIZ – E logo, logo vão se casar
RICARDO – Eu disse que iria assumir, não que iria me casar.
BEATRIZ – Vai sim
TEODORO – Vamos com calma.
BEATRIZ – Nada de calma, é o futuro de uma criança que está em jogo.
MAXWELL – Bom, isso é uma conversa entre vocês eu vou subir, (falando para Lia) você me ajuda?
LIA – Claro.
SUSANA – Nós também vamos indo, isso é um assunto de família, muito obrigado pelo almoço Teo e Bia.
BEATRIZ – (Ironia) vai pela sombra, querida.
RICARDO – Não precisam ir agora, fique a vontade, (olhando para a mãe) não precisamos ter essa conversa agora.
BEATRIZ – Tudo bem, mais de hoje não passa.
SUSANA – Tudo bem a gente fica mais um pouco.
PILAR – Bom, eu tenho um compromisso daqui a pouco, eu só vim mesmo dá a notícia.
BEATRIZ – Sério? Pois de amanhã não passa.
PILAR – Obrigado pelo almoço (levanta)
BEATRIZ – Acompanho você até a porta.
RAIMUNDA – (Entrando na sala) Dona Beatriz, aquela senhora rica que veio aqui ontem está na televisão, parece que foi presa.
BEATRIZ – Como é que é? (vai até a televisão e liga)
REPÓRTERA senhora Joana Araribe foi presa ontem a noite, na zona portuária da cidade.
BEATRIZ – Teodoro veja isso.

Teodoro se aproxima.

REPÓRTER – Até agora, a policia disse que a suspeita é acusada de tráfico de pessoas para se tornarem escravas sexuais aqui no Rio de Janeiro, ela ficará presa na delegacia da Policia Federal, até ser transferida para o presídio feminino.
TEODORO – Isso deve estar errado.
BEATRIZ – Vamos para a delegacia agora mesmo, só vou pegar a minha bolsa.

***

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Beatriz, Quarto –  Hora do almoço]

LIA – Você está melhor?
MAXWELL – Me acostumando, é difícil mas pelo menos tenho você e minha família.
LIA – Você pode contar comigo.
MAXWELL – Eu adoro a sua voz, ela é tão doce, gentil
LIA – Obrigado, você também é um homem muito bonito, teve sorte de sair vivo do acidente.
MAXWELL – Vamos assistir a um filme?
LIA – Mas você não vai conseguir ver.
MAXWELL – Eu escuto, alguns tem áudio descrição. Mas você que sabe se coloca ou não, se te incomodar pode deixar sem.
LIA – Tudo bem, não me incomoda. (Lia coloca na plataforma de streaming e coloca um filme)
MAXWELL – Agora vem aqui, senta aqui do meu lado.

Lia senta do lado de Maxwell, os dois começam a assistir o filme. Maxwell aproveita e lentamente vai aproximando a mão dele da dela, até segura-la.

MAXWELL – Lia!
LIA – Oi!
MAXWELL – Éh, bom…

Maxwell com a mão toca o rosto de Lia, passa pelo contorno do rosto dela, até localizar a boca, em seguida beija ela.

Os dois se beijam, e começam a trocar carícias, em seguida ele começa a tirar a roupa dela.

MAXWELL – Você quer?
LIA – Quero.

Maxwell beija ela de novo.

***

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Beatriz – Tarde]

BEATRIZ – Vamos Teodoro (saindo de casa)
TEODORO – Espera, vou tirar o carro da garagem
BEATRIZ – Vou esperar aqui fora.
CAPANGAS  – Quietinha, vem conosco, se fizer alguma coisa vai levar chumbo.

Susana, que estava saindo de casa, percebe que tem alguma coisa errada, ver a arma aponta para Beatriz.

Início do flashback – Mororó

BEATRIZ – Sua mãe parece estar bem forte com tudo isso
SUSANA – Ela sempre foi uma mulher batalhadora e guerreira e to tentando ser como ela, entende?
BEATRIZ – Sim, e você estar conseguindo.
SUSANA – Ele era tudo para mim sabe, meu herói, podia contar com ele pra tudo, contar meus segredos, os meus medos, era um amigo, além de pai, agora parece apenas um vazio enorme aqui dentro, quem vou contar as minhas coisas agora?
BEATRIZ – Oxi e eu? (rir) você pode sempre contar comigo, vou estar sempre ao seu lado.
SUSANA – Eu sei, sua boba.

 Fim do flahsback

SUSANA – (Correndo até Beatriz) O que vai fazer com ela?
CAPANGA – Não se mete se não vai tomar chumbo.
SUSANA – Solta ela, por favor.
CAPANGA 2 – Vamos embora.
SUSANA – Essa daqui tá atrapalhando
ANITA – (avistando as duas, grita) Mãeee.
CAPANGA – leva as duas, antes que venha mais gente.

Os capangas colocam as duas no carro e partem, Teodoro chega com o carro.

ANITA – Segue aquele carro, eles levaram a minha mãe e a Dona Beatriz.
TEODORO – Como assim?
ANITA – Não perde eles de vista.

Ricardo e Marcelo chegam e entram no carro.

MARCELO – O que aconteceu?
ANITA – Levaram a minha mãe e dona Beatriz, vamos Teodoro.
RICARDO – Vou ligar para o delegado.

***                                                              

[Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro – Tarde]

No corredor das salas

ALICIA – Está tudo pronto?
ARTHUR – Claro, disse que você poderia confiar.
ALICIA – (tenta entrar na sala) Deixa eu ver como tá
ARTHUR – (se colocando na frente e não deixa ela entrar) relaxa, não confia em mim? Vai lá trazer o aniversariante. (pega um presente na bolsa) Aqui óh, comprei até um presente para você entregar para ele, sou ou não sou um bom namorado?
ALICIA – Um anjo (beija ele)

Leonardo anda pelos corredores do prédio de seu curso e vai em direção a praça que fica na entrada e senta nas cadeiras que fica em baixo de uma árvore.

ALICIA – (chegando por trás e tapando o olhos de Leonardo) Advinha quem é.
LEONARDO – Bom, deixa eu ver, uma menina animada, bacana, deve ser uma tal de Alicia.
ALICIA – Uma tal é (rir) sou sua amiga.
LEONARDO – (rir) E não é que é.
ALICIA – Feliz aniversário, tudo de bom para você, que todos os seus sonhos se realizem! Pega, (tira o presente da bolsa) um presente meu e do Arthur para você.
LEONARDO – Obrigado, agradeça a ele por mim.
ALICIA – Levanta para eu te dar um abraço.

Leonardo levanta e abraça Alicia.

ALICIA – Agora vamos, tenho uma surpresa para você.

***

[Rio de Janeiro, Madureira – Tarde]

RICARDO – (No telefone) Alô, delegado? É o Ricardo, que denunciou sobre o tráfico humano.
DELEGADO – Sim, claro. Algum problema?
RICARDO – A minha mãe e a amiga dela foram sequestradas, será que tem algo haver com o que aconteceu?
DELEGADO – Não sei, pode ter ou não, me diz como aconteceu.
RICARDO – Uns cara chegaram lá na porta e levaram elas, estamos seguindo eles.
DELEGADO – Isso é perigoso onde vocês estão?
RICARDO – Na avenida novo rio, na altura do Parque Arará, perto de Benfica.
DELEGADO – Manda para esse número no whatsapp a sua localização em tempo real, que assim fica mais fácil de localizar, vou mandar algumas viaturas até ai não façam nada.
RICARDO – Tudo bem, vamos esperar vocês.

Eles pegam a avenida Brasil, e em seguida pegam a avenida Rio de Janeiro, até chegar a Zona Portuária.

ANITA – Eu vou lá.
MARCELO – Nada disso, fique aqui,  é perigoso, eu vou lá.
TEODORO – Ninguém vai a lugar nenhum, vamos esperar a polícia.

***

[Rio de Janeiro, Zona Portuária – Tarde]

EUPÁTRIDA – O que é isso? Eu mando pegar uma e você vieram com duas? São incompetentes mesmo.
CAPANGA 1 – Essa daí se meteu na frente, tivemos que traze-la.
EUPÁTRIDA – Que atirasse nela. Levem as duas daqui.

Os capangas saem.

EUPÁTRIDA – (No telefone) Alô, já estamos com a encomenda.
BENEDITA – Ótimo, dê um jeito de ela ficar quieta, vamos fazer uma viagem, de volta para o inicio, em Mororó, Maranhão. Pegue o avião particular que sei que vocês tem escondido e preparem ele, encontro vocês em meia hora, lá no campo privado.
EUPÁTRIDA – Isso não vai dar certo.
BENEDITA – Confia em mim. Dê um jeito nela.
EUPÁTRIDA – Tivemos um problema, trouxeram duas em vez de uma.
BENEDITA – Como é que é? São incompetentes mesmo. Dê um jeito, quero as duas bem quietinhas, nem que seja necessário matar, vamos devolvê-las, nem que sejam mortas.

***

[Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro – Tarde]

 Corredor das salas

ALICIA – Agora a partir daqui você vai colocar essa venda.
LEONARDO – Como assim? Tá me deixando com uma pulga atrás da orelha.
ALICIA – Confia em mim, agora coloque.
LEONARDO – (colocando a venda) Ta certo, estou confiando em você.

Alicia conduz Leonardo até pelo corredor e chega até a porta da sala, onde encontram  Arthur.

ALICIA – Pronto, chegamos.
ARTHUR – Iai Leornadão, parabéns pelo seu dia, pronto para sua melhor festa de aniversário?
LEONARDO – Espero que seja mesmo.

Arthur abre a porta e um rapaz conduz Leonardo para dentro, Alicia entra, mas o namorado tapa os olhos dela.

ARTHUR – Vai ser surpresa para você também.

Os dois entram e ele fecha a porta.

ARTHUR – É agora rapazes, vamos dar a melhor festa de aniversário para o Leozão.

Um dos rapazes tira a venda de Leonardo e Arthur tira a mão dos olhos, outro rapaz liga o som e começa a tocar a música da elefanta bila bilu da Xuxa, a sala está decorada com imagens da personagem da música, de baleias e no meio da sala um bolo com uma baleia e um elefante em cima.

Leonardo olha para a sala.

ARTHUR – Iai Baleia, gostou da surpresa. Como é a música galera?
ALUNOS – (cantando) Bila Bilú
Bila Bilú
Imitando a Bila Bilú
Bila Bilú
Bila Bilú
A elefanta Bila Bilú

Os alunos começam a chamar Leonardo de gordo, baleia, elefante. Alicia tenta fazer com que eles fiquem em silêncio.

Inicio do flahsback – 10 anos antes

CRIANÇAS – (Gritando) Baleia, Baleia, gordo, elefante!

Fim do flashback

Leonardo estava petrificado, uma lágrima escorre dos olhos dele. Arthur abre a bolsa de Leonardo e pega o presente que Alicia tinha entregado para ele, abre e mostra um sutiã.

ARTHUR – Para seu maior conforto, um presente que vai te ajudar muito e proteger essas tuas tetas (joga o sutiã em cima de Leonardo)

Leonardo corre em direção a porta e sai chorando pelos corredores do prédio em direção a parada de ônibus.

ARTHUR – (passando o dedo no bolo) É até que o bolo da baleia tá gostoso.
ALICIA – (chorando) Por que você fez isso?
ARTHUR – Você pensa que eu não vi ele dando em cima de você.
ALICIA – Ele era meu amigo.
ARTHUR – E você minha namorada.
ALICIA – Não sou mais, você é um babaca.

Alicia sai a procura de Leonardo, chega até a rua que passa em frente ao prédio e avista Leonardo no ônibus.

ALICIA – (Gritando) Léo.

Leonardo olha para ela chorando e em seguida abaixa a cabeça.

***

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Beatriz – Tarde]

Maxwell e Lia estão deitados na cama abraçados de frente para o outro, os dois começam a acordar. Maxwell vai sentindo uma luz entra em seus olhos, logo começa a enxergar as cores e uma imagem borrada, a imagem vai tomando forma até conseguir enxergar completamente. Olha para Lia e se afasta.

LIA – Aconteceu alguma coisa?

***

[Zona Portuária, Rio de Janeiro, Galpão 19 – Tarde]

BEATRIZ – Por que você fez isso?
SUSANA – Eu me lembrei de nossos momentos lá em Mororó, no Maranhão, foi por aquela Beatriz, que era minha amiga.
BEATRIZ – Se você pensa que isso vai apagar o que você fez no passado.
SUSANA – Eu não estou pensando em nada, mas você não pode mudar o passado e fomos sim muito amigas.
BEATRIZ – Até você dormir com meu namorado e matar o meu pai.
SUSANA – Eu não dormir com o Teodoro, eu não lembro de nada daquela noite, acho que me deram sonífero.
BEATRIZ – Ah essa desculpa não colou Susana.
EUPÁTRIDA – (Entrando na sala com os capangas) Aproveitando os últimos momentos de vocês?
BEATRIZ – Como assim?
EUPÁTRIDA – Rapazes levem elas
SUSANA – Para onde estão nos levando?

Os capangas pegam e tampa a boca de Beatriz e Susana com um pano molhado com um líquido e elas desmaiam.

***

Beatriz acorda sonolenta, sente algo frio tocando a sua pele e se dar conta que estava deitada, ela passa a mão nas laterais e toca paredes de vidro.

PENSAMENTO – Estou em um caixão

Ao lado em outra câmara, Susana estava atônita sem entender o que acontecia.

SUSANA – (Gritando) Beatriz!

Na outra câmara

BEATRIZ – (Batendo na tampa) Me tirem daqui, me tirem daqui!

Uma pequena Janela se abre e um homem aparece, em seguida ele abre a outra janela de Susana

EUPÁTRIDA – Calma, vocês já vão se acalmar
SUSANA – O que você vai fazer conosco? Nos enterrar vivas?
EUPÁTRIDA – Isso é muito clichê, típico de novela da globo, vocês vão já ver e sentir também.

O Eupátrida fecha as duas janelas da tampa e abre uma janela do lado, que revela uma parede de vidro, Beatriz e Susana se olham.

EUPÁTRIDA – (Mostrando uma placa e falando a mesma frase para as duas) Curtam o inferno.

O homem clica um botão, as duas câmaras começa a encher com um líquido que parece ser água, Susana e Beatriz se desesperam, o líquido já está chegando no pescoço.

BEATRIZ – Abram isso aqui, abram!
SUSANA – Nos tirem daqui! Por favor! Nos tirem daqui

O líquido começa a cobrir o queixo delas, as duas se olham, dão a ultima respirada e prendem o ar.

Início do flashback – Mororó (Maranhão)

BEATRIZ – Você pode sempre contar comigo, vou estar sempre ao seu lado.
SUSANA – Eu sei, sua boba.

Fim do flahsback

Susana não consegue mais segurar o folego e solta o ar, o líquido invade a sua boca e ela começa a tremer. Do lado Beatriz ver a ex-amiga perder a consciência, ela começa a sentir seus pulmões arderem com a falta de ar, tenta segurar, os pulmões ardem cada vez mais e por instinto ela solta a respiração e tenta puxar ar, mas tudo que vem é um líquido que entra pela sua boca e nariz, os pulmões ardem mais, mas aos pouco vão acalmando até que ela perdi a consciência.

***

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Leonardo – Tarde]

 Dona Rosa está sentada assistindo televisão, Leonardo entra em casa passa rápido para o quarto.

DONA ROSA – Filho? O que aconteceu? Como foi a prova.
LEONARDO – Me deixa mãe (entra no quarto e tranca a porta)

Leonardo joga a bolsa em cima da cama, e anda de um lado para o outro no quarto, ele tira a camisa, descobre o espelho e se olha de cima a baixo.

Inicio do flahsback – 10 anos antes

Algumas crianças estão na porta brincando.

LEONARDO – (Chegando) Posso brincar com vocês?
RENATO – Por mim, no meu time não vai entrar, você não consegue correr rápido com essa gordura toda.
VINICIUS – Nem no meu, gente gorda só atrapalha.
LEONARDO – Eu sei jogar.
RENATO – Não baleia.
CRIANÇAS – (Gritando) Baleia, Baleia, gordo, elefante!

Leonardo sai correndo para casa, entra no quarto, se joga na cama e chora.

Fim do flashback

Leonardo vira para o lado e olha-se no espelho.

Inicio do flashback

[Rio de Janeiro – Madureira – Escola de ensino fundamental Dom Pedro I]

Os alunos estão voltando do intervalo, Leonardo está sentado, quando um grupo de meninos chegam próximo dele.

IGOR – Soube que escreveu uma cartinha, temos um romântico na sala

Todos riem.

LEONARDO – Eu não sei do que você está falando.
IGOR – Todos nós já estamos sabendo que o Shakespeare redondo da sala ta apaixonado, e por quem será? Que rufem os tambores.

As pessoas da sala começam a bater nas carteiras.

LEONARDO – Cara, você não precisa fazer isso.
IGOR – E a menina que conquistou o coração dele foi… foi… Nayara.
NAYARA – (susto) Quem eu?
IGOR – (ironia) Não Tadeu.
NAYARA – Credo, que nojo, eu que não quero nem ficar com esse garoto gordo e feio, eca, sai pra lá.

A turma rir, Leonardo pega suas coisas e sai da sala correndo e se tranca no banheiro, pega a bolsa, retira uma carta dela e rasga o papel, as lágrimas escorrem dos seus olhos.

Fim do Flashback

Leonardo vira de frente, baixa os olhos e ver o seu corpo e depois ver o reflexo no espelho.

Início do Flashback

ARTHUR – Iai Baleia, gostou da supresa. Como é a música galera?
ALUNOS – (cantando) Bila Bilú
Bila Bilú
Imitando a Bila Bilú
Bila Bilú
Bila Bilú
A elefanta Bila Bilú

Fim do flashback

 LEONARDO – (Gritando) Nãooooooo

Pega um vaso que estava ali perto, olha o espelho como olhasse a alma e arremessa o vaso no espelho que cai no chão fazendo um grande barulho.

DONA ROSA – (batendo na porta) Filho, o que está acontecendo?

Leonardo não escuta, só chora, ele senta no chão, se olha nos pedaços de caco de vidro, ver os buracos que tinha no coração na alma, que doíam. Leonardo pega um pedaço de vidro.

Lucas Serejo

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