MEU RIO – Capítulo 18
[Madureira – Rio de Janeiro –– Casa de Leonardo – Manhã]
JOANA – Como pode esquecer, sua ladra de bebes. Você roubou a minha filha a quase 30 anos atrás.
DONA ROSA – Eu não sei do que você está falando e se me der licença. (Fechando a porta)
JOANA – Larga de ser sonsa (empurrando a porta e entrando). Você sabe o que fez, Socorro, que mudou de nome pensando que eu não ia te encontrar, mas eu disse que iria te encontrar até no inferno.
DONA ROSA – Saia da minha casa, se não vou chamar a polícia.
JOANA – Não se preocupe, eu chamo, quer que eu ligue do meu celular ou você liga do seu? Eu vim buscar a minha filha e só não te coloco na cadeia porque sei que esse crime já prescreveu.
BENEDITA – (Entrando na sala) Mãe? Algum problema?
DONA ROSA – Não, vá lá para dentro.
JOANA – Minha filha. Minha Maria Tereza.
BENEDITA – O que? Como assim?
DONA ROSA – Não dê ouvidos para essa louca que eu nem conheço.
JOANA – A sua mamãe não contou o crime que ela cometeu no passado?
BENEDITA – Do que você tá falando?
JOANA – Ela roubou você de mim e não teve um dia desde que ela fez isso que eu não te procure.
BENEDITA – Isso é verdade?
DONA ROSA – Claro que não. (Indo até a filha) Não acredite nessa mulher. (Virando pra Joana) saia da minha casa, agora. (gritando) Saia!
JOANA – Se você não quer acreditar em mim, acredite nas provas. (Pega algumas coisas na bolsa), depois que me casei novamente tive mais condições para contratar um detetive e ele procurou até chegar nos seus rastros. Aqui está a cópia dos primeiros documentos dela, quando ela ainda se chamava Socorro, aqui está a cópia já do segundo documento dela, com a mudança de nome. Veja como é a mesma foto, o mesmo estilo de letra. Levei a um perito que analisou as impressões digitais e elas batem, pertencem a mesma pessoa. Aqui está o laudo (entregando para Benedita) caso queira confirma.
DONA ROSA – Isso é tudo mentira, tudo falso.
Benedita olha para os papeis em sua mão.
BENEDITA – Isso não pode ser verdade.
DONA ROSA – E não é.
JOANA – Se ainda tiver dúvidas podemos fazer um teste de DNA.
DONA ROSA – Vai fazer teste nenhum, sai da minha casa (pega o braço de Joana e a leva até a porta) e nunca mais volte aqui.
JOANA – Quando você me roubou ela, não tirou somente uma filha de uma mãe, tirou um grande futuro como herdeira de uma das famílias mais rica do Brasil, os Araribe.
BENEDITA – O que?
JOANA – Isso mesmo, aqui está o meu cartão (entrega para Benedita), me ligue caso queira saber mais.
Dona Rosa pega o cartão e rasga.
DONA ROSA – Ninguém aqui quer saber de você. (fecha a porta)
BENEDITA – Mãe, não mente pra mim, por favor, isso é verdade?
***
[Madureira – Rio de Janeiro –– Casa de Beatriz – Quarto – Manhã]
RICARDO – Bom dia (com uma bandeja na mão), dormiu bem?
ANITA – (acordando) Bom dia, dormir sim… O que é isso?
RICARDO – Café na cama.
ANITA – Que horas são?
RICARDO – Quase nove.
ANITA – (levantando) Meu Deus, eu preciso ir no supermercado se não sua mãe me mata.
RICARDO – Han, Han, Nada disso, você vai tomar o café que fiz para você.
ANITA – Mas eu preciso ir.
RICARDO – (cortando) Sem mas, não vai fazer essa desfeita.
ANITA – Ta bom, seu chato.
***
[Leblon – Rio de Janeiro –– Apartamento de Pilar – Manhã]
PILAR – (No celular) Alô? Falo com o Senhor Marcelo?
MARCELO – Sim é ele quem fala.
PILAR – Eu não conheço você, mais tenho informações sobre sua noiva.
MARCELO – A Anita?
PILAR – Sim, sei que você está no Rio.
MARCELO – Quem te deu essa informação?
PILAR – Bem, foi um tal de Pietro, ele trabalha com você. Mas eu sei onde ela está.
MARCELO – Onde?
PILAR – Vou lhe dar o endereço, mas antes quero que saiba que ela está te traindo, com o filho da patroa dela.
MARCELO – É o que?
PILAR – Isso mesmo, ela roubou o meu noivo também.
MARCELO – Me dê esse endereço, vou lá agora acabar com essa palhaçada.
PILAR – Anote…
***
[Zona Portuária – Rio de Janeiro ––Galpão 64 – Manhã]
Capangas levam Gabriela e Luana que estão desacordadas para o alojamento.
EUPÁTRIDA – Isso é para vocês aprenderem que nunca vão sair daqui. Aprendam de uma vez por todas que vocês estão mortas para o resto do mundo, se não vão acabar como essas duas. Ah! Espero que não estejam com fome. (rir e sai)
O celular toca.
EUPÁTRIDA – (no telefone) Oi!
JOANA/BASILEU –Tudo certo para eliminar aquele problema?
EUPÁTRIDA – Estamos indo para lá.
JOANA/BASILEU – Sem erros, tragam ela para cá. A noite quero uma reunião com vocês.
EUPÁTRIDA – Tudo bem, eu lhe mantenho informado. (Desliga) Vamos lá rapazes, eu quero segurança reforçada aqui, quero um destacamento para me acompanhar. Sem erros se não cabeças vão rolar dessa vez.
***
[Gávea– Rio de Janeiro – Hospital São Miguel–Sala de Espera – Manhã]
BEATRIZ – Ele ficou muito abalado.
TEODORO – Era de se esperar, mas ele vai arranjar um jeito de lidar com essas limitações por enquanto, isso é reverso, vai passar.
BEATRIZ – Eu queria ter essa força que está me mostrando.
TEODORO – Eu não tenho, estou adquirindo agora.
MÉDICO – (Aproximando-se) Bem, o Maxwell está se desenvolvendo bem, creio que já pode ter alta.
TEODORO – Obrigado por tudo que está fazendo pelo nosso filho.
MÉDICO – É meu trabalho, mas estou à disposição para o que precisarem, agora preciso ir. (Saí)
TEODORO – Precisamos preparar a casa para recebê-lo, além disso vou conseguir uma bengala guia para ele. Deixa só eu dar uns telefonemas.
***
[Rio de Janeiro ––Universidade Federal do Rio de Janeiro– Manhã]
ALICIA – (indo abraçar)Léo?
LEONARDO – Iai, como tá?
ALICIA – Eu vou bem e você?
LEONARDO – Vou ficar.
ALICIA – Então é sinal que agora você não tá, o que aconteceu?
LEONARDO – Não, nada. É besteira e suas novidades?
ALICIA – Nada disso, vamos sentar aqui e você vai me contar o que te aflige.
Sentam na pracinha do prédio.
ALICIA – E então?
LEONARDO – É só lá em casa (menti) tá muito chato, tudo ficam no meu pé. Como eu disse é besteira.
ALICIA –Mas é porque se preocupam com você… Ah! Seu aniversário está chegando, né?
LEONARDO – Como você sabe?
ALICIA – Faço estágio na secretaria, então ficou fácil.
LEONARDO – É só mais uma data, nada de importante.
ALICIA – Como não? É um dia de comemorar a vida.
LEONARDO – É, né.
ALICIA – Deixa de ser pra baixo.
PENSAMENTO – Você não entende.
LEONARDO – Mas como ta seu namoro?
ALICIA – Está bem, relacionamentos são complicados, temos que aprender a conviver um com o outro… Você me disse uma vez que estava fazendo acompanhamento vocacional na Igreja, já sabe qual a sua vocação?
LEONARDO – Em discernimento, mas to tão desanimado com isso.
ALICIA – Com tudo né.
Arthur se aproxima.
ARTHUR – Oi amor! (beija Alicia e olha para Leonardo)
ALICIA – Oi amor, não vai cumprimentar o Leonardo.
ARTHUR – Iai brow, tudo joia?
LEONARDO – Tudo bom e com você.
ARTHUR – Tranquilo!… Amor vamos indo, preciso falar com você?
ALICIA – Eu tava conversando com o Leonardo.
LEONARDO – (cortando) Pode ir, sem problema nenhum.
ALICIA – Ta bom, mas vamos planeja umas festinha para comemorar seu aniversário em. (se afasta com Arthur)
ARTHUR – Não gosto de ver você falando com esse gordo.
ALICIA – Leonardo, o nome dele é Leonardo e ele é meu amigo.
ARTHUR – Todo mundo sabe que ele é afim de você e que história é essa de festinha de aniversário?
ALICIA – Sim, o aniversário dele ta se aproximando e vou fazer, ele está bem para baixo.
ARTHUR – E quando vai ser?
ALICIA – Amanhã.
ARTHUR – Talvez eu te ajude, um modo de me desculpar.
ALICIA – Muito estranho essa sua mudança repentina, mas vou precisar.
ARTHUR – Tranquila, que eu cuido de tudo, se for te fazer feliz. Agora vem aqui e me dá um beijo.
[Rio de Janeiro ––Madureira– Hotel – Manhã]
SUSANA – (no telefone) Alô!
TEODORO – Susana, meu filho vai sair hoje do hospital e queria que você viesse aqui
SUSANA – Não acho que seja uma boa ideia.
TEODORO – A Beatriz está mais sensível com o acidente, pode ser o momento para ela baixar a guarda e vocês voltarem a pelo menos se falar.
SUSANA – Eu não sei.
TEODORO – Por favor, eu não me perdoou por separar vocês,
Susana pensa em Anita.
SUSANA – Tá bom, que horas?
TEODORO – Podes ir agora? Já estamos saindo do hospital.
SUSANA – Tudo bem
TEODORO – Obrigado, até mais.
No hospital
BEATRIZ – (aproximando-se) Vamos?
TEODORO –Claro.
***
[Rio de Janeiro –– Madureira– Casa de Leonardo – Manhã]
Benedita está sentada na sala pensando no que aconteceu.
DONA ROSA – Ainda pensando no que aconteceu?
BENEDITA – É muita coisa para minha cabeça
DONA ROSA – Minha filha, essa mulher é uma louca, não acredite nela, eu preciso ir lá na feira ver a barraca… Não se esqueça que eu te amo.
BENEDITA – Também te amo.
Dona Rosa saí, Benedita vai até a lixeira e procura o cartão rasgado de Joana, após pegar começa a montar ele. Vai até o telefone disca o número indicado no cartão.
JOANA – Alô!
BENEDITA – Aqui é a Benedita, filha de Dona Rosa. Você veio aqui pela manhã dizendo que era minha mãe de verdade.
JOANA – Minha filha, estava esperando ansiosa pelo seu telefonema.
BENEDITA – Será que a gente pode conversar? Isso tudo ainda está muito confuso para mim.
JOANA – Claro minha filha, venha hoje até minha casa, anote o endereço Rua Almirante Guilheme, nº 85 – Leblon.
BENEDITA – Parece um pouco longe.
JOANA – Não se preocupe venha de taxi, uber, do que for, eu pago quando chegar aqui.
BENEDITA – Tá bom, quando eu chegar aviso. Está em casa agora? Quero aproveitar que minha mãe saiu.
JOANA – Você quer dizer a mulher que roubou você, né? Pode vir, estou sim em casa.
***
[Rio de Janeiro –– Madureira– Casa de Beatriz – Manhã]
ANITA – (Abrindo a porta) Sejam Bem-Vindos.
BEATRIZ – Vá até o quarto do Maxwell e tire tudo do chão, ajeite de forma que ele não tropece.
ANITA – Mas eu sou apenas a cozinheira, não seria serviço das outras?
BEATRIZ – Então por que veio atender a porta e não tá na cozinha fazendo o almoço?
ANITA – Eu ia na feira, quando chegaram e sobre o quarto, acho que não deveria tirar as coisas do lugar, porque ele sabe na memória onde elas estão e assim facilita.
BEATRIZ – Tem razão.
TEODORO – (Entrando com Maxwell) Pronto, já está na sua casa.
MAXWELL – Vou para o meu quarto.
TEODORO – Eu te ajudo.
MAXWELL – Vai ser assim? Pra onde eu for tem que ter um vigia? Acho que eu sei onde é o meu quarto.
TEODORO – Larga de ser antipático e te ajudo pelo menos na escada, vamos. (Sobe com Maxwell)
ANITA – Vou ao mercado, a senhor quer que eu compre alguma coisa?
BEATRIZ – Nada não, há não vá me trazer verduras feias pra casa, quero boas, nada de xepa viu?
ANITA – Sim senhora.
Anita vai até a porta e a abre, quando dá de cara com sua mãe.
ANITA – Mãe?
***
[Rio de Janeiro –– Zona Portuária– Galpão 64 – Manhã]
GABRIELA – Perdemos uma batalha, mas não perdemos a guerra
LUANA – Gabi, fica quieta por favor, já viu que eles tem gente até na polícia, nossa vida é aqui.
GABRIELA – Eu não vou desistir, meu lugar é livre daqui e tenho fé que vou sair.
***
[Rio de Janeiro –– Madureira– Casa de Beatriz – Manhã]
ANITA – Mãe?
BEATRIZ – Quem está ai Anita?
ANITA – Éh, bem.
SUSANA – (entrando) É a mãe dela.
BEATRIZ – (levantando do sofá) O que você está fazendo aqui? Pensei que tivesse dado um jeito em você 30 anos atrás… Você não é bem vinda aqui, sai da minha casa se não eu chamo a polícia.
ANITA – Por favor, não faça isso dona Beatriz.
BEATRIZ – Arrume as suas coisas que aqui você não trabalha mais.
SUSANA – Bia, me escuta, por favor, acho que já está na hora de sentarmos para conversar, não somos mas duas meninas.
BEATRIZ – Eu não quero papo com você. Você acabou com minha vida, sua rameira.
SUSANA – Olha, eu vim aqui com a melhor das intenções, mas não vou tolerar ser xingada. Vamos Anita!
ANITA – Mas mãe, eu preciso desse emprego.
BEATRIZ – Emprego que você não tem mais né.
ANITA – Por que a senhora tinha que vir aqui?
SUSANA – Bem…
TEODORO – (cortando e descendo as escadas) Fui eu que a convidei para vir.
BEATRIZ – Como é que é?
TEODORO – Isso mesmo que você escutou, chega desse comportamento infantil Beatriz, uma briga que já dura anos, tem que ter um fim, você diz que ela acabou com sua vida e você fez o que com a dela?
BEATRIZ – Agora vai defender ela?
TEODORO – Eu não estou defendendo ninguém, isso aqui não é um tribunal, só quero ver novamente aquela amizade que vocês tinham.
SUSANA – Acho que foi um erro eu ter vindo aqui Teo.
BEATRIZ – Essa intimidade toda? Eu deveria ter passado por cima de você quando tive a oportunidade.
SUSANA – Então era você? Sua louca, tentou me matar, você que deveria estar presa agora, ou melhor em uma clínica psiquiátrica.
BEATRIZ – Acabar com essa história toda, ninguém ia sentir falta de uma vádia, uma ramera que se deitou até com meu pai e depois matou ele
Susana dá um tapa em Beatriz
ANITA – Mãe!
SUSANA – Aquele monstro me estuprou e o que aconteceu com ele depois foi pouco para o que ele merecia sofrer.
BEATRIZ – Você acabou com minha família.
TEODORO – Quem acabou com sua família foi seu pai.
BEATRIZ – Foi você quem trouxe ela para cá, né? Naquela viagem ao Maranhão.
TEODORO – Sim, sempre mantive contato com ela esses anos todos, até mandava dinheiro para ajudá-la.
BEATRIZ – Como é que é?
ANITA – Então você que é o meu pai?
BEATRIZ – Pai?
SUSANA – Que seu pai, eu já disse que ele morreu, aceita isso de vez.
TEODORO – Vamos se acalmar?
BEATRIZ – Nada de se acalmar, você trouxe essa mulher até a minha casa, saiam daqui, não quero mais ver você, nem vocês duas aqui.
TEODORO – Está me botando para fora de casa?
BEATRIZ – É isso mesmo.
TEODORO – Nosso filho precisa de nós dois.
BEATRIZ – Eu sou a mãe dele e posso cuidar dele sozinha, agora vão embora (indo até a porta e abrindo)Vão embora.
Ricardo desce as escadas.
RICARDO – Que confusão é essa? Quem é a senhora?
***
EUPÁTRIDA – Estamos chegando no local, achei que iria querer saber.
BASILEU / JOANA – Sem falhas e sem chamar muito atenção, o que não precisamos agora é de mídia.
EUPÁTRIDA – Tudo bem.
BASILEU / JOANA – Quando estiverem no galpão me ligue.
EUPÁTRIDA – Ok.
***
TEODORO – E então quem é essa senhora?
BEATRIZ – Não é ninguém e todos já estão indo embora.
RICARDO – Como assim indo embora?
BEATRIZ – Isso mesmo, o seu pai e essa duas estão indo embora da minha casa.
RICARDO – Mas, por que?
BEATRIZ – Eu não sirvo para ser traída.
RICARDO – Vocês não podem conversar só os dois?
BEATRIZ – Não quero mais conversa, os dois vão embora logo daqui, vou ver como está o meu filho, que esse sim precisa de mim. (sobe)
TEODORO – Sua mãe é fogo.
RICARDO – E bota fogo nisso.
ANITA – Quem acabou queimada fui eu, que perdi o emprego.
RICARDO – Calma eu vou conversar, deixa só ela se acalmar.
SUSANA – Eu sabia que não era uma boa ideia ter vindo.
TEODORO – Bom, eu vou para a empresa, quando ela tiver mais calma me liga para eu vir conversar com ela também. Vamos?
ANITA – Eu só vou pegar as minhas coisas (sai)
***
[Leblon, Rio de Janeiro, Hotel de Joana – Manhã]
JOANA – Fiquei ansiosa pelo seu telefonema.
BENEDITA – Eu estou confusa com tudo isso… Sei lá, nada faz sentido.
JOANA – Senti aqui que vou ti contar a história toda, mas antes, você aceita um café, um suco, um lanche.
BENEDITA – Se tiver água com um calmante seria bom.
JOANA – (chamando a empregada) Silvia?… Uma água com açúcar para minha filha e depois prepare um lanche. (voltando-se para Benedita) Você é muito nova para ficar tomando calmante.
BENEDITA – Mas e então como é essa história.
JOANA – Bem, nem sempre eu fui rica, eu vim do interior do Maranhão, chamado Mororó, eu era filha do coronel mais poderoso da região, eu acabei me envolvendo com um empregado dele e sendo expulsa, algum tempo depois me casei com esse empregado, Josaniel, ele era um homem machista e queria ter um filho homem. Quando engravidei e você nasceu eu não podia mais me separar de você, sabia que ele iria tirá-la de mim, acabei topando um plano de sua avó, Sebastiana, iriamos deixá-la com uma amiga dela, enquanto eu voltava para assumir meu papel como herdeira dos Araribe. Só que ela, essa amiga de minha avó, que se chamava Socorro, roubou você de mim (chorando), roubou minha filha e não teve um momento depois desse dia que eu não procurei você. Me casei novamente com um homem rico, que me deu oportunidades melhores de achar você. Contratei um detetive e ele buscou, buscou, até que encontrou o paradeiro dessa Rosa, ele descobriu os documentos falsos e eu pude te encontrar. (vai até onde a filha e a abraça).
BENEDITA – Mas como você sabia que eu sou sua filha?
JOANA – Eu sinto, quando vi você, meu coração se encheu de alegria e todas os documentos, os antigos e os novos, me dão essa certeza, mas se quiser fazer o teste de DNA eu faço. Podemos fazer hoje o resultado sai em algumas horas.
BENEDITA – Isso demora.
JOANA – Não para quem tem dinheiro, sua boba.
BENEDITA – Tudo bem, vamos fazer, mas como você tem tanto dinheiro assim?
JOANA – Bem, como eu te disse eu me casei com um homem rico, quando ele morreu eu fiquei com tomando conta dos negócios dele, apesar de não concordar muito, era de onde vinha o dinheiro para pagar o detetive para encontrar você. Agora que eu a encontrei você, acho que vou buscar outros meios de ganhar dinheiro.
BENEDITA – Mas o que é esse negócio milionário?
JOANA – Espero que você não precise saber, agora vamos na clínica e depois dá uma passada em um lugar, quero te apresentar uma coisa.
BENEDITA – Tá bom, quero tirar logo essa dúvida.
***
[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Joana, Jardim – manhã]
ANITA – (andando em direção ao portão) A senhora tinha nada de ter vindo aqui.
TEODORO – Fui eu que insistir, pensei que com o acidente a Beatriz estaria com o coração mais mole.
ANITA – Mas que confusão foi essa?
SUSANA – História longa, deixa para lá.
RICARDO – (chegando junto deles) Pai, o senhor esqueceu sua carteira.
TEODORO – Ah obrigado filho, vou pra empresa, depois nos falamos Susana (entra no carro)
RICARDO – Não se preocupe Anita, eu vou conversar com minha mãe sobre o seu emprego. (abraça Anita)
MARCELO – (aproximando-se) Então foi com esse daí que você vem me traindo?
***
[UFRJ, Rio de Janeiro – Manhã]
PROFESSOR – Então para completar a segunda nota estarei passando um seminário sobre a temática proposta em sala, grupos de até 4 pessoas, os textos estão na xerox do curso.
A mão de Leonardo começa a tremer
ALICIA – Ei ta tudo bem cara? Você está tremendo.
LEONARDO – Tá, deve ser só o ar-condicionado.
ALICIA – Mas você tá soando também.
LEONARDO – Não é nada.
Leonardo tenta olha para o quadro mas a visão começa a ficar escura, ele pisca tentando manter o foco.
ALICIA – Leo, acho que você não ta bem.
LEONARDO – Eu to bem.
A vista de Leonardo fica escura e começa a perder os sentidos até cair sobre a mesa.
ALICIA – (levantando e indo até a carteira de Leonardo) Professor, professor acho que ele desmaiou.
PROFESSOR – Vou chamar uma ambulância, só um momento.
ALUNO – A ambulância não, tem que chamar é um guincho.
ALICIA – Larguem de ser ridículos.
***
[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de oana– Manhã]
MARCELO – E então? É com ele que você tem me traído?
ANITA – (soltando Ricardo) Marcelo? O que faz aqui?
MARCELO – Vim saber notícias de você, mas pelo visto você está muito bem.
ANITA – Não é nada disso, o Ricardo é só um amigo meu e meu patrão.
MARCELO – Você sumiu Anita, não mandou uma mensagem, uma ligação, vários dias sem saber de você, sua mãe preocupada e quando enfim ligou nem quis saber de mim.
ANITA – Eu tive alguns problemas quando cheguei no Rio, fui assaltada e levaram meu celular, só conseguir um novo quando vim trabalhar aqui, por isso não telefonei antes.
RICARDO – É verdade, posso te assegurar que ela não está mentindo.
MARCELO – Mermão fica na tua antes que eu te dê uns bogues.
RICARDO – Bogues?
ANITA – É como chamam soco lá no Maranhão.
RICARDO – Bem, acho que você pode ficar no hotel que ficou hospedada antes.
MARCELO – Nada disso, ela vem comigo.
EUPÁTRIDA – (se aproximando com outro capangas com armas na mão) Nada disso ela vem com a gente.