Beira-Mar: Capítulo 2
Beira-Mar.
Capitulo 02.
Samuel pega a arma, está desesperado pois não tem como pagar o agiota, mas tem que dar um jeito ou vai ser pior.
No quiosque, Marta fica observando Izabel, se aproxima de onde ela está, o quiosque ainda está fechado pois é cedo.
Marta: Acha que eu não percebo?
Izabel: Falou comigo, dona Marta?
Marta: Não se faz de tonta, você fica jogando charme pro meu marido!
Izabel: Como é que é?Você tá insinuando que EU estou dando em cima do Carlos? Não tem noção das coisas, Marta?
Marta: Tenho sim, e tenho dois olhos ainda querida, e vejo muito bem o que você faz pra ele, tá tentando tomar meu lugar, né?
Izabel se irrita e desce do banquinho onde estava ajeitando o quadro: Pois eu acho que você está precisando de bons óculos, já está beirando os 40, né? Eu não sou dessas que a senhora pensa, agora se você está tendo ciume do Carlos quer dizer que sabe que o seu casamento não está indo bem!
Marta: Além de tudo é venenosa!
Artur, André e Sofia chegam.
Artur: Mãe? Tá acontecendo alguma coisa aqui?
Izabel se controla de novo: Não, nada.
André: A gente veio pegar nossos colares que estão na sua bolsa, os de conchinha.
Izabel abre a bolsa e entrega os colares para os filhos.
Artur: Obrigado, tá tudo bem mesmo?
Izabel: Sim, agora vão, vão brincar.
Os três saem do quiosque mas ficam escutando a conversa.
Izabel: Escuta só, dona Marta, eu não sei se a senhora sabe o significado da palavra amor mas é isso que eu tenho pelo meus filhos, por isso eu os crio sozinha e trabalho duro pra dar um bom futuro pros dois.
Marta dá uma gargalhada: Nem o seu marido te aguentou, ah, coitada, esses dois moleques aí não vão ter futuro nenhum, vão acabar virando garis!
Izabel: E a senhora tem alguma coisa contra os garis? Muito cuidado com o que diz, pode voltar pra você, pois saiba que eu não me ofendo com seus ataques, Marta, isso tudo aí é amargura sua, que não consegue ser feliz e fica descontando nos outros.
Marta: Você não pode falar nada comigo, você é uma empregada, se eu quiser mando o Carlos te demitir, então se ponha no seu lugar, sua sonsa, abaixe a cabeça e aceite o que eu te digo, insolentezinha- Ela vai para o banheiro.
André: Essa bruxa me paga…
Artur: Mãe, mãe, tá chorando?
Izabel:Não filho, foi um cisco.
André: Para de mentir, a gente ouviu tudo,a bruxa te humilhou e eu não admito isso, ela só não pisou em você porque não quis fazer escândalo, quem ela acha que é?
Izabel: Você não tem que admitir nada, ela é minha chefe, eu tenho que aceitar, calada.
Sofia: Mas isso não dá o direito a ela de humilhar ninguém.
Izabel escorre as lagrimas: Deixa, esquece, estou acostumada, agora vamos fazer alguma coisa enquanto o quiosque não abre? Pra me livrar dessas energias negativas!
Artur: Vamos jogar futebol, eu e a Sofia contra você e o André!
André: E porquê não eu e você, nós sempre fazemos dupla, não é?
Artur: Eu sei mas é bom diversificar.
André: Sei, sei o que é o seu “diversificar”.
Izabel: Então vamos que eu não quero cruzar com aquela enjoada de novo, preciso de alegria.
Artur puxa a mãe: Mãe, não fica triste, a nossa vida vai mudar e um dia você será a chefe.
Izabel: Bonitas palavras, filho, tudo vai se realizar, ainda mais vindo de um menino iluminado como você.-Izabel e as crianças descem as escadas e começam a brincar de futebol de areia,
Izabel se diverte muito, enquanto isso Samuel chega no quiosque, vazio.
Samuel: O Carlos só retira os lucros no sabado, porque domingo é o dia de mais vendas, e como hoje é sexta, ainda está tudo aqui- Ele se aproxima do caixa, está muito nervoso- Eu preciso, ou o Raul pode perder a paciência, ai pra quê eu fui pegar dinheiro com esse agiota?- Ele se afasta do caixa, mas logo volta- Eu preciso! Seja firme, Samuel- Ele procura a senha do caixa, e logo acha pois Carlos confia em seus empregados, há muito dinheiro lá, ele começa a pegar depressa e põe no seu bolso.
Lá embaixo.
Izabel: Ah, essa bola tá horrível.
André: E seu pé também, né mãe?
Izabel: Eu vou buscar o trocinho que enche, já volto, amo vocês-Ela sobe as escadas.
Sofia: Eu queria uma mãe que dissesse que me ama direto.
André: A nossa diz até enjoar, quer dizer, ela não enjoa, então diz direto.
Artur: Nossa mãe é a melhor do mundo, mas Sofia de certa forma ela falou que amava você também.
Sofia: Ah mas eu queria ter uma mãe só minha, vocês não entendem minha situação.
Artur: Eu entendo, deve ser triste perder a mãe- Ele se arrepia- De repente, senti uma coisa estranha dentro de mim…
Sofia: É horrível, mas nada de tristezas aqui, vamos ganhar esse jogo.
André: Vocês dois até poderiam ganhar, mas só se eu aqui não estivesse jogando.
Marta sai do banheiro e flagra Samuel mexendo no dinheiro do caixa: MAS O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?
Samuel: Ah, dona Marta, não é o que você tá pensando, eu…
Marta: Eu não sou tonta seu moleque, sempre desconfiei de você, ladrão! Eu vou chamar a policia!
Izabel chega: O que foi, Marta?
Marta: É esse ordinário do Samuel, roubando o caixa, esse desgraçado que se dizia leal ao Carlos!
Izabel: Samuel, eu não estou acreditando, a que ponto você chegou? Devolve esse dinheiro e finje que nada disso aconteceu, pro seu bem!
Samuel: Eu não posso, eu preciso desse dinheiro urgentemente, acredita em mim eu devolvo tudo em breve.
Marta: Viu? É um ladrão mesmo, descarado, bandido! Policia!
Izabel: Calma, Marta, vamos tentar resolver isso de um outro jeito, conversando.
Marta: Não tem o que conversar!
Izabel: Tem sim, eu quero que você me explique Samuel, porque tá roubando isso? Me fala…eu não vou brigar nem contar nada pro Carlos, somos amigos e eu quero paz.
Samuel: Eu não posso explicar, Bel, é constrangedor demais, eu não queria estar fazendo isso, juro- Ele chora- Mas não tem como voltar atrás agora.
Marta: É o delegado Ivan passeando na areia, DELEGADO!
Samuel, em um ato de desespero, atira em Marta que sai rolando pelas escadas do quiosque.
Artur se assusta: O que foi isso?
Sofia: É a Marta ali! Caida!
André: E a mamãe tá lá em cima, vamos ver o que aconteceu!- Os três saem correndo desesperados.
Fim do capitulo 02.