Capitulo 1 Sublime.
CAPITULO: 1
SUBLIME:
RIO DE JANEIRO, BRASIL.
1910
Passavam-se das três da manhã, o barulho do salto sobre o piso de madeira era inevitável, segurando o vestido, não há tempo, pois ela deveria se apressar, se aproxima da porta de saída da grandiosa mansão, e sem que ninguém perceba Lorelai foge abandonando sua família deixando toda riqueza que sempre lhe foi proporcionada para viver o grande amor ao lado de Mariano.
Na calada da noite dirige-se até o local combinado, em uma colina não muito distante, debaixo de um grandioso e formoso carvalho sob a luz do luar, nada mais podia lhes separar.
Lorelai — Mariano! Graças a Deus, nada mais poderá nos distanciar!
Mariano — Esperei tanto por esse momento, e finalmente chegou, vamos logo
Mas a sina de ambos é maior ainda, e torna-se perceptível ao ver Amanda os abordando com uma arma de fogo em punho.
Amanda — Pensaram que podiam me despistar? Vocês jamais serão felizes!
Mariano nervoso — Amanda, por favor, abaixe essa arma, você disse que me amava, lembra? Mas precisa saber que sempre amei Lorelai, nos deixe em paz e viva sua vida, assim pode ter tudo que sempre quis.
Amanda — É como lhe prometi Mariano, se não fosse feliz ao meu lado, não seria com mais ninguém!
Sem hesitar e com tremendo sangue frio Amanda mira em Mariano e atira diretamente em seu coração, o matando instantaneamente.
Lorelai grita — Não! Meu amor volta! Volta! Mata-me Amanda, me mata também, não posso mais viver sem ele. Atira!
Amanda então aponta a arma para Lorelai, porém recua e apenas diz:
Amanda — Não. Você merece viver com isso, com a ausência dele, deve sofrer envelhecer e morrer sabendo que ele morreu por sua causa! E não apenas você sofrerá tais perdas, mas toda tua descendência!
Amanda vai embora como se nada tivesse acontecido, nunca mais foi vista por ninguém.
As palavras de Amanda realmente se cumpriram, Lorelai sofreu, envelheceu até a sua morte, sem nunca deixar de pensar em Mariano seu verdadeiro amor, e no quanto poderiam ter sido felizes.
Dias atuais…
Na pequena cidade de Maresia, vivia a rica família de sobrenome Dalcin, o pai Heitor, a mãe Fernanda, uma das filhas mais velha Catarina e por fim as gêmeas Ellen e Clara, que chamavam muito a atenção devido à beleza de ambas. Ellen e Clara eram tão idênticas e tão belas que nunca passavam despercebidas, especialmente Ellen que era a mais pura, meiga e acostumada a lutar pelos seus ideais. Clara, no entanto era exatamente ao contrário, sempre perversa e odiando a todos, não suporta sentir sua irmã sendo amada. Clara também nunca perdoou sua mãe, Fernanda, pelo fato de ser cega, pois havia perdido a visão com cinco anos de idade quando entrou escondida no estúdio de revelação fotográfica da mãe onde acabou derramando um produto tóxico em seus olhos quando foi mexer no estante de produtos. Fernanda se sentiu culpada pelo fato e deixou de fazer o que mais amava, fotografar, mesmo assim Clara odiava aqueles que a rodeavam, a todos menos a seu namorado Carlos, porém na verdade apenas pensava que o amava.
Ellen namorava a muito tempo com Danilo, a quem era fiel com devoção, e ele a ela. O amor dos dois era tão forte que invejava Clara, não por Carlos não demonstrar tanto amor quanto Danilo, mas sim por Clara não aceitar a felicidade da irmã. Apesar da mesma não se dar bem com ninguém. Já Ellen e Catarina eram irmãs inseparáveis, inclusive a moça sabia de um grande segredo de Catarina, a sua paixão por Carlos, porém reconhecia que não seria correspondida, pois o mesmo era perdidamente apaixonado por Clara.
Catarina pergunta a Ellen — Por que ele é fascinado por ela? Só pode ser por sua beleza. Mas o amo tanto que quero que seja feliz com quem for!
O sonho de Ellen depois que conheceu Danilo sempre foi viajar em um cruzeiro, adorava caminhar pela praia da cidade louvando e agradecendo a vida, ela mal sabia que esse era o presente de aniversário que sua mãe e seu pai dariam a as duas. O dia estava chegando e as gêmeas mais próximas de completar seus vinte anos.
Como de costume, naquela noite Ellen espera em seu quarto a chegada de Danilo, ele atira pequenas pedrinhas na janela para alertá-la de sua chegada, então ela abre a janela e desce cuidadosamente, recebe uma rosa de Danilo, branca como sempre, os dois então caminham até a praia.
Andavam a beira mar conversando sobre planos futuros, até que quando ficam um instante sem assunto, Danilo olha para mão de Ellen e a respeito do objeto pergunta:
Danilo — E esse anel que sempre usa, de onde é?
Ellen — Ganhei de minha avó pouco antes dela falecer. Minha irmã Catarina e eu éramos muito apegadas a ela. Catarina ganhou uma pulseira valiosa, e eu esse anel, que não valioso quanto o da minha Irmã, mas pra mim é muito!
Danilo — Tão valioso em que sentido.
Ellen — Quando minha avó ganhou esse anel do meu avô os dois eram mais jovens que nós; ele não tinha dinheiro para comprar um anel caro naquela época, então comprou esse prometendo ser o símbolo de seu amor.
Tempos depois eles casaram e ele foi convocado para guerra; vovó então tirou esse anel do dedo e pediu que o levasse para protegê-lo, mas ele pediu que ficasse com ela para que quando voltasse e vise esse anel em seu dedo, seria como se recebesse a melhor medalha de sua vida.
Danilo — E o que ouve quando voltou?
Ellen — Ele nunca mais voltou, ela nunca soube se ele realmente morreu ou ficou preso. Minha avó ascendia uma vela a noite e pendurava o anel na frente para fazer uma sombra na janela, pois pensava que ele poderia volta a qualquer momento e ver que ela não o esqueceu.
Danilo — Eu vou lhe dar o nosso anel, no dia do nosso casamento.
Ellen sorrindo — Assim espero, não vai me trocar por outra na metade do caminho!
Danilo — Mas Ellen? Tenho outra pergunta, você disse que sua avó deu essas coisas a você e Catarina, mas e a Clara?
Ellen — Como sempre Clara odiava a nossa avó, e não suportava se quer ouvir a voz dela!
Danilo — Pobre do meu amigo Carlos, o que ele está fazendo.
Ellen — Temos que torcer pra que tudo dê certo. Talvez ela mude.
Danilo avista uma pequena casa de madeira, um tanto mal cuidada e isolada ali mesmo na praia. Nunca a havia visto.
Danilo apontando para a construção — Será que tem alguém ali?
Ellen desconversa — Não, está abandonada a uns cinco anos!
Danilo insiste — Vamos entrar e ver como é lá dentro.
Ellen — Está louco? A porta está trancada, isso quer dizer que ninguém nos quer aqui. Me leva pra casa preciso dormir.
Danilo atende ao pedido de Ellen mesmo curioso para ver o interior daquela pequena e maltratada casinha. Naquela noite Ellen dorme tranquila ao saber que o grande amor de sua vida está ao seu alcance pronto pra ajudá-la em tudo o que precisar, mas nessa mesma noite terríveis pesadelos povoam a mente de Ellen, sonha com a perda de Danilo, então acorda gritando procurando por ele.
Após dois dias chega então o aniversário das gêmeas em pleno final de ano, e uma grande festa é organizada na mansão. Clara fica deslumbrante em seu lindo vestido de seda branca e chama muito a atenção de Carlos, que a cada dia está mais apaixonado, porém Ellen está muito mais radiante e angelical, Danilo já estava a sua espera.
Enquanto dança com Clara, Carlos nota um estranho rapaz com olhar fixo em sua namorada, então tenta desviá-la de seu alcance, mas é em vão, pois o mesmo se aproxima para conversar.
Renan — Com licença! Clara lembra-se de mim?
Clara — Desculpe não reconheço sua voz!
Renan — Faz muito tempo mesmo, sou o Renan lembra? Brincávamos juntos quando crianças.
Clara — Sim agora me lembro! Como vai? Pensei que estivesse morando no exterior.
Renan — Sim, mas voltei para ficar. Estou cuidando dos negócios de meu pai. Está cada vez mais linda Clara!
Carlos interrompe — Acho melhor irmos para fora, ela precisam tomar um ar!
Carlos com ciúmes — Parece que gosta desse rapaz.
Clara — É apenas um amigo de infância. Vamos entrar tudo bem.
Em um determinado momento da festa, Fernanda pede silêncio aos convidados para entregar o presente as aniversariantes.
Fernanda — Ellen, Clara, seu pai e eu resolvemos dar o que vocês já queriam há algum tempo. São quatro passagens de um cruzeiro para vocês, Carlos e Danilo.
Nesse momento Clara joga a taça de vinho no chão e com muita raiva diz gritando a sua mãe na frente de todos.
Clara — Presente para nos duas ou somente para a Ellen? Tudo é para ela, eu nunca disse que queria ir para um cruzeiro, mas a vontade dela prevalece. Sabe o motivo pelo qual você continua comigo aqui? Porque se sente culpada pela minha deficiência e deve mesmo.
Clara pede a Olga, a empregada da casa para ajudá-la a subir até seu quarto. Fernanda fica sem graça e sai chorando sem nada a dizer. Enquanto Heitor desculpa-se com todos e a festa se dá por encerrada depois de tal feito. Ellen sobe imediatamente junto a Carlos para o quarto de Clara a fim de o que havia acontecido com a irmã.
Logo ao notar a movimentação em seu quarto, novamente com intensa fúria Clara os expulsa, deixando somente Carlos ao seu lado.
Carlos — Porque fez isso Clara?
Clara — Sempre a preferiram. Eu odeio a todos, todos eles.
Carlos — Eles te amam Clara, não duvide disso!
Clara — Nunca me amaram. Quero que eles morram, todos!
Carlos — Se viver aqui faz tanto mal a você então se case comigo e vamos embora.
Clara ironiza — Por mais que me case com você não poderei ser feliz enquanto não voltar a enxergar. Só assim vou viver alegre ao seu lado!
Carlos — Mas enquanto isso aceite o presente de seus pais. Vamos viajar será bom.
Clara — Está bem. Eu vou sim, mas não por eles.
Sem dizer nada Ellen sai do quarto e vai até o encontro de Danilo revelando as más notícias a respeito do estado de Clara, até que é abordada por um último convidado ainda presente.
Renan — Olá Ellen, com vai?
Ellen — Desculpe quem?
Renan — Renan, lembra-se?
Ellen — Claro você era muito amigo de Clara, por onde andava?
Renan — Morando no exterior. Só queria que manda-se lembranças minhas a Clara, obrigado eu já vou indo.
Danilo — Quem é ele?
Ellen — Era um amigo de nossa infância, muito mais de Clara. Eu nunca gostei dele.
Danilo — Vai caminhar comigo na praia hoje?
Ellen — Hoje não, viu o que aconteceu, mas mesmo sem ela vamos para o cruzeiro, seria uma desfeita com meus pais.
Danilo — Quando será mesmo?
Ellen— Daqui a três dias.
Com todas as turbulências vividas, Ellen encontrava-se já em um sono pesado tentando compensar todas as exaustões sofridas naquela noite, e rezando pela irmã Clara, afim de que se torne uma pessoa mais digna e feliz.
Os dias passam com rapidez e enfim chega o tão esperado cruzeiro, Ellen, Danilo e Carlos não contem a felicidade de participar desse tão esperado momento, exceto Clara que reclama pelo fato de não poder enxergar as belezas dessa viagem. Assim chega a primeira noite no navio com uma grandiosa festa de recepção, Clara fica o tempo todo sentada, se recusando a dançar, Carlos paciente fica apenas ao seu lado.
Clara reclama — De que me adianta estar em um navio tão majestoso se a única coisa que posso apreciar é a música.
Ellen retruca — Pelo menos pode apreciar alguma coisa, e não devia ficar ai reclamando em quanto muitos não tem essa mesma oportunidade! .
Carlos interrompe — Sinta a brisa do mar em seu rosto e tudo valerá a pena!
Danilo — Vamos pegar algumas bebidas, me ajuda Carlos?
Carlos — Claro! Aproveitando que estamos longe delas, quero me responda uma coisa, como estão? Ellen e você? “Cochicha Carlos”.
Danilo — Não sei, apenas sinto que ela gosta de mim, e isso me dá forças para mantê-la perto! E quanto a mim, estou perdidamente apaixonado por Ellen Dalcin! E você com Clara?
Carlos — Ela nunca está feliz, sempre implica com todos menos comigo é claro, mas mesmo assim sinto-a muito distante. Ela tem magoa da família! Sem motivo aparente.
O assunto termina quando os rapazes se aproximam das gêmeas.
No início do baile todos ficam encantados com os preparativos, especialmente Ellen, ao ver todas aquelas pessoas em trajes elegantes, luzes coloridas para todos os lados. Ellen e Danilo não param de dançar um segundo e não conseguem tirar os olhos um do outro. Clara fica apenas sentada com expressão de raiva e logicamente sem dançar.
Carlos — Vamos nos divertir um pouco, precisa se animar!
Clara se irrita e puxa Carlos para longe — Chega!
Carlos — O que está acontecendo?
Clara — Sou um peso para todos, ninguém deseja ter alguém como eu ao seu lado! Mas um dia irão pagar, um por um e por cada segundo infeliz da minha vida.
Carlos — Como ninguém te ama? Eu te amo, e o meu amor por você não é suficiente?
Clara — Não confio mais em ninguém, nem mesmo no seu amor! Se me ama tanto como diz prove…
Carlos lamenta— Como quer que eu prove Clara? O que preciso fazer para que acredite.
Clara — Não sei, mas quero sentir esse amor e saber se é verdadeiro.
Ao fim da tortuosa noite e a chegada da esplendorosa manhã, expostos a mesa do café da manhã, Danilo e Ellen riam e conversavam entre si, a ligação entre eles estava cada vez mais forte, pois não poderia ser diferente vindo de um amor que perdurou por tanto tempo.
Já Clara e Carlos permaneciam praticamente mudos sem nenhuma reação.
Danilo — O que houve Carlos? Está tão calado!
Carlos — Nada, apenas não me sinto muito bem hoje!
Danilo sorri — Pelo menos estaremos juntos aqui, os quatro hoje à noite para o segundo baile do cruzeiro! .
Carlos — Acho que hoje vou dormir mais cedo.
Evidentemente algo não estava certo, Danilo se pergunta o que poderia ter acontecido a ele para agir dessa forma.
Ellen estava ansiosa por mais uma noite ao lado de seu mais profundo amor. Aguardando a mais um momento infindável de luxo e beleza, Ellen levanta-se de sua cadeira lentamente, limpa sua boca suavemente com um guardanapos e comunica a todos que vai dar um passeio pelo convés, e assim faz. Danilo deixa Clara e Carlos a sós e vai atrás de Ellen.
Debruçada no navio, olhando as pequenas ondas, o sol da manhã batendo em seu rosto, Ellen parecia até um anjo. Danilo se aproxima até que ela perceba a sua presença.
Ellen sorri — Não deveria estar tomando café?
Danilo desconversa — Lindo aqui não é mesmo? Imagina como deve ser à noite aqui fora!
Ellen encara o céu — Sim, tudo é maravilhoso, como eu sempre sonhei!
Danilo — O que aconteceu? Ficou um pouco estranha de repente! O que houve
Ellen — É que, desde que te conheci tenho tido uns pressentimentos, sonhos, tudo muito estranho; como se devêssemos ficar juntos, senti no momento em que te vi que você havia sido feito para mim, mas por outro lado a outra sensação, é de que existe algo conspirando contra nós, uma força, eu não sei.
O que Danilo poderia pensar! Esse era o questionamento de Ellen naquele momento, pois sem perceber havia contado a ele toda aquela “loucura” que ela sentia. Mas antes que se arrependesse do que havia dito, Ellen foi surpreendida por Danilo.
Danilo — Se serve de consolo eu também tive sonhos e pressentimento ruins depois que te conheci, mas simplesmente os ignorei! __Responde Danilo a fim de confortá-la.
Ellen dá um pequeno e forçado sorriso e volta para o interior do navio junto de Danilo. Ela sentiu algo muito forte em sua vida quando o conheceu, o que não sabia era que ele também possuía esse mesmo sentimento.
A noite desce como um véu sobre todos, Danilo se arruma para o baile, enquanto Carlos prefere ficar no quarto. Na suíte ao lado, Ellen também se prepara, ao contrário de Clara que prefere não descer para o baile.
Danilo aguarda no fim da bela escadaria a chegada daquela a quem tanto ama, a mesma não demora muito, ao vê-la descer as escadas tão bela, parecendo um raio flamejante de luz que incendiava sua alma! Era sem dúvidas a mais bela mulher que já virá em toda sua vida.
Ellen — Demorei?
Danilo — Esperaria a vida toda!
No decorrer do jantar e do baile, Danilo e Ellen não conseguem tirar os olhos um do outro. Em certo momento Ellen pede a Danilo que a acompanhe até o convés do navio, pois precisava e de ar puro. Chegando então, Ellen debruça-se no navio, Danilo coloca sua mão sobre a dela dizendo. __Não sonhou com mais nada?
Ellen — Não, e espero não ter esses pesadelos!
Danilo — Pensei no que você me disse, e os sonhos que tive me fizeram lembrar de um poema muito bonito de Carlos Drumont de Andrade, gosto tanto dele que até decorei, é assim.
__Eu te gosto, você me gosta
Desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
Troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
Para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.
Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
Encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
Dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.
Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
Você fez o sinal-da-cruz
E rasgou o peito a punhal…
Me suicidei também.
Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira…
pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.
Danilo — Se chama Balada do amor através das idades. Entendeu Ellen, a moral que tudo isso trás?
Ellen — Qual é?
Danilo — O amor dos personagens perdurou por outras vidas, mas eles nunca conseguiram a felicidade, pois a felicidade era possuir um e o outro e sem um deles a felicidade era incompleta, mas felizmente um dia tudo conspira a favor, e eles conseguiram algo que muitas vezes tantos conseguem e não dão valor, é o amor! Será que conseguiremos ser felizes? Agora? Juntos? “Então a beija”.
Aquela maravilhosa noite parecia não ter fim. O beijo de Danilo fez Ellen estremecer toda e esquecer-se de toda sua vida por um instante, querendo apenas permanecer em seus braços. Os dois a mesma sensação, como se saltassem do navio e flutuassem pelo mar.
A noite era perfeita, mas o baile chega ao fim e todos vão para seus quartos. Danilo e Ellen são os últimos a se dirigirem para lá.
Danilo — Está arrependida?
Ellen — Não, assim como você disse, eu quero ser feliz
Danilo — Boa noite!
Danilo retorna ao seu quarto, e está feliz demais para notar o amigo Carlos, que chora baixo por algum motivo.
Enquanto todos dormem despreocupados, a limpeza do salão deve ser feita, a faxineira do navio recebe ordens de limpar todo o salão sozinha, apenas organizando já que as suas outras colegas tinham outros afazeres no momento. Assim o faz rapidamente organizando tudo como pode, e por fim decide limpar o belo piano localizado na lateral do salão, ao lado da grande porta de saída, mas por acidente derrama quase todo o litro de um líquido inflamável usado para limpeza, em cima do instrumento, rapidamente rapidamente pega um pano para secar, mesmo assim permanece úmido. Como já estava cansada, dá o serviço por encerrado, e ao se afastar esbarra em um grande castiçal com velas acesas usadas na decoração do baile. Uma das velas se inclina no castiçal e escorrega lentamente até cair em cima do piano dando início a um trágico incêndio. O fogo espalha-se ainda mais rápido quando entra em contato com a cortina atrás do piano. O fogo só é notado depois que algumas pessoas ainda acordadas em suas suítes começam a sentir e observar a cada vez mais a densa fumaça, aquelas alturas o fogo já havia tomado mais o que aquele salão.
Ao ouvir os gritos e sentir a fumaça, Danilo e Carlos levantam-se e dirigem-se imediatamente suíte de Ellen e Clara que também já estavam acordadas e prontas para sair.
Carlos — Depressa! Precisamos encontrar uma saída, mas com toda essa fumaça está difícil!
Danilo — Não por esse lado não!
Carlos — Mas a saída é por ali!
Danilo — Temos que tentar pelo lado esquerdo, tenho certeza de que pelo direito a muito fogo, quase impossível o acesso!
Decidem então se arriscar e ir para o lado esquerdo, mesmo temendo que não haja saída. A fumaça é densa, mas com esforço chegam até o convés. Aquelas altura muitos botes já haviam incendiado, mas já estavam enchendo alguns outros com passageiro e colocando-os no mar.
Clara nervosa — Temos que encontrar um bote!
Danilo se aproxima do rapaz que está organizando os lugares, e pede ajuda.
Tripulante — Entrem logo, depressa!
Quando todos já estão dentro, Ellen olha para seu dedo surpreendida diz rapidamente: — Meu anel!
Danilo — Deve estar no seu quarto, eu vou buscar! “Danilo sai rapidamente do bote e pegando um colete salva vidas que foi entregue pelo mesmo homem que os colocou ali”.
Ellen grita — Não! Volta!
Entra pelo mesmo corredor que vieram, mas a visão que tinha estava pior, porém, como se fosse guiado por alguém, Danilo encontra a suíte de Ellen e o anel em cima da penteadeira, então coloca o objeto em seu bolso, mas quando vai sair percebe que a porta já está tomada pelo fogo. O que Danilo poderia fazer agora que estava preso em um quarto em chamas? Apenas murmura o seu amor por Ellen que seria eterno, e nesse momento Ellen sentiu essas mesmas palavras. Uma lágrima escorre pelo seu rosto.
Enquanto Ellen estava no bote pensava apenas em tudo o que Danilo lhe disse, precisamente o que lhe havia dito naquela noite. Será que realmente o destino estaria usando certas armas para separá-los? Será que um dia Ellen poderá ser feliz como tanto desejava? Era o que ela se perguntava.
Ellen então não resiste e desmaia no bote por muito tempo e acorda apenas no hospital com sua família. Sua mãe e seu pai que voltou para casa ao saber da notícia, sua irmã Catarina que estava muito preocupada com a saúde de Ellen, Clara e Carlos que já haviam se medicado e estavam bem.
Ao perguntar sobre Danilo todos hesitam em falar, com exceção de Clara que vira seu rosto como se tudo aquilo fosse cena da irmã. Ellen insiste e pergunta novamente até que Fernanda diz que ainda não o encontraram.
Ellen aflita — Liga a TV, pode estar passando alguma coisa, uma notícia!
Noticiário — Um trágico incêndio ocorrido nessa madrugada tirou a vida de pelo menos quinze vítimas, dessas todas foram identificadas! Os nomes das vítimas são…
Além dessas quinze vítimas temos outros corpos, nessa lista também existem alguns desaparecidos e ainda não identificados, voltaremos com mais notícias.
Ellen desliga a TV após a jornalista dizer o nome de todos, mas não se encontra o de Danilo.
Ellen insiste — Existe a lista de sobreviventes não é? Podemos vê-la e procurá-lo!
Heitor — Já checamos, não consta o nome dele também.
Fernanda — Na verdade morreram muito mais do que quarenta, mas alguns corpos se perderam.
Ellen — A culpa foi minha! Ele voltou por minha causa!
O tempo não dá tréguas, e uma semana após o acontecimento, Ellen já se encontra em casa, porém tudo o que faz ou vê lembra Danilo e o pouco tempo que tiveram para ficar juntos. O desespero de Ellen é tanto que chega ao ponto de tentar cometer uma loucura.
Pegando o carro de seu pai, Ellen dirige em alta velocidade pela cidade, lembrando-se de Danilo, ao olhar para a direita vê um certo edifício abandonado chamar sua atenção. Ellen desce do carro, sobe até o último andar, dirige-se vagarosamente até a ponta do edifício, encara tudo lá em baixo
Ellen cochicha — Nunca conseguirei viver sem você, então não vou mais viver!
Ouve uma voz que diz — Pare! Nem pense nisso! Volte!
Ellen recua rapidamente e olha para trás, vê então uma bela moça que provavelmente teria a sua idade, era loira, cabelos longos e levemente encaracolados, olhos azuis e um olhar profundo. Com sua voz suave ela pergunta.
Moça — Como se chama?
Ellen assustada— Ellen, e você
Alice — Alice, me chamo Alice, mas, o que fazia aqui?
Ellen disfarça — Estava apenas olhando a paisagem.
Alice ironiza— Percebi.
Ellen — Mas e você o que fazia aqui? .
Alice — Me inspirando, sou pintora, e essa paisagem, a praia e a mistura urbana, e aqui tão isolada, tudo isso me chama a atenção! Minha família é toda da cidade grande, eu comprei uma casinha um pouco isolada por aqui, para ter um pouco mais de sossego sabe!
Ellen — Bom, prazer em te conhecer, mas acho que agora vou indo, você vai já? Posso te dar uma carona.
Alice — Sim, vou aceitar!
Ao conversar com Alice, Ellen sentia que existia algo misterioso com aquela garota, ela a havia cativado tanto que a fez até contar toda sua recente história com Danilo, seus problemas com a família em principalmente com a Irmã Clara.
Ellen pensa — Meu Deus, agora ela vai ter certeza de que tentei me matar!
Ellen pergunta — Já estamos perto da sua casa?
Alice — Pode parar aqui, eu comprei aquela pequena casa que tem quase na beira da praia (sorri), você deve saber qual é!
Ellen — Creio que sim. “Ellen se lembra de quando Danilo queria visitar aquela casa”.
Então Ellen anda com Alice até sua casa.
Alice — Entre, as paredes ainda estão sem pintura nenhuma, e os moveis todos revirados, mas vou arrumar ainda hoje!
Ellen — Bom, se quiser alguma ajuda. Não tenho nada pra fazer hoje.
Alice — Claro aceito, se não for incômodo! É terrível fazer isso sozinha!
E assim é feito. Após arrastar muito moveis e até desembalar muitos dos mesmos, as duas quase não veem o tempo passar, pois conversam sem parar.
Após o fim do serviço, Ellen observa galões de tinha no canto e se oferece para pintar as paredes mesmo estando ofegante.
Alice — Não precisa, vou fazer isso depois, elas são minhas telas, vou desenhar algo nelas.
Ellen então se despede prometendo voltar assim que fosse possível.
Ao chegar em casa, logo é abordada por sua mãe que pergunta por onde havia andado, mas Ellen sorri e apenas diz que foi ver uma amiga, então sobe para seu quarto.
Nesse mesmo momento chegam à casa Clara e Carlos que continuam com um comportamento estranho. Clara o beija, se despede e como se não se importasse com nada, sobe direto para seu quarto, mas antes de sair Carlos ouve Cataria lhe chamando.
Catarina — Carlos, está tudo bem com você?
Carlos — Sim, mas já vou pra casa, tenho algumas coisas pra fazer.
Catarina pensa consigo mesma — Tem algo errado, vou até a casa dele!
Ao sair, Carlos é seguido de carro por Catarina até chegar a sua casa, ele entra na residência e em seguida Catarina bate á sua porta.
Carlos surpreendido — Catarina! O que faz aqui?
Catarina — Posso entrar?
Carlos — Sim, entre.
Ao ver algumas malas de viagem na sala da casa, e algum moveis também embalado, Cataria o questiona sobre o que estava o levando a se mudar, e o motivo pelo qual não havia avisado ninguém,
Carlos — Só vou me mudar para um apartamento, não precisava avisar ninguém.
Catarina mesmo sem acreditar na história de Carlos despede-se.
Catarina — Cuidado com o que vai fazer, pode machucar Clara!
Catarina pensa — Mas pode machucar muito mais a mim!
Já na manhã seguinte, em quanto à família está reunida para o café da manhã, Fernanda recolhe as correspondências como de costume, mas uma delas lhe chama a atenção, estava endereçada a Ellen, mas não possuía remetente.
Fernanda — Ellen mandaram uma carta, mas não diz de quem!
“A roleta do destino gira outra vez
após tanto tempo.
Será a morte mais uma vez será a vencedora?
Lute contra o seu destino se ainda
quiser ser feliz!”
Ellen guarda aquela mensagem crendo ser alguma brincadeira de alguém, porém a deixou pensativa.
Nesse instante o telefone toca, Fernanda atende e no decorrer da conversa fica cada vez mais contente e com um brilho no olhar. Ao desligar o telefone de repente comunica.
Fernanda alegre — Clara tenho uma ótima notícia! Já temos um doador de córneas! Você pode voltar a enxergar!
Clara sorri — Sério! E quando será?
Fernanda — Pelo que me contaram amanhã mesmo poderá fazer a cirurgia!
Clara — Finalmente toda essa agonia que tive vai ter um fim!
Clara não pensa em mais nada a não ser nessa cirurgia, fica ansiosa até a chegada desse dia. Ellen adoraria ficar e fazer companhia a irmã nesse momento feliz, mas tinha combinado de andar pela praia com Alice. De alguma maneira ela a acalmava e a fazia esquecer um pouco a saudade de Danilo, Alice se tornava cada vez mais necessária.
Obrigado, os próximos também prometem!
Muito bom, gostei muito do capítulo.