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Heaven - Mundo Paralelo [2ª Temporada]

Heaven Mundo Paralelo ( 2° Temporada) Episodio 6 – Barreira de Luz

Capítulo 14
Barreira de Luz

 

Quinta-feira

Ouço o telefone tocar, o sono ainda pesando sobre os meus olhos… tateando na cama tento achar o aparelho, mas acabei derrubando-o no chão. Abro os olhos e faço um pequeno esforço para mantê-los abertos.

– Alô! – Disse apanhando o celular do chão, com a voz bem arrastada. – Quem é?

– Bom dia! Aqui é a Patrícia da Gráfica New Designer. Estou ligando para informar os alunos que o prédio está sendo dedetizado, portanto não haverá aula nessa semana só na próxima segunda-feira voltaremos a abrir a gráfica.

– Então não tem aula hoje… Tá, obrigado por avisar.

Desliguei o telefone e me atirei na cama. Ah! Um final de semana prolongado, mas que notícia boa! Virei o rosto na direção do criado mudo e reparei nos ponteiros do relógio: 9h25. Nossa… nem ouvi o despertador tocar. De qualquer forma não preciso me preocupar com o horário hoje.

Senti um cheiro bom de infância quando minha mãe preparava o café da manhã. Criei ânimo para levantar e fui à cozinha.

– O quê? Eu tô sonhando ou você está mesmo fazendo uma omelete pra mim?

– Ha! Ha! Bom dia para você também, mas… – Pablo fez uma pausa para mostrar sua incrível habilidade com a frigideira lançando a omelete para virar no ar e conseguir pegar sem fazer sujeira ou deixar cair no chão. – Isso aqui é para mim!

– Exibido. – Falei me dirigindo a uma cadeira na mesa. – Por que você tá acordado há essa hora?

– Eu não consegui dormir direito, fiquei acordando o tempo todo. Aí, cansei de ficar deitado e resolvi tomar café. – Pablo se aproximou da mesa e colocou sobre ela dois pratos, cada um com uma metade da sua fabulosa omelete.

Puxei um prato para mim e agradeci com um sorriso infantil. Pablo sentou-se e pegando a garrafa de café despejou o líquido preto na xícara. O vapor e o cheiro natural do café subiram se espalhando pela cozinha.

– Ei! O que você ainda está fazendo aqui? – Perguntou Pablo com um tom paterno engraçado. – Vai se atrasar para a aula.

– Relaxa aí mano! Tô de folga hoje e amanhã também. Parece que vão dedede… Detede… dedetizar! É isso, vão de-de-ti-zar a gráfica.

– Olha isso é muito bom.

– Eu sei, vou ter bastante tempo livre.

– Hum… – Pablo cortou outro pedaço da omelete e elevou o garfo a boca. – Eu me referi a isso aqui, não gosto de me gabar não, mas é o melhor que já comi.

Realmente meu irmão tem razão, ele é um ótimo cozinheiro. Eu só não gosto de admitir para não elevar o ego dele, ele já faz isso muito bem sozinho. Hum! Isso está delicioso mesmo!

 

– Mas, e aí maninho você tá melhor?

– Sim! Tive um sonho muito louco…

– Calma aê! Me deixa tentar adivinhar… Isabely estava nesse seu sonho maluco?

– O…? Como você? Tá tão na cara assim?

– Ah, tá brincando! Eu posso distinguir facilmente sua cara de quando você tá feliz normalmente e quando é tipo… Nível: “eu vi Isabely”. É como se uma faixa se estendesse de orelha a orelha com o nome dela escrito em seu sorriso.

– Idiota! Acho que você está exagerando, nem deve ser isso tudo.

– É sério cara! Melhor maneirar um pouco porque você só a viu uma vez e já tá desse jeito… E essa sua cara não nega.

– Duas vezes! Mas, você tem razão eu sei… não quero bancar o idiota atrapalhado outra vez.
Pablo se levantou e colocou na pia o prato e a xícara que acabou de usar.

– O último lava a louça! – Falou ao sair da cozinha. – E Apollo, termina logo esse café que também tenho algo para te contar.

 

Gráfica New Designer
Enfermaria.

– Ela já deveria ter acordado, por que o corte não está fechando?

– Se fosse um ferimento qualquer teria cicatrizado logo. Mas, se trata de algo incomum e parece que o contato com sangue do demônio está retardando os efeitos da cura.

– Droga! É tudo culpa minha! Eu não fui capaz de proteger a Júlia.

– Acalme-se Datto, o que aconteceu não foi culpa sua.

– Mas… Professor, se eu não fosse tão fraco isso não teria acontecido.

– Júlia é forte, ela vai ficar bem! Agora venha comigo. – Disse e em seguida gesticulou com a mão em direção à porta.

Saímos da enfermaria e caminhamos pelo longo corredor principal.

– Você conseguiu fechar a fenda na aurora? – Perguntei ao passar em frente o setor de limpeza.

– Ainda não… mas encontrei uma forma de atrasar as criaturas. – Sem parar ou reduzir os passos, Sérgio deu uma rápida olhada na porta e virou-se novamente para frente.
– Como?

– Eu criei uma barreira para ocultar a passagem que liga os dois mundos, é claro que isso não vai impedir que as criaturas escapem pela brecha, mas…

– Então se eles não podem ver a saída não vão conseguir sair. Nossa! Que forma inteligente de deter os demônios. Você é um gênio!

– Não é à toa que eu sou o professor e você é o aluno.

Conforme avançávamos, surgiam os primeiros degraus da escada no final do corredor. Bateu aquele frio na barriga só de pensar em ter que enfrentar toda aquela escadaria outra vez. Mas, logo se foi quando percebo que o professor passou direto atravessando a recepção e indo para o elevador.
Até suspirei aliviado quando entramos a bordo do elevador.

Na cobertura do prédio tem uma ampla sala de treinamento onde venho aprendendo sobre o Livro das Ordens e o controle da energia espiritual. Para chegarmos a esta câmara secreta precisamos passar pela sala do professor e acionar uma alavanca escondida que faz a estante de livros girar para dentro revelando assim a entrada.

– Não temos muito tempo para um treinamento completo, devido às circunstâncias pularemos algumas etapas.

– Tudo bem, estou pronto!

– É bom que esteja mesmo…

Professor juntou as mãos palma a palma e depois as afastou lentamente enquanto partículas de energia brilhante circulavam suas mãos até que se tornaram uma esfera de luz.
– Está vendo isso? – Balancei a cabeça em resposta positiva. – Na aula de hoje treinaremos sua defesa.

– Me defender de uma bola brilhante parece moleza. Acho que deveríamos mesmo era treinar formas de ataque para derrotar os demônios.

– Se conseguir bloquear meu ataque então te ensinarei a atacar. – Após dizer isso o professor soltou um sorriso desafiador.

A arena para treinar combate físico é composta por um círculo oval com uma linha central que divide os lados, ao redor do campo de batalha seis colunas reforçadas com gravuras de símbolos de proteção para conter a energia usada no combate.
Me direcionei a um lado do campo e o professor foi para o lado oposto. Segurei firme meu pingente e aguardei o ataque do professor.

Sergio meneia a mão de um lado para o outro e a esfera de luz acompanhou seu movimento.
– Prepare-se!

Num movimento rápido, o professor apontou o dedo em minha direção e automaticamente o globo reluzente obedeceu ao gesto. Consegui me abaixar segundos antes e vi a esfera passar acima da minha cabeça num breve borrão prateado.

– Essa foi por pouco – Disse sorrindo ao me endireitar.

Meus olhos seguiram as mãos do professor e notei que ele ainda gesticulava. Olhei para traz e me deparei com um clarão, o choque me deixou atordoado por alguns instantes. Não consegui passar no teste… acho que isso significa que as aulas ofensivas vão ter que esperar.

– Levante-se Datto. – O professor abriu uma das mãos e uma nova esfera de energia se formou clareando sua palma e iluminando sua face deixando seu rosto com uma expressão ainda mais severa do que já é. – Dessa vez não tente se esquivar, concentre-se em bloquear o ataque.

Me reposiciono do meu lado da arena e fico atento a forma como o professor manuseia sua esfera de energia. Fecho os olhos e tento me concentrar em uma maneira de bloquear o golpe. Visualizo algumas das aulas anteriores, quando ativei a bussola para encontrar a fenda na aurora… eu precisei enxergar com outros sentidos para fazer a bussola funcionar. E quando consegui expulsar um demônio em uma sala aqui na gráfica há alguns dias atrás pronunciando uma ordem básica de exorcismo… em minhas primeiras aulas quando aprendi a sentir a energia espiritual do meu corpo… Já sei!

– Pronto?

– Pronto! – Respondi abrindo os olhos, certo de que agora posso conseguir.
Aperto forte o pingente do clã e sinto a energia fluir através da cruz em minha mão. Ergo o braço direito em posição defensiva. Agora é só esperar o momento certo para tentar parar o ataque do professor.

Sergio lançou o globo de luz e eu precisei conter o instinto de me esquivar, pois dessa vez não deveria fugir. Rapidamente a esfera me alcançou, estendi a mão para bloquear e ao bater na minha palma o poder explodiu emanando energia brilhante no ar. Com a força do impacto eu caí para trás de costas no piso emborrachado da arena.
Eu quase consegui, mas a energia que reuni na mão não foi forte o bastante. Vou precisar concentrar mais energia para conseguir bloquear o próximo golpe.

– Recomponha-se! – Ordenou o Professor já com outra esfera reluzente em seu punho.

Num flash. Lembrei da noite passada e de todas as Ordens que ouvi Julia proferir, dentre elas foquei na Ordem de defesa. Se eu for capaz de reproduzi-la eu conseguirei repelir esse ataque.

Frágma! – Senti minha mão aquecer e micro fragmentos reluzentes surgiram no ar. Quando a energia do professor se chocou com a minha, esses fragmentos brilhantes me ajudaram a conter o ataque por alguns poucos segundos até que eu não consegui mais resistir e fui jogado outra vez no chão.

– Convicção… Essa é a chave para controlar seu poder espiritual. Se você não tiver certeza de que vai conseguir executar uma Ordem, provavelmente falhará ao tentar.
Tentamos por mais algumas vezes, em boa parte delas eu fui nocauteado e ouvi muitos: Levante-se! Tente outra vez! Postura! Entre tantas palavras encorajadoras consegui ouvir um: Está indo bem! Mas, apesar do cansaço de tanto esforço físico e mental, eu não posso desistir agora, não enquanto eu não for capaz de me defender. Preciso me tornar forte o suficiente para que eu possa proteger Julia.

– De pé!

Certo, dessa vez eu vou conseguir. O mundo está em perigo… Nossa cidade, o professor Sérgio e a Júlia precisam de mim e eu não posso falhar com eles outra vez. Eu tenho que conseguir!
O professor estendeu o braço e da palma de sua mão saltou uma esfera translúcida, sua energia traçou uma linha reta no ar flutuando rapidamente em minha direção.

Frágma! – Exclamei forte e foi como se a palavra ecoasse no interior da sala, a energia canalizada em volta da minha mão formou uma barreira circular e eu pude, enfim, bloquear o ataque do professor.
Após colidir com minha barreira a esfera de luz se dissipou, eu mantive a concentração por alguns instantes só para contemplar admirado o que acabei de fazer.

– Quase lá, garoto. Precisa corrigir sua postura e firmar sua base no chão ajudará você a manter o equilíbrio e também diminui a força do impacto.

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