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Herança do Passado

Herança do Passado – Capítulo 21: O Passado Bate à Porta

CENA 1/ NOVA YORK/ APARTAMENTO HESSE-KASSEL/ SALA/ NOITE

Toda a família Hesse-Kassel fica paralisada ao ver Leonardo ali, fazendo com que até mesmo Juliana e Rose parem a briga para observar o que virá. Leila fica cara a cara com seu grande amor do passado e por um segundo sente o ar se esvair de seus pulmões. Ela recupera as forças e de súbito dá um tapa na cara dele:

Leila: O que você tá fazendo aqui?

Leonardo: A gente pode conversar em particular?

Antônio (sério): Não! Você faça o favor e saia da minha casa, antes que eu chame a segurança.

Leila: Pode deixar que eu resolvo pai. A gente tem muito que conversar mesmo… Me acompanha por favor Leonardo.

Ela o leva até o escritório e tranca a porta, deixando todos apreensivos

Luiza: De onde vocês conhecem o Leonardo?

Rose: Longa história minha querida… Histórias do passado, que são melhores serem deixadas ao passado a que pertencem. Mas espera, você conhece ele?

Luiza: Sim… Ele ficava ali no Central Park, é um sem teto. Eu até fiz amizade com ele, tentei ajudar… Mas você acredita que ele entrou na minha casa e roubou o meu pai?!

Antônio: Não me surpreende nada que tenha vira um marginal, combina bastante com o caráter dele… Enfim, me desculpa por ter te feito presenciar essa cena Luiza.

Luiza: Bem, eu não vou atrapalhar mais a noite, acho que vocês vão ter uma longa reunião familiar. Qualquer coisa que precisarem, é só bater lá em casa.

Luiza vai embora e o clima pesa na sala. Rose se ajeita após a briga e decide agora agredir Juliana verbalmente:

Rose (ríspida): Não tá vendo que tá na hora de ir pra casa não garota?

Antônio: A casa dela agora é aqui. A partir de hoje Juliana mora comigo…

Rose: Ai que maravilha… Ótimo dia para estar morta…

CENA 2/ NOVA YORK/ APARTAMENTO DE WALTER/ SALA/ NOITE

Luiza chega em casa e encontra Walter caminhando pelo apartamento de maneira muito apreensiva:

Walter: O que aconteceu na casa dos Hesse-Kassel? Eu ouvi gritos

Luiza: Se eu te contar você nem acredita pai…

Walter: Então conta ué!

Luiza: Antônio resolveu que vai casar com a Juliana, e a Rose simplesmente surtou e partiu pra cima dela. Rolou tapa, puxão de cabelo, uma baixaria total

Walter: Essa Juliana é bem zé povinho né… Primeiro ela tenta de bater, lembra disso né? Agora mais essa… Isso que dá ficar se metendo com esse tipo de gente…

Luiza: Mas não para por ai não… Quando a briga tava no meio, o Leonardo apareceu lá. Você lembra do Léo né? O cara que eu conheci no parque e convidei aqui pra casa e ele te roubou?

Walter: Não precisa nem lembrar filha… Até hoje eu tenho trauma daquilo! Mas o que ele tava fazendo lá?

Luiza: Ele conhece a Leila! Eles tiveram alguma coisa no passado, ou pelo ao menos foi o que eu entendi, e agora estão conversando trancados no escritório.

Walter (assustado): Pera ai! Você tá dizendo que… Leila e… Leonardo… Os dois… Eles estão aqui do lado?! Do lado da minha casa?! Os dois?! Não pode ser!

Luiza (confusa): Não tô entendendo… Você conhece os dois?!

Walter (aflito): Filha, arruma suas malas! A gente precisa sair daqui.

Luiza: Oi?! Que malas?! Eu não vou sair daqui!

Walter: Você vai sim, eu sou o seu pai e tô mandando! Leva só o essencial, deixa o resto tudo aqui! O resto a gente compra depois!

Luiza: Como assim? Pra onde a gente vai?! Pai, você tá me assustando…

Walter: Luiza… Eu juro, eu vou te explicar tudo, absolutamente tudo o que eu nunca queria que você soubesse… Mas por favor faz a sua mala, a gente precisa sair dessa cidade, o mais rápido possível. No caminho você vai saber o porque.

CENA 3/ NOVA YORK/ APARTAMENTO HESSE-KASSEL/ QUARTO DE ROSE/ NOITE

Luís se deita em sua antiga cama enquanto Rose se observa no espelho, analisando os arranhões que ganhou na briga com Juliana:

Rose: Aquela maldita tem unhas afiadas… Vou precisar de muita maquiagem pra esconder o que ela fez. Aquela piranha me paga! – ela começa a passar maquiagem para disfarçar os maquiados – Mas Luís, seja sincero comigo… O que essa sua repentina volta pra casa vai me custar?

Luís: Nada… Tudo o que eu queria eu já tenho. Fiz isso pelos nossos filhos… De verdade.

Rose: Você nunca foi o pai do ano, vamos combinar… Qual o motivo real?

Luís: Eu pretendo rever isso. Eu tive uma conversa ótima com o Pedro quando ele me procurou. Eu senti que, depois de muito tempo, a gente voltou a se conectar

Rose: E sobre o que vocês conversaram?

Luís: Sobre o futuro… Ele tá até pensando em desistir dessa bobagem de fazer cinema e voltar pra a administração. Assumir o império que ele vai herdar muito em breve…

Rose (estranhando): Luís… Por que essa conversa?! Luís, o Nicolai te procurou?

Luís: Ele foi até o hotel pra termos uma conversa…

Rose (furiosa): Eu sabia! Sabia que tinha alguma jogada! Você é um idiota! Ele quer usar o nosso filho de boi de piranha, e você tá entregando ele! Como é que você pode ser tão burro?!

Luís: O menino é esperto, você devia confiar nele um pouco! Vai dar tudo certo meu amor!

Rose: Eu não devia confiar é em você, seu energúmeno! Sua anta!

Luís: É assim que você me trata, nas primeiras horas que eu volto pra casa?!

Rose: SAI DAQUI! – ela pega um copo que estava no criado mudo e joga na parede, espalhando estilhaços –  SAI DO MEU QUARTO!

Assustado, Luís sai às pressas do quarto e deixa a mulher a sós

CENA 4/ NOVA YORK/ APARTAMENTO HESSE-KASSEL/ QUARTO DE ANTÔNIO/ NOITE

Juliana e Antônio descansam deitados na cama da suíte. Ela recosta a cabeça no peito dele e os dois conversam:

Juliana: Antônio, eu não acho que isso vá funcionar. A sua família já deixou bem claro que não vai me aceitar aqui. Você precisava ver a cara do Pedro quando viu a gente chegando juntos… Eu não sei se eu vou conseguir seguir com isso…

Antônio: Quem tem que gostar de você sou eu, não eles. O dono de tudo isso aqui sou eu e eles tem que dançar conforme a música que eu toco. Se alguém aqui dentro dessa casa te destratar você me avise, que eu tomarei as providencias necessárias.

Juliana: Eu prometo que eu vou tentar… Mas olha, não vai ser fácil – ela se levanta da cama e calça os sapatos

Antônio: Pra onde você vai?

Juliana: Pra casa ué?

Antônio: Não! Você mora aqui agora, pensei que isso tinha ficado claro.

Juliana: Tá, mas eu preciso ir em casa, buscar ao menos minhas roupas

Antônio: Esqueça aquelas porcarias. Compre tudo novo! Amanhã mesmo eu vou te providenciar um cartão pra você com acesso à uma conta minha!

Juliana: Eu não quero… Se você fizer isso só vai reforçar as suspeitas que eu tô com você por dinheiro

Antônio: Que se dane as suspeitas! Eu sei das suas intenções e isso já me basta! Esqueça a vida que você viveu antes Juliana, agora você vai ver algo completamente diferente! Se eu sou o barão do chocolate você vai ter que ser a baronesa! E sem mais discussões!

CENA 5/ NOVA YORK/ APARTAMENTO HESSE-KASSEL/ ESCRITÓRIO/ NOITE

Trancados na sala, Leonardo e Leila discutem e ela vai as lágrimas:

Leila: Você tem ao menos noção do mal que você me causou Leonardo?! Do tanto que eu sofri, tudo isso por sua causa?

Leonardo: Eu sei, e eu nunca me perdoei por isso… Mas você me deu motivos!

Leila: Motivos?! Eu ia te contar da minha gravidez e você veio me já me atacando, falando que eu te fiz de meu joguinho! Como você queria que eu reagisse?!

Leonardo: Olha Leila… Me perdoa… Só isso que eu te peço?!

Leila: Por onde você andou todo esse tempo? O que você tá fazendo aqui, nessa cidade?

Leonardo: Depois daquela noite eu fugi da cidade, deixei tudo pra trás. Um amigo meu estava vindo pra cá pros Estados Unidos ilegalmente, pelo México e eu resolvi me arriscar também. Eu tava sem motivação, tava magoado… Pensei que vir pra cá seria a solução dos meus problemas…

Leila: E não foi?!

Leonardo: No começo sim. Eu trabalhava bastante, ganhava um bom dinheiro. Mas eu tinha um vazio aqui dentro e nada preenchia. Eu te mandei muitas cartas, pedindo perdão, mas você nunca respondeu nenhuma

Leila: Eu só fiquei sabendo dessas cartas poucos dias atrás. Ninguém nunca as repassou pra mim depois que eu fui para o convento

Leonardo: Eu nunca nem soube que você tinha decidido se tornar freira! Toda vez que eu ligava pra a sua casa pra pedir notícias uma tal governanta atendia e falava que se eu ligasse de novo ela chamaria a polícia. Até o dia que uma vez eu liguei e deu número não existente

Leila: Provavelmente o meu pai mandou trocar a linha por sua causa…

Leonardo: Sem ter contato com você e sentindo uma culpa enorme dentro do peito, eu fui me rendendo aos poucos. A depressão me atingiu de uma maneira muito forte e eu perdi tudo Leila. Me atolei em dívidas, perdi o emprego, depois o carro, depois a casa… Eu não tinha mais vontade nenhuma de viver. Depois disso eu sai da cidade aonde eu morava, no interior, e vim pra cá pra Nova York em busca de trabalho. Mas tudo que eu consegui foi me sentir mais sozinho ainda… E foi assim que eu virei um ninguém, dormindo pelas ruas da cidade…

Leila deixa mais lágrimas escorrerem por seu rosto e o abraça:

Leila: Por que isso teve que acontecer justo com a gente?

Leonardo: Eu realmente não tenho a resposta pra essa pergunta – ele começa a chorar também – Mas agora, te vendo de novo… Como eu esperei por isso… E o seu filho? Onde está?!

Leila: Então você não soube?!

Leonardo: Do que?

Leila: Filha.. Eu tive uma filha.. E ela é sua filha também, eu nunca tive outro homem…

Leonardo: Então… Eu tenho uma filha…

Leila: Tem… Tinha…

Leonardo: Como assim tinha?!

Leila: Eu fugi de casa com o Walter quando meu pai descobriu a gravidez. Ele se propôs a assumir a paternidade. Mas quando eu tive a criança, alguém a roubou na maternidade. Eu nunca tive a chance de segurar a nossa filha nos braços.

Leonardo: Quem fez isso?

Leila: Bem, o Walter sumiu na mesma época e a polícia sempre achou que foi ele o sequestrador. Foi o que o meu pai me fez acreditar toda a vida, já que ele nunca voltou ou fez contato.

Leonardo: Você acredita mesmo que foi ele?

Leila: Tudo aponta que sim, mas eu não sei… Até hoje eu nunca entendi direito Leo. A única certeza que eu tenho é que um dia Deus vai me permitir e eu vou ter a minha filha nos braços. O dia que eu puder abraçá-la, eu acho que vai ser o dia mais feliz da minha vida!

Leonardo: Mas uma coisa não faz sentido

Leila: O que?

Leila: Você disse que nunca mais ele voltou, nem fez contato. Como que pode isso?!

Leila: O que que tem de errado nisso?!

Leonardo: Eu estive com ele, esses dias

Leila: Impossível!

Leonardo: Eu tô falando sério! Ele mora aqui, nesse prédio! Junto com a filha! Eu conheci os dois! Ele inclusive foi muito rude comigo, me ofereceu dinheiro pra eu sumir da vida dele!

Leila: Isso não pode ser… Aqui?! Do lado?!

Leonardo: Se eu não me engano, vocês são vizinhos. A filha dele se chama Luiza!

Leila: Luiza?! A Luiza?! Que estava aqui?!

Leonardo: A própria!

Leila: Não é possível! Eu preciso tirar essa história a limpo! Agora! Vem comigo!

CENA 6/ NOVA YORK/ AEROPORTO/ NOITE

Catarina Hauser desembarca no aeroporto internacional de Nova York e é recepcionada por Salete, que a aguarda na porta de saída:

Salete: Pontual, como sempre

Catarina: Você não destrói um império se atrasando minha querida. O carro já esta nos esperando

Salete: Sim, como você especificou

Catarina: Ótimo!

Salete: Catarina, me desculpe, mas eu tenho que perguntar. Você tem certeza que vai destruir a família de Walter assim? Ele não é uma pessoa ruim como os Hesse-Kassel, pense bem…

Catarina: Se existisse outra opção, eu certamente a usaria. Mas não há. Ou eu faço o que planejei ou todo o nosso trabalho terá sido em vão

Salete: Se é assim, então assim será

CENA 7/ NOVA YORK/ PRÉDIO/ PORTA/ NOITE

Com as malas prontas, Luiza e Walter esperam na portaria pelo táxi que os buscará:

Luiza: Pai.. Eu não vou!

Walter: Luiza não discute! O táxi tá chegando!

Luiza: Eu não posso… Eu… Eu não quero ir embora! Isso é loucura!

Walter: Meu bem, pense como umas férias! A gente vai pra a Califórnia Luiza! Vão ser alguns dias!

Luiza: Por que?! Por que a gente vai sair de casa assim fugidos, feito bandidos?!

Walter: Eu já te falei que no caminho eu vou te contar tudo! Mas pelo amor de Deus, você tem que vir comigo filha!

Luiza: Eu preciso saber da verdade antes de embarcar nessa loucura sua. De quem você tá fugindo?!

 O táxi chega e buzina na porta do prédio

Walter: Vem! No caminho eu te explico!

Luiza: Fala agora pai!

Walter: Da sua mãe! Ela tá aqui, e ela quer tirar você de mim!

Luiza: A minha mãe?!

Walter: Luiza, entra naquele carro!

Luiza: Pelo amor de Deus, eu sou maior de idade! Como que ela vai me tirar de você?! Pai, você ta bem?!

Walter: Essa história ela é mais complicada do que você imagina Luiza! Eu não posso te explicar!

Luiza: Eu quero conhecer essa mulher!

Walter: Eu não vou ficar aqui discutindo com você! Você quer conhecer as suas origens, então você vai conhecer! Mas não diga que eu não te avisei! Quando você quiser me procurar, vai ser tarde minha filha! E então você vai se lembrar das palavras desse velho pai seu!

Luiza: Pai, não faz isso…

Walter: Entra no carro Luiza!

Luiza deixa uma lágrima escorre do rosto e abraça o pai com a maior força que possui

Luiza: Eu te amo, nunca se esqueça disso

Walter: Eu te amo também filha… Não importa o que eles vão te falar, não escute! Eu te amo, e tudo, absolutamente tudo o que eu fiz, foi por amor!

Walter dá um beijo na testa da filha e vai embora para o táxi.

Após colocar todas as malas no fundo do carro, ele entra no veículo:

Walter: Please, take me to the airport [Por favor, para o aeroporto]

O carro se prepara para sair quando de repente a porta se abre. Leila entra no veículo e deixa Walter paralisado:

Leila: Indo pra algum lugar Walter?!

FIM DO CAPÍTULO

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