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A Fênix

A Fênix – Capítulo 16 (Última Semana)

Capítulo 16

Cena 01 – Morro do Alemão. Noite.
Zeca e Miguel ficam alguns instantes se encarando em silêncio. Ambos estão em choque com a semelhança entre eles.
Miguel, surpreso: Quem é você?
Zeca: Eu é que pergunto, quem é você?
Miguel: Eu… eu perguntei primeiro.
Zeca: Mas você bateu na minha casa.
Miguel: Eu tô perdido. Fala, quem é você?
Zeca: Meu nome é José Carlos, mas todo mundo me chama de Zeca. E você?
Miguel: Eu sou Miguel, Miguel Alcântara Barreto de Albuquerque.
Zeca, irônico: Nossa. Então, o que você quer?
Miguel: Eu já disse, eu tô perdido.
Zeca: Como perdido?
Miguel: Sei lá, uns bandidos me pegaram e me largaram aqui nesse lugar, encontrei um cara no meio da rua e ele me trouxe até aqui dizendo que era minha casa. Agora tô entendo.
Zeca: Sei. Faz o seguinte, entra aí, não é uma boa ficar de porta aberta por aqui a essas horas.
Miguel: Entrar aí? Eu nem te conheço.
Zeca: Você escolhe, entra ou fica aí fora.
Miguel, sem muitas opções, entra. Zeca fecha a porta. Os dois continuam se encarando, analisando a semelhança em seus rostos.
Zeca: Senta aí no sofá.
Miguel se senta: O que foi isso na sua perna?
Zeca se senta: Eu sofri um pequeno acidente enquanto tava grafitando uma parede. Mas me diz, o que aconteceu? Quem é você?
Miguel: Por que você quer saber?
Zeca, sarcástico: Sei lá, talvez porque quando eu te olho parece que eu tô me olhando no espelho.
Miguel: Tá, eu falo um pouco de mim e você fala de você.

Cena 02 – Mansão Alcântara Barreto de Albuquerque. Sala.
Todos estão nervosos na sala esperando por notícias de Miguel. Apenas Raquel não está no lugar, está em seu quarto.
Helena está sentada no sofá conversando com seu marido, Tadeu.
Tadeu: Helena, é melhor irmos pra casa.
Helena, nervosa: Não posso Tadeu, eu quero esperar receber notícias do Miguel.
Tadeu: Querida, você está aqui o dia todo, você precisa descansar.
Helena: Eu não vou descansar Tadeu, não vou conseguir. Você entende? É o meu filho que está desaparecido?!
Tadeu: Claro, claro querida, eu entendo. Mas mesmo assim, vamos pra casa, eles vão te avisar se receberem notícia do garoto.
De repente, um pensamento estranho se passa pela mente de Helena.
Helena: Raquel?
Tadeu: O que disse Helena?
Helena se levanta: Nada, nada querido. Por favor, me espere aqui, eu vou subir pra dar uma palavra com a minha irmã.

Cena 03 – Quarto de Raquel e Sérgio.
Raquel está nervosa andando de um lado para o outro.
Raquel, andando de um lado pro outro: Ah, mas que droga, que droga! Já não basta o tanto de problemas que eu venho enfrentado me aparece isso.
Raquel se senta na cama.
Raquel: Amanhã certamente essa história vai estar nos jornais. O que vão pensar? Que eu sou uma mãe desnaturada que não consegue proteger o próprio filho?! Isso vai ser péssimo pra minha imagem.
Helena entra no quarto.
Helena, nervosa: Então quer dizer que é com isso que você se preocupa?
Raquel se levanta: O que está fazendo aqui? Devia ter ido embora.
Helena fecha a porta: Mas é inacreditável! O garoto tá desaparecido, foi sequestrado e você aí se importando com a sua imagem?!
Raquel: Escuta aqui Helena, tá certo que o menino sumiu e tá todo mundo preocupado, mas eu tenho que pensar em mim também.
Helena: Você só consegue pensar em si mesma sempre.
Raquel: Se eu não pensar em mim, quem pensará? Você está nervosa, ok, mas não pense que está pior do que eu.
Helena: Será? Talvez você até esteja feliz com tudo isso.
Raquel, se irritando: Mas o que está insinuando?
Helena: Esse por acaso é mais um plano seu Raquel? Mandar sequestrar o garoto, fazer alguma coisa com ele só pra me assustar e me convencer a ir embora?
Raquel, levantando o dedo: Olha como fala comigo Helena, você está me acusando de um crime, contra meu próprio filho.
Helena: Não se faça de inocente Raquel, eu já sei de tudo.
Raquel: Do que você está falando?
Helena: Eu já sei que o Miguel é meu filho Raquel!

Cena 04 – Morro do Alemão. Casa dos Oliveira.
Zeca e Miguel estão conversando no sofá. Ambos já contaram um pouco de sua história para o outro.
Miguel: Nossa, complicado essa sua situação.
Zeca: Realmente não é nada fácil pra mim.
Miguel: Eu entendo, também não me dou nada bem com meu pai.
Zeca: Por que não?
Miguel fica mudo.
Miguel: É uma história complicada, prefiro não falar.
Zeca: Mas e aí, o que você vai fazer agora?
Miguel: Não sei, eu preciso pelo menos dar um jeito de sair desse morro, mas como? Eu não sei pra onde ir.
Zeca: Eu queria poder ajudar, mas não posso sair andando por aí com a perna desse jeito. Mas talvez meu irmão te ajude.
Miguel: Você acha?
Zeca: Claro, ele é legal. Amanhã ele vai te acompanhar pra descer o morro, saindo daqui você consegue um táxi e volta pro seu bairro.
Miguel: É, acho que pode dar certo.
Zeca olha fixamente para Miguel.
Miguel: Por que me olha desse jeito?
Zeca: É que é realmente impressionante, nós dois somos idênticos.
Miguel: Tenho que admitir que sim.
Zeca: Cara, será que a gente não tem alguma ligação? Parentesco, sei lá.
Miguel: Acho que não, eu conheço todos os meus parentes e são todos gente da alta sociedade, não acho que eles iam me esconder que tenho familiares morando num lugar como esse.
Zeca: É, tem razão. E se tivéssemos parentes ricos, com certeza a minha mãe já tinha ido morar com eles.

Cena 05 – Mansão Alcântara Barreto de Albuquerque. Quarto de Raquel e Sérgio.
Raquel: Mas que disparate é esse que você está dizendo Helena?
Helena: Não adianta fingir Raquel, eu já tenho certeza de tudo. Eu vi as datas de nascimento do Mateus e do Miguel nos documentos deles, eu sou a mãe do Miguel!
Raquel: Mas você é muito abusada mesmo, por que se mete no que não te interessa?
Helena: Me interessa sim! Porque é dos meus filhos, da minha família, da minha fortuna e da minha vida que estamos falando. Tudo isso você me roubou há 17 anos.
Raquel dá as costas: Não começa com essas acusações ridículas.
Helena: Ridículas? Você provocou um acidente de carro pra mim, desapareceu com um dos meus filhos e tentou me assassinar naquela boate enquanto eu estava desmemoriada. Você sempre só viveu pra tentar me destruir.
Raquel se vira: Quer saber? Eu fiz tudo isso mesmo. Tentei acabar com você várias vezes, tentei te matar, eu fiz isso! Mas você não morre nunca.
Helena: Desgraçada! O que foi que eu te fiz pra você me odiar tanto?
Raquel: Você não pode me condenar porque você não é melhor do que eu, você me roubou tudo muito antes.
Helena: Mas do que você está falando?
Raquel: Você sempre foi a preferida. Na escola, em casa, até quando nossos pais morreram eles deixaram todas as nossas propriedades no seu nome. Eu sou a filha mais velha, eu devia ser principal herdeira.
Helena: Você nunca se importou com nada Raquel, você nunca deu valor aos nossos pais ou a tudo que eles fizeram por nós.
Raquel: Nunca pude fazer nada porque você sempre estava à frente de tudo, não importa o que eu fizesse eu nunca conseguia ser melhor que você.
Helena: Você fez tudo isso por inveja?
Raquel: Inveja de você? Uma ex-prostituta?
Helena: Sim! Sim, eu fui prostituta. Me prostitui pra ter o que comer, pra poder ter onde dormir depois que você me roubou tudo. Mas o tempo passou e hoje eu sou outra…
Raquel dá uma risada cínica.
Helena: Eu encontrei um homem que me aceitou, me deu o nome dele, me trouxe de volta ao meu lugar e agora eu estou aqui, refeita! Viva! E vou recuperar tudo que você me roubou Raquel.
Raquel: Isso é conversa mole, isso sim. Você pode até estar toda elegante com essa roupas caras, mas não mudou nada por dentro. Eu pude ver na noite do aniversário do Mateus quando você saiu de dentro daquele bolo, você ainda é a mesma de anos atrás, uma prostituta! Uma vagabunda! Uma vadia! Uma…
Helena dá uma bofetada em Raquel.
Raquel dá uma bofetada em Helena.
Helena pega Raquel pelo braço e a joga contra a parede. Em seguida, ela a pega pelos cabelos. Raquel começa a gritar. Helena vira a irmã e lhe dá mais duas bofetadas e joga no chão. Helena se senta em cima de Raquel e a imobiliza.
Helena, furiosa: É agora que eu vou te dar o que você merece!

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