A Fênix – Capítulo 13
Capítulo 13
Cena 01 – Morro do Alemão. Bar.
Gustavo fica espantado com a ordem de Raquel.
Gustavo: O que foi que a madame disse?
Raquel: Você ouviu perfeitamente o que eu disse seu inútil, eu quero que acabe com a minha irmã.
Gustavo: Olha madame, eu não estou a fim de me meter em mais problemas, ainda mais com a polícia.
Raquel: Você acha que tem escolha?!
Gustavo: E que eu ganho com isso?
Raquel: A sua vida. A Helena voltou para recuperar o que tomamos dela, com certeza ela pretende jogar a mim e ao Sérgio na cadeia, e se nós formos, você vai junto.
Gustavo: A madame tá me ameaçando?
Raquel: Gustavo, você está com o filho desaparecido da Helena, você está tão envolvido quanto eu e meu marido nessa história.
Raquel tira um bloquinho e uma caneta de sua bolsa. Ela escreve alguma coisa no bloquinho, arranca a folha e entrega a Gustavo.
Raquel entrega a folha de papel: Aqui está o meu número atual e embaixo o endereço da Helena, faça o que deve fazer e depois do serviço feito, me ligue e diga se correu tudo bem.
Gustavo fica nervoso. Ele morde os lábios, esfrega as mãos e respira fundo.
Gustavo: Pra quando a madame quer o serviço?
Raquel: Pra ontem, e dessa vez, certifique-se de que você vai fazer direito!
Gustavo respira fundo: Está bem madame, mas essa é a última vez que faço serviço pra senhora!
Raquel se levanta: Faça bem feito e não terá que fazer de novo!
Cena 02 – Mansão Alcântara Barreto de Albuquerque. Noite.
Horácio, o mordomo da casa, está limpando as taças e guardando-as no armário. Alguém entra sorrateiramente na cozinha, é Helena.
Helena: Boa noite.
Horácio se assusta: Dona Helena? O que faz aqui?
Helena: Você sabe o que faço aqui Horácio, afinal essa casa é minha.
Horácio, nervoso: Dona Helena, se me permite, eu estou trabalhando.
Helena: Você realmente é muito sangue frio pra quem era tão religioso Horácio.
Horácio: Do que está falando dona Helena?
Helena: Você sabe muito bem do que estou falando Horácio, de tudo que aconteceu no passado.
Horácio: Dona Helena, não sei a que se refere.
Helena: Você sabe sim, eu me lembro que você e o Gustavo, antigo motorista da mansão era amigos, e eu não duvido nada que aquele safado esteja envolvido no meu acidente.
Horácio: Dona Helena, a senhora está fazendo uma acusação muito séria e o acusado não está aqui para se defender, não deve fazer isso.
Helena: Você é realmente inacreditável, não sei como conseguiu ficar nesta casa e ainda mais calado sobre tudo durante tantos anos. Eu lembro que antes, você tinha uma queda por mim até.
Horácio, sem jeito: Não sei do que está falando.
Helena se aproxima: Eu sei que você não é como eles Horácio, e com você, eu posso recuperar tudo que eles me tiraram, você pode me ajudar.
Horácio sai andando nervoso: Com licença dona Helena, eu vou me retirar.
Horácio sai da cozinha. Helena fica olhando para a porta por onde ele saiu.
Helena: Não se engane Horácio, você também pode muito bem estar na mira da Raquel e do Sérgio.
Helena sai rapidamente e em silêncio da cozinha da mesma maneira que entrou e vai embora da mansão.
Cena 03 – Morro do Alemão. Casa dos Oliveira.
Zeca e Léo estão no sofá. Zeca está deitado com o pé pra cima, enfaixado, os dois estão jogando uma partida de baralho. Teresa está na cozinha fazendo o jantar. Gustavo sai do quarto, vestido todo de preto como em um filme de ação. Ele vai até a porta.
Teresa: Gustavo, vai sair?
Gustavo: Vou sim.
Teresa: Vai aonde?
Gustavo: Não interessa, vou fazer um serviço.
Teresa: Eu tô fazendo o jantar.
Gustavo: Eu devo demorar algumas horas, me espere voltar pra esquentar meu prato.
Teresa: Você não vai beber de novo, vai?
Gustavo: Não é da tua conta, eu vou trabalhar!
Gustavo sai e bate a porta com força.
Cena 04 – Mansão Alcântara Barreto de Albuquerque. Quarto de Horácio.
O mordomo entra em seu quarto e tranca a porta. Ele está muito ofegante.
Horácio, ofegante: Meu Deus, meu Deus, o que eu faço?
Horácio se ajoelha diante da imagem de Jesus em cima da cômoda.
Horácio, nervoso: Meu Senhor, o que devo fazer? Não suporto mais ficar guardando tudo que aqueles dois fizeram, esconder tantos crimes por tantos anos, não suporto mais viver aqui… mas tenho medo, meu Deus, tenho medo do que eles podem fazer comigo. O que posso fazer?
Cena 05 – Quarto de Raquel e Sérgio.
Raquel está em frente ao espelho penteando o cabelo. Sérgio entra no quarto.
Sérgio: Onde você esteve hoje?
Raquel: A que se refere?
Sérgio: Você sabe, onde foi hoje mais cedo?
Raquel: Posso saber por que o interesse?
Sérgio: Simplesmente quero saber.
Raquel se vira: Jura? Você não me dá satisfações quando sai escondido às vezes à noite.
Sérgio: Eu sempre saio a trabalho.
Raquel, sarcástica: Sei, e esse trabalho inclui você, uma vagabunda, bebidas e preservativos, não é?
Sérgio: Não comece com suas paranoias.
Raquel se levanta: Isso continue negando.
Sérgio: Mas aonde você foi?
Raquel: Em resumo, já que você é um inútil fracassado, eu mesma fui cuidar para nos livrarmos da minha irmãzinha.
Sérgio: O que você fez?
Raquel: Não interessa! Espere e verá.
Cena 06 – Praça da cidade. Um tempo depois.
Helena está sentada num banco da praça olhando para o céu. Observando a lua, pensativa.
Helena, falando com si mesma: Lembro que quando eu e Raquel éramos crianças, gostávamos de sentar nos bancos das praças e observar o céu, procurando estrelas…
Uma lágrima escorre de um dos olhos da mulher.
Helena, enxugando a lágrima: O que será que eu fiz de errado, o que eu fiz pra ela fazer tudo o que fez comigo?
Helena fica mais um tempo pensando, distraída. Não muito longe dali, aliás, bem perto, Gustavo observa ela bem discretamente.
Gustavo, pensando: Mas é inacreditável, é ela mesmo!
Gustavo visualiza Helena de cima abaixo, certificando-se de que é a mesma que fora sua patroa há 18 anos atrás.
Gustavo, pensando: Impressionante, essa mulher devia ter pegado fogo junto com aquele carro, mas se refez das próprias cinzas e voltou ainda mais bela do que já era antes.
Helena se levanta e sai andando.
Gustavo: É agora!
Cena 07 – Rua.
Helena caminha calmamente por uma pequena rua deserta e um pouco escura que fica a poucos quarteirões do seu prédio. Está pensando na irmã Raquel e em tudo que tem sofrido por causa dela, sem entender nada.
De repente, Helena vê uma sombra atrás dela. Alguém a está seguindo. Ela olha para trás e vê um vulto.
Helena, nervosa: Quem é você? O que você quer?
O vulto caminha em sua direção.
Helena, assustada, dando passos lentos para trás: Por favor, o que você quer? Não chegue perto.
De repente o homem misterioso tira uma arma de seu bolso e aponta para Helena. A mulher assustada começa a correr.
O homem atira. Helena cai no chão.
O homem está usando uma máscara. Ele caminha lentamente até a mulher caída no chão bem na sua frente. Ele chega perto dela e se agacha para ver o corpo. Ele repara que a mulher não possui nenhum ferimento nas costas.
O homem vira Helena de barriga para cima. Ele tira a máscara, é Gustavo.
Gustavo: Mas como…
De repente, Helena acorda e parte pra cima de Gustavo. Ele tenta pegar o revólver em seu bolso, mas antes que possa, ela o pega pelo braço e o joga contra a parede. Ele pega o revólver e aponta pra ela, mas ela é mais rápida, segura-o pelo pulso e o faz derrubar a arma. Helena pega a arma, se levanta e aponta para Gustavo que está sentado no chão escorado na parede de uma casa.
Helena, ofegante: Quanto tempo, não é Gustavo?!