Capítulo 45 – Realeza
Cena 1- Mansão Corte Real- Tarde.
Maria José impõe uma condição para contratar Lilla.
Maria José: Tudo bem. Deixemos o passado para traz, até porque não tem motivo para que eu guarde magoa de você. Pois a Daniele é uma ingrata, não mereceu o que fiz por ela.
Lilla: É isso ai, José. Então eu posso me considerar contratada?
Maria José: Depende, é você quem vai me dizer ou não se aceita a minha condição. Pensou que seria fácil trabalhar comigo?
Lilla: Confesso que não pensei que seria tão difícil. Diga qual é esta sua condição.
Maria José: É que eu não quero gastar muito dinheiro. E se você não aparecesse por aqui, eu já estava totalmente satisfeita com a Regina. Ela vale por dez empregadas. – Lilla começa a se preocupar. – Mas, como eu sou uma mulher muito legal. Eu posso te empregar, porém, sem salário.
Lilla: Claro que não. – Ela fica surpresa. – Irei trabalhar por nada? Assim não tem acordo.
Maria José: Como assim irá trabalhar por nada? Eu te darei um quartinho de empregada para dormir, roupas que não servem mais nas meninas, o que sobrar das minhas refeições, já não está de bom tamanho?
Lilla: Para quem não tem nada, isso é o bastante. – Ela fala, triste. – Tudo bem, eu aceito.
Maria José: Sabia que você não recusaria. – Ela sorri. – Será que você já pode começar com os seus serviços?
Lilla: Só se for agora.
Cena 2- Apartamento de Leonardo- Noite.
Luciana conta para Leonardo sobre o que aprontou com Riginaldo. O filho diz a mãe que está namorando.
Leonardo: O papai quase te matou? – Ele se espanta. – Mãe, como você pôde esconder isso de mim? Devia ter me ligado assim que essas agressões começaram.
Luciana: Você não ia poder fazer nada, meu filho. O seu pai está com o demônio no corpo, nada o segura.
Leonardo: Sobre isso você tem razão. Riginaldo foi piorando cada vez mais, e desandou de vez quando descobriu que eu era gay.
Luciana: É uma verdadeira luta para ele, aceitar que você é homossexual.
Leonardo: Pera ai. – Ele repara em algo. – Mas se a senhora está aqui, é porque ele não sabe disso.
Luciana: Ele não faz nem ideia de que estou por aqui. – Ela pega nas mãos do filho. – Eu dei um sonífero para ele. O homem dormiu na hora.
Leonardo: E pelo visto, você veio para ficar. – Ele olha para as malas delas. – Pode ficar tranquila, mãe. Aquele homem não vai mais encostar um dedo em você, eu te garanto.
Luciana: Trouxe algumas roupas, e um dinheirinho. Deve ser o suficiente até que ele volte para me buscar.
Leonardo: Te buscar? – Ele se surpreende. – Mãe, eu não estou te intendendo. Você gosta de apanhar dele, é isso?
Luciana: Eu tenho certeza que mais cedo ou mais tarde, ele vai aparecer naquela porta me pedindo para voltar. Mas eu já tenho tudo planejado na minha cabeça, e depois te conto o que estou armando. Agora, me diga, como você está?
Leonardo: Estou super bem, mamãe. Acredita que eu estou namorando? E tudo muito sério, viu? Ele quer me apresentar a mãe dele.
Luciana: Sério filho? – Ela se alegra. – Que bom saber que você está feliz. – Ela o abraça. – Também quero conhecer o meu genro.
Leonardo: E você vai conhecer, mamãe. Nem precisa se preocupar com isso, pois o que eu mais quero é fazer tudo certinho, como deve ser feito.
Luciana: Tão tem nada melhor neste mundo do que ver o seu único filho feliz. – Ela se emociona. – É bom saber que você está bem melhor, mesmo tendo o pai que tem.
Leonardo: Eu não tenho pai, mamãe. Não é isso o que ele diz? – Ele chora. – Mas eu não me importo, porque tenho a melhor mãe do mundo.
Cena 3- Mansão Garcia de Albuquerque- Noite.
Frederico fala para Marillu que Antonella já não tem nenhuma serventia.
Frederico: Agora que o meu namoro com a Daniele acabou, não tem mais porquê eu alimentar um caso com a Antonella.
Marillu: Claro que não, mocinho. Antonella foi a única que lhe restou para dar um golpe, e tenho certeza que ela não te abandonará tão cedo.
Frederico: Eu só estava com ela porque a senhora me aconselhou a fazer isso, pois a Antonella podia estragar os meus planos contra a Daniele.
Marillu: Não. Na verdade, te aconselhei a fazer isso porque se uma lhe deixasse, você teria a outra. E foi isso o que aconteceu.
Frederico: A Antonella já não tem serventia nenhuma, mamãe. Aliás, os meus planos agora são outros.
Marillu: Ah, é? E quais são os seus planos de agora? Ser pobre e infeliz? Para de ser bobo Fred, você está com a faca e o queijo na mão.
Frederico: Não estou não. Você não vê a complicação que a senhora me meteu? Namorar duas irmãs só me prejudicou.
Marillu: Eu sinceramente não estou te entendendo. O que está havendo com você, Frederico? Está doente?
Frederico: Estou perfeitamente bem. Mesmo que eu me case com a Antonella, o pai dela está se desfazendo em amores pela Dani, e cravou uma guerra de titãs contra a filha mais velha. Percebe que não trará lucro nenhum se eu me casar com a Antonella? Ela está praticamente pobre sem o pai dela.
Marillu: Serei obrigada a concordar com você. Não havia pensado nisto antes. Seria bem mais proveitoso se você se casasse com a Daniele. E agora?
Frederico: E agora só nos resta se livrar da Antonella, que está trazendo uma despesa a mais para a nossa casa.
Marillu: Mas… mas… quem será a sua próxima vítima? Como vamos nos manter na alta sociedade paulista?
Frederico: Iremos nos manter sem golpes. – Ele sorri para ela, que não entende. – Eu estou apaixonado, mamãe. E o melhor de tudo, ele é rico.
Marillu: Você disse… ele?
Cena 4- Mansão Sales Couto de Sá- Noite.
Roberto conta para Daniele que o plano deles acontecerá no dia seguinte. Ele tenta ligar para Michele, que finalmente atende.
Roberto: Ainda bem que tudo deu certo. Ambos aceitaram a minha proposta, e amanhã a Simone irá cair.
Daniele: Estou super ansiosa para ver todo esse show. Ai papai, nem acredito que estamos juntos nessa.
Roberto: Adianto que se não fosse por você, eu não saberia o que fazer. Acho que já posso me considerar o grande vitorioso desta guerra.
Daniele: Então é amanhã? É lamentável que a Antanella não esteja aqui para ver a mamãezinha dela pela última vez.
Roberto: Do que depender de mim, elas nunca mais irão se ver. E isto inclui aquela coruja velha.
Daniele: Vou considerar a queda da Simone, como a minha vingança contra a Antonella. Ela não quis o meu namorado? Pois agora que aguente as consequências.
Roberto: Agora eu só preciso me acertar com a Michele. Será entediante se nós dois ficarmos aqui sozinhos, não acha?
Daniele: Para te falar a verdade, acho bem melhor ficarmos só nós dois. Sei lá, aproveitar o tempo perdido. Um momento só nosso, entre pai e filha.
Roberto: Desculpa, meu amor. Mas eu gosto muito da Michele. – Ele pega o celular. – Seria incrível aproveitar o tempo perdido, porém, podemos fazer isso juntos com a Michele.
Daniele: Se o senhor prefere assim. – Ele disfarça a raiva. – Isto é, se um dia ela te aten…
Roberto (Ao celular): Michele? Por favor não desliga. Eu preciso te explicar o que aconteceu.
Michele (Ao celular): Você não precisa me explicar nada, Roberto. Até porque nada nos reconciliará. E eu só te atendi para te pedir que não ligue mais para mim.
Roberto (Ao celular): Michele espera. Michele! Michele! – Ele desliga o celular. – Ela desligou na minha cara.
Daniele: Eu conheço a Michele, papai. Ela nunca irá se perdoar caso motive algo ruim na vida de uma pessoa. E tenho certeza que ela está desolada por ter “quase matado” a Simone. – Ela vibra por dentro.
Roberto: Não. Eu não vou desistir assim tão fácil. – Daniele revira os olhos sem que ele veja.
Cena 5- Cobertura de Marisa- Noite.
Marisa e Melissa conversam sobre Jonathan e Rogério.
Marisa: Eu estou super bem com o Rogério. Ele é tão meigo, carinhoso, ai, ele é tudo de bom.
Melissa: Faz tempo que eu não a vejo tão feliz. Desde a morte do Rodolfo.
Marisa: E parece que o caso vai ser arquivado novamente. Acho até que vai ser melhor assim.
Melissa: Já que não temos nada a mostrar para que o caso seja solucionado, o melhor é esquecer mesmo.
Marisa: Enfim, vamos viver as nossas vidas que nós ganhamos mais. Agora, como é que está você e o Jonathan? – Ela pergunta entusiasmada.
Melissa: Nós estamos muito bem, melhor impossível. – Ela comenta alegre. – Mas quem parece não ter gostado nada disso, foi a Malu.
Marisa: Também pudera, não é Mel? Acredito que você também não ia gostar de ver o seu namorado tendo um romance com a sua prima.
Melissa: É. – Ela pensa. – Talvez eu tenha mesmo falhado com a Maria Luiza. Ela não merecia isso, não depois do que eles viveram juntos.
Marisa: Mas agora que vocês já estão namorando, e a Malu sabe disso, o máximo que podem fazer é continuar em frente.
Melissa: Ou talvez não. – Ela comenta triste. – Acho que ele ainda não a esqueceu, e antes que eu me machuque nesta história toda… é melhor eu cair fora.
Marisa: Minha filha, mas se o Jonathan está namorando com você, é porque ele esqueceu a Malu.
Melissa: Não, mamãe. – Os olhos dela enchem de lágrimas. – Fui eu quem teve a iniciativa de beijar o Jonathan. E além do mais, ele topou em ficar comigo, só para que pudéssemos nos conhecer melhor. E se caso as coisas fluíssem bem, nós partiríamos para o namoro.
Marisa: Oh minha princesa. – Ela a abraça. – Mas vocês não partiram para o namoro?
Melissa: Sim, mas na teoria. Porque a senhora forçou a barra dizendo que queria conhece-lo. Depois disso, acho que ele se sentiu na obrigação de me nomear como namorada dele. – Ela seca as lágrimas e se levanta. – Mas isto não vai ficar assim. Amanhã pela manhã, eu resolverei isso. – Ela vai para o quarto.
Cena 6- Apartamento de Celso- Noite.
Pierre conta para Maria Letícia sobre a chegada de Lilla na mansão. Celso diz que ela pode os ajudar contra Maria José.
Pierre: A travesti chegou na mansão Corte Real já fazendo a sua primeira contratação.
Maria Letícia: Quer dizer que ela está contratando empregados? – Ela dá uma gargalhada bem alta. – A travesti só pode estar achando que com muitos empregados, ela não terá que usar nem as próprias pernas para andar.
Pierre: Parece que conhecia a moça, e a contratou por piedade. Mas quem não gostou nada da chegada da moça, foi a Regina. Se eu não me engano, elas também já se conheciam.
Maria Letícia: Você sabe o nome dessa mulher? Quem sabe eu não a conheço também.
Pierre: É um nome sem graça, estranho… se não me falha a memória é Lilla. – Maria Letícia abre a boca, surpresa.
Maria Letícia: A Lilla? Não creio. Você tem certeza que é mesmo este o nome?
Pierre: Claro que sim, rainha. É até difícil de se esquecer um nome desses.
Maria Letícia: Você ouviu isto, Celso? A Lilla voltou, e a Maria José contratou ela como empregada. Parece que as duas se perdoaram.
Celso: Ouvi, e acho isso o máximo. Sabia que podemos usar isso a nosso favor? Tenho certeza que algo de muito grave deve ter acontecido para a Lilla se humilhar tanto.
Maria Letícia: Você acha que ela viria para o nosso lado novamente? Qualquer ajuda é bem-vinda.
Celso: Concordo totalmente contigo. Precisamos falar com ela o quanto antes. Tenho certeza que a Lilla topará em nos ajudar para derrubar a travesti velha.
Maria Letícia: É isso. Quero que você traga a Lilla da próxima vez que voltar, Pierre. Não se esqueça disso.
Pierre: Então quer dizer que até a madame conhece aquela mulherzinha? Não acho que ela seja uma boa aliada não.
Maria Letícia: Não importa o que você acha, querido. Só faça o que eu estou mandando você fazer.
Pierre: Tudo bem, minha rainha.
Cena 7- Casa de Regina- Noite.
Jonathan, Rafael e Regina conversam sobre Kevin e Dalton.
Rafael: Olha só o que eu achei. – Ele se aproxima dos dois com uma foto na mão. – Nós cinco, unidos. Uma família perfeita.
Regina: Eu pensei que havia me livrado de todas as fotos. – Ela pega o objeto da mão do filho. – Quem diria que só restaria nós três.
Rafael: As coisas simplesmente acontecem, não é mamãe? – Os olhos dele estão cheios de lágrimas. – Já faz algum tempo, mas eu nunca vou esquecer do meu pai, nem do Kevin.
Jonathan: E eu nunca esquecerei do que fiz. – Ele fala com os olhos vermelhos. – O que me conforta, é saber que o papai conseguiu me perdoar antes de morrer.
Regina: Quantas vezes eu vou ter que repetir para você entender? Você não tem nada a ver com isso, Jonathan. A culpa não foi sua. Foi uma fatalidade, meu filho.
Jonathan: Não mãe. Para de tentar distorcer a verdade. – Ele chora. – Fui eu sim. Sou um monstro cruel, e ninguém pode reparar isso.
Regina: Eu não aceito que você fique se martirizando desta forma. Por favor, vamos parar com esse papo que não nos traz boas lembranças.
Jonathan: Nunca irei superar o que fiz. É um trauma que carregarei até o fim da minha vida.
Regina: Sabe quem está de volta? – Ela olha no fundo dos olhos de Rafael. – Garanto que você não gostará de saber, mas acho que é preciso… para que fique esperto.
Rafael: Do que é que a senhora está falando? – Ele estranha. – Com o que é que eu tenho de ficar esperto?
Regina: Sei que você ainda não a superou, por isso até hoje não arranjou outra namorada. Mas deixei bem claro para ela, que você não quer mais nada com aquela promíscua.
Rafael: A senhora está falando da Lilla? Aonde foi que você a viu? E é claro que eu já superei o que vivemos.
Regina: Aquela prostituta só te fez sofrer, meu filho. E o pior foi que depositei um voto de confiança naquela cachorra.
Rafael: Nós nos enganamos com a Lilla, mas não irei repetir o mesmo erro novamente. Até porque eu estou em outra.
Regina: Como é que é? Você está namorando e não me disse nada?
Rafael: Não. Eu não estou namorando, apenas tô interessado numa moça ai. – Ele mente.
Cena 8- Mansão Corte Real- Noite.
Maria Luiza e Maria José conversam sobre o que a moça vem enfrentando. Ela dá alguns conselhos a ela.
Maria José: Acho que está na hora de nós conversarmos, não é? – Ela entra no quarto de Maria Luiza.
Maria Luiza: Desculpa, José. Mas é que eu não estou com cabeça nenhuma para conversas. Será que nós não podemos conversar amanhã?
Maria José: Esta conversa não pode ser adiada, Malu. – Ela se senta ao lado da moça. – Sei que você está passando por alguns problemas, e por isso estou aqui.
Maria Luiza: Ai, que vergonha. – Ela leva as mãos até o rosto. – Você só pode ter me visto naquela situação desconfortável, lá na sala. Nossa, nem sei onde enfiar a minha cara.
Maria José: Todos nós passamos do limite às vezes. – Ela pega nas mãos da garota. – Ainda mais quando estamos passando por um momento difícil.
Maria Luiza: É que eu acabei bebendo demais, e trouxe um rapaz aqui para casa. Ai você já sabe. Ele acabou indo embora, e eu fiquei sozinha… pelada.
Maria José: Sei que não foi nada fácil para você, saber que o seu pai e seu irmão estavam mortos. Também sei que sente bastante falta da sua mãe, mesmo que ela fosse chata com você.
Maria Luiza: Só Deus sabe o quanto sofri. – Ela fala com voz chorosa. – Em um piscar de olhos, eu me vi sozinha, José, completamente só.
Maria José: Eu sei muito bem como é essa coisa de se sentir só. Mas veja só… estou viva até hoje. Então eu te garanto que é possível viver sozinha, e é isso que você precisa fazer. Quer dizer, sem a sua família.
Maria Luiza: Mas não é só isso, José. Acredita que eu acabei me envolvendo em uma briga e… em questão de minutos serei bombardeada pela mídia. Você não sabe o quão é difícil viver com aqueles urubus em cima de ti.
Maria José: É, isso eu não sei mesmo. E do que depender de mim, não saberei. Quero distância desse pessoal. – Lilla bate na porta, justo neste momento.
Lilla: Eu já vou me recolher, tudo bem? – Maria José faz que sim com a cabeça, e ela sai. – Então quer dizer que você quer distância da mídia, José? Mas todo mundo tem seus cinco minutos de fama, e eu não te deixarei fora dessa. – Ela fala para si mesma.
Maria José: Você se envolveu em uma briga, por causa do rapaz que trouxe para cá?
Maria Luiza: Não. É que uma louca deu um surto lá no meio da pista… e nem vale a pena relembrar aquela balburdia toda.
Maria José: O seu caso é mesmo muito difícil. Mas eu só te peço para se afastar desse tal carinha ai. Talvez ele não seja uma boa companhia.
Maria Luiza: Eu já dei um basta nele, não quero mais papo. Fora que você o conhece, é o Ivan, que foi testemunha do testamento do meu pai.
Maria José: Ah, aquele rapazinho. Ele não tem cara de delinquente, mas como dizem que quem vê cara, não vê coração… não coloco a minha mão no fogo por ele.
Maria Luiza: E para completar. – Ele dá uma risada forçada. – Minha prima está namorando o meu ex. E está sendo difícil superar isso, porque nós vivemos tanta coisa juntos. Sem falar que a Melissa era como uma irmã para mim.
Maria José: Desisto. Você está passando por um turbilhão de coisas. Mas saiba que eu estarei aqui para te ajudar no que for preciso, escutou? Não tenha vergonha de me dizer nada, absolutamente nada. Quero que me conte tudo, tá?
Maria Luiza: Sabe que a minha mãe nunca disse isso para mim? – Ela chora. – Ela vinha sempre com uma bronca. E o que eu mais queria era fugir. Mas as coisas com você, é completamente ao contrário. Você demonstra se importar comigo, como se eu fosse sua filha. Melhor do que isso, eu não sinto vontade de fugir. Sinto vontade de te abraçar, e chorar a noite toda.
Maria José: Então não perca tempo, querida. – Ela se emociona. – Deita a sua cabeça aqui. – Ela bate nas pernas. – E durma como um anjo, pois quando acordar espero que esteja se sentindo melhor. – Maria Luiza faz o que ela recomendou.
Cena 9- Mansão Garcia de Albuquerque- Dia.
Carlos Henrique consegue invadir a mansão. Ele ameaça Marillu, Antonella escuta tudo.
Marillu: Tenho que dar um jeito em tudo isso. – Ela anda de um lado para o outro, pensativa. – Sei que o Carlos Henrique voltou, e me arrependo de não ter saído daqui antes. Tenho que fugir no mundo, e não posso deixar o Fred. – Ela se senta no sofá. – Meu Deus! Ele é pior do que eu pensava. Pensei que estava segura, pois ele não se atreveria em voltar para o Brasil e correr o risco de ser preso, mas… eu estava completamente enganada, isso sim. E agora estou mais ferrada do que nunca, terei que usar a herança dele para sumir no mundo. Tudo por culpa do Severino, que não quer mais me dar um centavo… também pudera, todo o dinheiro que ele me deu durante esses meses, foi para o salário dos empregados, o bom funcionamento da mansão, as compras… – Ela é surpreendida por um barulho. – Antonella? É você?
Carlos Henrique: Sou eu, meu amor. – Marillu arregala os olhos. – É tão bom saber que você cuidou bem da nossa casa.
Marillu: O que você quer? Como foi que entrou aqui? – Ela pergunta assustada. Antonella está prestes a descer a escada, mas para ao ouvir uma voz estranha.
Carlos Henrique: O que foi? Esta é a minha casa, Marillu. Morei aqui bem antes de você. Tenho lá as minhas artimanhas. E ai? Pensou sobre a nossa ultima conversa? – Antonella escuta tudo atentamente.
Marillu: Está dizendo que voltou para ficar? – Ela está angustiada. – Pelo amor de Deus, Carlos Henrique, não faça nada comigo.
Carlos Henrique: Não se preocupe. Só não te matei ainda, e não irei matar, porque preciso de você viva. Aliás, só você sabe onde está a minha verdadeira herança.
Marillu: Você só voltou por isso, não é? Por que então fez aquela atrocidade com o Alberto? Ele não tinha que pagar por um erro meu.
Carlos Henrique: Eu não vim aqui para falar sobre o porquê de ter matado o Alberto. Só quero te dizer, que vim buscar a minha herança e voltar para a Espanha, não quero e nem vou te fazer nenhum mal.
Marillu: Cara de pau. Só diz isso porque tirou a vida do homem que eu amava. Desgraçado, inútil. – Ela dá tapas no peitoral dele. – É você quem tem que morrer, miserável.
Carlos Henrique: Escuta aqui sua cachorra. – Ele a pega com força. – Eu posso muito bem mudar o meu conceito, e acabar com você e o seu filhinho.
Marillu: Acaba. Eu quero ver se você vai ter coragem. Acaba. Se esqueceu que posso te entregar a polícia com um estalar de dedos?
Carlos Henrique: Você está me desafiando? Pois saiba que tornarei a sua vida em um verdadeiro inferno. – Ele se vira para ir embora. – Eu vou acabar com você, Marillu. Prepare-se.
Cena 10- Clube Realeza- Dia.
Melissa conversa com Jonathan, e os dois decidem não levar o caso deles adiante.
Melissa: Jonathan. Preciso conversar com você, é algo muito sério. – Ela fala ao ver Jonathan chegando.
Jonathan: Será que você não pode esperar só um pouquinho para que eu possa colocar o uniforme?
Melissa: O que eu tenho para falar é algo rápido. Não tomarei muito do seu tempo. – Eles se sentam.
Jonathan: Tudo bem. Já que você está dizendo que é jogo rápido, vamos lá. O que é que tá pegando?
Melissa: Nós estávamos só ficando, não é? – Jonathan confirma. – Então por que você encheu a boca para dizer a Maria Luiza que… éramos namorado?
Jonathan: Ué. Depois da cena que você me comprometeu, apresentando a sua mãe e tudo o mais, pensei que estávamos oficialmente namorando. Até seria cafajeste da minha parte, conhecer a sua mãe e ser apenas o seu ficante. Isso não seria legal, pelo menos para mim. Aproveitei o embalo dela ter me classificado como seu namorado e tomei posse do título.
Melissa: Pense bem. Você não fez isso para sentir o gostinho de mostrar para a Malu que estava em outra? – Jonathan engole seco. – Não precisa responder, só pela sua reação… já percebi tudo.
Jonathan: Desculpa, Melissa. Mas eu te disse que não tinha esquecido a Maria Luiza ainda, que o que vivemos foi muito forte.
Melissa: Eu entendo, e é por isso que eu estou aqui. Temos que resolver isso de uma forma amigável, não acha?
Jonathan: Acho que devemos parar com isso, estamos tentando nos enganar com esse nosso caso.
Melissa: Penso exatamente como você. – Ela dá um sorriso sincero. – Antes que saiamos tristes desta história, é melhor colocarmos um ponto final, escrever o nosso fim.
Jonathan: Então… amigos? – Ele estende a mão para ela, que parece refletir. – Eu queria muito que você aceitasse ser ao menos minha amiga.
Melissa: Mas é claro que aceito. – Ela aperta a mão dele.
Cena 11- Mansão Corte Real- Dia.
Lilla permite a entrada da imprensa. Maria José dá entrevista, já que não tem para onde correr.
Lilla: Eles chegaram. – Ela está no jardim, olhando pelo portão, à espera de algo. – Podem permitir a entrada deles. Foi a dona Maria José quem autorizou. – Ela mente, e os seguranças a obedecem.
Entrevistadora: Podemos falar com a dona Maria José? É que há tentamos entrar em contato uma vez, mas ninguém nos atendeu.
Lilla: Fiquei sabendo que ela é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, não é? Só porque é herdeira de um Corte Real.
Entrevistadora: Sim. E é por isso que devemos falar com ela, pois isto significa que ela é a mais nova influência do momento.
Lilla: Fiquei sabendo que vocês têm um quadro, lá no programa, que se chama “Novas Influências”, faz tempo que o quadro existe, não é?
Entrevistador: Sim. Inclusive, já viemos aqui entrevistar Maria Letícia quando ela estava prestes a se casar com o falecido. Ela também foi muito comentada na rede social, e por isso acabamos vindo atrás dela.
Lilla: Só mais uma pergunta. – Elas chegam até a porta. – Vocês só entrevistam quem é rico? Pois eu posso muito bem não ser rica, e ser o assunto mais falado nas redes sociais.
Entrevistador: Desculpa, mas você não se enquadra nos quesitos. – Ela a olha de cima a baixo. – Definitivamente não.
Lilla: E quais seriam esses quesitos que fariam de mim uma… nova personalidade?
Entrevistador: É algo muito simples, seja rica, e tenha fama nas redes sociais. É somente isto o que precisa. – Lilla abre a porta, e todos entram.
Maria José: O que significa isso dentro da minha residência? – Ela desce a escada. – Quem deu ordem para deixá-los entrar?
Lilla: Eles disseram que a senhora havia ligado, marcando uma entrevista. Por isso eu deixei que eles entrassem. – Ela mente.
Maria José: Mentirosos. – Ela fala consigo mesma. – Mas já que não tenho para onde correr, o que é que vocês querem comigo?
Entrevistadora: Iremos fazer apenas algumas perguntinhas básicas. – A equipe arruma tudo, e deixa as coisas no esquema. – Vamos iniciar.
Maria José: Espero que não tomem muito o meu tempo. Agora sou uma mulher de negócios. – Ela sorri.
Entrevistadora: Vai começar em três, dois, um. Bom dia, dona Maria José. Bom dia, meu público maravilhoso. Estamos aqui com a mais nova dona do tão badalado clube Realeza. – Ela olha fixamente para câmera, que transmite a entrevista ao vivo. – Depois da morte de Alberto, Maria José veio a ser muito comentada nas redes sociais, e é por isso que ela é a nossa mais nova influência. Vale ressaltar, que é a primeira nova influência de dois mil e quinze. O que você tem a dizer sobre isso?
Maria José: Eu gostaria de agradecer a todos aqueles que falaram de mim nas redes sociais, tanto que acabaram me tornando a nova influência da sociedade paulista. Sei também que devem ter estranhado por eu ter sido herdeira do falecido Alberto, mas… farei de um tudo para manter a qualidade daquele clube que vocês tanto adoram.
Entrevistadora: A maioria das pessoas que falaram sobre você nas redes, comentou sobre o fato de você ser uma travesti, e fizeram questão de menosprezá-la. Você acha que continuará sofrendo preconceito, mesmo sendo dona do clube de maior popularidade do Estado?
Maria José: O preconceito está sempre ai, você sendo rico ou pobre. As pessoas sempre irão apontar o dedo na sua cara, e esfregar que você não é aceito por ser “diferente” da sociedade. – A entrevista segue.
Entrevistadora: Agora a última, para finalizar. Como você está se sentindo, sabendo que está sentada aonde Maria Letícia nos deu uma entrevista há anos atrás?
Maria José: Esta aqui, segundo a minha amiga Marisa, era a poltrona preferida dela. Ela dizia que era o seu trono, então parece que eu a destronei. E respondendo a sua pergunta, como todo trono tem sua rainha, é assim que estou me sentindo no momento. A primeira rainha travesti. – Ela sorri, debochada.
Entrevistadora: Maria José, muito obrigada por nos conceder esta entrevista. Os internautas que falaram de você nas redes sociais, conseguiram conhecer um pouco mais sobre a nova dona do clube Realeza. E assim finalizamos o nosso quadro “Novas Influências” de hoje. Agora, nos resta aguardar para sabermos quem será a nossa próxima personalidade. Beijos, e até mais. É com você, Sandra. – As câmeras desligam.
Maria José: Nem acredito que vou aparecer naquele programa chique da Sandra. Ai, até que foi legal da uma entrevista, gostei. – Lilla se contorce de raiva ao vê-la feliz.
Entrevistadora: Viu só? Não é nenhum bicho de sete cabeças como pensou. – A equipe começa a guardar as coisas.
Maria José: Eu, a nova influência da sociedade paulista. – Ela sorri. – O povo deve ter me detonado, por isso que fui o assunto mais falado no momento. Devem ter achado uma barbárie o Alberto ter me deixado como a dona do clube Realeza, aliás, sou uma travesti.
Cena 12- Mansão Sales Couto de Sá- Dia.
Simone é levada pela clínica psiquiátrica contratada por Roberto.
Roberto: Simone, temos visita para você. – Ele diz abrindo a porta. – E eu acho que você vai adorar.
Simone: Você só pode estar brincando com a minha cara. – Dois homens fortes e vestidos de branco entram no local. – Quem são vocês?
Daniele: Não os reconhece, Simone? Então aproveite para fazer novas amizades. – Ela caçoa da cara da moça.
Célia: Será que vocês podem dizer de onde são esses dois rapazes?
Roberto: A paciente é aquela ali. – Ele aponta para Simone. – Podem leva-la.
Daniele: Mas tenham cuidado. Ela pode pegar uma faca, e tentar matar vocês. Papai que o diga.
Simone: Roberto o que está acontecendo? – Ela pergunta assustada, ao ver os homens pegando-a pelos braços. – Eu exijo que vocês me coloquem no chão.
Daniele: Você ainda não percebeu o que está acontecendo, querida? – Ela se aproxima de Simone. – Você está indo para o seu lugar. Lá terá várias pessoas iguais a você, loucas.
Roberto: Você será internada, Simone. Para o seu bem, resolvi pagar uma clínica psiquiátrica para cuidar da sua insanidade. Agora, sem mais delongas, levem-na daqui. – Simone se debate. Daniele e Roberto se entreolham felizes.
CONTINUA…