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Realeza

Capítulo 33 – Realeza

TRIGÉSIMO TERCEIRO CAPÍTULO

 


Cena 1- Hospital- Noite.
O médico continua a falar com Alberto sobre Maria Luiza.

Alberto: Mas, o que é que ela tem? – Ele pergunta preocupado. – É uma doença muito grave? Diz logo doutor.
Médico: Vamos dizer que a doença não é tão grave assim. Mas, se não tratada com cuidado, poderá tornar-se um grande transtorno para a moça. – Ele fala com cautela.
Alberto: Que doença é essa?
Médico: Ela tem uma meningite bacteriana. A moça deverá permanecer internada, em isolamento absoluto, durante sete dias. – Ele olha para Alberto.
Alberto: Isso tem cura? Ou ela ficará dependente de remédios para a vida toda?
Médico: Como foi diagnosticado no início, há uma grande probabilidade de que ela seja curada. Mas, ela terá que ficar internada como eu já havia dito ao senhor. Durante esse período a moça irá ingerir alguns antibióticos para tratar a doença.
Alberto: Tudo bem. Faça o que for necessário. Não me importo com quão caro seja. Por favor, só te peço para que não deixe nada de ruim acontecer a minha filha. – Ele suplica.

Cena 2- Hotel- Noite.
Lilla se hospeda.

Lílla: Oh Meu Deus! O que é que eu estou fazendo aqui? – Ela abre a porta do quarto onde ela irá ficar. O ambiente está horrivelmente sujo. – Em comparação com este lugar de quinta categoria, a casa da travesti era uma mansão. – Ela tampa o nariz para não sentir o mau cheiro. – Calma Lílla, é provisório… você vai ficar aqui por pouco tempo. E não há nada que uma boa faxina não resolva, não é? – Ela fala para si mesma.

Cena 3- Mansão Albuquerque Garcia – Noite.
Marillu conversa com Frederico.

Marillu: É meu filho, precisamos conseguir dinheiro o mais rápido possível. – Aparentemente tranquila. – A herança do seu pai está diminuindo cada vez mais. Daqui a pouco não temos mais um centavo, e não conseguiremos manter esta mansão. Além dos empregados.
Frederico: Eu sei mamãe. Também estou muito preocupado. Pode ser que fiquemos pobres. – Ele comenta, passando perfume.
Marillu: Para onde você vai a essa hora da noite? – Ela desconfia. – O que você está aprontando, hein?
Frederico: Não te contei que encontrei com a Daniele hoje no clube? – Ele disfarça. – Pois então, ela me convidou para um jantar. – Ele mente.
Marillu: Sério, meu filho? – Ela se levanta contente. – Agora já não importa se é da realeza ou não. Precisamos de dinheiro o mais rápido possível, já que não queremos trabalhar.
Frederico: Pode deixar mamãe. – Ele dá um beijo na testa dela. – Farei de tudo para garantir o nosso pão.
Marillu: Não se esqueça de que se você conseguir levar essa menina para a igreja… quando vocês estiverem morando juntos, separe um lugar para mim.
Frederico: Eu não vou te deixar para traz. Nem se preocupe quanto a isso. É claro que te levarei comigo. – Ele abre a porta.
Marillu: Espera ai. Eu vou com você. – Ela pega sua bolsa. – Também preciso tentar garantir o nosso pão. Vou para a mansão Corte Real imediatamente. – Eles saem.

Cena 4- Mansão Sales Couto de Sá- Noite.
Antonella e Daniele saem no tapa. Simone e Célia tentam separá-las.

Antonella: Já foi aproveitar a sua nova vidinha? – Ela dispara ao ver Daniele entrando cheia de sacolas. – Parece que foi dar um passeio no shopping com o papai.
Daniele: Para você ver. Eu mal cheguei e já estou ganhando vários mimos do nosso papaizinho. – Ela fala com tom de deboche. – Mas não se preocupe. Eu trouxe uma coisinha para você. – Ela joga uma sacola no colo de Antonella, que está sentada no sofá.
Antonella: A mamãe me contou que o papai cedeu a sua ameaça. – Ela faz uma pausa para levantar. – Se você não tivesse ameaçado ele, não estaria aqui agora. – Ela se aproxima de Daniele. – E tem outra coisa, aproveita enquanto pode. Pois eu também sei ameaçar, e já que o papai só age na base da ameaça… eu te expulsarei daqui ameaçando ele.
Daniele: Nossa! Estou tremendo de medo. – Ela balança a mão como se tivesse tremendo. – Larga a mão de ser mal educada e abre o seu presente. Escolhi com tanto carinho. – Ela é sínica.
Antonella: Ri enquanto pode. – Ela pega a sacola e vê o que tem dentro. – Ah! – Ela grita, jogando a caixa no chão. – Você é louca garota?
Daniele: Ai como você é patética. – Ela ri. – Era só um brinquedo. – Ela pega a cabeça de um rato de brinquedo, que Antonella derrubara. – Que coisa feia. Ainda tem a cara de pau de dizer que é uma vilã. – Ela faz uma pausa, rindo da cara de Antonella. – Saiba que vilã não tem temor de nada. Às vezes eu fico imaginando como o Marcelo iria se casar com você, uma mulherzinha tão sem sal.
Antonella: Lava a sua boca para falar de mim, sua piranha. – Ela avança para cima de Daniele. Com ódio pelo susto, e também pelo que ela acabara de lhe dizer. – É uma vilã de web novela das nove que você quer? Então é isso que vai ter. – Ela pega no pescoço de Daniele com força.
Daniele: Só é isso que você sabe fazer? – Ela dá um soco na barriga de Antonella, que se contorce de dor. – Pois se é para brigar, vamos fazer isso direito. – Ela é surpreendida por um tapa na cara.
Antonella: Toma esse, e mais esse. – Ela estapeia Daniele, e elas caem no chão. – Vadia, cachorra, piranha. – Ela bate mais forte.
Daniele: Não gosto de tapa. Eu prefiro soco. – Ela dá um murro certeiro no nariz de Antonella, e a tira de cima de si. – Agora você vai aprender como é que se surra alguém. – Ela está por cima da irmã, lhe dando vários socos.
Célia: O que é isso? – Ela desce a escada acompanhada de Simone. – Parem vocês duas. – Célia e a filha tentam separar Daniele e Antonella.
Simone: Pare com isso minha filha. Não desça ao nível dessa garota. – Ela a repreende.
Célia: Você não deveria estar aqui Antonella. Por que você não vai atrás do Marcelo? Ao invés de ficar arranjando briga com essa fulana. – Célia e Simone conseguem separá-las.
Antonella: É isso mesmo que eu vou fazer. – Ela se ajeita. – Até mais ver, maninha. Direi para o Marcelo que você mandou um beijo. – Ela fala com ironia. Depois vai embora rindo da cara de Daniele.
Simone: E você garota, comporte-se. Aqui não é a sua casa. Muito menos a da mãe Joana. – Ela fala visivelmente irritada. – Por falar nisso. Cadê o Roberto que foi no clube junto com você?
Daniele: Primeiramente, esta casa é mais minha do que sua. – Ela pega suas sacolas de compras. – E, se não me engano… ele disse que daria uma passada na casa da amante. – Ela mente debochando da cara de Simone. Daniele sobe a escada, satisfeita.

Cena 5- Apartamento de Celso- Noite.
Maria Letícia e Celso pensam em uma forma de se livrarem de Clotilde. Ela escuta a conversa dos dois.

Maria Letícia: Nós precisamos pensar em uma forma para tirarmos ela de nossas vidas. Tenho a impressão de que se não fizermos isso o quanto antes, essa mulher botará tudo a perder.
Celso: Fala mais baixo. Ela pode estar dormindo, mas se acordar e escutar você falando isso… é bem capaz que jogue toda a merda no ventilador. – Ele sussurra.
Maria Letícia: Não disse que ela só iria conseguir a passagem para daqui uma semana? – Ela sorri. – Mas, vamos pensar rápido no que faremos com aquela vadia. – Clotilde escuta a conversa deles de seu quarto.
Celso: Você tem que fazer o mesmo que fez com o Marcelo: matar sem deixar pistas de que houve um assassino.
Maria Letícia: Sobre o Marcelo, vão pensar que o coitado se matou depois de ter descoberto que a namorada não era quem ele pensava ser. – Ela é má. – Tenho certeza que a polícia pensará que foi um suicídio. – Clotilde se espanta com a revelação.
Celso: Nem vou te perguntar se você se arrepende de ter matado o seu filho. Porque, você foi capaz de matar o seu próprio pai. Matar o Marcelo foi fichinha.
Maria Letícia: Vamos focar na Clotilde, Celso. Por favor. – Ela é enfática.
Clotilde: Ouvi o meu nome? – Ela boceja, fingindo ter acabado de acordar. – O que está acontecendo por aqui?
Maria Letícia: Estávamos pensando em como seria bom se você conseguisse o voo para amanhã. – Ela faz uma pausa, e olha para Clotilde. – Pois não aguentamos mais ver essa sua cara. – Maria Letícia faz cara de nojo.
Clotilde: Infelizmente, vocês não vão ter o que querem. – Ela pega uma maçã na mesa. – Vou dar uma volta para conhecer o meu mais novo, e passageiro, endereço. – Ela manda um beijo para os dois antes de sair.
Celso: Será que ela escutou algo? – Ele se levanta do lugar, preocupado.
Maria Letícia: Ela ainda não tem superpoderes Celso. Fique tranquilo.

Cena 6- Motel- Noite.
Roberto conta a Michele sobre os acontecimentos da sua vida.

Roberto: É isso mesmo, eu tenho outra filha. Esta semana foi de grande alvoroço na minha vida. – Ele faz uma pausa. – Além disso, a minha mulher tem quase certeza de que tenho uma amante. Só falta ver com os próprios olhos, pois ela desconfia. Eu não estou mais aguentando isso.
Michele: Nossa. Parece que a sua vida está bem agitada. – Ela se entristece. – Mas, agora que sua mulher está desconfiada… você vai contar sobre nós para ela? Ou veio aqui para terminar comigo?
Roberto: Nunca. – Ele a beija. – Eu gosto muito de você, Michele. Se eu ficar com alguém, esse alguém vai ser você. – Ele pega nas mãos dela. – Enquanto eu conseguir enrolar a minha mulher, e minha sogra…
Michele: Esqueça. Pelo que você me disse, essas duas já sabem de tudo. Só aguardam a confirmação. – Ela o interrompe. – E essa sua filha… elas aceitaram numa boa?
Roberto: A Daniele só nos trouxe caos. Quer dizer, só piorou ainda mais a situação. Acredita que a cobra mirim me ameaçou a abrigá-la em minha casa? Além disso, me fez acompanhá-la em compras no shopping. – Ele fala contrariado.
Michele: Você disse Daniele? – Ela se surpreende. – Sei que pode ser coisa da minha cabeça, mas…  Acredita que eu conheço uma menina, ela também reencontrou o pai dela depois de anos. E o nome dela também é Daniele.
Roberto: Será que estamos falando da mesma Daniele? – Ele tenta pensar em algo para confirmar se estão falando da mesma pessoa. – Ah! Ela morava com uma tia, que é travesti. O nome dela é Maria José. E além das duas, há uma garota de programa… Lilla, se não me engano.
Michele: É ela. Estamos falando da mesma Daniele. – Eles ficam surpresos.

Cena 7- Apartamento de Leonardo- Noite.
Leonardo se machuca propositalmente, Cléber vê tudo. Frederico chega bem na hora, e fica chocado com a cena.

Leonardo: Você vai me pagar pelo que me fez Riginaldo. – Ele bate com a cabeça no espelho, que fica trincado e o deixa sangrando na testa.
Cléber: Amigo, não precisava de tanto. – Ele fala, olhando incrédulo para Leonardo. – Eu sei que sugeri para você denunciar seu pai, mas… com os hematomas que estão espalhados pelo seu corpo… você conseguiria isso facilmente.
Leonardo: Eu sei, mas precisei dar uma incrementada. – Ele coloca um pano na testa, que sangra muito.
Cléber: Você é louco. Poderia ter se machucado gravemente, sabia? – Ele fala preocupado.
Leonardo: Meu pai merece esse presentinho. – Ele faz cara de dor. A campainha toca e Cléber atende.
Frederico: Olá. – Ele entra, e percebe que Leonardo está sangrando. – O que foi isso? – Ele pergunta chocado.
Leonardo: Não foi nada dema…
Frederico: Tenho certeza que foi você. – Ele pega Cléber pelo pescoço, e o pressiona contra a parede. – Por que você fez isso com ele?
Leonardo: Frederico, calma. Não foi o Cléber que fez isso, ele nem seria capaz de tamanha coisa. – Frederico o solta. – Eu que acabei me acidentando com o espelho.
Frederico: Deixa-me ver isso ai. – Leonardo tira o pano da testa. – Você precisa ir ao médico. Precisa levar uns pontos.
Leonardo: Eu estava agora mesmo indo fazer isso. – Ele sorri para Frederico. – Gostei de você ter se importado comigo.
Cléber: Eu não gostei disso não. Ele quase me matou asfixiado. – Ele fala com a mão no pescoço.
Frederico: Foi mau ai. – Ele sorri. – É porque eu me envolvi demais com o seu amigo. – Ele pega Leonardo pela cintura, e o aproxima de seu corpo. – Acho que nunca senti por ninguém, o que eu sinto por você. – Ele o beija, e Cléber admira a cena.

Cena 8- Casa de Maria José- Noite.
Rafael busca Gaby em casa. Maria José fica feliz pelos dois.

Rafael: Pensei que havia esquecido o meu convite. – Ele sorri ao vê-la abrir a porta, toda arrumada.
Gaby: Claro que não. Um príncipe como você não pode ser esquecido nunca.
Rafael: Já falei que você está uma gata nesse vestido?
Gaby: Então quer dizer que eu só fiquei bonita por causa do vestido? – Ela brinca, e o deixa sem jeito.
Rafael: Claro que não. Com certeza deve ser mais bonita ainda, mas sem ele. – Ela fica com vergonha.
Gaby: Quando te vi passando aquela noite… pensei comigo que você devia estar voltando da casa da sua namorada, mas ai…
Rafael: Ai, eu te desejei uma boa noite, e comentei sobre a sua beleza.
Gaby: Começamos a puxar um papo legal. – Ela sorri. – E então descobri que você estava vindo do trabalho. O que me deixou muito contente. Mas, fiquei mais contente ainda quando você fez um convite para sairmos juntos.
Rafael: E aqui estou. Vamos? – Ele estende o braço, e ela cruza o dela com o dele.
Maria José: Fico tão feliz por vocês. – Ela surge. – Boto fé no casal. – Ela sorri. – Você merece um homem assim, Gaby. E não ficar na noite com qualquer um que encontra.
Gaby: Não, José. – Ela fala com vergonha. – Você entendeu tudo errado. Rafael e eu não temos nada. – Ela começa a suar de vergonha. – Nós nos conhecemos um dia desses, e…
Rafael: Imagina. – Ele a interrompe. – Se ela estiver disponível para engatar um namoro sério, estou disposto para isso também. – Ele dá um sorriso encantador para ela. – Mas, você não poderá ficar com qualquer um na noite. – Ela fica sem saber o que falar.
Maria José: Pode ter certeza que, se você conseguir conquistar o coração dela… ela estará disposta a tudo para ficar com você. É até capaz de modificar a vida dela completamente. Não é Gaby?
Gaby: Ai gente. Assim vocês me deixam sem jeito. Mas é… claro que… se você pedisse para namorar comigo… eu não iria mais continuar sendo uma mulher da… – Ele a beija, e Maria José os deixa a sós.

Cena 9- Mansão Corte Real- Noite.
Rogério confirma a Alberto que o carro era de Marcelo. Ele conclui ter sido um homicídio.

Regina: Seu Alberto, o senhor tem visita. Os seguranças disseram que um tal de Rogério está querendo falar com o senhor.
Alberto: Só pode ser o delegado. Pode liberar a entrada dele. – Regina volta para cozinha.
Marillu: Parece que aqui está bem movimentado. Não é Antonella? – Ela brinca.
Antonella: Eu acho que cheguei até em um bom momento. Espero que o carro não seja do Marcelo.
Alberto: Eu também espero. – Ele faz uma pausa. – Por falar nisso, eu tenho que ligar para a Melissa. Saber se tem mais alguma notícia sobre a Maria Luiza.
Marillu: Calma, Alberto. A sua sobrinha pediu para você vim para casa, porque ela percebeu que você estava cansado. – Ela se levanta, e massageia os ombros de Alberto. – Então, não se preocupe. Quando ela tiver alguma novidade, certamente, ela irá te contatar.
Alberto: Quanto a isso você tem razão. – Rogério entra, e Antonella logo se levanta.
Antonella: E então seu delegado. O carro era mesmo do Marcelo? – Ela pergunta preocupada.
Rogério: Sim. O carro era do Marcelo. O número da placa bateu. E, o corpo dele foi encaminhado para o IML. – Ele faz uma pausa. – Ele morreu com o corpo quase todo carbonizado, mas ainda é possível ver perfeitamente o rosto dele. Aliás, precisamos que o senhor compareça até o local para reconhecer o corpo, para que eles então possam liberá-lo.
Antonella: Não. – Ela grita. – Isso não pode estar acontecendo. – Ela inicia um choro sincero.
Alberto: Só pode ter sido um homicídio. Ele se matou por ter se magoado com a Daniele. – Ele também começa a chorar. – Eu não vou conseguir aguentar tudo isso.  – Ele sobe a escada correndo.
Marillu: Pobre Marcelo. – Ela comenta com Rogério.

Cena 10- Hospital- Noite.
Jonathan vai visitar Maria Luiza, mas Melissa o impede de entrar.

Melissa: Ei. Para onde você pensa que vai? – Ela pega Jonathan pelo braço.
Jonathan: Vim visitar Maria Luiza. – Ele olha nos olhos de Melissa. – Por quê? Eu não posso?
Melissa: Eu presenciei a sua discussão com Maria Luiza, esqueceu? Sei que vocês terminaram o namoro. O que é que você quer aqui?
Jonathan: Eu percebi que errei Melissa. Não podia ter dito aquilo para a Malu. – Ele faz uma pausa. – Ela não estava grávida. Ela estava doente.
Melissa: Sabe que eu cheguei ao mesmo resultado? Quando o meu tio ligou lá em casa desesperado, falando que havia trago Maria Luiza para cá. Ele disse que ela estava doente, e logo me prontifiquei em vim. E nesse tempo que fiquei sozinha aqui, cheguei à mesma conclusão que você.
Jonathan: Você não sabe o quanto eu estou arrependido de ter dito aquilo para ela. – Ele diz cabisbaixo.
Melissa: Agora não adianta chorar sobre o leite derramado, Jonathan. Maria Luiza não quer te ver, nunca mais. E, além disso, se ela estivesse realmente grávida… você teria abandonado ela. – Ela faz uma pausa para pensar. – E analisando bem as coisas, é muito estranho você não gostar de crianças. Que pessoa neste mundo não gosta de seres tão fofos como aqueles?
Jonathan: Não há nada de estranho nisso Melissa. – Ele é sincero. – Você pode perguntar para a minha mãe. Desde adolescente, eu dizia para ela que nunca teria filhos.
Melissa: Mas… por quê?
Jonathan: Não é que eu não goste de crianças. Acho até que me expressei mal com relação a isso. – Ele faz uma pausa, e olha para Melissa. – É que eu tenho juízo. Adoro crianças, mas quando elas estão quietinhas… risonhas. Agora, quando começam com aquele chororô e birras desnecessárias… o encanto se quebra. – Ele analisa a expressão da moça. – Sei que você deve estar achando que sou louco. Pois muitas pessoas não aceitam o meu pensamento. Mas eu costumo dizer que, se é para ter um filho e maltratar… é melhor não ter. Até porque ia me dar um grande nervoso escutar uma criança chorando noite e dia.
Melissa: Quanto a isso você tem razão. Mas porque você não disse isso para a Maria Luiza antes? Esperou ela possivelmente estar grávida?
Jonathan: É simples, ninguém aceita que você não goste de crianças. As pessoas podem aceitar você não gostar de gay, de cachorro, de gato, mas nunca de crianças. E eu tenho certeza que a Maria Luiza nunca se envolveria comigo se soubesse desse meu pensamento.
Melissa: Realmente, o sonho de Maria Luiza sempre foi montar uma família. Então você construiu um relacionamento através de uma ocultação.
Jonathan: Sim. E confesso que errei em fazer isso.

Cena 11- Cobertura Queiroz Galvão- Noite.
Luciana consegue falar com Leonardo. Riginaldo discute com a mulher.

Luciana (Ao celular): Como assim no hospital? O que aconteceu com você Leonardo?
Leonardo (Ao celular): Eu acabei me acidentando, mas não foi nada demais mamãe.
Luciana (Ao celular): Se não fosse nada demais, você não estaria no hospital.
Leonardo (Ao celular): Você está viajando na maionese. Outra hora eu te ligo para te passar o meu endereço. Beijos. – Ele desliga.
Luciana (Ao celular): Leonardo? Leonardo? Desligou. – Ela se entristece. – Ai meu Deus, protege esse menino.
Riginaldo: Deus não gosta de gays, Luciana. Você acha que ele protegerá o seu filho? – Ele estava escutando tudo. – Quando essas coisas abomináveis morrem, vão direto para o inferno.
Luciana: Para de falar assim Riginaldo. Ele é nosso filho e…
Riginaldo: Será que você nunca vai entender, cacete? – Ele pega na boca dela e aperta com força. – Esse moleque não é meu filho. Nunca foi. Eu não tenho filho baitola.
Luciana: Como você pode falar assim do seu próprio filho? Não é possível que seu amor por ele tenha acabado assim tão… rapidamente. – Ela chora, e ele a joga no sofá.
Riginaldo: Você gosta de me ver estressado, não é? – Ele tira a cinta de sua calça. – Pois você sabe em quem eu desconto quando estou com raiva. – Ele começa a bater na mulher com a cinta, ela grita de dor.

Cena 12- Mansão Corte Real- Noite.
Clotilde conta a Alberto, que foi Maria Letícia quem matou Marcelo e o pai dela.

Marillu: Estou eu aqui mais uma vez em um momento difícil. – Ela diz entrando no quarto dele. – Mas creio que este seja bem pior.
Alberto: Eu não consigo acreditar Marillu. – Ele chora. – Por que Deus está sendo tão injusto comigo?
Marillu: Não fique assim meu amor. – Ela se aproxima dele, e o beija na bochecha. – Você vai ter que ser forte para enfrentar tudo isso. – Ela o abraça.
Alberto: Eu sei, mas está me faltando for… – Marillu o beija na boca. Clotilde surge no local.
Clotilde: Aqui estou eu mais uma vez interrompendo vocês. – Ela diz entrando.
Marillu: Clotilde? Como é que você conseguiu entrar aqui? – Ela pergunta, interrompendo o beijo. – Os seguranças não podiam ter deixado você entrar sem a autorização do Alberto.
Clotilde: Talvez seja porque eu já sou de casa. – Ela sorri. – Eles me conhecem Marillu.
Marillu: Com licença. Acho que vocês tem muito que conversarem. – Ela fala com ciúme, e depois sai.
Alberto: A Marillu é mesmo uma figura. Nunca deixou de gostar de mim. É assim desde antes de eu me casar com Maria Letícia. – Ele sorri. – Mas o que te traz até aqui?
Clotilde: Eu não sou muito de dar rodeios. Por isso, serei bem curta e objetiva. – Ela faz uma pausa. – Sua ex-mulher é uma assassina, Alberto. Ela matou o próprio pai. – Alberto fica surpreso.
Alberto: Ela teve tanto sangue frio assim? – Ele pensa melhor. – Aliás, o que eu tenho haver com isso?
Clotilde: Deixa-me terminar de falar. Além de ter matado o próprio pai, acabei de descobrir que Maria Letícia… matou o Marcelo.
Alberto: Impossível, Clotilde. Foi o Marcelo que se matou por ter… – Ele percebe que ela não teria como saber da morte de Marcelo ainda, pois isso não foi passado para a imprensa. – Então, Maria Letícia assumiu a você ter matado o Marcelo?
Clotilde: Na verdade, eu ouvi. Ela estava conversando com o Celso, e eu acabei escutando tudo. Foi ela quem matou o próprio filho.

CONTINUA…

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