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A Fênix

A Fênix – Capítulo 02

Capítulo 02

Cena 01 – Mansão Alcântara Barreto de Albuquerque. Noite. Sala.
Os homens deixam o bolo bem no centro da sala. Os convidados ficam em volta observando atentos.
Miguel sussurra no ouvido do irmão: Mateus, que ideia foi essa de chamar uma dançarina pra festa?
Mateus: Não fui eu, mas seja lá quem foi, mandou bem.
Raquel: Mas o que significa isso? Eu não chamei nenhuma dançarina pra festa! Quem fez isso?
Um senhor entra.
Tadeu: Fui eu senhora.
Raquel: Mas quem é o senhor?
Tadeu: Eu me chamo Tadeu Bustamante, é um prazer conhecê-la.
Raquel: Mas como veio pra essa festa sem ser convidado? E ainda por cima trouxe uma dançarina?
Tadeu: Essa é minha surpresa para o aniversariante e para a senhora também. Rapazes, podem abrir o bolo!
Os dois homens tiram a tampa do bolo e de dentro dele sai uma mulher. Todos ficam animados, mas logo se desanimam. De dentro do bolo sai uma mulher não muito jovem, ela está bem arrumada, muito elegante e não com roupa de dançarina.
Raquel de queixo caído: Não pode ser.
A mulher é Helena, irmã de Raquel.
Tadeu: Apresento a vocês Helena Bustamante, minha esposa.
Helena: Olá Raquel, minha irmãzinha!
Todos ficam de queixo caído olhando pra Raquel.
Miguel e Mateus, juntos: Irmã?
Helena se aproxima: Isso mesmo queridos, eu sou a titia de vocês, é um prazer conhecê-los, como são bonitos!
Miguel: É um prazer conhecê-la também dona Helena.
Helena: Obrigada. Sérgio, você está igualzinho a última vez que nos vimos.
Sérgio, surpreso: Inacreditável, você também não mudou nada!
Helena: E você Raquel, não vai dar um abraço na sua irmã? Afinal, faz muito tempo desde a última vez que nós nos falamos.
As duas se abraçam, mas ambas fazem cara de poucas amigas.

Cena 02 – Horas mais tarde. Quarto de Raquel e Sérgio.
Raquel, andando de um lado pro outro: Não pode ser, não pode ser, como ela está viva e como veio parar aqui?
Sérgio: É inacreditável, depois de tantos anos ela ainda está idêntica.
Raquel: Eu não acredito nisso, como ela sobreviveu? Como ela pode ter voltado?
Sérgio: Será que ela sabe da verdade?
Raquel: Talvez sim, é uma grande possibilidade! Ela sempre foi muito esperta, talvez não demore pra que ela encaixe tudo e tenha certeza.
Sérgio: E agora Raquel? Ela aqui é um perigo.
Raquel: Aquela maldita sempre foi difícil de lidar, mas deixe estar, eu vou dar um jeito nisso.
Sérgio: Como?
Raquel: Dá próxima vez que ela vier aqui nós vamos ter uma conversa.
Sérgio: Como você sabe que ela vai voltar?
Raquel: Se ela realmente descobriu a verdade, ela vai voltar aqui muitas vezes, com certeza.

Cena 03 – Manhã seguinte. Morro do Alemão. Casa dos Oliveira.
A família está tomando café-da-manhã.
Teresa: Muito bem rapazes, tomem o café de vocês e podem sair pro trabalho.
Zeca: Eu tô com muita preguiça mãe, posso ficar em casa hoje?
Teresa: Sinto muito, mas não pode! Você sabe como seu pai é Zeca, se você ficar em casa e não trabalhar vai dar problema.
Léo: Isso não é justo, por que eu e o Zeca temos que ir trabalhar por aí enquanto aquele velho fica o dia inteiro largado no sofá?
Teresa: Não fala assim Léo, ele é seu pai.
Léo: Fala sério mãe, como você ainda pode querer que nós o chamemos de pai?
Zeca: O Léo tem razão mamãe, aquele homem é um vagabundo que não faz nada.
Teresa: Eu sei, eu sei, mas do que adianta reclamar?
Zeca: Eu não queria ter que trabalhar, eu queria estudar, meu sonho é entrar numa Universidade, mas por causa daquele idiota eu tive que largar tudo pra sair por aí engraxando sapato.
Léo: E eu também, isso não é justo!
Teresa: Perdão meninos, eu realmente queira que nossa situação fosse diferente, mas acontecesse que nem tudo na vida é como a gente quer.
Zeca: Com certeza, porque se dependesse da minha vontade a gente nunca que ia estar aqui nesse Morro do Alemão.
Gustavo entra na cozinha.
Gustavo: Aí mulher, coloca o meu café na mesa.
Teresa, servindo o café: Tá aqui Gustavo.
Gustavo: É bom que não esteja muito amargo, eu odeio café amargo.
Léo: Olha aqui cara, não fala assim com a minha mãe não, ouviu?
Gustavo: Não se mete moleque.
Zeca: Ei, não fala assim com o meu irmão.
Gustavo: Cala a boca, senão eu te quebro a cara.
Zeca: Ah é? Tenta vai, eu quero ver você tentar!
Teresa: Já chega, parem com essa briga!

Cena 04 – Universidade.
Miguel e Mateus estão conversando no pátio.
Mateus: E aí, o que achou da minha festa ontem?
Miguel: É, nada mal.
Mateus: Você viu que beijão eu dei na Priscila na frente da galera? Ih, o pessoal amou aquilo.
Miguel: É, bem se vê que vocês se gostam muito.
Mateus: Com certeza. Aí Miguel, por que você não dá uma chance pra Suzana?
Miguel: Mateus, não começa vai, eu não quero discutir tão cedo.
Mateus segura o irmão pelo ombro: Mano, na moral, eu não te entendo! A Suzana é a maior gata e é muito gente boa, o que custa pra você dar uma chance pra ela?
Miguel: Não custa nada.
Mateus: E então por que você não dá?
Miguel: Porque eu não quero, é por isso!

Cena 05 – Mansão Alcântara Barreto de Albuquerque. Sala.
Sérgio: Querida, agora eu vou sair um pouco.
Raquel: Posso saber aonde vai?
Sérgio: Vou dar uma volta, resolver alguns negócios, nada demais. Até mais tarde.
Sergio dá um beijo em Raquel e sai.
Raquel: Esse não me engana, na certa foi se encontrar com alguma vadia.

Cena 06 – Universidade.
Priscila, Mateus e Miguel estão no pátio.
Priscila, abraçada com Mateus: Você bem que podia dar uma chance pra Suzana.
Mateus: É verdade Miguel, você pode ficar inseguro no início, mas depois de um tempo você percebe como namorar é bom.
Miguel: Quer saber de uma coisa? Vocês dois já estão conseguindo me deixar irritado com esse assunto!
Mateus: Tudo bem, tudo bem! Priscila, vamos até o bebedouro comigo?
Priscila: Vamos meu amor, tchau Miguel.
Os dois saem andando. Miguel fica sentado escutando música no fone de ouvido. De repente, chega um grupo de valentões, o líder deles é Jonas, um dos rapazes mais encrenqueiros da escola.
Jonas, chegando perto de Miguel: Olha aí, se não é o NERD?
Miguel, tímido: Oi Jonas.
Jonas, debochando: “Oi Jonas”, que voz mais gay.
Miguel, se levantando: Olha, se for pra ficar me zoando, eu vou cair fora!
Jonas, segurando Miguel pelo ombro: Opa, espera aí, que falta de educação, que grosseria é essa? Vai me deixar falando sozinho?
Miguel: E por que não? O que você iria querer falar comigo?
Rapaz: Esse moleque aí é bem metido a valente, hein Jonas?
Jonas: É, eu também achei.
Miguel: Qual é a tua? Por que você vive pegando no meu pé?
Jonas: Porque você é um metido filhinho da mamãe.
Miguel dá um empurrão em Jonas que o faz cair por cima dos outros rapazes, e todos vão parar no chão.
Jonas se levanta, irritado: Mas é muito corajoso mesmo.
Miguel: Vê se me deixa em paz!
Jonas: E se eu não quiser? Vai querer brigar?
Miguel: Espera aí, vocês são três e eu sou só um!
Jonas: Não importa!
Mateus chega para defender o irmão.
Mateus: Se quiser brigar, vai ter que brigar comigo também valentão!

Cena 07 – Mansão Alcântara Barreto Aguiar.
Raquel está na sala assistindo televisão quando a campainha toca.
Raquel: Horácio, atenda a porta.
Horácio, o mordomo, abre a porta. É Helena.
Helena vai entrando: Bom dia Horácio, querido!
Horácio, surpreso: Dona Helena?!
Raquel se levanta bruscamente do sofá.
Raquel: Você aqui?
Helena: Olá irmãzinha, como está?
Raquel: Vou bem, e você?
Helena: Na medida do possível! Imagino como esteja surpresa com a minha volta.
Raquel: Não imagina o quanto. Horácio, pode nos trazer um café, por favor?
Horácio: Sim senhora, com licença.
Horácio sai da sala.
Raquel: Sente-se irmã. Me conte, por onde andou todos esses anos?
Helena: Por que quer saber? Quer saber se seu plano deu certo?
Raquel: Do que está falando?
Helena: Você sabe muito bem, você e o Sérgio armaram pra me matar e ficar com todo o meu dinheiro!

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