Irmãos de Guerra | Episódio 004

Irmãos de Guerra

Episódio 004

• Web Série de
• LUCAS BITTENCOURT

CENA 01 – VIELA – ESQUINA – EXTERIOR – ANOITECENDO

Continuação do capítulo anterior. Tom está parado diante de Jason, pasmado com o que acabara de ser pedido pelo amigo.

            Jason — Responde! Cê vai me ajudar ou não?

            Tom — Você ta ficando maluco? Como assim roubar? – Encarou o colega com olhar de dubiedade – Jason… – pôs a mão direita em seu ombro – Você não precisa fazer isso!

Jason virou o rosto, incerto, mas rígido ao encarar a porta da loja.

            Jason o olha novamente — Pensei que a gente era irmão… Mas vi que tu é um frango mermo!

            Tom — Mas cara, isso é errado. Você pode ser preso!

Jason se apavorou. Corta para:

CENA 02 – DELEGACIA – SALA DE JORGE – INT – NOITE

Jorge e Théo se enfrentam. Jorge aparenta está furioso.

            Jorge — Eu quero saber… Aliás, eu exijo saber porque você não foi para o banco quando eu te mandei! E ainda por cima, os bandidos conseguiram roubar 300 mil reais!

            Théo — Eu sei que te devo uma explicação, mas tenta entender o meu lado! Eu tive que proteger o meu filho. Ele tinha ido praquele tal morro e eu fui salvá-lo! E além disso, eu não sou único policial da área…

            Jorge — Mas aquela é a sua área, você mesmo fez questão de pegar aquele ponto! – sentou na cadeira, e disse esbaforido – Será que você só aprende quando perde?

            Théo — Do que ta falando?

            Jorge — Presta bem atenção no que vou te dizer: Tira teu filho dessa baderna enquanto é tempo, para que depois você não tenha o dissabor de ter que vê-lo todo dia atrás das grades!

Théo o olhou temerosamente, e depois desvencilhou seu olhar para uma arma que estava em cima da mesa.

            Jorge — Pensa bem!

            Théo — Tomas não teria coragem… Ele sabe o quanto eu odeio esses bandidos! Pra mim bandido bom é bandido morto!

            Jorge — Raciocina comigo: Em ambiente de bandido, se torna bandido!

Théo fica absorto. Seu cenho se fechou e suas pálpebras se inclinaram.

CENA 03 – VIELA – ESQUINA – EXTERIOR – NOITE

Tom e Jason estão parados na esquina, um encarando o outro, apavorados.

            Jason — responde, cara!

            Tom — (Respondeu por impulso) Está Bem! Não vou te deixar ir sozinho!

            Jason — Então põe isso!

Jason pegou duas mascaras pretas e entregou uma a Tom e cobre logo a cara. Jason puxa o revolver da cintura.

            Jason — Vamos lá!

            Tom — Espera! Você ta levando uma arma, e eu?

Jason pensou e então pegou um canivete do bolso.

            Jason — Fica com isso na mão! E vê atrás de mim!

Os dois atravessam a rua indo em direção a loja. Eles ficam escondidos dentre as paredes da frente. Jason olha para Tom e balança avisando que é agora.

Jason se põe na frente da porta e dá um forte empurrão com o pé.

CENA 04 – LOJA – INTERIOR – NOITE

Na loja só há dois funcionários, os outros já tinham ido embora. Jason entrou com a arma apontando para eles, gritando. Tom entra logo atrás, um pouco nervoso.

            Jason — Todo mundo no chão, senão eu mato todo mundo! (Aproximou-se no caixa, apontou a arma para a atendente) Passa o dinheiro agora!

Tom fica paralisando na porta. Enquanto Jason está mirando a arma para a atendente que pega o dinheiro para ele, o outro funcionário pega uma vassoura e chega bem atrás de Jason, pronto para lhe dar uma paulada.

            Tom — (Grita) Jason, cuidado!

Jason se virou e deu um TIRO no homem, que cai morto no chão. Tom se aproxima do homem baleado.

            Tom — Jason, o que você fez?

Enquanto eles estão distraídos no chão, a atendente pega o telefone e liga para a policia.

            Tom — Nós temos que chamar uma ambulância!

            Jason — Ficou maluco? Se chamarmos a ambulância eles vão chamar a policia!

CENA 05 – DELEGACIA – SALA DO DELEGADO – INT – NOITE

Théo e Jorge conversam. O telefone toca e Jorge atende.

            Jorge — Como é que é?

            Théo — O que foi?

Jorge desliga o telefone.

            Jorge — Parece que tem uns trombadinhas assaltando uma loja! Inclusive estão armados e atiraram em um dos funcionários!

            Theo — Onde fica isso?

            Jorge — Adivinha! Perto do Morro do Bique!

            Théo — Mas é claro! O que mais podia se esperar daquele lugar! Vamos, eu faço questão de pegar esses moleques!

            Jorge — Mas não com tanta pressão! Lembre-se que são crianças…         

            Théo — Crianças que já atiraram em um homem indefeso! Podem ainda estar nas fraldas, mas são bandidos, criminosos… E para mim bandido bom… É bandido morto!

Corta para:

CENA 06 – LOJA – INTERIOR – NOITE

O funcionário continua caído no chão com uma bala em seu estomago. Jason vira seu rosto e vê que a mulher está com o telefone na mão. Se levanta e aponta a arma para ela.

            Jason — O que ta fazendo? Pra quem tu ligou, hein sua vadia?

            Tom — (aos prantos) Jason, para com isso!

            Jason — Parar porra nenhuma! Ela vai ligar pra policia! (pegou o telefone e jogou fora) Pega o dinheiro e me dá, rápido!

A mulher entrega o dinheiro pra ele.

No mesmo momento, duas viaturas da policia param em frente a loja. Os policias, inclusive Théo, entram.

            Théo — Parados! Coloquem a mão na cabeça!

            Jason — (para Tom) Sujou! Vamos sair!

Jason deu um tiro pro alto e espantou os policias, e ele acaba fugindo. Tom também tenta correr, mas Théo agarra em seu braço.

            Théo — Você não vai fugir não!

Tom pega o CANIVETE e CRAVA no braço de Théo, conseguindo se soltar.

            Théo — Moleque dos diabos! Ele me cortou!

Tom tenta correr mas é pego pelos outros policiais.

Théo se aproxima, furioso.

            Théo — Vai pra prisão seu ladrãozinho! Primeiro vamos ver quem está debaixo dessa mascara!

Théo puxa a mascara e leva um tremendo susto ao vê que Tom, seu filho.

Seu MUNDO DESABA.

            Théo — Tomas…

Théo enrijeceu seu olhar, e mudou totalmente a face de seu rosto ao encarar o filho.

CENA 07 – RUA LONGE – EXTERIOR – NOITE

Jason corre o mais rápido que pode. Já ofegante, ele para e olha para trás, tirando a mascara.

            Jason — O que será que aconteceu com Tom? Será que ele foi preso? E o pior que era o pai dele!

Jason volta a sair correndo.

CENA 08 – CASA DE THÉO – SALA – INT – NOITE

Luzia está na sala, chorando enquanto escuta os gritos esbaforidos de Théo, que grita com Tom.

Corta para o Quarto de Tom:

Théo briga com Tom, que está na cama, chorando.

            Théo — (irritado) Você tem noção da vergonha que me fez passar? Hein seu féla duma égua! Eu, o policial mais respeitado que o mundo já viu, o mais rígido e impiedoso tendo um filho bandido e ainda pó cima nessa idade!Onde é que tu tava com a cabeça, moleque? (TEMPO) Tu nunca mais vai ver aquele bandido! E pra não correr o risco de fugir de novo, vou te mandar pra uma escola militar!

            Tom — Mas pai/

            Théo — (Corta) E vai amanhã!

Tom enche os olhos de lagrimas.

CENA 09 – CASA DE THÉO – SALA – INT – DIA

No dia seguinte. Tom está abraçando sua mãe. Théo vem de seu quarto com as malas de Tom.

            Luzia — Vai com Deus, meu filho! Que Deus te proteja!

            Tom — Mas eu não quero ir, mamãe!

            Théo — (frio, rígido) Mas vai!

Luzia o olhou seriamente.

            Luzia — Não precisa falar assim com o menino!

            Théo — Precisa sim! Vai ser dessa maneira que ele vai ser tratado na escola militar! Espero que aprenda!

Luzia abraça Tom novamente.

CENA 10 – LOCAÇÕES – EXTERIOR – INTERIOR – DIA/NOITE

Passam-se alguns dias. No Morro do Bique, Jason continuou seguindo os passos do padrasto, se envolvendo em vários roubos.

Tom foi mandado para a escola militar, e sofre com as lidas que tem que enfrentar.

O delegado Jorge foi assassinado misteriosamente em frente sua casa. Até hoje não se sabe quem cometeu tamanha crueldade.

Tema que acompanha as imagens é “Preciso me encontrar” na voz do saudoso Cartola.

Letreiro na tela: “20 anos depois”.

CENA 11 – CASA DE THÉO – SALA – INT – DIA

Luzia está parada na porta,bastante entusiasmada e ansiosa. Théo entra com Tom, agora um policial militar de 35 anos. Ele já entra fardado. Luzia o abraça.

            Luzia — Filho! Que saudade que eu estava de você!

            Tom — Eu também senti muito sua falta, mãe!

            Théo — Depois que você terminar de guardar suas coisas, filho, quero levá-lo até a delegacia!

            Luzia — Mas ele mau chegou e você já vai mandar ele pra delegacia!

            Théo — Fica calma, é só pra ele conhecer o novo ambiente de trabalho dele!

            Tom — Ele tem razão, mãe! Agora eu sou um policial como meu pai… E eu não posso perder tempo em colocar essa gente toda na cadeia!

            Théo — É isso ai! Ainda mais nesses dias de hoje, que esse Brasil ta um verdadeiro inferno! E principalmente com esses corruptos da lava-jato! Temer, Lula, Dilma e esse tal de Cunha vão tudo preso pela federal! Pode ter certeza que o lula não passa o natal em casa!

            Luzia — Os tempos mudaram, não são mais aqueles em que você fazia o que quiser com os bandidos!

            Théo — Claro! Aqueles bandos de animais que estão no palácio do planalto agora só aprovam leis para criminosos!

Corta para:

CENA 12 – DELEGACIA – SALA DO DELEGADO – INT – DIA

O delegado RICHARD está sentado em sua cadeira. Théo entra com Tom.

            Théo — Como vai, Richard?

            Richard — Tudo bem! E esse ai é o seu garoto?

            Théo — É! Tomas, o mais novo integrante da policia e que vai botar esses marginais na cadeia!

Richard o cumprimenta.

            Théo — Filho, este é Richard Mac Queen, o delegado da policia militar!

            Tom — O que aconteceu com o delegado Jorge?

            Richard — Ele foi assassinado na porta de casa! Ninguém sabe quem fez tamanha brutalidade! Foi morto com dois cortes na garganta! Parecem ser de laminas muito bem afiadas!

            Tom — Bom, e porque me trouxe aqui, pai?

            Théo — Porque já temos uma missão pra você!

            Tom — E que missão é essa?

            Richard — Hoje o preso, Campos, vai ser solto!

            Tom — E quem é esse Campos?

            Théo — É um traficante do morro do Bique, foi preso em flagrante! Com certeza, na hora em que ele sair vai direto encontrar os outros traficantes, inclusive o tal Zé Pilantra?

            Tom — (surpreso) Zé Pilantra? Esse cara ainda ta vivo?

            Théo — Hum! Vivo e solto! Continua o mesmo ladrão de sempre!

            Richard — É o seguinte, Tom, a sua missão é segui-lo  descobrir onde eles trocam as “mercadorias”!

No olhar de Tom.

— Continua no próximo capítulo —