Irmãos de Guerra | Episódio 003
Irmãos de Guerra
Episódio 003
- Web Série de
- LUCAS BITTENCOURT
CENA 01 – RUA INDETERMINADA – EXT – NOITE
Continuação. Théo reage tenso e histérico.
Théo — Mas o que é isso? Vocês tão querendo ser presos?! Eu posso prender todo mundo aqui!
Zé Pilantra — Prender porque? A gente não ta roubando nem nada!
Théo — Mas tão apontando uma arma para o policial e isso é contra a lei!
Zé Pilantra — Contra a lei é isso que tu ta fazendo: abuso de autoridade!
Théo — Abuso de autoridade é o cacete! Eu to fazendo o meu trabalho!
Zé Pilantra — Pouco me importa! E tu não pode prender o menino, e tu não vai levar ele!
Théo — Posso saber porque?
Zé Pilantra — Nós somos quatro contra um, nós temos quatro armas! Tu só tem uma… Se um de nós morrer, mas os outros te matam… E ai, vai encarar? É matar ou morrer…
Théo fica sem reação e sem saber o que fazer, e por um momento riu e depois liberou Jason.
Théo — Se é assim… Prefiro viver! (encara Zé) Mas só por hoje! E to fazendo isso não por ta amarelando, mas por ter que levar meu filho pra casa!
Théo entra no carro e sai com Tom. Zé atira pra cima comemorando.
Zé Pilantra — Vai mermo, seu féla da puta! Filho duma jumenta!
Lorraine — Ele te machucou, Jason?
Jason — Não!
Zé Pilantra — Viu só… Isso é por tu ta andando com aquele moleque!
Corta para:
CENA 02 – CASA DE THÉO – SALA – INT – NOITE
Luzia está angustiada não se aguentando. Théo entra segurando Tom pelo braço.
Luzia — Ai graças a Deus está tudo bem! Meu filho, onde é que você estava?
Théo — Advinha onde? Naquele maldito morro. E sabe com quem? Com aquele pilantra…
Luzia — Mas o que você foi fazer naquele lugar, Tomas, ainda mais essa hora?
Théo — E pra acabar com minha noite ainda apareceu aquele morfético miserável daquele tal Zé Pilantra… (olha para Tom) Sabe o que você merecia agora, umas boas palmadas? Mas espero que tudo que me fez passar tenha te dado algum aprendizado!
Théo vai saindo…
Luzia — Aonde você vai?
Théo — Na delegacia… (saiu)
CENA 03 – TOCA DA GANGUE BOCA PRETA – INT – NOITE
Zé Pilantra diante dos outros marginais que acabaram de chegar com sacos de dinheiro. Zé abre e confere.
Zé Pilantra (ri) — Aí sim… A chefia vai gostar desse bagulho! Deu tudo certo?
Zuga — Até que foi fácil! A policia só apareceu depois que a gente já tinha saído!
Zé Pilantra — Ótimo! Agora é só tirar nossa parte e entregar pra chefia!
CENA 04 – MANSÃO DO DR. WILLIAM – EM FRENTE – EXT – NOITE
O Dr. William, deputado federal do estado de Rio de Janeiro, recebe Zé Pilantra, Zuga e Buiú na frente da sua casa. Zé entrega a sacola cheia de dinheiro pra ele.
Zé Pilantra — Ta tudo ai, como você pediu, chefia! Eu já tirei a minha parte!
Dr. William — Ótimo, ótimo! Vejo que fez o serviço muito bem feito, Pilantra!
Zé Pilantra — Na hora! Agora, se o Rei do Crime aparecer, eu não tenho mais nada haver com essa historia!
Zé o os outros entram em um carro e saem. William entra em sua casa.
CENA 05 – MANSÃO DO DR. WILLIAM – SALA – INT – NOITE
William entra, conferindo um bolão de dinheiro que acabara de tirar da sacola. Atrás dele, uma figura usando terno cinza e uma marcara funesta prateada aparece saltando sem parar. Este é o misterioso “Rei do Crime”, também conhecido como”Duende Prateado”.
Duende Prateado — Olá, William! – cumprimentou com sua voz grossa, aguda e astuta.
William olhou para ele e se apavorou.
William — Quem é você?
Duende Prateado — Eu? Não está lembrado de mim?… Sou eu… Rei do Crime… Ou melhor, o Duende Prateado!
William — Mas eu pensei que… Mas o que você quer?
Duende Prateado — Você tem algo que eu quero!
William viu que o sujeito olhava para sua sacola de dinheiro. William esconde atrás das costas.
William — (assustado) Eu não tenho nada! Vai embora ou vou ter que chamar a segurança!…
O duende riu.
Duas laminas de metais bem afiados escorrem pelas luvas pretas na mão do Duende. William tenta correr, mas o Duende pula bem na sua frente, e rapidamente crava as laminas na sua garganta. William cai no chão. O Duende pega a sacola com o dinheiro do chão…
Duende Prateado — Acho que isso me pertence!
O duende pega e sai, deixando William morto com a garganta cortada.
CENA 06 – RIO DE JANEIRO – EXT – NOITE/DIA
Anoitece. Ao som da musica “Pra quê chorar” de Mat´nalia, CAM vaga por toda a cidade; Das vielas dos morros até os bairros cariocas chiques. Amanhece novamente.
Letreiro na tela: “Duas semanas Depois”.
CENA 07 – MORRO DO BIQUE – RUA – EXT – DIA
Um PORCO corre desesperadamente pela rua. Alternamos estas cenas do porco com uma PANELA enorme no fogo numa cozinha. Fervente no ponto de cozinhar.
O Porco reage como se estivesse vendo na sua frente. Alterna novamente com MÃOS de mulheres negras na cozinha cortando cenouras e pondo dentro da panela.
O porco reage gritando na rua. Tiros pra todos os lados se podem ouvir.
Vozes de Homens — Pega o porco! Pega o porco!
O porco continua a correr rapidamente. Alguns homens atrás dele, tentando atirar. Jason aparece no meio da rua. Zé Pilantra grita:
Zé Pilantra — Oh Jason, pega esse porco fedorento ai, rapa!
Jason virou-se para o porco e tentou-se aproximar vagamente, com as mãos abertas para pegá-lo.
Jason — Aqui porquinho…
Jason avançou em cima do porco, mas o mesmo foi mais inteligente e se desvia dos braços de Jason corre. Jason cai de boca no chão.
Zé Pilantra — Oh porco inteligente da porra!
O porco entra em um beco estreito que não caberá alguém. Os malandros tentam entrar, mas ficam presos no meio do caminho.
O porco vai conseguindo chegar no outro lado mas FREIA as pernas. Olha para um CANO de revolver que desce sobre a sua testa.
Zé Pilantra — Chega de correria, tu vai pro forno e é agora seu porco filha da puta!
Zé dispara três vezes na cabeça do porco.
CENA 08 – CASA DE JASON – COZINHA – EXT – DIA
Zé Pilantra entra carregando o porco MORTO. Lorraine já estava ali preparando a panela.
Lorraine — Que demora pra pegar um porco!
Zé Pilantra — Mas tu não sabe o quanto que esse bicho corre! Foi difícil pra pegar ele! (olha para os lados) E cadê o Jason?
Lorraine — Ta no telhado eu acho!
CENA 09 – TELHADO DA CASA DE JASON – EXT – DIA
Jason está sozinho, fumando um cigarro enquanto aprecia a vista de seu morro, ardente do SOL quente.
Zé Pilantra sobe pela escada. Jason ao vê-lo esconde o cigarro.
Zé Pilantra — Não precisa esconder não, rapa! Eu sei que tu fuma! Fica tranquilo que eu não vou contar pra tua mãe!
Jason pega o cigarro de novo.
Zé Pilantra — (ascende um cigarro também) E ai? No que ta pensando?
Jason — (ainda olhando para o morro) Em nada… Desculpa por não ter conseguido pegar o porco… É que ele foi rápido demais!
Zé Pilantra — Te preocupa com isso não!
Pilantra olha para o areal e vê os moleques jogando bola.
Zé Pilantra — E porque tu não foi jogar bola?
Jason — Não to com muita vontade!
Zé Pilantra — É por causa daquele teu amiguinho?…
Jason — Sabe, o Tom podia ser filho de policial, mas ele era uma pessoa totalmente diferente! Ele era um cara legal…
Zé Pilantra — Mas com um pai daquele… Ele vai se tornar um pior, to te dizendo!
Zé joga o cigarro fora e depois pego uma arma da cintura e entrega pra Jason.
Jason — O que é isso?
Zé Pilantra — Já ta na hora de tu aprender a se defender sozinho!… E também ta na hora de aprender a matar…
Jason — Mas eu não quero matar… Nem ser preso!
Zé Pilantra — Tu mora na favela, rapa! Tu vai ser preso do mesmo jeito. Aqui todo mundo e visto pela policia como marginal, mesmo que não seja! E olha só, hoje eu já tenho até uma missão pra tu!
Jason — Que missão é essa?
Corta para:
CENA 10 – CASA DE THÉO – QTO DE TOM – INT – DIA
Tom olha uma fotografias tiradas com Jason. Seu estado é triste e solitário. É como se não tivesse mais amigos. Luzia, sua mãe, aparece na porta.
Luzia — Filho, você não quer brincar?
Tom — Não to com vontade!
Luzia — Porque não vai brincar com aqueles seus amigos da escola?
Tom — As brincadeiras deles são chatas! Gostava de brincar com o Jason… (olha para sua mãe) Mãe, a senhora deixa eu ir brincar com ele, por favor, só por hoje?
Tom se agarrou na saia da mãe, implorando.
Luzia — Meu Filho, mas você não pode! Se seu pai sabe disso, ele mata nos dois!
Tom — Mas mãe… Eu to sozinho aqui, não tenho irmãos nem nada… Jason era o meu único irmão!
Luzia parou e olhou para seu filho alguns instantes com dó.
Luzia — Está bem, mas você tem que voltar as cinco, antes que seu pai volte, por senão… Já sabe o que vai acontecer!
Tom — (abraça-a) Obrigado mãe!
Tom comemora.
CENA 11 – VIELA – INT – PÔR DO SOL
Jason está encostado em um poste, a observar uma loja que está do outro lado da esquina. Parece tenso, nervoso e pálido.
De longe, Tom aparece e o avista.
Tom — Jason…
Jason o olha assustado.
Jason — Mas o que está fazendo aqui? Pensei que seu pai nunca mais deixaria vir aqui no morro!
Tom — Mas ele não ta sabendo que eu vim pra cá, só minha mãe!
Jason — Veio escondido?
Tom — Sim! E o que está fazendo aqui?
Jason olhou de soslaio para a loja.
Tom — Hein Jason (desconfiou) O que está fazendo?
Jason põe a mão na cintura e agarra algo por cima da camisa. Pelo contorno, fica visível que é uma arma.
Tom — Tom, isso aí é uma arma? O que vai fazer?
Jason — Eu tenho que roubar aquela loja! Mas to com medo de ir só… Quer vir comigo?
Closes alternos dos dois se encarando com medo.
— Continua no próximo capítulo —