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Noite Adentro

Noite Adentro Cpt 5 | Dial M for murders 📞❓

NOITE ADENTRO
CAPÍTULO CINCO – Dial M for murders.

CENAS DE SÃO PAULO

13/12/2015

CENA UM. CASA DE DONA LUANA. INT. DIA. SALA DE ESTAR.
CAROL, QUE ESTAVA MEXENDO EM ALGUNS PAPÉIS, RECEBE UM TELEFONEMA.
Carol- (atende) AlĂŽ? AlĂŽ?
Juarez- (Voz Over) Filha! Filha! Que bom que estĂĄ aĂ­!
Carol- Que foi, pai? Que nervosismo todo na sua voz…
Juarez- Ele saiu! (TensĂŁo)
Carol- Como assim? O Adamastor saiu? (Senta-se. Nervosa) Meu Deus! Como o senhor sabe?
Juarez- Ele ligou no Bar do Beto, disse que saiu e que estava a caminho de Osasco!
Carol- Calma pai!
ZĂ©- (entra em cena) Que foi, amor?
Carol- SĂł um instante, ZĂ©! (Ao telefone) Calma pai! Calma! Vou aĂ­ te buscar ou vou pedir pra Jana fazer isso… Esse desgraçado nĂŁo pode fazer mais nada! (Desliga o telefone e chora)
Zé- (a abraça) Calma, amor!
Dona Luana- Que passa?
ZĂ©- Aquele ex da Carol estĂĄ solto
Dona Luana- SĂŁo nessas horas que eu digo que pena de morte deveria vigorar nesse paĂ­s!
Carol- (chorando) Vou ligar pra Jana…
ZĂ©- (pega o telefone das mĂŁos da esposa) Calma, eu ligo! Fica calma, isso sĂł prejudica o bebĂȘ!
Dona Luana- Vou fazer um chĂĄ
Carol- NĂŁo quero com açĂșcar
Dona Luana- Vou fazer um pra vocĂȘ tambĂ©m…

CENA DOIS. APARTAMENTO DE JANA E FERNANDA. INT. DIA. COZINHA.
JANA ESTÁ PREPARANDO O ALMOÇO E FERNANDA ESTÁ TRATANDO DE ALGUNS ASSUNTO EM SEU TABLET.
Jana- Que calor!
Fernanda- De fato, estĂĄ muito quente! Nem tĂŽ aguentando… Umh! Sabe de uma novidade?
Jana- Qual?
Fernanda- Vi aqui no Face – sua irmĂŁ estĂĄ grĂĄvida!
Jana- Que?! NĂŁo creio!
Fernanda- Sim! (Mostra o Facebook)
Jana- Que maravilhoso! (Telefone toca) Com certeza são Zé e Carol convidando prum almoço ou jantar! (Atende) AlÎ? Eu jå fiquei sabendo!
ZĂ©- (Voz Over) Ficou sabendo do Adamastor?
Jana- Ada? (A Fernanda) Fer, o nome da criança serå Adamastor?
Fernanda- Claro que nĂŁo!
Jana- (ao telefone) NĂŁo… Explica melhor
ZĂ©- O Adamastor, lembra? Lembrou? Ele saiu! EstĂĄ a solta novamente!
Jana- O Adamastor! Meu Deus! (Senta-se. Nervosa) NĂŁo creio! Buscar ele?! Claro que vou?! NĂŁo se preocupe! TĂĄ… Ok… Tchau! (Desliga o telefone) Meu Deus!
Fernanda- Que?
Jana- Adamastor saiu! EstĂĄ a Solta! Meu Deus! Esse pervertido pode fazer qualquer coisa contra nĂłs!
Fernanda- NĂŁo vai, tenho certeza!
Jana- Como pode estar tĂŁo certa?
Fernanda- Ele acabou de sair da prisĂŁo – se tentar fazer alguma coisa, atentar contra a vida de alguĂ©m – como a nossa ou da sua irmĂŁ -, ele vai preso novamente! E quem sabe pra lugar pior!
Jana- Nunca Ă© bom dar sopa pro azar! Vou buscar meu pai logo mais, ele vai passar a noite aqui!
Fernanda- Quanto desespero!
Jana- Não, é precaução!
Fernanda- Assim que vocĂȘ sair, vou dar um pulo no escritĂłrio – tenho que assinar uns papĂ©is
Jana- Vou terminar isso daqui rapidinho… E pegar meu pai lĂĄ em Osasco!

CENAS DA RUA AUGUSTA

CENA TRÊS. MOTEL DESEJOS. INT. DIA. QUARTO DE MOTEL.
CÉSAR E ADILSON ESTÃO NUS, DEITADOS NA CAMA DO MOTEL. CÉSAR ACARICIA OS CABELOS DO PEITO DE ADILSON DELICADAMENTE.
CĂ©sar- E Paris?
Adilson- NĂŁo… Tem que ser um lugar perto – Chile, Argentina, Uruguai… Qualquer lugar que dĂȘ pra ficar uma semaninha e curtir bastante!
CĂ©sar- (o beija) E que dĂȘ pra namorar muito! Muito!
Adilson- Claro! E que dĂȘ pra esquecer disso tudo. Ser eu mesmo! Andar de mĂŁos dadas com vocĂȘ sem nenhuma retaliação!
CĂ©sar- Sim!
Adilson- (mexe no celular) Ana estĂĄ perguntando onde estou…
CĂ©sar- No futebol
Adilson- (grava um ĂĄudio) Estou no Ibirapuera, amor! Mandei um… (LĂȘ o celular) Um ĂĄudio… Amor, tenho uma coisa pra te contar… (Outro ĂĄudio) O que Ă©? (LĂȘ) Tem que ser aqui em casa, Ă© sobre vocĂȘ sabe quem! Meu Deus!
CĂ©sar- VocĂȘ sabe quem? Valdemort? (Ri)
Adilson- (irritado, joga o celular longe) Pior que o Valdemort – meu pai
CĂ©sar- Calma, amor! E vocĂȘ suspeita do que se trata o assunto?
Adilson- NĂŁo… Na verdade sim… Sobre a soltura dele – Ă© nesse final de ano ou… (Se levanta) Ou ano que vem. Vou tomar uma ducha
CĂ©sar- (o abraça por trĂĄs) Eu tomo co…/
Adilson- Eu quero tomar sozinho, por favor
CĂ©sar- Ah, desculpe… Eu nĂŁo… NĂŁo queria…
Adilson- (o beija) VocĂȘ sabe por tudo o que eu tenho passado, nĂŁo sabe? Eu quero tanto viver com vocĂȘ uma histĂłria de amor! Mas antes, tenho que consertar cada detalhe da minh…/
CĂ©sar- (o beija) Eu entendo, amor!

CENAS DE OSASCO

CENA QUATRO. BAR DO BETO. INT. DIA. O BAR NÃO ESTÁ MUITO CHEIO, COM UM OU OUTRO PINGUÇO.
ADAMASTOR ADENTRA O LOCAL. ELE ESTÁ DESOLADO. PROCURA POR BETO.
Adamastor- Beto?
Garçom- NĂŁo estĂĄ…
Adamastor- Como nĂŁo tĂĄ?! Eu liguei aqui mais cedo, claro que ele tĂĄ!
Garçom- NĂŁo est…/
Beto- Deixa, com ele eu me entendo… Que sorte vocĂȘ ter ligado pra cĂĄ assim que saiu, parecia atĂ© sexto sentido, mediunidade
Adamastor- Tentei ligar pro PaulĂŁo, mas sĂł deu Caixa Postal. O outro nĂșmero que eu me lembrava era dessa joça…
Beto- Viu o que fizeram com sua casa?
Adamastor- Depredaram – como vocĂȘs deixaram isso acontecer?
Beto- O PaulĂŁo voltou pra Curitiba, e antes da mudança, ele foi na sua casa e vendeu tudo o que tinha… (PĂ”e uma pequena mala em cima da mesa) Deu no total uns quatro mil reais – ele poderia ter levado essa grana lĂĄ pro Sul, mas deixou aqui, pra eu cuidar e te entregar quando vocĂȘ voltasse. E sobre seu barraco – nĂŁo tinha como defender aquilo desses marginais que acham que podem fazer justiça com as prĂłprias mĂŁos! Seu amigo Paulo Ă© um verdadeiro amigo! Aqui, trĂȘs mil e quinhentos…
Adamastor- Eram quatro!
Beto- Estava guardado aqui em casa, poderia nem te entregar a grana, dar um de cego, sabe? Não reclama, eu mereço muito mais! Mas sou honesto! Quinhentos e cinquenta são mais que meus! Junto da grana, uma carta do Paulão
Adamastor- Mas Paulo nĂŁo sabia escrever
Beto- Milagre ou coisa parecida! Agora some, vaza, nĂŁo quero ex-presidiĂĄrio nesse bar de famĂ­lia!
Adamastor- Para! Pera! Eu nĂŁo tenho onde dormir, onde tomar um banho e ir ao banheiro
Beto- Terminal rodoviĂĄrio serve pra isso
Adamastor- Quero trabalhar com vocĂȘ. Na cozinha… Eu seu cozinhar!
Beto- Sabe?
Adamastor- Na prisĂŁo eu trabalhava na cozinha!
Beto- Na prisĂŁo vocĂȘ deve ter manejado um ou outro malandro e tirado leite de pedra – se toca! Trabalhar na cozinha sĂł eu, se quiser, banheiro! Aceita?
Adamastor- Cla-claro!
Bato- Ótimo!
Adamastor- Mas eu ainda tĂŽ sem teto
Beto- Tem um quartinho lĂĄ nos fundos – começa trabalhando hoje, do jeito que vocĂȘ for… Eu vejo se vocĂȘ merece um quarto ou um banco da rodoviĂĄria…
Adamastor- E mais alguĂ©m sabe que eu saĂ­? VocĂȘ contou pra mais alguĂ©m?
Beto- Conversa de bar sempre acaba se espalhando – inclusive pros ouvidos do ex-sogro!
Adamastor- (lacrimeja) Quem contou pra ele?
Beto- Um passarinho azul, o vento, Deus, o povo daqui – pouco importa! O que importa Ă© o banheiro masculino que precisa de um bom tapa!

CENAS DE SÃO PAULO

CENA CINCO. APARTAMENTO DE JANA E FERNANDA. INT. DIA.
JUAREZ CHEGA AO APARTAMENTO DA FILHA. CAROL E JANA O AJUDAM COM AS MALAS.
Juarez- Odeio elevadores!
Jana- Odeio… (Joga as malas no chĂŁo) Carregar peso!
Carol- (fecha a porta) Pelo menos estamos bem! Graças a Deus!
Juarez- Estamos bem longe daquele marginal! Graças a Deus!
Jana- Imaginem o mal que ele pode nos fazer!
Juarez- Nunca se sabe, né
Carol- Pode se vingar, querer algo contra mim!
Jana- A Fernanda acha que ele nĂŁo vai fazer nada, pois acabou de sair da prisĂŁo e coisa e tal
Juarez- NĂŁo tem nada a perder – Ă© isso o que me preocupa! Nem casa tem mais – se aquele pobre diabo tentar outro crime, vai ser atĂ© bom…
Carol- Como assim?
Juarez- Ele nem casa tem mais, se cometer outro crime, vai pra prisĂŁo – o que significa um teto, comida e cama! VocĂȘs entenderam, nĂ©?
Jana- Claro! Ou, antes mesmo dele pensar em fazer outro crime, ele volta pro nordeste
Carol- Calma, calma! Eu nĂŁo estou conseguindo… Como assim ele nĂŁo tem mais casa?
Jana- Depredaram. VocĂȘ nĂŁo sabia?
Carol- NĂŁo!
Jana- Pois Ă© – um pessoal do bairro se juntou pra quebrar tudo! Papai atĂ© colaborou
Juarez- NĂŁo era pra falar! Mas nĂŁo tem problema!
Carol- (irritada) Como vocĂȘs puderam fazer algo assim?! Isso Ă© doentio! VocĂȘs acham que vingança com as prĂłprias mĂŁos vai resolver algo!?
Juarez- Vai sim! Vai calar dentro de mim esse desejo de vĂȘ-lo sofrer tudo aquilo que ele fez os outros sofrerem!
Carol- Isso é doença! Loucura!
Jana- Acho que nada mais justo!
Carol- Deixe a justiça para os juĂ­zes e Deus! O que vocĂȘs fizeram Ă© imperdoĂĄvel! (Chora)
Juarez- VocĂȘ mesma disse que queria o ver na pior!
Carol- Queria sim – mas eu disse isso quando estava com raiva e Ăłdio! NĂŁo conseguia sentir nada alĂ©m disso naquele momento!
Juarez- Pois eu como pai tomei tuas dores e fiz delas minhas! E foi com muito prazer que contribuĂ­ com a desgraça daquele margi…/ (Leva um tapa de Carol)
Carol- Cala a boca! NĂŁo fala mais nada! Eu sinto nojo de vocĂȘs! Eu queria, assim como quero, distancia de Adamastor! E nĂŁo estado de barbĂĄrie! Dois mil anos separam vocĂȘs da Idade MĂ©dia! (Sai de cena chorando)

CENA SEIS. CASA DE ADILSON. INT. DIA.
ADILSON E ANA ESTÃO SENTADOS NA MESA DE JANTAR. ALGUNS PAPÉIS ESTÃO ESPALHADOS NA MESA. CLIMA TENSO ENTRE OS DOIS.
Adilson- Merda! Que Ăłdio!
Ana- Calma, amor! Seu pai vai sair sĂł ano que vem – atĂ© lĂĄ, vamos ver o que faremos!
Adilson- (se levanta. Irritado) Eu não quero que esse velho chegue perto da nossa casa, da nossa vida! Não quero! Quero que ele apodreça por aí
Ana- Calma, amor – tambĂ©m nĂŁo Ă© assim! Vamos dar o mĂ­nimo de assistĂȘncia a ele
Adilson- Que parte vocĂȘ nĂŁo entendeu? Me diz! Eu quero esse psicopata longe! Morto de preferencia!
Ana- Se dermos uma assistĂȘncia, quem sabe nĂŁo nos deixa em paz?! Entende?
Adilson- Entendo, entendo sim! Sabe o que vocĂȘ ainda nĂŁo entendeu? Que se dermos uma assistĂȘncia, mĂŁo amiga, esse verme vai nos sugar! Vai se aproveitar da nossa boa vontade! Entende? É preciso cortar todos os tipos de laços que temos com esse monstro, e nĂŁo criar mais um e manter, irrigar!
Ana- Acho que vocĂȘ estĂĄ sendo radical!
Adilson- Acho que vocĂȘ estĂĄ sendo burra! Onde jĂĄ se viu pensar com o coração numa hora dessas?! Meu Deus! SĂł uma mulher, mesmo!
Ana- Amor… (Irritada, tenta acalmar-se) Amor… Que tal falarmos de outra coisa? Algo de bom! Esse assunto resolvemos um outro dia, que tal?
Adilson- Ótimo! Melhor! Preciso esfriar minha cabeça… (Mexe no armĂĄrio) Onde estĂĄ o whisky? (Acha a garrafa) Ah, aqui!
Ana- Quer gelo? (Ameaça levantar)
Adilson- NĂŁo precisa… (Vai atĂ© a cozinha e pĂ”e algumas pedras de gelo em seu copo) Perfeito!
Ana- Eu tenho uma notĂ­cia Ăłtima! É bom vocĂȘ pegar um charuto!
Adilson- Charuto? Como assim?
Ana- Eu estou grĂĄvida! (Momento tenso)

Dona Luana- (Voz Over) Vagabunda!

CENAS DA AVENIDA PAULISTA

CENA SETE. SHOPPING PAULISTA. INT. DIA. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO.
DONA LUANA ESTÁ TOMANDO CAFÉ COM UMA AMIGA NA PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO DO SHOPPING NÃO MUITO MOVIMENTADO. AS DUAS FOFOCAM SOBRE CAROL E SUA VIDA.
Cida- Mas por que?! Calma!
Dona Luana- Por que Ă©! É uma puta! VocĂȘ nĂŁo sabe da metade… Essa vadia tem um ex-namorado ex-presidiĂĄrio, a irmĂŁ Ă© lĂ©sbica…
Cida- Assim como Fernanda!
Dona Luana- É só uma fase! E agora, ela está desvirtuando o meu filhote! É uma puta! Vadia!
Cida- Mas vocĂȘ nĂŁo estĂĄ irritada por ela ter um ex-namorado que era presidiĂĄrio ou uma irmĂŁ lĂ©sbica – vocĂȘ estĂĄ irritada por ela estar junto do ZĂ©! (Rindo, estuda as feiçÔes da amiga) Pelo seu rosto, vejo que estou certĂ­ssima!
Dona Luana- EstĂĄ mesmo! Odeio quando eu vejo ela agarrada ao meu menino! Odeio ouvir os dois transando! E agora estou odiando profundamente ela estar grĂĄvida do meu menino! Isso tem cheiro de golpe da barriga!
Cida- Meu Deus! Como vocĂȘ Ă© paranĂłica! De onde vocĂȘ tirou isso?
Dona Luana- De onde? (Rindo) TĂĄ na cara que Ă© golpe! NĂŁo vai ter golpe!
Cida- VocĂȘ deveria parar de ser paranĂłica, sabia?
Dona Luana- Vou fazer aqueles dois se separarem!
Cida- O que?! Como?! NĂŁo!
Dona Luana- Sim! Pelas conversas que ouvi, aquele ex dela, Adamastor, ainda a ama! Ainda quer algo! Vou armar um encontrĂŁo entre os trĂȘs – meu filho vendo os dois na cama! Que tal?
Cida- ReprovĂĄvel!
Dona Luana- Genial! AtĂ© sei o telefone do malandro – Ă© uma ligação pro meu filho estar livre daquela vagabunda! E fique calma, tenho tudo sobre controle – atĂ© sei a viagem que o meu filho farĂĄ quando estiver solteiro… Miami!
Cida- Mas ela estĂĄ esperando um bebĂȘ!
Dona Luana- Tudo o que entra, sai… Mas calma, tudo em seu tempo! Vou ligar pra Adamastor – serĂĄ sucesso!
Cida- Reprovo!

CENA OITO. CASA DE ADILSON. INT. DIA.
ADILSON E ANA DISCUTEM FEIO. ELE QUASE A AGRIDE.
Adilson- (joga o copo de Whisky contra a parede e urra) VAI TIRAR SIM ESSA CRIANÇA! NÃO VAMOS TER UM FILHO!
Ana- Vamos! Vamos sim ter um filho! Eu quero
Adilson- Mas eu nĂŁo quero! Eu nĂŁo estou… (Senta no chĂŁo e chora) Eu nĂŁo estou em condiçÔes, preparado para ter essa criança!
Ana- (o abraça) Eu também não, meu amor!
Adilson- VocĂȘ Ă© mulher, tem maternidade correndo em vocĂȘ desde sempre!
Ana- Que absurdo! Eu tambĂ©m nĂŁo estou preparada e tambĂ©m estou assustada com essa gravidez! É uma experiĂȘncia totalmente nova pra mim assim como Ă© pra vocĂȘ! Juntos vamos aprender a sermos pais!
Adilson- NĂŁo quero! NĂŁo quero! NĂŁo quero!
Ana- Querendo ou nĂŁo, vamos ter essa crian…/
Adilson- (dĂĄ um soco na barriga de Ana) NĂŁo quero!
Ana- (deita-se de dor) Seu monstro! Monstro!
Adilson- Vou pagar… (Segura seus braços) Vou pagar um mĂ©dico excelente pra vocĂȘ abortar essa desgraça! (Ela se debate) Para! Para! Para com isso!
Ana- Me larga! Maldito!
Adilson- Eu nĂŁo quero esse parasita! Quero uma vida sĂł pra mim! SĂł eu e vocĂȘ, sem mais ninguĂ©m! (Leva um chute no saco) Vaca!
Ana- VocĂȘ, eu e o CĂ©sar!
Adilson- (paralisado) O que?! O que!!
Ana- Eu gaguejei? VocĂȘ, eu e o seu amante latino! O CĂ©sar! Aquela bicha! (O chuta na barriga) Bicha! VocĂȘ acha que eu nĂŁo sabia?! Eu me fazia de cega! De surda! E de muda!
Adilson- (chora) Meu Deus! (Estribucha no chĂŁo)
Ana- Eu sempre soube, seu gay enrrustida! Mas nĂŁo queria… (Segura sua cabeça) Olha pra mim! Engole o choro assim como faz com o CĂ©sar! NĂŁo queria admitir pra mim mesma que o meu marido era uma maricona medrosa que estava dentro do armĂĄrio! Sabe o nosso casamento? Tem um video de vocĂȘs dois transando na varando do Buffet! Graças a Deus sĂł eu sei… Eu e os seguranças do local – um deles te chamou de boca de veludo; outro, de talentoso! Paga de macho alfa, servo de Deus, mas nĂŁo passa de uma menina medrosa! (O chuta) Que tem coragem de chutar a barriga da esposa grĂĄvida. E pior, falar de aborto assim como fala de futebol – banalmente!
Adilson- Des-desculpas… (Chora)
Ana- (se levanta e pega sua bolsa) Vou embora dessa casa – antes de tudo, vou passar no Pronto Socorro e ver como estĂĄ o meu filho; depois, passar a noite na Fernanda ou em algum motel barato…
Adilson- (com dor, tenta se levantar) Me… Me descul…/
Ana- E visitar o seu pai! Seu Agenor Santiago… Ele deveria ter estuprado sua mĂŁe antes do tiro – ia morrer fodida, literalmente!
Adilson- (chora) Meu pai NÃO!
Ana- Seu pai sim! SIM! Vou dar toda assistĂȘncia de que ele precise! Esse casamento acaba aqui…/
Adilson- Eu assumo! (Se joga aos pés dela) Eu assumo a criança!
Ana- (o chuta) A Ășnica coisa que vocĂȘ deveria assumir Ă© a sua homossexualidade! (Sai de cena)
Adilson- (chorando) VAGABUNDA!

CENAS DO SOL SE PONDO AOS POUCOS NA CIDADE DE SÃO PAULO

CENA NOVE. APARTAMENTO DE FERNANDA E JANA.
ANA DESABAFA SOBRE SUA DISCUSSÃO COM ADILSON. FERNANDA E JANA TENTAM A ACALMAR. TODAS ESTÃO SENTADAS À MESA DA SALA.
Jana- (lhe entrega um copo) Água com açĂșcar
Ana- (chorando) Os mĂ©dicos do Pronto Socorro disseram que o bebĂȘ estĂĄ bem
Fernanda- De quantas semanas?
Ana- Nove, creio eu…
Jana- Acho que o feto jå estå em formação
Fernanda- Sim, estĂĄ…
Ana- Foi horrendo! DiscussĂŁo horrenda! Tudo horrendo!
Fernanda- (a abraça) Fica calma! VocĂȘ vai ficar bem!
Jana- JĂĄ jantou?
Ana- TĂŽ sem fome… Gente, desculpem mas nĂŁo quero mais falar sobre isso
Fernanda- Calma, calma – vocĂȘ estĂĄ aqui pra botar sua cabeça no lugar. Pensar nas coisas e na sua vida!
Ana- Muito obrigada!
Fernanda- O Seu Juarez jĂĄ estĂĄ dormindo no quarto de hĂłspedes, vou arrumar sua cama aqui na sala, tudo bem?
Ana- Tudo perfeito! Desculpe pelo trabalho
Fernanda- Trabalho nenhum, fica tranquila!
Jana- (pega uma muda de roupas e uma toalha) Um pijama pra vocĂȘ e uma toalha de banho
Fernanda- Se quiser uma ducha calmante, pode ficar Ă  vontade! A casa Ă© sua!
Ana- Muito grata, meninas! (As abraça) Como posso retribuir?
Jana- Tomando um pouco do meu caldo de batatas! EstĂĄ uma delĂ­cia! (Riem)
Ana- Vou querer sim…

CENAS DE OSASCO

CENA DEZ. BAR DO BETO. INT. NOITE.
SEM MOVIMENTO, BETO E ADAMASTOR FECHAM O BAR. BETO ORGANIZA ALGUMAS COISAS NO BALCÃO ENQUANTO ADAMASTOR TRANCA O BAR. O TELEFONE TOCA.
Beto- (atende) AlĂŽ? Quem?! SĂł um instante… Ada?
Adamastor- Sim?
Beto- Pra vocĂȘ… (Entrega o telefone nas mĂŁos do empregado) Termine aqui, estou entrando – e nĂŁo tente gracinha nenhuma, estou confiando em vocĂȘ! (Sai de cena)
Adamastor- AlĂŽ? Quem Ă©?
Mulher- (Voz Over) Margot Mary Wendice. Mas vocĂȘ pode me chamar de Margot
Adamastor- NĂŁo conheço ninguĂ©m com nome Europeu, boa noi…/
Mulher- (rĂĄpida) Sei tudo sobre Carol e seu casamento fracassado!
Adamastor- Trote! (Desliga o telefone) Esses malditos! Querem terminar de estragar a minha vida? (Termina de organizar as coisas e fechar o bar. O telefone toca, mas ele nĂŁo atende)
Beto- (Voz Over) Atenda, seu maldito!
Adamastor- (tira o telefone do cabo telefĂŽnico) NĂŁo! NinguĂ©m sabe! Quem poderia saber? (Sai de cena mas nĂŁo para de encarar o telefone) Carol… Carol… NĂŁo! (Confuso) Carol? (Corre atĂ© o telefone, reconectando-o ao cabo telefĂŽnico. Encara o telefone) Vamos! Vamos? Carol! Casamento! Vamos Margot, ligue de novo!
Beto- (o observa) Com quem fala?
Adamastor- Com… Com o… É que…/ (Telefone toca)
Beto- Eu aten…/
Adamastor- (mais rĂĄpido) AlĂŽ?! Margot!
Beto- Vou pra cama… (Sai de cena)
Adamastor- Desculpe… Eu estou… Estava nervoso! Ainda estou! Encontrar aonde? Sei, sei sim – fica perto de Santo Amaro – conheço o bairro… Ok… Adeus, Margot – espero por notĂ­cias desse casamento! (Desliga o telefone) Beto?! (Grita) Beto?!
Beto- (Voz Over. Irritado) O que, cara?!
Adamastor- Vou atĂ©… AtĂ© a casa de uma amiga, volto jĂĄ…
Beto- Se me atacar, vou atacar! Isso é uma ameaça!
Adamastor- (pÔe um casaco) Até mais! (Sai de cena) Carol!

CENA ONZE. CASA DE DONA LUANA. INT. DIA. SALA DE ESTAR.
CAROL E ZÉ ROBERTO ASSISTEM A UM FILME NA TELEVISÃO. DONA LUANA SE ARRUMA PARA SAIR.
Carol- Adoro esse filme!
ZĂ©- VocĂȘ vai se surpreender quando descobrir que o filho se fantasiava de mĂŁe – Norman matou Marion
Carol- Esse diretor Ă© incrĂ­vel!
Dona Luana- Adeus, crianças…
ZĂ©- Onde vai, mĂŁe?
Dona Luana- Onde mais? Jogar poker com minha amiga Cassandra SalĂŁo, no Arouche
ZĂ©- Mas ela nĂŁo estĂĄ pobre?
Dona Luana- Vamos apostar balinhas de canela ao invĂ©s de grana… É… Vou indo
ZĂ©- Toma cuidado – quer um Uber?
Dona Luana- Cida vai me dar uma carona… Estou atrasada… (Sai de cena)
ZĂ©- Mas ela nĂŁo gosta de jogos de azar
Carol- Deixa ela se divertir, oras! O filme!

Cida- (Voz Over) Pra onde vamos, Luana?
Dona Luana- CemitĂ©rio Campo Grande – vai logo, Cida, sua lerda!

FIM DE CAPÍTULO

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