a lua que te dei penultimo episodio
EPISÓDIO 12
ATÉ LOGO
Era tudo escuro, o cheiro de sujeira resvalava todo o ambiente, tudo levava ao sombrio, ao sem cor. Tyler Forbes já estava ali há alguns dias e agora estava sentado desenhando a letra ” M ” no chão, sujo da cadeia, até um carcereiro aparecer. Tyler e os outros dois presos que estavam na cela direcionaram toda a atenção ao homem que geralmente tinha a função de chamar os presos para receberem visitas.
– Senhor Tyler Forbes, sala de visitas agora. – falou o homem alto que usava uniforme preto.
Tyler levantou-se rapidamente e acompanhou o carcereiro por um corredor, onde haviam várias outras celas, e que dava acesso a sala de visitas, que era uma sala pequena e escura que tinha uma mesa bem ao centro e duas cadeiras uma de cada lado da mesa.
Ao chegar a sala, Tyler encontrou um homem sentando em uma das cadeiras, se tratava de Paul, um velho conhecido que já o havia ajudado em várias ocasiões e que de certa forma era o seu amigo.
Após o carcereiro sair da sala e trancar a porta, os dois deram início a uma conversa.
– Então parceiro, como é que tu veio parar aqui. – perguntou Paul.
– Briga de rua.
– Mas me disseram que tu já tá aqui faz dias…Só briga não da essa cana toda. – questionou o visitante.
– Depois que eu fui preso o delegado decidiu dar uma busca la na minha casa…ai o resto tu já sabe – falou Tyler com raiva.
– E o que você quer brigando com um garoto Tyler?
– Culpa do Martin…mas ele vai pagar e você vai me ajudar? – falou Tyler olhando fundo nos olhos de Paul.
– Ficou maluco, vai querer matar o moleque?
– Não, claro que não…Você só vai precisar invadir a casa dele e colocar alguns dos nossos produtos malocados lá, e aí o Martin vem pra cá se juntar a mim…E eu ainda vou ser mais bem visto aqui por ter entregado ele. Tá ligado?
– Não. – falou Paul meio confuso.
– Ah faz o que eu te pedi e pronto. – falou Tyler com impaciência. – E aí posso contar contigo?
– Claro que sim…- falou Paul apertando a mão de seu amigo.
Paul deixou a sala de visita, e Tyler ficou sozinho pensando em como faria para que houvesse uma vistoria na casa de Martin. Atrapalhando os seus pensamentos o carcereiro pediu para que o preso voltasse a cela, Tyler levantou-se e acompanhou o carcereiro, porém ao chegar na parte do corredor que dava acesso a sala do delegado, ele correu em direção ao delegado, porém foi logo alcançado por seu vigilante. Tyler ainda tentou explicar o motivo por querer falar com o delegado, porém o carcereiro não quis o escutar e o conduziu até a cela onde estava inicialmente.
Tyler voltou para o local onde havia estado por todos os últimos dias e então acabou tentando dormir, porém logo foi acordado pelo barulho de um dos policiais que agora pedia para que o carcereiro abrisse a cela.
– Levanta ! – falou o plolicial chutando Tyler, que levantou rapidamente. – O delegado quer falar com você.
Tyler olhou para o homem a sua frente, e ainda com sono levantou-se e o acompanhou. Já na mesa em frente ao delegado Tyler estava em pé, e olhava atentamente para o homem a sua frente, que agora preenchia algumas folhas, com sua rápida assinatura.
– Então senhor Forbes, soube que queria falar comigo? Decidiu entregar os seus ” amigos ” ? – perguntou o delegado com um tom irônico, sem retira o olhar de suas assinaturas.
– Na verdade é exatamente isso. Acho que o senhor precisa saber de algumas coisas… – falou Tyler sentando na cadeira em frente ao delegado.
– Pode começar, estou lhe ouvindo.
– Não vai pegar depoimento?
– Não…Digamos que eu queira ouvir primeiro de forma impessoal.
– Está certo… – falou Tyler sorrindo para depois começar o seu relato. – Eu sempre tive um amigo, na verdade um grande amigo, e se hoje eu estou aqui foi por conta dele, se eu entrei nesse mundo ele que me trouxe…Nós éramos como se fossemos sócios, e ele sempre me ajudou…
Tyler foi interrompido pelo delegado que até então ouvia em silêncio, porém algo o deixou curioso a ponto de fazer uma pergunta.
– Espere…Mas se vocês são assim tão amigos por que você o vai entregar?
– Ele é um traidor, desfez a sociedade.
– Mas se ele disfez essa sociedade, isso quer dizer que ele não é mais traficante nem usuário.
– Não mesmo, ele apenas seguiu caminho sozinho…Lhe afirmo que se o senhor investigar irá encontrar indícios de que ainda está no crime.
– E o senhor poderia me dizer qual o nome desse seu amigo? – indagou o delegado com curiosidade.
– Bennett…Martin Bennett.
OoO…
O chuveiro acabara de ser ligado mas Martin estava sem vontade alguma de entrar debaixo daquela água, pois era muito cedo, mais precisamente 6:13 h da manhã, e a água parecia que ficava apenas mais gelada, desde que a eletricidade do chuveiro havia sido danificada, o garoto sofria a tortura que é enfrentar uma água extremamente gelada aquela hora da manhã. Após muito se esquivar Martin finalmente se permitiu sentir a água em seu corpo e o arrepio que ela causava em sua pele, fazendo uma boa limpeza em seu corpo e principalmente na sua mente, que até então estava completamente cheia de pensamento que precisavam ser esquecidos, e que de certa maneira eram levados com a água que caia pelo seu rosto misturando misturada a algumas poucas lágrimas que ainda insistiam em deixar os olhos do rapaz.
Após um longo e demorado banho, Martin agora saia do conforto da água para retira-la do seu corpo com uma toalha branca que agora era enrolada no corpo do garoto que ia até o guarda-roupas procurando algo para vestir, quando ouviu o som da campainha de sua casa que agora soava pela casa com certa inquietação. Martin vestiu-se rapidamente e correu as escadas que davam acesso a sala de sua grande casa, e ao abrir a porta de entrada encontrou logo a sua frente um rosto já conhecido, os olhos daquele homem, que sempre lhe trouxe medo e uma espécie exagerada de respeito, se tratava do delegado da cidade e de mais dois homens que o acompanhavam, que usavam o fardamento da delegacia.
– Boa Tarde! Senhor Bennett. – cumprimentou o delegado.
– Boa tarde! – respondeu Martin demonstrando certa estranheza com a visita inesperada.
– O senhor tem tempo para uma conversa informal? – indagou o delegado.
– Claro…Entre – respondeu Martin dando passagem ao delegado e seus subordinados, que sentataram-se no sofá da sala.
Martin estava aflito com a visita repentina do delelegado e algo lhe dizia que aquilo tinha haver com Tyler.
– Então delegado o que o senhor tem a me falar?
– Na verdade eu não vim apenas para conversar…Vim averiguar algo. O senhor poderia permitir que os meus homens façam uma…vistoria em sua casa? – indagou o delegado de forma cordial.
– Por acaso o senhor possui um mandato ou ordem para invadir a minha casa? – perguntou Martin visivelmente irritado.
– Na verdade ainda não, mas tenho um testemunho que afirma o seu envolvimento com o trafico de drogas ilegais.
– Eu tenho certeza que isso é coisa do Tyler, mas quer saber? Podem olhar o que quiserem, não iram encontrar coisa alguma.
– Assim espero – disse o delegado dando sinal verde para que os policiais vistoriassem a casa de Martin.
Os dois policiais subiram para os quartos enquanto o delegado e Martin seguiram a conversa na sala.
– Quer dizer então que o senhor escuta aquele psicopata do Tyler? – indagou Martin.
– Digamos que eu tenha que averiguar tudo que ouço. – concluiu o delegado.
Martin acabou levantando em sinal de irritação e ao tentar dizer algo, os dois policiais desceram as escadas do quarto de Martin com três embalagens cada um.
– Achamos isso aqui senhor…Estava no fundo do muro escondido em uma caixa. – falou um dos policiais.
– Eu juro que isso não é meu…Nunca vi isso – falou Martin em tom de desespero.
– Pode algemar. – Ordenou seus subordinados, o delegado – O senhor está preso Martin Bennett.
Martin estava aflito e confuso com tudo aquilo e tentava a todo momento convencer o delegado de que de fato aquele material não o pertencia, porém a autoridade não o respondia, apenas o olhava de relance com um olhar que demonstrava certa pena e decepção.
O caminho até a delegacia não era longo, apenas alguns quarteirões e Martin já estava descendo da viatura ainda algemado sendo conduzido pelos policiais até a delegacia. Martin lembrava de já ter estado ali para responder por pequenos problemas típicos de adolescência, como brigas de rua ou por dirigir antes da maioridade, porém agora ele estava ali por um motivo sério, ele estava sendo preso e um dos policiais o estava lhe levando até uma cela que havia um homem sentado no chão da cela, o detento escondia sua face pois estava de cabeça baixa, porém Martin o reconhecia em qualquer situação, e ao perceber de quem se tratava o seu coração acelerou, suas veias pareciam pulsar como nunca, o seu rosto estava quente como se houvesse levado um tapa.
– Ai está o seu companheiro…Acho que vocês tem muito o que conversar. – falou o policial sorrindo e trancando a cela deixando os dois rapazes sozinhos.
– Olha só! Temos visita! Se soubesse teria arrumado a casa. – falou Tyler sorrindo ironicamente.
Martin não o respondeu de forma alguma, apenas o olhava de forma fria e raivosa.
– Não vai me cumprimentar amigo? – indagou Tyler com um sorriso no rosto.
No mesmo instante em que ouviu tais palavras Martin correu em direção de Tyler e o atacou com o soco, em seu rosto, para logo depois deferir sobre seu rival um chute no estômago, que fez com que Tyler caisse no chão tossindo um pouco com uma expressão de dor misturada a um sorriso.
— Eu consegui! – falou Tyler com um tom de voz quase inaudível, porém cheio de vontade.
Martin o chutou novamente, porém Tyler continuava sem reação, apenas quieto, então Martin sentou em um canto da sela e ficou apenas olhando seu inimigo caido no chão.Após alguns minutos dessa maneira, o policial voltou a cela e pareceu não reparar o estado em que Tyler se encontrava, apenas disse :
– Visita para o senhor Benett.
– Ah não acredito que o papai já veio soltar o filhinho. – resmungou Tyler ainda no chão.
Martin não deu atenção e levantou se rapidamente e seguiu o policial que o conduziu até a sala de visitas, onde encontrou o seu pai, Mayc, que estava sentado o olhando de forma séria sem demonstrar nenhum sentimento.
– Senta – falou o mais velho de forma séria.
– O que você veio fazer aqui? Por acaso veio dizer que eu sempre fui um marginal?Que o meu irmão nunca faria isso?O que mais?
– Na verdade eu vim te tirar daqui por mais que eu tenha uma enorme vontade de te ver apodrecer aqui nessa cadeia.
– Então vai embora, eu sei que você não se importa comigo…Pra que fingir que se importa?
– Eu não me importo! – falou Mayc quase em um grito – mas a sua mãe se importa, e é por ela que eu estou aqui.
– Perdeu seu tempo, os caras encontraram droga que plantaram lá em casa. – falou o mais novo.
– Escuta que eu só vou falar uma vez…Eu já conversei com o delegado, amanhã você vai estar livre…
– Como?
– Não importa, mas amanhã quando você for solto, vá até sua casa, e na mesa da sala você vai encontrar uma passagem apenas de ida…Você vai embora, junto com as passagens tem um bom dinheiro e um número de conta bancária onde eu vou depositar uma quantia mensal…
– Espera, por que isso?
– Não importa já disse, apenas nos livre de ter que olhar para você todos os dias…Vai embora! Por favor sua mãe não sabe da sua prisão, nem tente avisar que você vai embora a ela…ela não merece tanto desgosto.
– Só isso? – indagou Martin.
– Sim…Eu estou indo. Até qualquer dia. – falou Mayc saindo da sala de visitas para depois cair em um choro ao qual forçava não se entregar.
Enquanto isso Martin continuava na sala de visita ainda sem saber o que estava acontecendo, então foi reconduzido para cela, onde encontrou Tyler novamente, que agora estava sentado em silêncio.
Rapidamente a noite chegou e Martin tentou dormir na cama da delegacia, que não era nada confortável, porém não era a cama que estava tirando o seu sono, e sim o que havia escutado de seu pai.
Após muito pensar o garoto acabou caindo no sono, fazendo com que assim a noite passasse rapidamente. Ao amanhecer como já havia dito Mayc, o delegado chamou Martin e o libertou. Ao sair da delegacia Martin andou rapidamente até sua casa e ao abrir a porta de sua casa logo viu a passagem da qual seu pai havia lhe falado. Ao ver o destino da viagem Martin sorriu pois lembrou de um dos momentos de sua infância, quando ele via um filme com seu pai e seu irmão, o filme inteiro era ambientado na Virgínia, então Martin lembrou que desde esse dia ele sempre falou ao seu pai que tinha vontade em conhecer a cidade.
Martin pegou as passagens ainda sorrindo as levou para o quarto, onde tomou banho e trocou de roupa para depois arrumar algumas malas, enquanto organizava tudo o garoto enviava diversas mensagens para várias pessoas.
Após tudo pronto Martin fechou todos os cômodos da casa e se encaminhou até a rodoviária da cidade de Flowers, lá encontrou várias pessoas indo e voltando daquele lugar, porém em meio a tantas pessoas não via ninguém conhecido, ninguém para se despedir e isso o fez sentir uma enorme vontade de chorar, foi então que se sentiu muito sozinho com muitas pessoas.
– Martin! – gritou a voz conhecida de Kathryn, fazendo Martin parar de andar.
Junto a garota estavam Kim, Anthony e Megan, todos haviam recebido a mensagem de despedida de Martin, e ali estavam para tentar impedi-lo de ir embora ou apenas se despedir.
– Vocês vieram! – falou Martin com uma voz embargada, abraçando a todos.
Após algumas tentativas de Kathryn o fazer ficar todos puderam perceber que Martin estava decidido a ir embora e então começaram a se despedir. Martin começou com Megan que buscava não chorar, porém sentia que logo suas lágrimas iriam cair. Martin deu um abraço na loirinha para depois olhar em seus olhos.
– Olha eu poderia fazer uma lista de xingamentos para dizer pra você, por todas as coisas erradas que você já fez…Então eu penso que eu mesmo não posso te julgar…Somos humanos, e erramos…erramos…e erramos de novo, e esse é o ciclo. Só peço que tente acertar, tente ser novamente a garota que encantou o meu irmão, por que é só essa garota que merece viver o amor novamente. – finalizou Martin direcionando o olhar a Anthony, pedindo que o garoto se aproximasse.
Martin colocou sua mão no ombro de Anthony para então começar o seu discurso de despedida.
– Pequeno Salvatore…Você tem muita sorte, olha ali o seu irmão. – falou Martin apontando a Kim – Ele é o cara mais íntegro que já conheci…Ele é pra você tudo o que eu deveria ter sido para o meu irmão, por isso aproveite cuide e deixe ser cuidado – finalizou abraçando Anthony.
Martin então pediu para que ficassem apenas Kim e Kathryn, assim Anthony e Megan foram embora deixando o trio “sozinho em meio a multidão”.
– Kim Salvatore…Se me perguntassem o que quero ser quando crescer, diria que quero ser algo próximo ao que você é. Você é tudo que eu deveria ser…e é por isso que você…ficou com a garota. – falou Martin derramando uma simples gota de lágrima – Eu sei eu deveria te odiar…Eu perdi a garota pra você, mas eu decidi gostar de você, que foi o mais próximo de um amigo que eu já tive.
Kim ouvia as palavras de Martin e então decidiu o abraça-lo com muita força, e o mais velho apenas retribuía o abraço. Kathryn via e ouvia a tudo quieta e com um semblante triste. Martin então continuou.
– Kathryn Lockwood, acho que só falta você… – Martin falou recebendo um olhar triste da garota, e sendo interrompido por Kim que avisou a Kathryn que iria até uma lanchonete que ficava próxima dali, para deixar o ex casal sozinho.
Já sem a presença de Kim, Martin tocou no cabelo de Kathryn que agora chorava a cada toque do rapaz que começou a falar, sem deixar de tocar os cabelos da garota próximo a sua nuca.
– Kath, sem dúvidas você foi o melhor da minha vida… Você conseguia tirar de mim o melhor…aquilo que só você via. Você me fez sorrir, me fez acreditar que eu poderia amar e que sim…poderia ser amado, me fez enxergar que a vida é linda, e o nosso amor pode não ter sido eterno, mas eu sei que nos amamos…ou melhor eu sei que você me ama assim como eu…te amo. Você tem um novo amor, e eu só peço que você seja feliz…Assim como eu vou tentar sem você – falou o garoto abraçando Kathryn de forma suave.
Após alguns minutos protegidos naquele Abraço Kathryn e Martin se despediram e o garoto foi se afastando, deixando a garota chorando, vendo-o cada vez mais distante até sumir do seu campo de visão para entrar no ônibus, onde longe dos olhares daqueles que ama se permitiu chorar também, enquanto seguia a caminho da Virgínia…
OoO…
Eu não acredito, eu não queria que ele fosse embora!
Chorei né. … 🙁
OWNT OBRIGADO POR LER…O ULTIMO JA FOI POSTADO