Capítulo 46 – Pupilos
Anteriormente..
O táxi parou na frente do hospital. Agatha e James foram direto para o quarto de Naomi, lá estavam presentes senhor Paulo, a senhora Beti, o delegado Sandro e Rafaela acompanhando o pai:
– Desbucha Naomi! Eles já estão aqui! Falava nervosa Rafaela..
– Calma gente a Naomi recém ta se recuperando, não podemos fazer grande movimentos aqui no hospital, mantenham a calma. orientava delegado Sandro.
– Fala logo minha garota pedia pacienciosamente Paulo..
– Eu gostaria que Agatha tivesse aqui e também o James que me encontrou juntos aos senhores aquele dia.. Me deram um tiro na hora que estava entrando.. se explicava Naomi.
– Porque me chamou Naomi?! Perguntava Agatha
– Lembra quando rasguei todas as suas roupas?
– Lembro sim! Dizia Agatha..
– Eu odeio aquelas roupas! E principalmente de como elas são produzidas..
– Produzidas?! Perguntava delegado Sandro.
Naomi pediu que a deixassem contar a longa história sem interrupções era p momento de falar tudo o que sabia:
– Embaixo da loja de roupas tem um porão. Ele é escuro, quente e sem vida. Lá Jorge mantém presa algumas pessoas produzindo suas diversas marcas de roupas. As vítimas eram pessoas que tinham conhecimento sobre custura, estilismo e cortes.É um trabalho escravo e doentio. Os empregados trabalham mais de 15 horas por dia e tem direito apenas uma refeição. Éramos vigiados rigidamente por seguranças e não podíamos falar uns com os outros. Tínhamos direito a fazer uma necessidade por dia, era sempre posterior ao almoço. Quando ocorria alguma irregularidade ou não produzíamos éramos torturados, principalmente com tesouras. Jorge é o mentor, vivia transitando o local e exigindo produção. Um dia ele esqueceu a porta entre aberta e por alguns segundos e fui mais rápida que os guardas e fugi. Fui pra pensão da dona Rose, traumatizada e quando decidi revelar, pude ver naquela noite no “Ana Pub” que um daqueles guardas atirava em mim a mando de Jorge. No meio daquele trabalho escravo tinha uma menina sofrida, o nome dela era Ana. Ela estava o tempo todo lá embaixo da loja!
Todos se olhavam assustados! Naomi acabava de revelar a informação mais importante da vida daquelas pessoas.
As palavras de Naomi eram bem claras e detalhadas. Todos ficaram chocados com o relato da garota. Paulo e Beti choravam desesperadamente e queriam saber se a filha estava bem. Rafaela estava completamente apavorada e emocionada. Agatha não acreditava que trabalhara todo esse tempo para uma empresa que produzia através de serviço escravo, todos os presentes esboçaram as mais diversas reações diante da revelação feita por Naomi:
– Pai o que estamos esperando?! Vamos invadir aquele porão! Dizia Rafaela determinada.
– Eu vou providênciar toda a equipe pra que possamos invadir o local, antes eu gostaria que Naomi me explicasse como é lá dentro, não podemos cometer nenhum erro e por em risco a vida das pessoas que estão lá dentro.
Enquanto Naomi dava detalhes das passagens do porão, Paulo abraçava Beti:
– Hoje é o grande dia querida. Olhava nos olhos da esposa emocionado.
– Meu coração não está aguentando.
Agatha olhava James preocupado e deu um abraço caloroso nele:
-No fim às coisas sempre tem uma solução, sorria ela.
– Eu espero que sim!
– Desculpa pelos últimos dias.. Eu não conseguiria ficar um mês longe de você!
– Eu sempre soube disso! Brincava. Os dois se beijavam e todos deixavam o quarto em direção ao porão. O delegado Sadro agia estrategicamente para invadir o local. E por fim Naomi aguardava receber alta, nos últimos dias no hospital.
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Depois que Jorge saiu sua mãe adormeceu no sofá, Tomi olhava para Paula calado e muito triste:
– Vamos até o quintal… Convidava Tomi.
– Olha eu posso explicar tudo.. Dizia Paula
– Eu não quero que você me explique nada, só quero que me confirme uma coisa
– o que?!
– É verdade que você e meu pai…
– Ele me assediava..
– Paula?! Porque não foi até a polícia e não denunciou isso crime!
– Eu não denunciei porque posteriormente aceitei. Dizia envergonhada.
– Aceitou! Que tipo de pessoa eu coloquei para cuidar minha mãe! Você não tem pena dela não !!
– Desculpe, eu amo sua mãe! Ela tem sido a alegria da minha vida!
– Eu tenho nojo de você! Se aproveitou da situação, pra ficar aqui na minha casa! Sob o mesmo teto que meu pai!
– Não é verdade! Eu juro, eu não queria vir trabalhar Aqui! Dizia chorando!
– Apartir de hoje, eu não queromais a sua presença nessa casa! E muito menos perto da minha mãe!
Paula chorava, pois tinha uma ligação muito forte com a mãe de Tomi e não passava um dia sem se arrepender de ter se deixado envolver por aquele homem…
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Na pensão Julio liga para a “morena sensual” e marca um encontro:
– Alô ?! Dizia uma voz fina.
– Oi.. Dizia tímido
– Então em que posso ser útil? Dizia em tom de pretensão.
– Eu queria saber o valor do programa?
– Como vai ser bonitão, completo?! Só você ?!
– Completo ?! Perguntava sem saber..
– Sim! Você sabe né! Completinho!
– Ah sim completo! Dizia com convicção, mesmo sem entender.
– Então custa 500 reais à noite, menos tempo podemos negociar, motel por sua conta.. O resto pode deixar comigo..que voz de garoto novinho! Adorooo!
– Ok, dizia tremendo Beto.
– Amanhã a noite?! Combinado então mocinho!
Beto havia juntado umas economias e entendia que não havia dinheiro nesse mundo que o fizesse se sentir melhor perdendo sua virgindade.
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Dona Rose esperava ansiosa por Naomi que havia ligado que retornaria à pensão assim que recebesse alta:
– Naomi!! Que bom te ver. Agatha me contou tudo pelo telefone!
– Eu quero virar a página dona Rose! Quero voltar minha vida ao normal..
– Eu sabia que tinha algo de errado com você! Podia se abrir com a agente!
– Esta tudo bem agora! Quero voltar às minhas rotinas e ano que vem voltar a estudar!
– Isso garota!! Confesso pra você que enquanto não ver o chefe da Agatha preso, não vou dormir a noite!
– Aquele cretino vai ter o que merece!
– Se Deus quiser minha filha! Seja bem vinda novamente!
– Me dá licença vou largar meus pertences e vou sair!
– Mas recém saiu do hospital! Precisa repousar!
– Tenho algo importante a fazer, dizia ela com os olhos brilhando.
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A polícia chegava ao local, entraram todos armados na loja. Os clientes ficaram apavorados. O piso do estoque era um assoalho velho, conforme Naomi explicou. Embaixo desse local estava a passagem que levava até o porão. Os policiais retiraram umas caixas e podiam ver uma porta minúscula, entraram armados.O delegado Sandro havia avisado as outras famílias das vítimas e todos aguardavam pelo lado de fora nervosos. Por motivo de segurança somente a polícia entrou e depois de alguns minutos saia para rua três vítimas, com o cabelo raspado e com uma aparência de desnutrição profunda,as famílias se abraçavam e choravam, logo atrás vinha o delegado Sandro:
– Fala delegado cadê minha filha ?! Ela estava lá? Dizia Beti nervosa.
Sandro olhou nos olhos de todos e baixou a cabeça..
Continua..