Encerramento da Primeira Fase – Vovó Macumba!!!
…Continuação do Capítulo Anterior…
–Você será o meu presente … o meu presente … – Branca sussurrava freneticamente, enquanto envolvia o bebê recém-nascido em seu corpo. A essa altura, as suas vestimentas, corpo, rosto e cabelo estavam completamente manchados pelo sangue que preenchia o menino – meu…
Pelo fato de que estava sentada no chão, apoiada ao portão de ferro que havia acabado de fechar, consegue escutar da rua pessoas correndo e gritando, e o som de viaturas da polícia. Ela se levantou, para verificar pela janela se não havia nenhum risco para ela, já que ficara sabendo do ocorrido com os presidiários da região.
E com a atenção voltada para lá, sentiu uma corrente fria e gelada tocar a sua pele, arrepiando os seus pelos corporais. Revira com o canto dos olhos para verificar, notando a porta dos fundos entre-aberta. “Alguém está aqui!” refletiu automaticamente, ascendendo as luzes.
Com o campo de visão do interior do bar clareado, notou a sua presença, a do bebê, que chorava jogado no chão, e a de um homem vestindo um uniforme de presidiário, apontando um revólver em sua direção.
Castidade destranca a porta de sua casa novamente, entrando ela e Zé desapontados:
-Ela não está em nenhum lugar desta cidade! – comentava Zé desconsolado, se sentando no sofá – Do jeito que ela estava, ela não podia nem ficar sozinha em casa! Eu acho que tudo é culpa minha…
-Não é sua culpa, Zé – Castidade traz um copo com água na tentativa de acalmá-lo.
-É sim! Eu falhei quando ela perdeu o bebê. Eu devo ter sido um péssimo marido para ele ter chegado a esse ponto … – choramingava, quando o telefone toca. Castidade vai atender.
-Era sobre a Val. – anuncia, procurando sua bolsa para partir – Ligaram do hospital, parece que ela está internada em estado grave de hemorragia. O bebê nasceu. Mas … ninguém sabe aonde ele está…
-Pode passando tudo o que for valioso, madame! – ordenou rigorosamente o presidiário.
-Moço, você pode pegar qualquer coisa que quiser – disse ela, indo em direção ao seu bebê desesperada – Só não faça nada comigo e nem com o meu bebê!
O presidiário não perdeu tempo, avançando rapidamente até a caixa registradora. Retirou notas e notas arremessando-as para dentro de um saco que carregava. Ao perceber que não havia mais nenhuma grana ali, corre em direção ao portão para sair:
-Não faça nada conosco, por favor… – Branca resmungava apavorada, agarrando-se ao menino.
O presidiário levantou o portão para fugir, quando ele estava totalmente levantado, se depara com duas viaturas de polícia paradas:
-A rua toda está cercada! – anunciou um policial armado – Não há para onde fugir. Vamos prender todos vocês de volta!
O presidiário da um passo para trás, agarrando Branca pelos braços:
-Vocês não irão fazer nada, estão me entendendo?! – aponta a sua arma na cabeça dela – Ou não será apenas eu a me dar mau nessa história.
(…) Como a muito tempo não via, sua família se encontrava feliz e reunida novamente. Francisco no centro da mesa, Floriano e Val ao seu lado. E ela, presenciando todo esse momento:
-Está aqui quem faltava… – disse Francisco, entregando para ela o seu futuro neto (…)
-…Castidade! … – Zé tentava acordá-la, enquanto ela desperta assustada em sua cadeira, na sala de espera do hospital.
-Aconteceu alguma coisa? – Castidade fica preocupada.
-Sim. Quer dizer, ainda não. – Zé segurava um copo de café em uma das mãos – Temos que aguardar. Lembra do grave coma que Miguel ficou? Aquele que o deixou entre a vida e a morte? – ela afirma com um balançar da cabeça – Parece que até nisso eles se conectam. Val se encontra na mesma situação…
Essa notícia abala-a mais ainda. Pela primeira vez, nada fazia sentido. Essa ocorrência não batia com a visão que acabou de ter. Parecia nada estar mais no controle de suas visões. E agora, o que seria de sua filha?
-Não façam nada … não façam nada … – Branca ainda murmurava freneticamente.
O presidiário prevendo que não tiraria vantagem dessa situação, em seus pensamentos, decide traçar o mesmo trajeto que fez para entrar no bar: pela porta dos fundos.
Num momento de distração de ambos, rapidamente ele fecha o portão de ferro para baixo. Os policiais passam a disparar automaticamente, fazendo daquele portão uma tampa de panela estourando pipocas. Não podia fugir assim, desprovido. Então como garantia para a negociação com os policiais, captura o bebê dos braços de Branca:
-…DEVOLVE O MEU BEBÊ!!! … – gritou ela como um leão selvagem, ela iria avançar nele para pegá-lo de volta, mas como reflexo de defesa, o presidiário acaba disparando um tiro em seu corpo, derrubando-a no chão:
-Não era para isso ter acontecido, idiota! … – murmura o presidiário em êxtase, correndo em direção a porta dos fundos, que também dava acesso direto a garagem.
Nela estava o tão precioso e querido carro de Zé. Na qual ele faz questão de estraçalhar o vidro da porta para poder entrar. Passa a mão pelas bordas, facilmente encontrando as chaves:
-Manés… – brincou, acionando o motor do carro. Como não tinha tempo, também arregaçou o portão que tampava a garagem, ganhando acesso rapidamente para o asfalto que direcionava a longa e conhecida ponte da cidade.
No volante, ele retira sua máscara de meia-calça (aquelas que todos assaltantes usam) revelando um Francisco totalmente despenteado e barbudo. Roubar um amigo seu, como Zé, não era seu hábito. Mas precisava fugir dali por uns tempos, até ser retirado o “procura-se” de sua foto de perfil.
Com as mãos no volante, rapidamente ele olha para o bebê que trouxe consigo:
-Achei que Castidade tinha me contado que Branca havia perdido o nenê. – troca de marcha – Você não tem nada haver com o Zé … Espera! – e freia o carro bruscamente, que passava pelo centro da ponte divisa da cidade entre a outra parte do estado. No banco de trás, ele revira o bebê, visualizando uma mancha na parte superior da perna do menino. Cautelosamente, abaixa rapidamente a borda de sua calça, localizando uma mancha de nascença praticamente idêntica a sua. – Você não é o filho dela! Será que você é … – nem completou a frase, dando meia volta com o carro imediatamente, retornando em direção a cidade.
Efeito Sonoro de Fundo: A Thousand Years (Mil Anos) – Christina Perri
Ninguém nunca voltou para contar, mas dizem que antes de alguém morrer, a pessoa revive toda a sua história de vida. Bom, se isso for mentira ou não, Valerie vivia esse momento.
Ela não via, ouvia e nem sentia aquele aglomerado de médicos cercando-a naquela cama de hospital, mexendo com equipamentos e objetos cirúrgicos, retirando panos e panos de sangue; porém dentro de sua mente, tudo estava calmo e leve.
Automaticamente, começou a se passar um filme:
- -Ela, ainda pequena, enrolada num cachecol de plumas, segurando um microfone. Era o centro da atenção de todos, que aplaudiam-na.
-Seu pai, ensinando-a a dar os primeiros pedalei-os na sua bicicleta rosa de rodinhas. Claro, que com isso, vieram os primeiros tombos.
-Ela, agora mais grandinha, nos fundos da escola, abrindo aquele papel amaçado, na qual dentro estava escrito:
Quer namorar comigo?
[ ] Sim [ ] Não
-Aí vei o primeiro beijo. A primeira vez em que foi na praia.
-O primeiro namoro. O segundo.
-O momento em que deu um passo a frente, dizendo: “Sim! Eu aceito a Jesus como o meu único Salvador.”
-E, não tinha como se lembrar também, da primeira vez em que os seus olhos encontraram os de Miguel. Pensou ela ser amor à primeira vista. Talvez realmente fosse. Eram praticamente perfeitos cada momento, cada minuto e cada segundo quando estava ao seu lado. Ele completava um grande buraco que havia dentro do seu interior.
-Foi por isso que, sentiu outra vez o mesmo aperto no peito, doeu tanto relembrar as palavras: “É melhor a gente terminar.”
-E para completar o seu filme com chave de ouro, estava novamente naquele canto escuro da sala do apartamento de Barbara.
Como toda vida, teve sim os seus momentos bons e ruins. Num suspirar, vislumbra ela uma clara luz envolvê-la, com a mesma intensidade da lâmpada do teto que viu pela última vez que abriu seus olhos.
Ela não sabia definir esse momento. Nunca morreu antes. Mas, se por acaso estivesse morrendo naquela hora, só queria deixar suas últimas palavras “Adeus…”
-1°Intervalo Comercial-
-Não me olhe assim … – resmunga Branca, encolhendo-se no banco da delegacia, entregando o copo vazio, antes cheio de água:
-Custava ter ficado em casa? – Zé continuava dando bronca nela. – Não prego os olhos deis de ontem porque te procurava feito doido, correndo perigo com todos esses bandidos soltos na rua, na tentativa de encontrá-la!
-Eu sei, Zé. Estou arrependida, eu juro! Eu juro!
-Branca – ele fica sério, aparentando estar muito decepcionado com as palavras que iria dizer – Me contaram que viram você ensanguentada andando com um bebê! Não acredito que você chegou a esse ponto, mulher! – se levanta, na tentativa de acalmar-se – No dia do nosso casamento, eu jurei que estaria ao seu lado nos momentos de alegria, e nos momentos de dor. Mas … Eu estou exausto! Para mim, não dá mais, Branca …
-Não faça isso, por favor! Eu prometo, eu juro que mudo! Só me dê mais uma chance!
(fica calado por alguns instantes) -Têm apenas uma forma de você ter, pelo menos, a chance de se recuperar realmente.
-Qual?!
-Branca – respira fundo novamente, olhando no fundo de seus olhos – Você precisa se tratar. Em nossa região, existem centros que cuidam de pessoas que enfrentam esse mesmo tipo de problema que você. Se você for para lá, você ficará bem. Só que … essa decisão, tem que partir de você. – e se afasta, deixando-a reflexiva naquele banco da delegacia.
Talvez fosse essa a pior ressaca de todas. Tudo estava embaçado, completos borrões de todas as tonalidades preenchiam o seu campo de visão. Tentou se levantar, mas algo prendia-a. Realmente, estava presa à algo. Presa por cabos e cabos interligados aos aparelhos hospitalares ao lado de sua cama:
-Eu não morri? – pergunta-se, tocando todas as partes do seu corpo possíveis para certificar-se – Não, eu pareço estar viva … Então … Eu não morri! Eu não morri não!!!! Eu tô viva!!! – começou a pular naquela cama, não demorando muito para a porta se abrir e um médico, acompanhado por sua mãe, entrarem:
-Pelo visto, a sua garotinha acordou, Castidade – comenta o médico brincalhão, pegando a ficha de Val para fazer as últimas analises. – Você é uma guerreira, ouviu, dona Valquíria? – Valerie, corrige-o mentalmente – Resistiu positivamente à nossa cirurgia, e agora, está mais forte do que nunca.
Valerie corresponde com um sorriso:
-Como sempre, você me dando sustos! – comenta Castidade, dando um beijo de felicidade no rosto da filha.
–Mãe, cadê o meu …?
-Deixamos as conversas para uma outra hora. – informou o médico, afastando-as – Por mais que, milagrosamente, você tenha acordado aos pulos de nossa cirurgia. O seu corpo ainda precisa repousar. – deu para ela alguns medicamentos. – Tome esses aqui, e volte a dormir. – Val obedece, engolindo-os num único gole.
-Mãe, cadê o … meu bebê? – Valerie pergunta preocupada, mas como resposta teve as lágrimas que novamente rolavam sobre a face de sua mãe. Sem chances, o médico fecha a porta do quarto, deixando-a isolada ali. Espontaneamente, começou a chorar também. Até que, contra-vontade, seu corpo decaidamente adormece.
-Esse será o nosso ninho de amor à partir de hoje! – falou Kauan entusiasmado, abrindo a porta do seu quarto, e despejando aliviadamente as pesadas bagagens de sua agora esposa, no chão. Clara entra no quarto com um pouco de repulsão, apontando para as velhas fatias de pizzas, as cuecas sujas e todas as outras coisas velhas e rasgadas espalhadas que transformavam aquele quarto num ninho de mafagafos:
-Sem dúvidas, você precisava de mim! – disse ela, pegando um cesto e jogando nele todas as peças sujas espalhadas pelo cômodo, iniciando assim, uma limpeza geral.
-Não, amor! As minhas fitas do vídeo-game não, né? – ele repreende-a, correndo para impedir de que jogassem-as fora. – Acabei de passar a fase mais difícil do jogo e você me faz isso! – ele assopra a poeira que cobria a fita, segurando-a com cuidado.
-Com licença? – e abre a porta do quarto – Com você aqui no pé do meu ouvido, dizendo o que posso ou não mexer, não terminarei nunca essa faxina.
-Mas, amor…?
-Sai daqui, Kauan! – e bate a porta, pegando a vassoura novamente. Ele, emburrado no corredor da mansão, escuta as gargalhadas de sua mãe, que descia as escadas em direção a cozinha.
Frágil, Val acorda em seu leito. Se foi imaginação ou não, realmente, havia escutado algo ao acordar. E não era imaginação. Se assustou ao se deparar com duas sombras escondidas no canto do quarto:
-Desculpe-me, não era a minha intensão te acordar … – disse Francisco, dando uma passo para próximo da cama.
-Pai…? – Val fica surpresa.
-Sim, sou eu, filha. – e dá um beijo em sua testa.
-Como conseguiu entrar aqui sem ninguém te ver?
-Eu vim me despedir, filha.
-Despedir? Vai para algum lugar?
-Sim. Para bem longe. Mas antes, vim lhe dar a sua benção, causo os meus planos não deem certo, e algo de pior ou ruim aconteça. Não sei quando eu voltar, mas saiba que eu voltarei, um dia.
-Mas, pai, eu … – parou de falar ao escutar um choro de bebê no fundo do quarto. Novamente, alguém deu um passo à frente:
-Parece que alguém está querendo ficar perto da mamãe aqui … – Floriano brincou, levantando o bebê em seu colo. Valerie começou à chorar na hora que pôde pegá-lo do irmão:
-...meu filho… – murmurou, olhando-o com grande felicidade.
-Não se esqueça de nós, viu? – brinca Floriano, dando passos para trás juntamente com seu pai.
-Como assim?! Vocês já … – nessa hora, a porta se abre, e Castidade entra:
-Estava me chamando?
-Não, mãe. Eu apenas es… – aponta para o canto de seu quarto onde, misteriosamente, apenas se encontrava o vazio balançar das cortinas. – Eles foram embora …
-Eles quem, filha? – sua mãe fica confusa, até finalmente olhar para o bebê em suas mãos. – Meu deus! É um milagre… – e se aproxima, para pegá-lo no colo, desabando em lágrimas mais uma vez.
Valerie ainda fica olhando sem entender para a lua que se amostrava no céu, revelando-se entre o balançar das cortinas devido ao vento que sai pelas janelas abertas. “Vão com Deus…” disse em pensamento, abrindo um sorriso ao olhar para a sua mãe segurando o seu filho.
Efeito Sonoro de fundo: Calmo – Instrumental. Enquanto seguia as curtas cenas:
-Eu estarei aqui quando sair, meu amor. – disse Zé, vendo Branca entrar naquela clínica de recuperação. Ela abriu um sorriso ao olhar para trás pela última vez.
Sílvia e Kauan abriam mais um dos cartões postais que chegavam das viagens de Barbara pelo mundo. Ela, sempre muito feliz em suas fotografias.
Will virava mais uma taça de champanhe enquanto assinava mais um de seus contratos milionários no exterior.
Na cozinha, estava Castidade preparando mais uma vez o seu delicioso e elogiado cozido. Até escutar o choro do pequeno Bernardo (nome escolhido por Valerie, em homenagem ao falecido ex-namorado). Ela abandona as panelas, indo até o quarto da filha, onde estava guardado o berço do bebê, não encontrando a filha em companhia do neto. Curiosamente, encontra uma carta sobre a sua penteadeira. Uma carta na qual Valerie havia escrito sua despedida, antes de fugir.
O ônibus da companhia partia, e Valerie encostava a cabeça na janela, quieta. Os outros atores cantavam e pulavam de felicidade pelo inicio da turnê. Mas Val mantinha-se séria.
Ela não sabia bem se a vida havia lhe deu uma nova chance quando encontrou o seu filho, devido a primeira escolha feita ao teatro. Mas estava segura desta decisão que tomara, indo em busca de sua carreira. Estava certa de que, mesmo abandonando o seu filho outra vez, sua mãe e todos os seus amigos; um dia tudo iria se acertar, um dia tudo ficaria bem. Afinal, se está acontecendo, era porque precisava acontecer …
E enquanto vê o asfalto tomando conta de sua visão pela janela, o veículo seguia o seu trajeto de viajem, até que por um instante, viu Miguel na beira da estrada sorrindo para ela, como sempre. Ela olhou para trás, mas o veículo seguia em alta velocidade, perdendo rapidamente de vista a visão anterior.
Se ele estava realmente vivo ou não, apenas o futuro poderá responder …
-Fim da primeira parte-
Nossa, capítulo movimentado este!!!
Pensei que a Branca iria morrer ali naquela cena, mas pelo visto ela está viva e decidida em mudar para a melhor.
Pelo pouco que apareceu, ainda deu pra perceber que Will continua o mesmo monstro de sempre.
Olha, fiquei bobinho ao ler Francisco tirando a máscara. Não esperava que fosse ele ali encurralando a Branca, mas até que isso serviu pra algo: devolver Bernardo para Val.
Alguém me ajudaaaaa? Não tô conseguindo acresitar que Valerie foi embora e deixou o bebê com Castidade!!
Eu espero sinceramente que de alguma forma o Miguel esteja vivo, pois sinto que ele e Val ainda têm muito o que viverem juntos.
Amei o final da primeira fase, melhor dizendo, amei a fase por inteiro. Espero que a segunda seja tão boa quanto… É o que veremos!!
Espero que a segunda fase seja do mesmo nível ou melhor que a da primeira.
Amei odiar tanto a Val e o Will.
Senti pena da Barbara, Castidade e Branca.
Gente, primeiramente obrigado! Desculpa pelos erros, porque não tive tempo de revisar. O final de capítulo ficou um pouco rápido pq estou atrasado, espero que tenham entendido a mensagem que queria passar. Mas comentem o que acharam dessa primeira fase?
Logo logo vem a nova!
Até breve!!
Comentem!!!