Séries de Web
Batalha Espiritual

Batalha Espiritual – Capítulo 15

Filadélfia

Numa grande colina, havia dois férteis vales. Em um desses vales estava situado um portão natural, quer era onde uma garota se encontrava: Serena. O vento batia em seus cabelos, e isso fazia com que se sentisse leve, como se um grande homem o soprasse… E era exatamente isso que estava acontecendo.

– Não sabes o quanto estou feliz por ter retornado para mim! Estás linda hoje… Estás linda como sempre. Ah, como desejo tê-la em meus braços! – ela sentiu a ventania sussurrar-lhe.

– Micael?! Ainda sinto sua falta! Bem… Quero dizer… Face a face… De novo… Ah… Desculpe por me queixar disso sempre. Eu deveria ter te beijado mais daquela vez…

– Entendo. – achou graça. – Também anseio te tocar… Mas isso não poderá ser resolvido agora. Profecias que escrevi ainda precisam ser cumpridas.

– Falando nisso… Sobre o livro… Não consigo compreendê-lo plenamente. Existem muitas mensagens simbólicas.

– Minha flor, tudo o que foi colocado ali tem um propósito. De que adiantava escrever-te por metáforas sem que entendas? Dar-te-ei capacidade de interpretar tudo se me pedires. Estão presentes no livro advertências sobre o futuro, fatos históricos, promessas, músicas… Declarações de amor… São… 66 divisões no total… Entretanto o meu amor não coube todo nele! – riu gentilmente.

– Como meu noivo pode ser tão adorável? Gostaria de poder te tocar…

– E poderá! Basta permanecer fiel e atenta, exatamente como estás! Tua índole está perfeita, Serena. Tens me honrado!

– Obrigada, senhor!

– Agora… Vá e comunique aos adeptos que um novo método de propagação das escrituras é necessário. E… Lembrem-se sempre: Estou com cada um de vós.

– Certo! – saiu com um sorriso no rosto.
No dia seguinte, dentro do templo:

– Serena, Serena! – Ophir entrou aparentemente desesperado.

– O que houve? Já receberam notícias sobre as publicações do livro? O States confirmou que nos ajudaria?

– Ô, madame, não sei de nada disso, não… Eu só queria te informar que há uma moça te procurando. Ela diz ter feito pacto com Draco, mas está pesarosa.

– Pacto? O que ele pediu?

– Sua alma.

– Isso não tem cabimento… Como Draco pensa que pode se apoderar de algo que Micael pagou com seu sangue? Mande-a entrar, por favor!

– Ela disse que não se sente digna de pisar nesse solo…

– Se fosse por dignidade, o reino superior que está sendo construído só teria Micael como habitante. – a própria dama foi para fora, ao encontro da garota arrependida. Serena ainda tinha esperanças de que a tal senhorita fosse sua irmã, Francine, mas não era. Contudo, ficou contente mesmo assim porque conseguira mais uma vida para seu criador.

Aquela comunidade estava no auge da solidariedade. Seu mestre amava a sinceridade e o interesse de seus adeptos. A vontade de interpretar as escrituras era imensa.

Cinco dias mais tarde, Lucian adentrara o palácio aos berros, dirigindo-se à besta que veio da terra.

– És débil, States?! O que se passou pela tua cabeça quando ajudou na publicação da Bíblia?! Espere, achei a resposta: NADA!

– Fique tranquilo, meu senhor. Eu sei o que fiz. É melhor que confiem em minha “bondade” ao invés de eu prejudicá-los abertamente como fazia Pontifex. Um “amigo” que se torna inimigo tem mais armas contra seu oponente.

– Ah… Compreendo… Todavia, não deves saber o quanto repudio aquele livro… Muitas coisas ali podem ser usadas contra nós. Nossa missão é distraí-los ao máximo para que não tenham acesso àqueles recados.

– Não se preocupe. Eles sequer entenderão… Existe a possibilidade de que eles não saibam ler da forma correta… O mais estranho é que as mensagens não servem apenas para Serena…. Só não podemos permitir que eles descubram isso.

– Tarde demais. Já chegou aos meus ouvidos que os humanos estão procurando estudar as profecias. – Lucian andava impacientemente, de um lado para o outro.

– Bom saber. Isso me deu uma ideia. – a besta já foi se retirando, em direção ao templo.

Pelo caminho, ela era cumprimentada pelo povo. Aparentemente todas as pessoas se deixavam iludir pela suposta mansidão daqueles olhos azuis.

– Bom dia, princesa. – ele sorriu para Serena.

– Bom! Shalom! – a jovem respondeu de jeito educado. Sua mudança de caráter era evidente. – O que veio fazer aqui?

– Sabes que me importo com o bem estar de ter seguidores, certo?

– Seguidores de Micael… Sim, sei.

– Vim te avisar sobre um trecho daquele seu livro… Bem, como ajudei a espalhá-lo por essas bandas, tu também deves saber que conheço as palavras que ali se encontram. Creio que não tenhas atentado a um trecho muito importante.

– Verdade?… E qual seria?

– “Ele me disse: Até duas mil e trezentas tarde e manhãs; e o santuário será purificado.” – ele pegou um exemplar que trouxera consigo e mostrou.

– E o que isso significa perante teus olhos, States?

– Significa que a volta de Micael está muito mais próxima do que pensamos. Eu fiz os cálculos através das interpretações proféticas já feitas. Está marcada para semana que vem! Sugiro que avise aos teus companheiros.

– Não sairei avisando sobre algo que nem tenho certeza. Seria insanidade.

– Então comprove por si mesma. – ele jogou o livro na direção de Serena, que segurou por seus reflexos. A besta deu as costas e foi andando.

As palavras daquele homem martelavam na cabeça da donzela. Ela passou um dia inteiro buscando por respostas e passou duas noites sem dormir. Lia, relia, fazia cálculos, refazia cálculos… Até que sentiu convicção: States tinha razão. Se o santuário era a Terra, Micael retornaria na semana seguinte. Não demorou mais um minuto para avisar aos homens.

Muitos, alguns por medo, aceitaram a novidade. Porém, outros preferiram rir e permanecer no pecado, mesmo que as contas dessem sempre o mesmo resultado, até quando feitas por intelectuais renomados da região.

Os fiéis começaram a vender suas propriedades e se abster de toda e qualquer posse mundana. Eles estavam fervorosos e no suprassumo das expectativas.

No dia da promessa se tornar realidade, todos os verdadeiros seguidores se reuniram num só local e esperara…. Esperaram, esperaram, esperaram… Escureceu e o semblante do salvador sequer foi visto.

Todos abandonaram seus postos e voltaram, com sentimento de humilhação, para suas respectivas localidades… Exceto Serena, que ainda olhava fixamente para o céu.

– Serena, está tarde e frio, ficará perigoso. Esqueça isto… Teu noivo não virá. – Ophir tentava tirar sua amiga dali. – O cálculo estava errado.

– Não estava! – ela bradou e, por um segundo, desviou o olhar do céu. – Muitos sábios confirmaram minhas contas. Algo acontecerá ainda hoje!

– Hoje?! Que hoje?! Não existe mais “hoje”! Está acabado, aceite, era mentira!

– Meu amor não mente! – ela gritou chorando, ainda fitando o firmamento escurecido.

– Jura? Não estou vendo santuário nenhum ser purificado! – carrancudo, ele saiu, deixando-a sozinha.

– Será que ele esqueceu de nós? – a dama sussurrou para si mesma, abraçando-se e sentindo uma pontada no coração. Ninguém ficara tão decepcionado quanto a própria.

Mais cedo, antes disso, na sociedade que antes era lar de Lucian (o Céu), Micael dava lentos passos até o Lugar Santíssimo para começar o julgamento dos mortos. A data estava correta…. O evento é que estava errado.

“Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra. Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”
Apocalipse 3:10,11

Deixe um comentário

Séries de Web