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Criminal Secrets

Criminal secrets – Capítulo 4 (Qual é o seu preço?)

Capítulo 4          (Qual é o seu preço?)

Participação especial.

Carla: Mãe cuidadosa, quem sempre faz de tudo pra consertar os erros do filho.

Túlio: Jovem mimado que sempre apronta e acha que o dinheiro resolve tudo.

Jessica: Garota que processou Túlio acusando ele de estuprá-la.

Cena 1/Rio de Janeiro/Manhã.

Casa de Carla.

No escritório, sentado no sofá menos, Anderson observa Carla consolando o filho Túlio no outro sofá.

Carla: Fica calmo meu amor. Não vai acontecer nada com você. O Anderson é um dos melhores do nosso país ele vai nos ajudar. Não vai Anderson?

Anderson: Eu vou fazer o máximo que eu puder pra resolver essa situação.

Túlio: Eu na quero ser preso. Não quero. Eu não fiz nada.

Anderson: Senhora Carla. Por esse caso ser um pouco delicado, eu gostaria de ficar a sós com o Túlio por alguns minutos. Acho que vai ser mais fácil assim. Vamos poder trabalhar melhor.

Carla: Claro. Mas faça de tudo pra defender meu filho. Dinheiro não é problema.

Carla levanta e sai do escritório. Anderson se levanta do sofá e senta do lado de Túlio.

Anderson: Eu posso te ajudar. Trazer a solução. Eu posso resolver esse assunto muito rápido. Posso enterrar essa história antes que ela vaze e não vai nem arranhar a reputação da sua família. Muito menos da sua mãe que é diretora do Banco do Brasil. Mas eu preciso que você seja sincero comigo. Muito sincero mesmo. Sem a sua mãe aqui, você não precisa bancar o coitadinho. Então me fale de uma vez. Você estuprou aquela mulher? Sim ou não?

Túlio: Eu não acredito que você está me perguntando isso.

Anderson: Eu quero um sim ou não. Se a sua resposta for outra eu vou me levantar e vou embora. E vou deixar essa bomba explodir em suas mãos.

Túlio: Não. Eu não estuprei aquela garota. Ela está mentindo.

Anderson levanta e caminha até a porta.

Túlio: Onde você está indo. Eu te disse a verdade.

Anderson: Estou indo fazer o meu trabalho. Eu vou destruir essa golpista.

Cena 2/Rio de Janeiro/Manhã.

Apartamento de Anderson.

Na sala, Mario entrega algumas fotos de Jéssica para Anderson enquanto explica a ficha dela.

Mario: Jéssica dos Santos, 22 anos. Mora no Complexo da Mangueira. Foi uma das principais alunas da turma de arquitetura. Trabalha em uma loja de calçados no shopping. Lesbica assumida. Feminista e seu ultimo relacionamento durou 2 anos. Terminou porque a namorada ganhou um intercambio para a Alemanha.

Anderson: O que mais?

Mario: Não tem mais.

Anderson: Como assim não tem mais? Eu preciso de mais. Estamos falando de um estupro. É claro que a mídia vai ficar do lado dela.

Mario: Você acha mesmo que devia se meter nesse assunto? Quer dizer, estupro é uma coisa séria. Talvez você possa estar encobrindo um estuprador.

Anderson: Eu conversei com ele. Olhei nos olhos dele e ele me disse que não fez isso. Eu tenho que acreditar nos meus clientes. Se não meu serviço não vai valer de mais nada. Se você puder procurar mais, eu agradeço. Preciso de coisa suja dela.

Mario: Tudo bem. Vou tentar encontrar.

Cena 3/Rio de Janeiro/Tarde.

Apartamento de Anderson.

No quarto, sentado na cama com o celular de Verônica na mão. Ele lembra quando o celular tocou.

Anderson: Não faz sentido isso. Por que meu pai ligaria pro celular da Verônica? Tem algo errado nisso.

Anderson tenta desbloquear o celular algumas vezes e sem sucesso ele desiste. E guarda o celular na gaveta da cômoda.

Cena 4/Mangaratiba/Noite

Casa dos Norton.

No quarto, Eduardo termina de se trocar e Anderson entra no quarto.

Eduardo: Você aqui de novo. Alguma coisa aconteceu. Estou certo?

Anderson: Não sei. Me responde você.

Eduardo: Como assim?

Anderson: Quando eu estava na casa da Verônica procurando alguma pista que pudesse terminar com essa tortura que eu estou vivendo, você ligou para o celular dela. Eu quero saber por que você fez isso?

Eduardo: Eu não liguei para o celular dela. Não teria nem como. Nós destruímos o celular dela junto com o corpo aquela noite. Como eu poderia ligar pra ela?

Anderson: O senhor vai me dizer que também não sabia que ela morreu grávida?

Eduardo: Grávida? Lógico que não. Isso seria impossível. Eu fiz vasectomia.

Anderson e Eduardo se encaram por alguns instantes.

Anderson: É possível que ela estivesse grávida quando morreu. Ela só não estava grávida de você.

Eduardo: Do que você está falando?

Anderson: Eu estou dizendo que quando eu estive na casa dela um celular escondido do guarda-roupa tocou e quando eu o encontrei o contato estava salvo como “Amor”. Você não era o único que tinha uma amante. A sua amante também tinha outro.

Eduardo: Quem é esse cara? Eu quero saber agora. Você só pode estar mentindo. Eu não sei qual é o seu joguinho. Mas eu não vou cair nessa. A Verônica me amava. Ela não estava grávida e nem tinha outro homem. Agora sai do meu quarto. Agora.

Cena 5/ Mangaratiba/Noite.

Rua.

Dentro do carro, Anderson dirige e passa em frente à casa de Verônica. Ele para o carro e observa a casa por alguns instantes e olha para o outro lado da rua e percebe que a casa da frente tem câmeras de segurança. Anderson pega o celular e liga para Mario.

No apartamento, Mario com a garrafa de vinha na mão, coloca um pouco na taça. O celular em cima da mesa toca e ele atende.

Mario: O que foi Andy?

Anderson: Você consegue pegar filmagens de câmeras de segurança?

Mario: Acho que sim. Não deve ser muito difícil.

Anderson: Vou precisar da sua ajuda mais uma vez.

Mario: Agora?

Anderson: Não. Amanhã. Eu vou dormir na casa dos meus pais. Você vem pra cá amanhã de manhã. Por favor.

Mario: Tudo bem.

Mario desliga o celular e coloca vinho em outra taça. Ele pega as duas taças na mesa e entrega uma para Mag que está sentada no sofá.

Mag: Deixe-me adivinhar. Ele quer que você faça mais um favorzinho pra ele.

Mario: Sim. Esse trabalho dele é estranho. Muito. Mas eu preciso ajudá-lo. Nós dividimos o apartamento, se eu disser não, vai ficar um clima chato aqui em casa. E ele também me paga pra isso.

Mag: É só por isso que você o ajuda?

Mario: Não entendi aonde você quer chegar.

Mag: Você sabe. Aquela noite aconteceu porque vocês estavam bêbados. Só pela parte dele. Você faria tudo sem precisar de uma gota de álcool.

Mario: O fato de ser gay, não quer dizer que eu transe com qualquer um.

Mag: Mas que você gosta dela. Isso é nítido.

Mario: E você Mag. Já se passou um tempo bom. Já era pra você ter conhecido alguém. Um cara bacana. Legal. O que te falta?

Mag: Sei lá. Às vezes eu acho que eu nunca vou ter sorte com homens. Todos me traem. Até com homem.

Mario: Você desviou da minha pergunta, mas não respondeu.

Mag: Eu acho que eu não tenho essa resposta pra você. Não agora.

Mario: Eu respondo pra você. Porque você ainda gosta do Andy. E mesmo depois de tudo, você ainda tem esperança de voltarem. Esse é o motivo pelo qual você não arrumou ninguém ainda. Está nítido.

Cena 6/ Mangaratiba/Manhã.

Rua.

Na calçada da casa de frente a casa de Verônica, Anderson e Mario disfarçados de técnicos estão em frente o portão da casa.

Mario: Por que vamos pegar as imagens de segurança dessa casa. Achei que o seu caso fosse com a moça que foi estuprada.

Anderson: Esse é um trabalho pra outro cliente. E como estão as informações. Conseguiu mais podres dela.

Mario: Não. Ela está limpa. Moça honesta, trabalhadora. Que foi em uma festa e acabou sendo estuprada por um playboy.

Anderson: Não fale assim. Meu cliente é inocente.

A dona da casa abre o portão.

Dona: Posso ajudar?

Anderson: Bom dia. Somos do serviço de manutenção das câmeras. Precisamos dar uma olhada nas câmeras.

Dona: Mas de novo. Esses dias atrás o técnico já veio.

Mario: É inspeção de rotina. Não vai demorar mais que 10 minutos.

Dona: Tudo bem.  Entrem.

Cena 7/Rio de Janeiro/ Tarde.

Casa de Carla.

No escritório, Anderson conversa com Túlio e Carla.

Anderson: Eu investiguei a Jéssica e ela é uma pessoa honesta, trabalhadora. Mora no complexo da mangueira. E o que só piora a nossa situação tem 3 pessoas naquela festa que viu ela entrando no seu carro Túlio.

Túlio: Eu só dei uma carona pra ela. Eu não a estuprei.

Anderson: Mas isso você não tinha me contado. Essa história dela só ganha força com isso. Ainda mais com testemunhas.

Carla: Só a viram entrando no carro do meu filho. Não significa que ele a estuprou.

Anderson: Provar não prova. Mas apesar do nosso país ser extremamente machista e que muitos vão dizer que mulher direita não entra sozinha em carro de homem solteiro, vários grupos de apoio, direitos humanos e grupos feministas, vão apoiá-la e defendê-la. O que vai fazer um estrondo na reputação da sua família. Fazendo até mesmo você perder o cargo no Banco.

Carla: Não. Meu filho é inocente. Eu não posso ser prejudicada por uma louca que quer aparecer.

Anderson: Talvez um acordo financeiro resolva. Talvez dinheiro faça ela se calar. Sei lá 50 mil, 100 mil.

Túlio: Ofereça 300 mil. É um valor bom. Mas faça com que ela nunca mais pense nesse assunto.

Cena 8/Rio de Janeiro/Tarde.

Escritório do advogado.

Sentados a mesa, Anderson de um lado, Jéssica e o advogado do outro.

Jéssica: Eu nem viria aqui. Eu vou resolver isso é no tribunal. E eu quero que ele vá preso pelo que ele fez. Eu só vim porque meu advogado disse que é importante.

Anderson: Você sabe que vai perder no tribunal. A justiça no Brasil não é das melhores, mas não vai condenar um homem de estupro se não teve estupro.

Jessica: Você estava lá? Acho que não. Então…

Anderson: Por favor, Jéssica. Já percebi que você é muito boa no teatro. Então que tal você assinar esse contrato concordando com a quantia de 300 mil, pra você parar com essa loucura. Nós sabemos que é dinheiro o que você quer. Então assina logo.

Jessica: Eu não vou assinar nada.

Anderson: Eu já entendi. Está achando 300 mil pouco não é. Você é mais esperta do que eu imaginava. Me diz, quanto você quer? Qual é o seu preço?

Jessica: Me diz você, Anderson. Vamos supor que foi alguém da sua família. Sua mãe, uma irmã ou uma prima. Me diz, qual seria o valor que você acharia justo pra ela. Pra que ela se esquecesse que foi violentada cruelmente. Pra ela esquecer que teve suas roupas rasgada enquanto era imobilizada no chão. Que por mais que ela tentasse se defender ela não conseguia porque era mais fraca. Qual o valor que iria fazê-la esquecer que ela se sentiu um lixo, que enquanto ela era violentada covardemente tinha que ouvir que era isso que ela merecia e que era isso que ela gostava. Qual o valor que iria fazê-la confiar de novo nas pessoas. Você tem idéia de qual seria a quantia certa, Anderson? Qual o seu preço?

Anderson fica em silêncio sem ter o que responder, ele levanta e caminha até a porta.

Jéssica: Eu só gostaria de entender porque eu merecia ser estuprada como ele. Será que foi porque eu sou lesbica? Por que eu sou pobre? Ou por que eu sou negra?

Cena 9/Rio de Janeiro/Tarde.

Apartamento de Anderson.

Na sala, Anderson entra em casa, Mario chega à sala e percebe que ele não está bem.

Mario: Que bom que você chegou. Eu tenho que conversar com você… Por que você está com essa cara?

Anderson: Se eu estiver errado? Se o Túlio realmente tiver estuprado a Jessica e eu fui machista e preferi acreditar nele. Se eu tiver preferido o dinheiro.

Mario: Sinto muito, mas você estava errado.

Anderson: Como assim?

Mario: Eu investiguei o Túlio. Eu não podia ver um caso de estupro e ficar quieto vendo você apenas se importar com seu cliente, enquanto a vitima estava lutando pra ter justiça. É um absurdo uma mulher ser estuprada e ainda ter que provar ao mundo que ela é vitima.

Mario pega uma pasta na mesa e entrega a Anderson, ele abre e lê.

Anderson: Eu não acredito nisso.

Cena 10/Rio de Janeiro/Noite.

Casa de Carla.

Na sala, Túlio sentado no sofá fala no celular, Anderson entra na sala e com raiva caminha até Túlio pega o celular da mão de Túlio e joga na parede.

Túlio: Você é louco?

Anderson: Não. Louco é você. Louco, doente, estuprador.

Túlio: Você pirou. Não conseguiu resolver com a Jéssica e veio fazer essa cena.

Anderson: Graças a Deus ela não aceitou o seu dinheiro. Porque eu não me perdoaria. E eu não teria a chance de descobrir o quão nojento você é.

Carla chega à sala.

Carla: Que gritaria é essa? O que está acontecendo aqui. Por que você gritando com meu filho.

Túlio: Nada mãe. Só o Anderson que se exaltou. Mas ele já está indo embora, porque se não eu serei obrigado a chamar a policia.

Anderson: Chama. Quero mesmo falar com a polícia. Mostrar o monstro que você é.

Anderson abre a pasta e joga as fotos de 3 mulheres na mesa.

Anderson: Viviane Loreto, 21 anos. Esteve no mesmo bar que o Túlio em março de 2015. Foi violentada, mas depois retirou a queixa quando 300 mil foram transferidos da conta do seu filho pra ela. Gisele Moura, 23 anos. Foi violentada num lual na praia e adivinha? 300 mil do seu filhinho em 2014. Camila Camargo 19 anos, filha da sua antiga empregada. Estuprada na sua própria casa e mais 300 mil na conta dela. 300 mil, sempre 300 mil. O mesmo valor que ele sugeriu pra Jessica. Seu filho estupra mulheres e não é de hoje. E sempre tem seu apoio. Porque você sempre passa a mão na cabeça dele sempre que ele faz alguma besteira.

Carla: Túlio, isso é verdade?

Anderson: Você pode enganar sua mãe, mas não me engana. Eu vou oferecer meus serviços a Jéssica e vou fazer de tudo pra te por atrás das grades. Porque é isso que estupradores merecem. E você Carla, continue passando a mão na cabeça dele sempre que ele errar. Você está criando um monstro.

Anderson sai da casa.

Cena 11/Rio de Janeiro/Manhã.

Apartamento de Anderson.

Na mesa do café, Anderson e Mario tomam o café da manhã e lê o jornal, e lê a noticia “Diretora do Banco do Brasil entrega o filho a policia acusado de estupro”.

Mario: Fez a coisa certa.

Anderson: Obrigado por ter aberto meus olhos pro caso do Túlio.

Mario: Eu só fiz o que eu achei certo. Mas… As filmagens que nos pegamos daquela casa.

Anderson: Você conseguiu? Quem entrou na casa da Verônica naquela noite.

Mario: Não sei. Não tem como saber. Todos às imagens da noite da data que você me passou foram apagadas. Não tem imagens de nada naquele dia.

Anderson se estressa: Droga.

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