Capítulo 3 – Palavra de Honra
Palavra de Honra
CENA 1
Amanhece um novo dia.
Hugo não dorme a noite inteira. Traumatizado, fica pensativo durante esse período sobre o que seria de sua vida dali em diante.
Os gritos dos brasileiros revoltados pela morte de Belinha Alcântara tornaram-se trilha sonora naquela noite. Eles não dormiram que nem ele. Mas, era assim… Quando algo de ruim acontece em nossas vidas, alguém tem que pagar… Nesse caso, era ele. E tinha ciência de que eles não sossegariam enquanto Hugo não pagasse por aquele crime.
HUGO: – Os olhos de Hugo demonstravam fúria e sede de vingança- Enquanto o verdadeiro criminoso, deve estar feliz, livre e solto, usufruindo o que a Liberdade tem de melhor a oferecer.
CENA 2
Wulísses sai de sua mansão apressado em destino a um importante casarão do Rio de Janeiro.
Lá reunidos os mais importantes políticos aliados a Getúlio Vargas. Aguardavam apenas a chegada de Wulísses.
POLITICO INDETERMINADO: Pensei que chegaria só amanhã, caro Wulísses Borges.
WULÍSSES: Peço perdão por ter chegado um pouco atrasado. Dormi tarde devido o ocorrido de ontem à noite…
POLITICO 2: Todos estamos na mesma situação, Wulísses… E nem por isso atrasamos com nossas obrigações.
Sérgio Alcântara interrompe a todos.
SÉRGIO ALCÂNTARA: Não vamos perder tempo! –pausa, e voz marcada pela mágoa- Quero saber como vai ficar a história de minha filha? Como será a situação do suposto assassino de minha menina?
Todos olham um para o outro pensativo. Até algum político intervir.
POLÍTICO: Será o que todos estão pensando… É a melhor opção.
Sérgio, um senhor já idade, abaixa sua cabeça e entrando ao pranto, sussurra:
SÉRGIO: Eu não queria… – é interrompido pelas lágrimas que escorrem pelo seu rosto – Espero que Belinha… – quase não conseguindo falar e cortando palavras de sua fala, continua- Espero que ela, perdoe.
CENA 3
Carmélia Lozano entra bruscamente no Jornal Folha da Pátria. Aonde gerenciava.
Em sua entrada, todos paravam imediatamente o que estavam fazendo, focando toda sua atenção na ilustre. Aquele dia que seria o mais corrido, não poderia ser diferente.
CARMÉLIA: Bom dia, jornalistas miseráveis do Brasil.
Todos respondem, e calam-se na hora.
CARMÉLIA: Como vocês já devem imaginar. Não quero UM noticiário sequer sobre o ocorrido de ontem… Estamos entendidos?
JORNALISTA INDETERMINADO: O quê? Como assim, Carmélia? Com essa notícia o jornal iria bombar!!!
RAUL: Pelo jeito, você estava falando sério mesmo…
CARMÉLIA: Eu não vou repetir… Eu disse que não! Podem procurar outra manchete para o jornal do dia.
RAUL: -quase que implorando- Pelo amor de Deus, Carmélia. Há tempos que o Departamento de Imprensa e Propaganda do Getúlio barra tudo que é notícia do nosso jornal que é de interesse da população! Agora que essa notícia Estrondosa e de muito interesse público que é a morte da Belinha, o pessoal da DIP autorizou com exclusividade ligando antecipadamente, você NÃO QUER publicar! Eu não te entendo.
CARMÉLIA: -respira fundo- É por isso mesmo que eu não quero! – fala falando em tom de ironia, mas que estimulava o mistério aos outros jornalistas- Tudo que é notícia eles barram, agora que a morte da queridinha filha Sérgio Alcântara morre, eles ligam antecipadamente para autorizar a notícia… Não, não, não, não, isso me cheira a algo estranho… Não vamos publicar… Vamos aguardar o próximo contato deles, quero só ver até onde vai toda essa brincadeira.
CENA 4
Lívia vai até o local onde deduziu que Hugo estava preso devido há tantas pessoas revoltadas gritando ofensas ao lado de fora.
Passou por eles. Ouviu alguns xingamentos a respeito dela, mas nem ligou… Foi permitida sua entrada, ela adentrou aquele lugar macabro que nenhum ser humano merecia estar preso naquele estado. Mas, ele estava… Pobre Hugo.
Mas, Lívia foi até lá para desabafar tudo.
Permitida apenas estar a cinco metros distante dele, pois Hugo fora considerado um criminoso de alto risco à humanidade. Lívia começa a desabafar.
LÍVIA: – voz trêmula – Por quê? Eu confiei em cada palavra sua, Hugo.
Hugo continha-se com a emoção de vê-la novamente.
HUGO: Lívia! –controla-se- Você precisa acreditar em mim…
LÍVIA: Como? Responda-me… Tem algum jeito, Hugo? Tudo me provou que você realmente tinha um caso com Belinha… –desaba a chorar.
HUGO: -em desespero- Você precisa crer em mim! Eu te amo Lívia! E sempre irei te amar! … Eu sou inocente de tudo isso, acredite em mim!
LÍVIA: Não! Não posso… Você, me machucou e automaticamente machucou a nossa filha/ – dessa vez, com rancor, prossegue – Ou melhor, MINHA FILHA! Ela não vai sequer saber que teve um pai como você! Um assassino e traidor!
As palavras de Lívia entraram como uma faca em Hugo. Assim, solta a única resposta que ele conseguira dar a altura:
HUGO: Um dia você vai engolir letra por letra do que você esta dizendo, Lívia. Eu vou provar que sou inocente e que sempre fui fiel… E sempre serei! … Eu vou provar que minhas palavras têm HONRA!
Lívia, não consegue dizer mais nada, e se retira ao choro.
Hugo chora, ao perceber que sua vida realmente acabou. Mas, manteve aquilo consigo: Custe o que custar ele irá provar sua inocência!
CENA 5
Ao lado de fora… Toda aquela multidão decide invadir aquela prisão para um acerto de contas com Hugo. Impedido pelos policiais desde o início, eles continuavam a berrar o nome do assassino mais odiado do Brasil.
Lá dentro, um policial recebe um comunicado em cochicho, apesar da surpresa, parecia sério, pois o comunicado foi mandado por um fax e o segundo policial apresentava com seriedade e um pouco de temor. Pelo jeito teriam que obedecer.
Hugo, sem entender, é levado pelos braços, bruscamente até a entrada da prisão, onde sua imagem pôde ser vista por toda aquela multidão. Ao vê-lo os gritos se tornaram mais agudos, e a fúria ainda maior!
Como se fosse um saco plástico sem serventia, Hugo é jogado para todos aqueles, e sem qualquer tipo de defesa é violentado.
Depois de longos minutos, em um ato de não considerarem o suficiente. Todos, pegam pedras que haviam jogadas pelo chão da estrada, e assim começam com um ato de covardia atear sobre o corpo do injustiçado.
MULTIDÃO: Assassino! Você merece morrer! Maldito!
Eram todas as ofensas que poderiam imaginar.
Hugo já jogado ao chão, altamente ferido, sussurra suas últimas palavras:
HUGO: Eu vou provar a Verdade! Eu volto.
Mais pedras, mais e mais. Perdendo todas as forças, energias, ficando totalmente inconsciente e finalmente à morte.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
A possível justiça fora feita: Hugo está morto. Brasil comemora. Carmélia fica inconformada e vai tirar satisfação com a Elite. Wulísses têm uma discussão séria com Carmélia. Lívia aceita o pedido de casamento de Wulísses. Carmélia é despachada, misteriosamente para o exterior. Anos se passam, e se inicia uma nova fase…