Capítulo 19 – Detalhes Sórdidos
GARIBALDI – Não me ouviu? Quero essas duas mulheres mortas, agora!
EDSON – Eu não vou fazer isso! Não vou matar ninguém
GARIBALDI – Nesse caso, eu mato você, e depois mato elas. (Ele suava) Pensando bem, afaste-se, deixa que eu faço isso.
Ele apontou a pistola para Mariah.
GARIBALDI – me desculpem, meninas. Não é nada pessoal, mas vocês duas precisam morrer. Então é melhor ficarem caladinhas e colaborarem.
Tom se colocou entre Garibaldi e as mulheres.
TOM – Não deixarem que faça uma loucura dessas. Eu não deveria tê-lo libertado, você é maluco.
PADRE DORNAS – Eu disse…
GARIBALDI(gritando) – Calem-se!
Colocou o cano do revolver na bochecha de Tom.
GARIBALDI – Tom, eu não queria fazer isso, mas terei que fazer. Então por que não sai da minha frente e facilita pra mim, heim? Senão vou ter que matar você também.
TOM – Por que não nos explica o que está acontecendo, e vamos procurar uma solução em equipe.
GARIBALDI(aos berros) – Não há Caramba de solução em equipe nenhuma. Pra que tudo isso acabe, elas têm que morrer, então, saia já da minha frente, ou morre você também, Tom. E eu não estou brincando.
TOM – Vai ter que me matar, se quiser matá-las.
GARIBALDI – Muito bem, eu não queria que fosse assim, mas já que insiste.
Seus dedos começaram a puxar o gatilho, mas subitamente ele sentiu alguém se jogando em suas costas. Era Edson que se precipitou sobre Garibaldi, dando-lhe socos e cotoveladas. Garibaldi deixou cair o revólver, mas conseguiu se livrar de Edson com um soco. Atordoado, Edson cai de lado, e Garibaldi se levanta e se precipita sobre o analista de sistemas, chutando-lhe as costelas. Isso o possibilitou recuperar a faca, com a qual ele partiu para cima de Edson. Se não fosse a sua rapidez em se esquivar, ele teria uma faca de trinta centímetros enfiada nas costas. Mas ele se vira, e num golpe que pareceu ser capoeira, Edson dá uma rasteira em Garibaldi, que cai, mas não larga a faca. Caído, ele se vira e com a faca, ele dá um corte no pé ferido de Edson, que dá um grito. Nesse instante, Tom chuta o escritor, mas ele cai perto do revólver, e o recupera, conseguindo se levantar e puxar Anita pelos cabelos. Ele então a agarra pelo pescoço com um dor braços e com a outra mão, ameaça a todos com a arma.
GARIBALDI – Não se aproximem. Ninguém! Ou eu mato essa cadela
TOM – Garibaldi, vamos conversar…
GARIBALDI – Não tem conversa. Estou tentando salvar a todos nós, e a chave são essas três vagabundas, que estão nos enganando. Elas sabem de tudo. Tudo. E eu vou levar essa daqui, e se não quiserem morrer, vão ter que me entregar as duas.
Arrastando Anita pelo pescoço, ele deixa Ala oeste.
TOM – É melhor nos explicar do que ele está falando, Mariah.
MARIAH – Como é que eu vou saber, ele é louco…
TOM – Louco ou não, ele tem muita certeza do que está falando.
MARIAH – Hei, hei! Olhe nos olhos dele. Esbugalhados. É lógico que ele está surtado, é um maluco.
TOM – Isso me parece bem conveniente.
MARINNA – Você não está achando que temos parte nisso tudo, está?
PADRE DORNAS – Eu estou!
MARIAH – Hã??!!
EDSON – Eu também. Me desculpem, meninas, mas nessa situação, não podemos acreditar em mais ninguém. Eu não acredito em mim mesmo. Eu jamais poderia imaginar que fui órfão, e que meus pais fizeram um pacto com o Diabo e o embromaram, e que agora ele quer se vingar deles através de nós. Isso nem parece realidade. Eu tenho a impressão de que a qualquer hora, irá surgir dali de dentro uma produção com luzes e câmeras e gritar para nós que fomos os vencedores num reallity show bem maluco.
MARINNA – Vocês vão ficar aí parados? Não vão tentar salvar a Anita.
TOM – Não!
MARIAH – Ele vai matá-la!
TOM – Eu sei. Mas vocês duas parecem muito interessadas em salvá-la. Eu quero saber por que? Além do mais, pelo seu discurso, ele só irá matar quando estiverem as três juntas, o que não é o caso. Não temos muito tempo, portanto, vocês duas, podem começar a falar, já!
MARIAH – Tudo bem, eu já não suportava mais isso, eu vou falar…
MARINNA – Mariah, não!
MARIAH – Já chega. Pra mim chega! Basta. Tom, nós três, a Maninna, a Anita e eu nos conhecíamos fora da casa quando nos encontramos certa vez em um bar com um homem que disse que nos daria a cada uma um milhão de reais se participássemos de uma vingança. Ele nos deu cem mil reais de adiantamento e isso bastou para que ficássemos animadas. Era muito dinheiro, então aceitamos. Ele nos deu um roteiro e disse que nos fingíssemos, eu de dondoca, a Marinna de ladra, e a Anita de prostituta… bem, na realidade, a Anita era uma prostituta.
TOM – Mas o que é essa vingança? De que se trata?
MARIAH – Eu sinceramente não sei. Tudo o que sei, estou lhe contando. Mas ele nos contou a mesma história maluca que o Garibaldi havia contado. Das crianças do pacto. E ele afirmou que éramos três dessas crianças, e que tínhamos dentro de nós o destino das demais crianças, que então já eram adultas, e ele me pediu para que eu levantasse a minha blusa. Na hora eu achei estranho, mas ele me perguntou sobre uma cicatriz, que eu sempre achei que fosse apendicite. Eu lhe mostrei a cicatriz, foi quando eu soube que as minhas amigas tinham cicatrizes iguais. Nós três fomos operadas da mesma coisa.
Marinna levantou a blusa, mostrando a cicatriz.
MARIAH – Então ele nos fez prometer que nunca contaríamos a ninguém sobre a sua identidade, e que deveríamos fingir surpresa quando o víssemos aqui dentro. Ele então nos bancou durante uma semana. Hotéis, restaurantes, passeios, roupas, jóias. Ficamos ao seu dispor, e inclusive fizemos sexo com ele, as três.
TOM – Mas então vocês não receberam convites? Uma carta sem assinatura, como todos?
MARINNA – Essa deveria ser parte da mentira. Nunca recebemos convite nenhum. E ele nos disse que coisas estranhas iam acontecer, mas que a nossa segurança estava assegurada. Mas ele não falou do louco do Garibaldi. Ele disse apenas haver muito, mas mito mais dinheiro do que o que ele nos havia prometido, e que podia ser nosso se ficássemos todo o tempo.
TOM – Quanto tempo?
MARINNA – Até todos morrerem…
TOM – Isso é inacreditável.
Corta para Garibaldi.
GARIBALDI – Eu não estou brincando. Existe algo que o Anfitrião quer muito, e que vocês sabem muito bem o que é. Diga-me, e talvez eu a deixe viver.
ANITA(chorando) – Eu não sei…
Um tapa imenso em sua cara aumentou seu pranto.
GARIBALDI(gritando) – Eu já disse que não estou brincando! Fale, Poxa!
ANITA – Eu não sei…
GARIBALDI – A sua barriga. Claro! Vou abri-la agora.
Ele pegou a faca, e a fez reluzir na barriga nua de Anita. Ele fez um pequeno corte e lambeu o sangue.
GARIBALDI – Eu posso ser bem louco se precisar.
Depois ele lhe deu um beijo na boca, demorado. Mas ao terminar, Anita cuspiu em sua cara. Ao que ele limpou, e novamente estapeou a sua cara, com as costas da mão. Como se estivesse louco mesmo, Garibaldi foi até a porta, voltou e colocou o dedo indicador direito no rosto de Anita, abriu a boca para falar algo, mas se calou. Outro tapa.
GARIBALDI – Eu posso ficar fazendo isso a noite toda. Mas eu não quero. Eu vou te matar agora.
Corta para a Ala Oeste.
TOM – O que mais ele falou?
MARIAH – Que nós havíamos por pouco escapado da vingança porque nossos pais morreram sem merecer, pois haviam cumprido a sua parte, mas que o culpado havia sido punido. Mas que nós éramos parte de tudo, porque sem nós nada poderia ser resolvido, e que deveríamos vir de qualquer maneira.
TOM – E quem é esse homem.
MARIAH – Esse homem é…
TOM – Fale…
MARIAH – Esse homem é…
MARINNA – O padre Dornas! É ele.
TOM – O que?!
MARINNA – Isso mesmo. Era o Padre Dornas. Era ele. Ele nos contratou para que viéssemos pra cá.
TOM – pode explicar isso, Padre? Padre? Padre? Cadê ele?
Fim do Capítulo 19