Capítulo 14 – Detalhes Sórdidos
CAPÍTULO 14
TOM – Você está me dizendo que o mordomo empurrou a irmã lá de cima?
MARINNA – Depois de pegar a planta que estava com ela. Mas o pior não é isso. ele não roubou a planta, ele mandou que ela a roubasse de nós. A irmã estava trabalhando pra ele.
GARIBALDI – Viu só, Tom? Em quem confiar? Não há em quem depositar nossas confianças. É cada um por si, e todos aqui acreditam que alguém de nós planeja matar todo o grupo, isso faz de todos, suspeitos.
MARINNA – Inclsuive você, não é Garibaldi, que tentou matar o Edson duas vezes.
GARIBALDI – Eu tenho meus motivos, que não lhe interessam.
TOM – Vamos procurar um local seguro. Ainda faltam duas horas para amanhecer. Se subirmos essa escada, a primeira porta é o meu quarto. Vamos ficar lá até ficar dia, ok?
Quarto de Tom.
Ficaram ali em silêncio, olhando um para a cara do outro, até as primeiras luzes do dia baterem na janela, para alívio de todos. E para a sorte geral, a casa não ruiu como Valéria falou que ia acontecer.
GARIBALDI – Então, Marinna, resolveu ser sensata e vir para o nosso grupo?
MARINNA – Isso não é um jogo, onde se escolhe facções.
GARIBALDI – Oh, é sim, e você sabe que é. Tanto que escolheu o lado do Padre Dornas. Mas todos eles devem ter sido devorados pelos cães.
Alguém bate à porta. Tom abre.
TOM – Padre? Entre. Onde estão os outros.
PADRE DORNAS – Não sei. Mas eu vi o corpo da irmã lá embaixo. Está sendo devorado pelos cães. temos que fazer algo, e dá-la um enterro cristão.
GARIBALDI – A quem está querendo enganar aqui, padre. Não precisa mais fazer o seu papel, todos já sabemos que é um homem sem fé, e portanto, não é padre coisa nenhuma.
PADRE DORNAS – Não vão dar crédito para aquele maníaco do Anfitrião, vão?
GARIBALDI – Ele ainda não errou sobre nenhum de nós aqui.
TOM – Isso porque ele nunca disse nada sobre você que o deixasse constrangido. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, não é?
GARIBALDI – Não costumo fazer uso de clichês para preenxer os meus argumentos.
PADRE DORNAS – Palavras estranhas para um homem que escreveu um livro todo esterotipado, onde todos os personagens são clichês.
GARIBALDI – Pode fazer melhor do que isso, padre?
MARINNA – Hei, vocês homens. Querem parar? Tem pessoas desaparecidas e nossas vidas estão em perigo. Vamos trabalhar em equipe.
TOM – É que.., bem a Valéria disse que o padre ia ser motivo de discórdia.
PADRE DORNAS – Mas eu acho que vocês têm mais motivos para acreditar em mim do que nele.
GARIBALDI – Eu não sei não.
PADRE DORNAS – E tem mais, estamos vivendo situações que estão escritas no livro deste aqui. Quem nos garante que ele não seja o Anfitrião, ou um lacaio dele?
GARIBALDI(sorrindo) – É um risco que vocês têm que correr. Aliás, eu posso ver uma coisa aqui?
Garibaldi a puxou pelos cabelos, e mesmo debaixo dos protestos dela, ele conseguiu ver a tatuagem no seu couro cabeludo.
GARIBALDI – Aí está: 41 125 6 694.
TOM – Meu Deus, o que é isso?
MARINNA – Meu Deus, mas o que significa isso? O que você estão olhando, que número é esse que está lendo na minha cabeça?
GARIBALDI – Eu sei que não confia em mim, padre, mas será que posso?
O padre olhou para Tom, que fez um sinal positivo.
PADRE DORNAS – Por favor.
GARIBALDI – M 16.110…
PADRE DORNAS – Isso está parecendo uma trama ridícula de um livro de mistério de quinta categoria. Eu nunca soube que tivesse isso escrito na minha cabeça.
GARIBALDI – parece que todos vocês foram encorajados a ter os cabelos compridos pela sua família.
PADRE DORNAS- Mas e você?
GARIBALDI – Surpreendentemente, eu não tenho.
PADRE DORNAS – Até nisso você se torna suspeito. Por que todos nós temos as cabeças marcadas e você não?
GARIBALDI – Será o primeiro a saber quando descobrir, padre.
MARINNA – Gente, os cães ainda estão comendo a freira, nin guém vai fazer nada?
Tom pegou seu revólver, e disparando, matou um dos cães. Os demais fugiram.
MARINNA – Que ótimo! Temos agora quatro câes que comem gente soltos dentro da casa, e escondidos. Eu não vou sair daqui. Apesar de estar morrendo de fome.
TOM – É, o nosso café da manhã não foi servido. Parece que o Anfitrião nos abandonou.
GARIBALDI – Se descermos por aquele corredor à esquerda até o fim, chegaremos à cozinha. Tom, você tem um revólver, que fazer as honras?
TOM – Sim, eu vou na frente.
Cozinha.
ANITA – Que bom ver vocês. Eu já estava com medo daqueles cães horríveis ter comido alguém…
GARIBALDI – E comeu!
ANITA – Hã?
TOM – Infelizmente a freira morreu. Passamos pela sala de convivência, e os cães estavam comendo a sua carne.
Anita abraçou Tom.
ANITA – Que coisa horrível!
TOM – E nos viemos à cozinha pegar o que pudermos para voltar a algum dos quartos com segurança. Pelo jeito, nãos seremos mais acompanhados pelo Anfitrião.
MARIAH – Gente, que bom que vocês estão aqui. Tem cães no começo desse corredor.
Tom olho de relance pela porta, para não ser visto pelos cães, mas um deles o viu e veio correndo.
TOM – Vamos trancar essa porta!
MARIAH(chorando) – Estou com saudade dos meus pais, da minha vida. Eu tinha tudo. Tudo!
Tom a abraçou.
TOM – Calma, vamos sair dessa.
MARIAH – Mas como? Duas pessoas já morreram. Estamos encurralados, nem sabemos onde estamos. Tem cães raivosos e comedores de gente atrás de nós. Armadilhas. Nunca vamos sair daqui vivos, Tom.
TOM – Temos que confiar.
MARINNA – Edson ainda está lá fora. Não vamos ajudá-lo?
GARIBALDI – Se quiser sair lá fora e ser devorada, tudo bem, vá em frente.
MARINNA – ora, seu egoista, miserável…
TOM – Silêncio! Ambos têm razão. Temos que saber se Edson está bem, mas temos que nos precaver contra o0s cães. A munição da minha arma está acabando, e temos apenas uma faca afiada aqui. São nossas únicas armas. E não podemos ficar aqui dentro para sempre. Temos que sair.
GARIBALDI – Posso ver seu couro cabeludo?
MARIAH – Hã?!
TOM – É uma longa história.
MARIAH – Ninguém vai ficar vasculhando a minha cabeça, estão pensando o que?
TOM – É importante, Mariah. Acreditamos que códigos tatuados nas nossas cabeças têm estreita relação com o que estamos fazendo aqui.
MARIAH – Não me faltava mais nada. Tudo bem, podem olhar na minha cabeça, estou certa de que não encontrarão nada aí.
Garibaldi olhou com atenção
GARIBALDI – Ela tem razão, não há nada!
TOM – Como é?
GARIBALDI – Não é hada. Não tem tatuagem alguma na cabeça dela.
MARIAH – Mas é claro que não! Por que eu iria fazer uma tatuagem na minha cabeça.
TOM – Não é vocêw, Maria, muitos nós temos tatuagens na cabeça, com números. Acreditamos que seja algum código indicativo, posições geográficas, sei lá.
Tom mostrou ou que eles já conseguiram, que estava anotado em um papel.
MARIAH – Que loucura isso!
TOM – Tudo que acontece aqui é loucura.
MARIAH – Mas vocês já pensaram em numerologia?
GARIBALDI – Numerologia! Claro! Tabela pitagórica.
TOM – Tabela Pitagórica?!
ANITA – Claro, na era da internet, todo mundo conhecesse isso. Correlação entre números e letras pra formar uma frase coerente. Talvez seja isso aqui. Alguém aqui entende de numerologia?
Silêncio. Ficaram todos, um olhando para outro.
GARIBALDI – Se tem uma pessoa aqui dentro que entende isso, esse alguém se chama Valéria. Ela é esotérica. Temos que voltar àquele quarto escuro onde ela se encontra, e finalmente ter uma pista de como sair daqui.
TOM – Primeiro vamos ter que passar pelos cães. E eu só tenho mais duas munições.
Fim do capítulo 14