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Escolhas da Vida

Escolhas da Vida – Capítulo 1 (ESTREIA)

https://www.youtube.com/watch?v=Ai9oDOMTfk4&feature=youtu.be

Capítulo 1

Cena 1.

Santa Catarina./ Ano de 1992.

Mansão dos Brandão. Quarto da empregada.

Maria enfrente o espelho olha sua barriga levemente grande por causa da gravidez, ela enrola uma faixa na barriga pra aperta-la e não realçar no uniforme de empregada. Maria passa a mão sobre a barriga.

Maria: Meu amor. Perdoa a mamãe, mas eu preciso fazer isso pra manter meu emprego.

Cena 2.

Cozinha da mansão.

Maria e Bruna conversam na cozinha enquanto Maria arruma a bandeja com uma jarra de chá e duas xícaras.

Bruna: O Henrique deu notícias já?

Maria: Ele chega hoje à noite. Eu to tão feliz, não vejo a hora de contar pra ele que eu estou grávida. Eu não falei nada nas cartas. Queria fazer surpresa.

Bruna: Com certeza ele vai ter uma surpresa. Espero que ele goste.

Maria: É um filho, por que ele não iria gostar?

Bruna: Ele sempre foi focado nessa carreira na Marinha. Ele fica tempos longe de você e quando ele volta você está grávida.

Maria: Eu sei que vai ser um choque no primeiro momento, mas ele vai entender depois. É o inicio da nossa família.

Bruna: Que Deus te ajude. Eu vou embora antes que a Joana me veja aqui e desconte em você.

Maria: Eu preciso levar esse chá pra ela mesmo, ela está com a Juliana no quarto.

Cena 3.

Quarto de Joana.

Joana em frente ao espelho olhando pra sua barriga falsa de grávida. Juliana sentada na cama observa.

Juliana: Pesa?

Joana: Quase nada.

Juliana: Até hoje eu não entendo como que o Matheus não descobriu essa barriga falsa.

Joana: Sua amiga aqui é muito esperta. Você não entendeu isso ainda? Eu sempre invento alguma coisa. Dores, cansaço. Disse também que é uma gravidez de risco.

Juliana: E ele acreditou?

Joana: Claro. Eu sou muito convincente.

Juliana: Mas como você vai fazer quando ele voltar? Você não pode ficar parecendo que está de quatro meses pra sempre.

Joana: Eu vou trocando.

Juliana: E quando nascer? Não tem nenhuma criança ai dentro.

Joana: Eu posso sofrer um aborto. O importante é segurar o Matheus comigo. Eu não vou deixar essa vida maravilhosa. Essa casa enorme. O dinheiro. As minhas viagens.

Maria bate na porta que estava entre aberta. Joana abaixa a blusa e cobre a barriga falsa.

Maria: Com licença, eu vim trazer o chá.

Joana: Pode entrar querida.

Maria entra e coloca a bandeja em cima da mesinha.

Juliana: Você sabe como eu gosto o meu né Maria?

Maria: Claro, Com dois torrões de açúcar e duas  gotinhas de limão.

Maria prepara o chá e entrega para Juliana.

Juliana: Por isso que eu te amo. Da vontade de levar você pra minha casa.

Joana: Jamais. A Maria é minha.

As três riem.

Cena 4.

São Paulo.

Restaurante.

Matheus e Aline almoçam juntos.

Aline: Eu estou tão feliz que você passou a semana toda comigo.

Matheus: Eu também estou. Por mim ficaria aqui sempre. Mas eu não posso. Infelizmente.

Aline: Eu sei. Eu não quero falar disso agora não. Quero curtir esse momento lindo que nós estamos tendo.

Matheus: Você sabe que eu te amo, não sabe?

Aline: Sei, mas quero ouvir de novo.

Matheus: Eu te amo muito.

Aline e Matheus se beijam.

Aline: Que horas que você vai voltar pra Santa Catarina?

Matheus: Meu voo está marcado pra 4 da manhã.

Aline: Então você vai dormir lá em casa hoje?

Matheus: Jamais diria não pra esse convite.

Os dois se beijam outra vez.

Cena 5.

Santa Catarina.

Quarto de Joana.

Joana se olha em frente o espelho e mexe no cabelo.

Joana: Você é linda. Seu rosto é perfeito. Como que o Matheus tem coragem de te trair? Ele deve ter algum problema. Mas eu vou tirar aquela vagabunda do meu caminho.

Maria entra no quarto.

Maria: Com licença. A Juliana me disse que a senhora me pediu pra vim recolher as xícaras.

Joana: Claro.  Pode pegar. Espere. Prepare mais um chá pra mim.

Maria: Claro.

Maria se abaixa até a bandeja e prepara o chá.

Joana: Eu estava conversando com a Juliana sobre você. Ela gosta muito de você. Principalmente do seu chá.

Maria: Também gosto muito dela. Sempre foi muito educada comigo.

Joana: Maria. Quando você pretende me contar que você está grávida?

Maria se assusta com as palavras de Joana e deixa a xícara cair no chão. Joana já tinha deixado claro que não admitia funcionarias grávidas na casa dela.

Maria: Desculpe, eu vou limpar essa bagunça agora.

Joana: Você não vai fazer nada. Você vai ficar quietinha aqui e vai me responder o que eu te perguntei.

Maria precisava do emprego. Ela não tinha outro lugar pra morar e precisava do dinheiro pra cuidar do filho que estava por vim.

Maria com os olhos cheios de lagrimas: Me perdoa Dona Joana. Eu preciso muito desse emprego. Eu não fiz por querer, mas aconteceu. Esse filho é tudo que eu mais amo.

Joana: Fica calma. Senta aqui. Vamos conversar direitinho.

Joana segura à mão de Maria e a leva pra duas poltronas que havia no canto do quarto, as duas se sentam uma em cada poltrona, e ficam frente a frente.

Joana: Você lembra que quando você veio pra trabalhar aqui em casa, a primeira coisa que eu te disse sobre engravidar?

Maria: Eu sei Dona Joana e eu peço…

Joana: Foi o Matheus. Essas regras idiotas são criadas por ele. Eu nunca entendi o porquê disso. Eu até acho errado, mas ele é meu marido e eu tenho que respeitar. Pra ser sincera com você, eu acho gravidez à coisa mais linda desse mundo.

Maria: A senhora vai ser uma ótima mãe.

Joana: Não precisa fingir Maria. Eu sei que você sabe que essa barriga é falsa. Você já me viu colando e tirando ela varias vezes. E nunca disse nada para o Matheus.

Maria: Eu não tenho que me meter na vida de vocês.

Joana: Exatamente. Por isso que eu gosto de você. O Matheus não tem o direito de atrapalhar a sua vida. Eu quero te ajudar.

Maria: Me ajudar? Como?

Joana: Vamos ter que esconder essa gravidez dele. Vamos trocar esse seu uniforme por um mais larguinho. Você evite ficar perto dele quando ele estiver aqui. E quando sua barriga tiver maior nós veremos o que fazer.

Maria: Obrigado dona Joana. A senhora é uma pessoa muito boa.

Joana: Vem cá. Me da um abraço.

As duas se abraçam, Joana abre um leve sorriso, como se algo que ela tivesse planejado, desse certo.

Cena 6/ Noite.

São Paulo.

Apartamento de Aline.

Matheus entra no banheiro com duas taças de champanhe e entrega uma para Aline que está dentro da banheira.

Aline: Amo champanhe.

Matheus entra na banheira.

Matheus: Vamos brindar.

Aline: Brindar à que?

Matheus: A nós. A nosso amor. E tudo que vamos viver juntos ainda.

Aline: A nós.

Os dois brindam. Aline tenta beber o champanhe na taça de uma vez.

Matheus: Calma, não bebe assim. Você vai engolir

Aline: Engolir o que?

Aline olha no fundo da taça uma aliança.

Aline emocionada: Você não brinca comigo.

Matheus: Eu não estou brincando. Eu quero muito me casar com você. Não tem como ser agora, a Joana está passando por uma gravidez de risco. Eu não posso ser culpado por nada que aconteça a ela. Mas eu prometo que vou me separar dela assim que essa criança nascer.

Aline: Eu espero por esse dia, desde que nós nos conhecemos.

Matheus pega a aliança e coloca do dedo de Aline.

Matheus: Você não me respondeu. Você aceita se casar comigo?

Aline: Eu aceito. É tudo que eu mais quero – Aline tira a aliança do dedo e entrega a Matheus – Mas você vai me fazer esse pedido de novo, depois que você se separar.

Matheus: Claro.

Os dois se beijam.

Cena 7.

Santa Catarina.

Mansão dos Brandão/Quarto de Maria.

Maria se ajeita em frente o espelho.

Maria: Eu quero estar bem pra quando o Henrique chegar.

Maria passa a mão sobre a barriga.

Maria: Vai dar tudo certo.

Henrique entra no quarto de Maria e a beija.

Henrique: Eu estava com tanta saudade de você.

Maria: Eu já estava contando os dias pra te ver.

Henrique percebe a barriga de Maria.

Henrique: Que barriga é esse, Maria? O que está acontecendo aqui?

Maria: Fica calmo.

Henrique: Fica calmo nada. Que palhaçada é essa?

Maria: Eu vou te explicar, calma. Duas semanas depois que você foi pra Marinha eu descobri que estava grávida. Isso é maravilhoso. Nós vamos formar nossa família. Até dona Joana está me apoiando nisso.

Henrique: Como que você me esconde um filho assim? Eu tinha o direito de saber. Você tinha o dever de me falar.

Maria: Eu não escondi nada. Você está vendo agora.

Henrique: Nós trocamos cartas todo esse tempo. Durante 3 meses nos trocamos cartas quase toda semana e você nunca disse nada em nenhuma carta. Isso não é esconder?  Você mentiu pra mim.

Maria: Não. Eu não menti. Eu só não queria te dizer isso por carta. Eu não sabia como te dizer.

Henrique: Você só pensou em você. Você não pensou em mim hora nenhuma. E meus sonhos? Eu sou um marinheiro. Como que eu vou cuidar de você e dessa criança se eu não posso estar presente o tempo todo.

Maria: Nós vamos dar um jeito nisso, não se preocupe.

Henrique: Essa gravidez pode acabar com minha carreira, com a minha vida. Só tem uma solução. Você vai ter que tirar.

Maria: O que? Você enlouqueceu?

Henrique: Não se preocupe, eu vou procurar o melhor lugar pra fazer isso. Eu vou ficar do seu lado, não vou te abandonar em momento nenhum. Temos que fazer isso o mais rápido se crescer muito já não tem como fazer.

Maria: Eu não vou fazer isso. Eu não vou abortar o nosso filho.

Henrique: Eu não pedi esse filho. –Os dois se encaram – Eu tenho o direito de ficar aqui com você durante um mês. Mas tem uma equipe indo embora amanhã. Eu vou te esperar até as 3 da tarde pra procurarmos algum lugar pra você tirar essa criança. Se você não for ao meu encontro, eu vou embora pra sempre. Você nunca mais vai me ver.

Maria: Eu não vou tirar o nosso filho. Se for essa a condição pra ficarmos juntos. Você pode embarcar hoje mesmo.

Henrique: Seu filho, não meu. Eu não pedi filho nenhum. Você nunca me amou mesmo.

Henrique sai do quarto. Maria senta na cama e chora desesperada.

Quatro meses depois.

Cena 8.

Mansão dos Brandão.

Na mesa do jantar. Joana e Matheus em silencio.

Joana: Mandei fazer esse macarrão que você adora e você nem tocou no prato.

Matheus: Eu estou sem fome. Um pouco indisposto.

Joana: Aconteceu alguma coisa? Eu posso te ajudar?

Matheus: Obrigado. Acho que é só um mal estar mesmo. Acho que é por causa da reunião de amanhã. Se você não se importa eu vou subir.

Joana: Claro. Mas tarde eu peça pra levar um chá pra você.

Matheus: Obrigado.

Matheus sai da mesa.

Cena 9.

Quarto de Joana.

Matheus sentado à mesa usa o computador e escreve e-mail pra Aline.

Eu estou morrendo de saudades de você. Estou contando as horas pra chegar amanhã pra que eu possa te ver, te beijar, sentir seu cheiro. Te amo”

Matheus: Eu vou tomar um banho. É isso que eu preciso pra poder ficar mais calmo. Essa reunião deve ser algo muito sério. Ele nunca pediu urgência assim.

Matheus tira a camisa e joga no chão e vai para o banheiro. Joana entra no quarto com a bandeja com o chá.

Joana: Matheus?

Joana ouve o som do chuveiro, e percebe que ele deixou o email aberto no computador.

Joana: Você não vai se importar se eu der uma olhadinha, né?

Joana abre o email e lê.

Joana: Eu poço deixar as coisas mais interessantes.

Joana digita algumas palavras.

Joana: Pronto. Agora é só acabar com as provas.

Joana pega a jarra de chá e joga sobre o computador, que dá curto e queima. Joana grita pra chamar atenção de Matheus. Matheus sai do banheiro enrolado na toalha.

Matheus: O que aconteceu?

Joana: Você deixa suas roupas jogadas. Eu tropecei e deixei cair chá no computador. Eu podia ter caído e perdido o nosso filho.

Matheus se aproxima querendo ajudar.

Joana: Não toque em mim. Não me estressa mais. Eu vou descer pra me acalmar desse susto. Você para de deixar suas roupas espalhadas pelo quarto. Parece um adolescente.

Joana sai do quarto.

Matheus: Pelo menos eu já tinha enviado o meu email.

Cena 10.

Sala da mansão.

Joana sentada no sofá fala ao telefone.

Joana: Paulão, meu amigo. Eu tenho trabalho daquele que sabe fazer. E vai ganhar uma viagem de brinde. Gosta de pão de queijo? Pra onde você vai tem muito.

Cena 11.

Minas Gerais.

Aeroporto de Confins/Manhã.

No desembarque, Aline caminha com sua mala de mão, Aline estava muito feliz, um belo sorriso estampava seu rosto.

Aline: Eu não vejo a hora de encontrar o Matheus. Será que ele já chegou? Quando eu recebi o email que ele iria largar tudo pra ficar comigo, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.

Paulão, um homem grande, forte, com um semblante não muito amigável se aproxima de Aline. Armado ele coloca a arma nas costas de Aline.

Paulão: Se eu fosse você não brincava comigo. Não tenho problema nenhum em disparar em você aqui mesmo.

Aline: Calma, pode levar tudo que eu tenho. Por favor, não faz nada comigo.

Paulão: Infelizmente boneca não vai ter jeito. Esse é um recado do Matheus e você não vai gostar nada de saber.

Aline: Matheus? Onde ele está?

Paulão: Ele não vem. Eu vim no lugar dele.

Aline apavorada com a situação fica sem reação.

Cena 12.

Santa Catarina

Chovendo forte.

Mansão dos Brandão.

Na sala, Joana e Juliana conversam.

Joana: …Viajou de manhã. Disse que era uma reunião importante, mas eu tenho certeza de que ele foi se encontrar com a vagabunda.

Juliana: Como você consegue ser tão sangue frio assim? Eu já teria quebrado o pau com ele por causa dessa mulher.

Joana: Por isso que seu casamento não deu certo. Você não sabe agir no momento certo.

Juliana: Não deu certo, mas consegui uma pensão bem gorda. Nunca mais tenho que trabalhar.

Bruna chega à sala.

Bruna: Desculpe vim assim. Eu sei que a senhora odeia que eu venha a sua casa e atrapalhe o serviço da Maria, mas é uma emergência.

Juliana: Meu Deus. O que aconteceu?

Bruna: A Maria. Ela entrou em trabalho de parto. A gente precisa levar ela para o hospital.

Joana: Como assim trabalho de parto? Ela só ganha essa criança mês que vem.

Bruna: Eu não sei o que aconteceu. Eu só sei que ela vai ganhar essa criança a qualquer instante e a gente precisa fazer alguma coisa. Ela disse que a senhora ia ajudar.

Joana: Claro, eu vou ajudar.

Bruna: Precisamos levar ela para o hospital.

Joana: Nessa chuva? Não tem como. Hoje é folga do motorista e eu não sei dirigir.

Juliana: Não sabe?

Joana irônica: Não, eu não sei.

Cena 13.

Quarto de Maria.

Deitada na cama, Maria soa e sente dores das contrações. Bruna, Joana e Juliana entram no quarto.

Joana: Maria, querida. Você tem certeza que vai nascer agora?

Maria: Vai nascer sim. Vocês têm que me ajudar.

Juliana: O que vamos fazer?

Joana: Bruna, você vai ter que fazer esse parto.

Bruna: Eu?

Joana: Sim, você. Eu não posso por causa da barriga.

Bruna: Mas eu nunca fiz um parto na minha vida.

Joana: Você não assiste filmes? Deve ser a mesma coisa.

Bruna: Está bem. Dona Juliana eu preciso de toalha e água.

Juliana: Eu tenho que pegar?

Joana: Anda Juliana ajuda.

Bruna ajuda Maria a ter a criança. Maria se esforça ao máximo pra que a criança nasça. Ela faz força, muita força. Ela já quase não conseguia manter acordada, ela estava fraca. O esforço que ela sofreu foi muito. O parto não foi feito da maneira mais correto, mas foi o que fez a criança nascer.

Juliana e Joana ficaram na porta observando tudo. Joana não tirava os olhos de Maria, e quando a criança nasceu ela não conseguia tirar os olhos da criança.

Juliana: Tá ouvindo? É choro da criança. Nasceu.

Joana: Nasceu sim. O meu filho nasceu. Meu…

Joana fixa o olhar na criança.

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