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Detalhes Sórdidos

Capítulo 12 – Detalhes Sórdidos

CAPÍTULO 12

TOM – Você está dizendo que a casa será derrubada?

VALÉRIA – Estou dizendo que a carta da Torre está começando a se mostrar. Estou dizendo que a sua segurança e a de todos os que estão aqui dentro, começa a ruir.

TOM – Não temos segurança alguma aqui. Estamos à mercê de um louco milionário, que acha que pode fazer o que quiser com o dinheiro.

VALÉRIA – Ele não acha, queridinho, ele pode. Nós estamos aqui por um motivo…

TOM(gritando) Eu não quero saber! Nada justifica tamanho desprezo!

VALÉRIA – Você não viu nada ainda.

TOM – Você fala como se o conhecesse!

VALÉRIA – E o conheço. O conheço como a cada um de vocês aqui. E uma coisa eu posso lhes dizer: o tempo de todos aqui está acabando, porque vocês estão aqui pra morrer.

TOM – Mas por que? Qual o sentido disso tudo?

VALÉRIA – Não posso dizer mais nada, me desculpe.

TOM – Não vai jogar as cartas?

VALÉRIA – Não!

TOM – Eu vou voltar.

VALÉRIA – Tenho certeza disso.

Corredor Central.

GARIBALDI – Você não confia mesmo naquela mulher, não é mesmo, Tom?

TOM – Da mesma forma como não confio em você.

GARIBALDI – É, mas eu estou lhe dando a oportunidade de sair daqui.

TOM(segurando Garibaldi pelo colarinho) – Até agora, não vi nada disso. Você fica aí falando bobagens, e causando discórdia, só isso.

GARIBALDI – Pois eu vou levar vocês a um lugar onde não pensaram que podiam chegar: o antigo quarto do Anfitrião, quando ele vivia nessa casa.

MARIAH – Como assim? Ele não vive aqui?

GARIBALDI – Se ele estivesse aqui, já o teríamos descoberto, não acha?

MARIAH – É, você pode ter razão. Mas o mais intrigante de tudo são as suas motivações. Por que nos torturar dessa maneira?

GARIBALDI – Talvez seja um jogo, onde outros milionários estejam assistindo. Sabe, algo como “Caverna do Dragão”, onde você nunca vai encontrar o caminho de casa, entende? Ou então um reality show. Pode ser que outros milionários estejam apostando em nossa perfórmance aqui dentro. Não podemos duvidar de nada.

TOM – Mas você ainda é minha principal suspeita. Há uma grande semelhança entre o que está havendo aqui, e o seu livro…

GARIBALDI – Ah, então você o leu. Sinto-me lisonjeado…

TOM – A questão é que você pode dizer qual é o próximo passo.

GARIBALDI – Estamos à mercê da Valéria, e suas cartas.

TOM – Mas como você pode afirmar com tamanha propriedade? isso só fz de você um suspeito.

GARIBALDI – Eu não sei, Tom. Estou tão surpreso quanto qualquer um de vocês. Eu creio que vocês não acreditem, mas eu sim acredito, que tudo pode não passar de uma grande coincidência.

MARIAH – Coincidência demais!

GARIBALDI – Ah, lá está: o anigo quarto do Anfitrião.

Dentro o quarto.

GARIBALDI – Como vocês podem ver, ele morava nessa casa. O tempo em que eu estive desaparecido, é aqui que eu me escondia. Veja só, tem uns compartimentos secretos ali, e aqui dentro simplesmente não tem câmeras. Isso significa que podemos fazer desse quarto o nosso quartel-general.

TOM – Mas ele pode chegar a qualquer momento.

GARIBALDI – Não seja ingênuo Tom. Para mim, esse Anfitrião nem mora no Brasil. eu acho que nem mesmo o Júnior, o mordomo mora aqui. Há quanto tempo você não o vê?

IRMÃ SOFIA – Por outro lado, nossas refeições estão sempre, e os nossos quartos arrumados.

TOM – Espere aí! É isso mesmo! Nunca vimos ninguém entrar ou sair, mas nossos quartos estão sempre com roupas de ama limpas e nossas refeições sempre prontas. Como é que nunca questionei isso?

IRMÃ SOFIA – O que?

TOM – Uma equipe de apoio. Moradores paralelos, que nunca os vimos, mas que estão aqui.

IRMÃ SOFIA – tem muitas coisas estranhas por aí: bebês chorando à noite, corpos dependurados nas árvores, cães monstruosos lá fora, rãs, poços de lama…

GARIBALDI – Ou seja, um verdadeiro parque de diversões.

TOM – Seria cômico, se não fosse trágico. Vamos parar de conversa, e procurar pistas.

Terceiro pavimento.

ANITA – Acho que não deveríamos ter nos separado deles. Quando se trata de inimigos, o melhor é deixá-los bem perto da gente. Meu pai sempre dizia que se colocarmos uma rapoza no galinheiro, a responsável pelo sumiço das galinhas seria dela.

PADRE DORNAS – Você tem razão. Por outro lado, eu não gostaria de estar sempre perto de uma pessoa que quer me sabotar.

ANITA – De quem o senhor está falando?

PADRE DORNAS – Eu confio em poucas pessoas ali. Mas agora não se trata de confiar ou não. eu tenho medo da irmã Sofia.

EDSON – Ela disse algo para o senhor, padre?

PADRE DORNAS – Em segredo de confissão sim. mas me parece que você também tem certo receio da sua presença.

EDSON – Padre, o que eu vou falar aqui, tem que permanecer entre nós. No dia em que eu fui ferido, eu vi o Garibaldi atirando em mim. E a freira estava com ele.

MARINNA – Bem, se vamos iniciar uma sessão psicanálise, eu vou contar o que aconteceu entre a Valéria e eu no dia em que ela foi solta.

Marina narrou tudo, com detalhes.

PADRE DORNAS – O Anfitrião está usando os detalhes sórdidos da nossas vidas para nos torturar.

EDSON – Ele está usando muito mais do que isso. Eu já levei dois tiros. Felizmente pegaram de raspão. O Sérgio se matou, e o que mais pode nos acontecer aqui dentro.

PADRE DORNAS – Ele não se matou. Mataram ele.

MARINNA – Aqui, consegui abrir uma porta.

PADRE DORNAS – Parece ser uma espécie de quarto de bagunça. Tem muitas coisas antigas aqui. Revistas, móveis.

De repente, tudo começa a tremer, e fica assim por alguns segundos.

PADRE DORNAS – O que foi isso.

MARINNA – A Torre. Tudo vai ruir. Temos que sair da casa o mais rápido possível.

PADRE DORNAS – Vejam só o que eu encontrei aqui. Parecer ser um cofre, e está muito bem trancado.

Marina pega a caixa, e a arremessa no chão, fazendo a mesma em pedaços.

MARINNA – Não esta mais.

ANITA – Parece ser um projeto de alguma coisa. Uma planta.

PADRE DORNAS – Pode ser a planta da casa, se for, estamos salvos.

Estenderam o projeto sobre uma velha mesa.

PADRE DORNAS – Está faltando uma parte…

Antigo quarto do Anfitrião

TOM – Vamos sair daqui antes que tudo trema de novo.

E de repente, tudo recomeçou a tremer. O guarda-roupa virou, e de cima dele, caiu um pedaço de papel.

GARIBALDI – Vejam, acho que encontrei a planta da casa.
TOM – Mas parece que está faltando uma parte

Garibaldi foi até uma mesinha de cabeceira e a abriu, retirando da gaveta um revólver.

TOM – mas o que é isso?
GARIBALDI – se conheço bem o senso de humor do Anfitrião, vamos precisar de um desses. Vamos sair daqui e procurar os outros.

Segundo pavimento, minutos depois.
Garibaldi estendeu a planta no chão.

GARIBALDI – veja só, Tom, há uma chave de energia nesse local. É um sótão. Mas se você olhar aqui nesse desenho seccionado, você verá que existe um nível abaixo do sótão. É onde deve ficar a equipe de apoio. Infelizmente, só saberemos como chegar lá com a outra metade.

PADRE DORNAS(com uma arma apontada para Garibaldi) – Não vamos entregá-la pra vocês. Passem esse negócio pra cá.

GARIBALDI – Está aprendendo rápido como ser um criminoso, padre.
PADRE DORNAS – Você não tem moral pra me dizer isso. Me dê agora esse projeto. Eu vou guiar todo mundo pra fora daqui.

Thomas entrou na frente da arma.

TOM – Terá que atirar em mim.
PADRE DORNAS – Tom, por favor, não me obrigue a fazer isso. esse cara aí é um criminoso, ele tentou matar o Edson, duas vezes.
GARIBALDI – Tom, estamos juntos agora. Não deixe que ele te engane.
PADRE DORNAS – Quem está enganando?! Tom, saia da frente, por favor.
TOM – Para tirar a planta de nós, terá que atirar
IRMÃ SOFIA – Gente, por que não trabalhamos juntos?
MARINNA – Cala a boca, sua vadia. Você é tão criminosa quanto eles. Atire logo, padre, ou é eles, ou nós.

Novamente outro tremor, e o padre caiu, deixando escapar seu revólver. isso possibilitou que Tom pulasse sobre ele e que se engalfinhassem numa briga. Primeiro, Tom, ficou por cima, alvejando o padre com socos. Depois foi a vez do padre, de se livrar do jovem, e ficar por cima, também dando-lhes socos. Nesse ínterim, a irmã Sofia conseguiu roubar o outro papel e sair correndo, enquanto todos se distraím com a luta. Marinna a viu quando ela estava longe.

MARINNA – A freira roubou a planta!

Todos esqueceram a luta e partiram em sua perseguição. Mas o tremor fez com que todas as luzes se apagassem, e mais uma vez eles estavam na escuridão. Agora era cada um por sí.

Fim do Capítulo 12

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