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Detalhes Sórdidos

Capítulo 11 – Detalhes Sórdidos

DETALHES SÓRDIDOS

CAPÍTULO 11

PADRE DORNAS – Tom, vamos embora daqui. Vamos deixar essa maluca ficar falando sozinha…

TOM – Não saio daqui sem ela.

PADRE DORNAS – Tom, temos que continuar as buscas. Não está vendo que essa mulher também está fazendo o jogo do Anfitrião e nos jogando uns contra os outros? Será que não vê isso?

TOM(gritando) – Eu já disse que não saio daqui sem ela! Você vem conosco, ou eu vou arrastá-la pelos cabelos.

VALÉRIA – Usar a violência não vai adiantar. Eu estarei sempre aqui. Pode confiar. Vocês me encontraram porque eu permiti.

TOM – Então você trabalha para o Anfitrião…

VALÉRIA – Muito embora você tenha afirmado, e não perguntado, vou lhe responder: não. Não trabalho para ninguém. Acredite, Thomas, vocês estão em perigo, e só matando o cerne desse perigo, é que ele acaba. Por isso, acabe logo com esse padre. E tudo isso se acaba.

PADRE DORNAS – Eu não vou ficar aqui ouvindo essas barbaridades.

VALÉRIA – Isso, Padre. Fuja. Mas antes conte pra eles como foi que você entrou aqui.

TOM – Padre, espere. Eu vou com o senhor.

Sala de convivência.

TOM – Bem, estamos aqui eu, o Padre José Dornas, A Anita, a Mariah, o Edson, A Marinna, a Irmã Sofia e o Hernesto Garibaldi, que está amarrado por motivos óbvios.

GARIBALDI – Acho isso uma descortesia…

TOM – Ninguém está interessado no que você acha.

GARIBALDI – Desculpe-me, só quis externar a minha opinião.

TOM – O que estou tentando dizer é que vamos todos nos vigiar. A partir de hoje, ninguém mais tem quartos privados. Todos vamos dormir nessa sala. Se alguém tem que ir ao banheiro, outro o vigiará até que saia. Essas são medidas para descobrir quem de nós está querendo matar a todo o grupo.

MARIAH – Mas isso é um absurdo! Eu não gosto que ninguém fique me olhando dormir.

TOM – Isso não é problema nosso. Nosso problema é nos manter vivos.

IRMÃ SOFIA – mas e a Valéria?

GARIBALDI – Aquela vaca está jogando com vocês. Aposto como ela é o Anfitrião em pessoa.

TOM – Você é a última pessoa que poderia estar falando isso por aqui.

GARIBALDI – Me desculpe, Tom, mas as coisas estão sendo conduzidas da forma errada. Não será nos privando de liberdade que você vai conseguir nos tirar daqui. A não ser, evidentemente, que seja você o interessado em nos matar.

TOM(nervoso) – Eu vou mata-lo, se não se calar.

GARIBALDI – Não pode me calar, Tom. Eu não ignoro o que lhe disse a Valéria. Porque é a verdade. Se eu morro, vocês morrem. Se eu desapareço, vocês morrer. Então, é melhor começar a me tratar com mais consideração.

TOM – Senão o que?

GARIBALDI – Senão, eu posso ficar muito nervoso. Mas espere um pouco: quem foi que elegeu você o chefe do clubinho? Oh! Ia me esquecendo! No mundo dos negócios é como a descoberta do fogo, não é mesmo? Aquele que chega primeiro à chama, vira o rei dos macacos, não é isso!

ANFITRIÃO(sua voz surgiu de repente, como sempre) – Eu não acredito que uma pessoa sensata como você, Thomas, está acreditando na Valéria.

TOM – Eu não tenho motivos pra acreditar em ninguém, muito menos em você.

ANFITRIÃO – Isso é característica de todos os homens de negócios, não é mesmo? Por isso você é o meu predileto. O melhor jogador. Os demais não passam de meros expectadores enquanto você tomas as rédeas da situação. Gosto disso. Por isso mesmo você se deu tão bem no mundo dos negócios. Passou por cima de pessoas em nome da sua carreira e da sua empresa. Especulações que levou pessoas e instituições à miséria. Isso é ter sangue nas veias. Diga-me, Thomas: quantas pessoas você já levou à miséria?

TOM – Eu fiz o que fiz pelo bem da economia global.

ANFITRIÃO – Claro. As grandes instituições, os grandes executivos como você, acostumados a lucros obscenos, em detrimento da pobreza de outros. Quando empresas como a que você trabalha, engole os pequenos, eles não perdem somente seus bens materiais. Perdem a alma, porque são obrigados a se deixarem engolir também. Quantos foram á total bancarrota por não aceitarem a sujeirada proposta pelas grandes corporações para se estabelecerem?

TOM – Não sei do que você está falando.

ANFITRIÃO(gargalhando) – Lembra que eu te perguntei sobre sua frequência com prostitutas? Tom, vamos colocar esse grupo como uma grande consciência. Todos aqui sabem sobre todos, então, não há motivos para esconder de ninguém os seus podres. Porque vamos descobrir um a um, em seus detalhes mais sórdidos.

Tom começa a tremer.

ANFITRIÃO – Silas Albuquerque, lembra-se dele?

TOM – Não!

ANFITRIÃO(Gargalhando) – Então eu vou refrescar a sua memória. O vice-presidente da rede de Shoppings mais badalada de São Paulo, talvez do Brasil. Você era um estagiário, e ele te buscou lá do andar térreo, para trabalhar com os todo-poderosos, no topo, no terraço. A nata dos executivos de São Paulo. Ele lhe ensinou tudo o que sabia, e estava lhe preparando para torna-lo vice-presidente, quando então ele seria o presidente. Mas aconteceu um roubo no shopping, um desfalque…

TOM – Eu não roubei nada!

ANFITRIÃO – Não estou lhe acusando de ter roubado. Mas negue que você sabe quem o fez? Você sabia que havia desviado o dinheiro, e poderia ter evitado um desastre, mas não, você ficou calado, porque a cabeça de Silas Albuquerque havia sido colocada “na guilhotina” e estava prestes a ser decepada. Silas ficou na miséria porque teve que vender até seu último bem pra pagar o prejuízo, e ainda foi preso, pagando por um crime que não cometeu.

Tom começou a chorar.

TOM – Eu não podia supor que tudo isso ia acontecer…

ANFITRIÃO – Isso não é o pior. A filha de Albuquerque foi visita-lo na prisão, e confessou pai, toda chorosa, que estava se prostituindo, porque era uma viciada e não tinha mais como manter o vício. Disse que começou a usar drogas depois que o pai havia sido preso. Ela então, começou a se prostituir. Talvez isso não tivesse doído tanto, se pai não soubesse quem era o principal cliente da filha. Aquele que mantinha regularmente o seu vício!

Tom tampou os ouvidos e começou a chorar descontroladamente.

TOM(gritando e chorando) – Chega! Pelo amor de Deus, eu não quero mais ouvir! Chega!

ANFITRIÃO – Silas Albuquerque então se matou na prisão.

Silêncio.

ANFITRIÃO – Uma família destruída apenas pelo desejo de poder.

TOM – Meu Deus, me perdoe!!!

ANFITRIÃO – Deus não pode ouvi-lo, Tom, porque aqui é o inferno!

O Anfitrião não voltou mais a falar.

TOM – o que vocês estão olhando?! Tudo o que ele disse é verdade, e daí? Eu matei o homem que deveria venerar pelo resto da minha vida.

EDSON – Tom, eu sei como funciona no mundo dos negócios. Você não podia formalizar uma acusação sem provas. Ou era ele, ou era você. Talvez você tivesse feito a escolha certa na ocasião. Por favor, Tom, não vá se matar também, precisamos de você.

TOM – eu não vou me matar. Eu vou encontrar esse anfitrião e mata-lo.

GARIBALDI – Ora ora! Aflorou o verdadeiro Thomas Toledo. Eu posso lhe ajudar, Tom. Me solte, e vamos trabalhar juntos.

Tom desamarrou Garibaldi.

TOM – Espero que eu não me arrependa.

GARIBALDI – Não se arrependerá.

Silenciosamente, Edson deu outro murro em Garibaldi, fazendo cair sangue do seu nariz.

GARIBALDI – Por que fez isso?

EDSON – Qualquer suspeita que eu tiver de você tentar me matar de novo, mato você primeiro.

GARIBALDI – Tudo bem, não vou mais tentar te matar. (sussurrando): não por enquanto. Agora, se vocês puderem me seguir, vamos encontrar o Anfitrião.

PADRE DORNAS – Eu não vou atrás desse cara.

IRMÃ SOFIA – eu também vou.

SÉRGIO – Se ela vai, eu fico. Eu estou com o padre. Não confio em nenhum de vocês aí.

TOM – Nem em mim?

SÉRGIO – Não mais, depois que você libertou esse maníaco.

TOM – Quem mais vem ou fica?

MARINNA – Eu vou ficar.

MARIAH – eu vou com vocês.

GARIBALDI – Viu só, Thomas. Uma pessoa que causa ruptura, essa não é uma pessoa confiável.

Compartimento da casa onde se encontra Valéria.

TOM – Estamos aqui pra que você tire novamente as cartas…

VALÉRIA – Mas as cartas da Torre e do Papa ainda não se consumaram. E eu não quero que você ache que eu sou propriedade do seu grupo. Os outros também merecem meus serviços.

TOM – Mas você disse que o padre ia causar ruptura…

VALÉRIA – E vai. Mas pra que as coisas tenham andamento, alguém tem que morrer, e isso vai acontecer ainda hoje, quando essa casa vier a baixo.

TOM – Do que você está falando?

VALÉRIA – Estou falando, queridinho, que essas paredes amanhã não existirão mais. E a não ser que não queria acabar como elas, é melhor sair de dentro da casa.

Suspense.

Fim do capítulo 11.

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