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Histórias da Vida

Histórias da vida – Capítulo 39 (PENÚLTIMO CAPÍTULO)

Capítulo 39

Continuação do capítulo anterior…

Cena 1.

No ônibus.

Senhora: Meu filho. Olha todo o sofrimento que você está causando. Tantas pessoas aqui dentro inocentes. Você queria o dinheiro e nos te demos. Não precisava disso tudo.

Rafael: Não precisava mesmo. Mas alguém chamou a policia e estamos aqui agora.

Senhora: Desiste filho. Olha pra mim. Eu já sou velha. Já estou quase morrendo mesmo, mas você não. Você tem uma vida ainda pela frente. Não estrague mais as coisas.

Rafael: Eu não tenho mais vida, dona. Eu acabei com ela quando eu me envolvi com drogas. E por culpa dessas malditas drogas eu estou aqui agora. Ferrando a minha vida. Fazendo todo mundo sofrer. A minha mãe. Eu não queria que ela sofresse.

Senhora: Então pare essa loucura. Você vai impedir um sofrimento maior. Não precisa fazer isso por mim ou pelas pessoas que estão aqui dentro. Faça isso pela sua mãe.

Rafael olha pra Maria. A vê-la chorando, sofrendo partia o coração de Rafael. E ele sabia que só parando todo aquele sequestro ele podia amenizar o sofrimento. Rafael afrouxa o braço aos poucos e a senhora percebe que Rafael estava desistindo. Ela então desce do ônibus. Sem a senhora de refém, Ninguém sabia o que Rafael iria fazer. Do alto de um prédio, o atirador dispara contra Rafael. O tiro acerta no meio do peito dele. O barulho do disparo assustou a todos. Maria olha assustada pra Rafael e o vê baleado. Rafael cai no chão.

Maria grita desesperada: Não. Meu filho. Não.

Maria passa a faixa de isolamento e empurra o capitão que estava impedindo o caminho. Maria caminha até o corpo de Rafael caído no asfalto. Maria ajoelha no chão e coloca a cabeça de Rafael no seu colo.

Maria: Rafael, fala comigo. Por favor, fala comigo. Uma ambulância. Por favor. Depressa. Uma ambulância.

Rafael com dificuldade de falar: Me perdoa mãe. Me perdoa.

Maria: Vai Ficar tudo bem. Fica calmo. Você vai para o hospital e vai ficar tudo bem.

Rafael: A senhora se lembra de quando eu estava com medo de dormir e você cantava uma música até eu conseguir pegar no sono? Canta pra mim, mãe.

Naquele momento era como se o mundo inteiro tivesse parado e só existisse Maria e Rafael. O pedido de Rafael fez as memórias antigas de Maria voltar.

Flash back

No quarto de Rafael, ele com 8 anos deitado na cama e Maria sentada do lado dele.

Rafael: Eu não to conseguindo dormir mãe. Fica aqui comigo.

Maria: Eu não posso. Você já é um homem. Tem que dormir sozinho.

Rafael: Mas eu não consigo.

Maria: Eu vou ficar aqui até você adormecer, está bem.

Rafael: Canta pra mim, mãe.

Maria canta: Papai do céu / Manda teus anjos aqui / Eu sou criança / E não sei cuidar de mim.

Dias atuais.

Maria canta: Papai do céu /Manda teus anjos aqui / Eu sou criança / E não sei cuidar de mim.

Rafael olha pra Maria.

Rafael: Obrigado, mãe.

Rafael fecha os olhos. Maria chora desesperada, continua cantando a música que Rafael pediu e tenta fazer suas orações ao mesmo tempo.

Maria: Papai do céu, manda teus anjos aqui. Senhor te peço sua misericórdia sobre o meu filho. Pai. Não abandone o pedido desesperado de uma mãe. Eu sou criança e não sei cuidar de mim.

Os irmãos de Rafael no meio da multidão choravam abraçados uns aos outros. Todos já tinham certeza de que Rafael já estava morto.

Maria continua cantando para o corpo de Rafael deitado sobre seu colo, até que uma lagrima escorre do olho fechado de dele. E como se ele tivesse voltado a viver, Rafael abre os olhos com uma forte respiração. Maria emocionada sorri olhando pra Rafael.

Maria: Obrigada. Obrigada meu Deus.

A ambulância chega na área do sequestro do ônibus.

Cena 2.

 Apartamento de Lucas.

Na sala, Lucas e Guilherme conversam.

Guilherme: Um absurdo, pai. Eu já não sei o que fazer com a minha mãe. É sempre a mesma coisa. Ela acha sempre que está certa e acaba julgando as pessoas da pior maneira possível.

Lucas: Calma. Não adianta ficar assim. Ela estava pensando no seu bem.

Guilherme: Eu sei que é pro meu bem. Que as intenções dela são boas. Mas ela sempre age de uma maneira errada. Nem sempre o que ela pensa é o certo. Sinceramente.

Lucas: Talvez ela esteja agindo assim sobre a influência desse namorado novo da sua mãe.

Guilherme: Novo namorado?

Lucas: O Oto. Ele não é homem pra Camila. É um absurdo ela estar namorado com ele.

Guilherme: Eles não estão namorando.

Lucas: E não deixe.

Sandra na porta do apartamento: Eu posso entrar.

Lucas: Sandra?

Guilherme: Oi Sandra. Eu vou deixar vocês dois sozinhos.

Guilherme sai do apartamento e Sandra entra.

Lucas: Sandra, eu posso explicar. O que você ouviu não é nada do que você está pensando.

Sandra: Tem certeza? Eu recebi um convite pra um congresso de medicina em Londres e eu saí do hospital pra vim aqui pra te contar, pra te convidar pra ir comigo pra Londres porque achei que seria uma viajem bem romântica. E me deparo com uma cena de ciúmes pela sua ex-mulher.

Lucas: Não é cena de ciúmes. Você não entendeu o que aconteceu aqui. O Oto, você não o conhece, mas eu conheço. E ele não é a pessoa certa pra Camila.

Sandra: E o que você tem com isso. Ela é sua ex-mulher, adulta, independente e certamente é ela que decide quem é a pessoa certa pra vida dela.

Lucas: Você tem razão, Sandra. Eu não devia ter dito o que disse. Eu não devia ter feito o que eu fiz.

Sandra: Você ainda ama a sua ex?

Lucas: Não faz isso Sandra. Não me coloca nessa situação.

Sandra: Sua resposta já é mais que suficiente pra mim. Você ama a Camila. Você não me ama, mas eu me amo. E eu me valorizo.

O celular de Sandra toca. Sandra olha no visor.

Sandra: É do hospital. Eu tenho que ir.

Lucas: Quando você sair do hospital você me liga. A gente termina essa conversa.

Sandra: A conversa já acabou.

Sandra tira o anel de compromisso do dedo e deixa em cima da mesinha da sala e sai do apartamento.

Cena 3.

Casa de caio.

Na sala, Caio assiste TV junto com Felipe e Bia entra.

Caio: Que demora Bia. O Felipe disse que você ficou depois da aula porque o professor queria ter uma reunião com você.

Bia: Foi sim.

Felipe: E o que ele queria? Eu to muito curioso. Eu ia ficar lá pra ver a reunião, mas ele não deixou.

Caio: Tá certo. A reunião não era com você. Mas o que ele disse Bia.

Bia: Ele me deu mais uma chance. E me deu um novo trabalho pra fazer no lugar dos pontos que eu perdi na feira de ciências.

Caio: Que ótimo. Até que em fim ele caiu na real e não foi injusto. Eu vou te ajudar pra me redimir.

Felipe: Mas por que ele fez isso?

Bia: A Vitória o procurou e contou o que aconteceu. Que ela tinha atrasado o despertado e que a culpa tinha sido dela.

Caio: A Vitória fez isso?

Felipe: Eu não acredito.

Bia: Quando ele me contou eu também não acreditei. Eu preciso falar com ela.

Cena 4.

Hospital.

Na sala de espera, Maria e a família ficam aflitas esperando por noticias.

Maria: Por que ninguém vem dar uma noticia. É uma mãe desesperada aqui.

Nath: Calma, mãe. Eu liguei pro Guilherme e ele vai vim pra cá. Ele trabalha aqui, fica mais fácil de termos noticias.

Maria: Eu preciso de noticias agora, Nath. Meu filho levou um tiro no peito.

Junior: Calma mãe. Está nas mãos dos médicos. Nós não podemos fazer nada.

André entra na sala de espera.

Carla: Agora não André. Ninguém está com cabeça pra suas brigas.

André: Eu não vim brigar. Eu vim dar meu apoio pra vocês.

Julia: Oi? O senhor nunca foi disso. Conta outra.

Diego: Calma Julia. Ele quer ajudar. Não precisamos de mais confusão aqui.

Maria: Obrigado André. Mas eu só quero saber do meu filho agora.

Sandra chega à sala de espera.

Maria: Meu filho está bem, não está? Fala pra mim.

Carla: Calma mãe. Deixa a doutora falar.

Sandra: Conseguimos fazer a operação sem grandes ricos, mas o Rafael perdeu muito sangue. E o hospital está com baixa no banco de sangue. Vamos precisar de doações. Eu creio que os irmãos possam doar a probabilidade de ser o mesmo tipo sanguíneo é bem maior.

Junior: Claro. Vamos doar sim.

Carla: Eu também vou.

Nath: Eu queria ajudar, mas não posso.

Maria: Pode sim. Vem aqui e ore comigo.

Diego: Então vamos.

Cena 5.

Casa de Vitória.

Na sala, Vitória abre a porta e vê Bia.

Bia: Oi. Eu posso entrar pra falar com você?

Vitória: Pode sim.

Bia entra.

Bia: O meu professor me contou o que você fez. Que você foi lá e explicou tudo.

Vitória: Eu não podia deixar você sair prejudicada pelo o que eu fiz. Tipo, você me fez muita raiva e eu desliguei o despertador pra você se ferrar, mas eu imaginava que você poderia perder o ano por causa disso.

Bia: Foi por quase. Obrigada. Eu no seu lugar talvez não fizesse isso.

Vitória: Acho que faria sim. Você é uma boa menina. Nós só não conseguimos nos entender por causa do Caio. Acho que você não conseguiu aceitar que ele vai ter que constituir uma família. Ter filhos, esposa. Assim como você vai começar a namorar. Vai casar ter filhos e fazer uma família sua.

Bia: Pra falar a verdade eu não quero que isso aconteça. Eu tenho medo de me apaixonar e ter uma cunhada que seja igual eu fui pra você.

Vitória: Você vai sofrer se isso acontecer. Mas eu tenho uma dica. Não faça o que eu fiz. Eu tenho 23 anos e você 15. Eu não devia ter entrado no seu jogo. Como daquela vez que eu percebi que você estava caidinha pelo João aqui do bairro. Eu devia ter te ajudado a colocar uma roupa bonita, uma maquiagem e penteado legal pra você conquistar ele e eu resolvi implicar com você.

Bia: Se você tivesse me ajudado na maquiagem eu acho que eu tinha conquistado ele mesmo. Você faz a maquiagem tão bonita.

Vitória: Quem sabe um dia eu te ensino.

Bia: Quem sabe um dia. Obrigada mais uma vez por ter falado com meu professor. Tchau.

Cena 6

Mansão de Glória.

Na sala, Glória desce a escada com a bolsa na mão.

Glória: Eu já estou pronta. Vamos?

Hélio sentado no sofá: Eu acho que eu não vou.

Glória: Como assim você não? Claro que você vai.

Hélio: Sei lá. Ela disse que queria que a gente se afastasse. Eu com medo que ela pense que eu estou tentando me aproveitar da situação.

Patty senta do lado de Hélio: Isso é ridículo. É seu sobrinho que está. Não é só a Maria que está precisando de apoio.

Glória: Para de falar besteira. Você vai sim. Levanta daí e vamos.

Patty: Vovó tem razão. Vamos pai.

Hélio: Tudo bem.

Hélio levanta e os três saem da mansão.

Cena 7.

Hospital.

Na sala de espera.

Sandra: Os testes de compatibilidades foram feitos e infelizmente apenas o do Junior Carla deu compatível com o do Rafael.

Maria: Como assim? São todos filhos do mesmo pai.

Junior: O meu eu até entendo. Mas meus irmãos eram pra ter dado certo.

Sandra: Às vezes isso acontece. Nem sempre os irmãos têm o mesmo tipo sanguíneo.

Diego: Mas pelo menos o da Carla vai servir.

Sandra: Ele precisa de mais. A quantidade tirada da Carla não é o suficiente.

Carla: Eu posso doar mais.

Sandra: A gente não pode tirar mais de você. A quantidade que podíamos já foi retirada. Mas ligamos para os hospitais da região. Vamos conseguir mais sangue.

André: Eu dou. Eu posso doar, meu sangue é O negativo.

Guilherme: O negativo é doador universal. É compatível com qualquer sangue.

Nath: Graças a Deus.

Junior: Vai ficar tudo bem Vó.

Maria: Graças a Deus, Julia.

Cena 8/ NOITE.

Capela da igreja.

Na capela, Maria ajoelhada faz suas orações, Valéria entra na capela e senta se no banco ao lado de Maria.

Valéria: Tá pedindo Deus misericórdia por tudo de ruim que você fez nessa vida?

Maria: Você podia ao menos respeitar o lugar que estamos. Isso é uma igreja.

Valéria: Eu sei. Quem não respeita esse lugar é você. Destruidora de casamentos. Adultera. Se estivéssemos na época em que cristo vivia íamos te apedrejar até a morte. A primeira pedra eu mesma ia tacar. No meio da sua cara.

Maria e Valéria levantam-se.

Maria: Você poderia me deixar em paz. Meu filho levou um tiro. Tenha respeito por isso. Pela minha dor.

Valéria: Respeito?  Quando você estava na cama como meu marido você não pensou em respeito.

Maria: Pela ultima vez eu não tive um caso com seu marido.

Valéria: Você acha mesmo que eu acredito nisso. Nem Deus que é todo misericordioso acredita em você. Olha todo o castigo que você teve. Uma filha que apaga do marido, mas ela tem cara de safada, de que gosta mesmo. O outro um bandido viciado em drogas. Se ele morrer é uma favor pra sociedade. Sem contar no filho viadinho e da outra imunda que tem AIDS. Imagina com que tipo de pessoa esse menina se deita pra ter AIDS. Pra completar o querido da casa é filho da amante do marido. Eu não sei o que você faz escondido. Quando ninguém está olhando, mas deve ser muito grave. Pra esse castigo divino você foi a pior das pessoas.

Maria dá um tapa na cara da Valéria.

Maria: Você lava a sua boca pra falar de qualquer um dos meus filhos. Se você tem algum problema comigo você me atinja, mas deixe os meus filhos fora disso.

Valéria: Paz? Você pode esquecer o significado dessa palavra. Você nunca vai ter paz na sua vida. Eu vou me encarregar disso pessoalmente.

Maria: Eu tenho pena de você. Muita pena. Mesmo diante de todos os problemas que minha família teve, mesmo tendo que aturar todo o seu veneno. Mesmo diante de todas as brigas e confusões, mesmo com todo o ódio sem motivo que você tem por mim. Mesmo assim, eu venci você e venci sem precisar brigar com você. Eu venci porque eu tenho amor. Amor a minha família. Aos meus filhos, aos meus amigos. Eu tenho amor a minha vida e você só ódio. Você odeia tudo e todos e seu ódio só afasta as pessoas de você. Afastou seu marido, até mesmo as sua filha se afastou de você. Isso porque você é um ser humano detestável.

Maria sai da capela.

Cena 9.

Hospital.

No quarto de Rafael, Maria entra e vê toda a família no quarto e o capitão da policia.

Maria: O que está acontecendo aqui?

Capitão: Seu filho cometeu um crime.

Junior: Mas mesmo nessa situação ele vai ser preso?

Capitão: Sim. Ele sequestrou um ônibus com mais de 16 pessoas dente. A situação do Rafael é muito complicada.

Rafael: Perdão mão. Me perdoa gente. Por ter feito vocês passarem por isso.

Diego: E o que vai acontecer com ele agora?

Capitão: Ele vai ficar no hospital por mais alguns dias a ser transferido para o centro medico do presídio. Ele vai precisar de algumas roupas pra transferência e pra quando estiver lá. Pra agilizar o processo se poderem arrumar.

Nath: Eu vou em casa buscar.

Maria: Pode deixar querida. Eu vou.

Julia: Se quiser eu e a Nath vamos vó.

Carla: Ela quer ir. Deixa ela ir. Pode ir mãe. Vai ficar tudo bem aqui.

Capitão: Eu vou deixar um polical de guarda na porta do quarto.

Rafael: Sim, senhor. Mas acho bem difícil eu conseguir fugir nesse estado.

Cena 10.

Rua.

Na rua do hospital, Valéria dentro do quarto se lembra do tapa de Maria e de tudo que ela disse.

Valéria: Eu vou acabar com você, Maria. Eu venci não você. Você não vai ser feliz. Não vai. Não aceito. Você vai se arrepender de ter encostado o dedo em mim.

Em frente o hospital, Hélio para o carro no acostamento. Glória, Patty e ele descem do carro. Maria sai do hospital.

Patty: A Maria já está saindo.

Glória: Será que aconteceu alguma coisa?

Hélio: Ela está vindo pra cá. Vamos saber agora.

Maria começa a atravessar a rua. Ao ver que Maria está no meio da rua. Valéria arranca com o carro e vai em direção a Maria, com a maior velocidade que ela conseguiu fazer naquela distancia de 30 metros. Maria percebe o carro e se assusta, mas já era tarde demais. Valéria atropela Maria que cai desmaiada no asfalto com o rosto sujo de sangue.

https://www.youtube.com/watch?v=lO0ITu63Qh0

2 comentários sobre “Histórias da vida – Capítulo 39 (PENÚLTIMO CAPÍTULO)

  • Penúltimo Capítulo…
    Estou triste pelo fim dessa web.
    Amei tudo nela.
    Será que o final será LuMila ou SanLu? Torcendo por LuMila!!!!
    Será que o Caio volta para a Vitória e a Carla para o André?
    Emoção pura este capítulo. Parabéns!!!!!!!!
    Valéria atropelou a Maria, será que ela irá presa?
    Queria um final mais triste para ela. Sozinha na vida.

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