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Detalhes Sórdidos

Capítulo 3 – Detalhes Sórdidos

Na sala de convivência.

MARIAH – Eu não fico nessa casa nem mais um minuto!
MARINNA – Eu também vou sair. Não tem valor que paga o que eu passei.
GARIBALDI – Alguém pode me dizer o que está acontecendo?
EDSON – Muitas coisas estão acontecendo. No pomar lá nos fundos tinha um monte de cadáveres putrefatos dependurados nas árvores. Eu também vou embora.
MORDOMO(chega sempre de repente) ¬– Perdoem-me, mas não posso permitir que deixem a propriedade.
TOM – E o que você vai fazer pra nos impedir?
MORDOMO – Nada, cavalheiro. Eu seria incapaz de encostar um dedo nos senhores, mas o meu senhor vai vê-los neste instante.

Parecia ensaiado. O monitor LCD mais uma vez desceu do teto, e a silhueta surgiu.

ANFITRIÃO – Bom dia a todos…
TOM – seu desgraçado! O que pensa que está fazendo?
ANFITRIÃO – Pelo que sei, eu disse que ia extrair o melhor e o pior de todos vocês, e ninguém fez objeção. Agora sentem-se por favor, que vamos conversar sobre o nosso projeto.

Houve um silêncio.

ANFITRIÃO – Tomas Silvério Martins, diretor de um shopping, apesar da pouca idade. Um jovem e promissor executivo. Trinta e cinco anos, solteiro, dado à noitadas com prostitutas de luxo e garotinhas de classe alta.
TOM – Eu não… bem, eu não frequento prostitutas.
ANFITRIÃO – Não mesmo? Estranho, porque no levantamento que fiz da sua vida, constam referências suas em bordéis de luxo em belo Horizonte, São Paulo e Curitiba, sua cidade.
TOM – Isso… isso foi na época da faculdade
ANFITRIÃO – Coincidência ou não, temos uma prostituta aqui.

Todos os olhares se voltaram para Marinna.

MARINNA – Espere aí, gente. O que vocês estão olhando? Não sou eu a prostituta.
GARIBALDI – É que você não quis dizer o que faz da vida. Daí pensamos…
MARINNA – Pois faça o favor de não pensar, tá bom?
ANFITRIÃO – Desculpem-me por ser evasivo. A prostituta de quem estou falando é Anita. Ninguém prestou bem a atenção quando ela disse que torna a vida dos homens mais agradável. De que outra forma ela pode fazer isso?
TOM – Espere aí: você está nos observando?
ANFITRIÃO – Sim…
TOM – Mas isso é um abuso! Mesmo em nossos aposentos?
ANFITRIÃO – Eu espero não ter que repetir que a partir de quando aceitaram meu convite, venderam sua liberdade por um determinado tempo. Posso pensar em vocês como ratos em uma caixa Skinner.
EDSON – Já ouvi o bastante. Enfie esse um milhão onde você quiser.

Edson deixa a sala, batendo a porta.

MARINNA – Vamos falar sobre os cadáveres lá fora. O que significa isso? São verdadeiros?
ANFITRIÃO – Podem ser e podem não ser, depende de você. Mas já que você me dirigiu a palavra tão bravamente, falemos sobre você. Filha única de pai solteiro. Uma situação muito singular. Seu pai é um homem rico ao que me parece, mas você decidiu não querer o dinheiro dele. Pode nos dizer o motivo?
MARINNA – Dinheiro sujo.
ANFITRIÃO – Dinheiro sujo? Hum. Eu posso supor então que seu pai seja um político, ou traficante…
MARINNA – Se está dizendo é porque já sabe. Olha, eu estou com os nervos à flor da pele por causa do que eu vi lá fora. Isso é caso de polícia. Você tem defuntos apodrecidos dependurados no seu pomar.
ANFITRIÃO – Eles não são mais podres do que a sua consciência
MARINNA – Do que é que você está falando?
ANFITRIÃO – Examine bem a sua consciência. Aqueles cadáveres não foram colocados lá por acaso.

Os olhos de marina marejaram de lágrimas e ela saiu correndo para o seu quarto.
Parte externa. Jardim frontal.

EDSON – Estava bom demais pra ser verdade. Um milhão de reais pra ser humilhado. Para alguns pode valer a pena, mas pra mim não. Era só o que me faltava! Quando eu sair daqui, vou direto à polícia, denunciar isso.

De repente, um disparo. O tiro atinge bem perto do pé de Edson. E depois do disparo uma gargalhada que parecia vir de todos os lugares.

EDSON – Quem é você, seu covarde? Por que não vem aqui e me enfrenta?

Outro disparo. Este pegou de raspão em seu ombro.

EDSON – Desgraçado.

Mais risadas. A voz era do anfitrião.

ANFITRIÃO – Não pense que irá sair assim daqui. Você, assim como todos aqueles lá dentro se venderam pra mim. Vocês me pertencem
EDSON – Eu não pertenço a ninguém.

Continuou correndo, e tinha a sensação de que estava sendo perseguido, mas não via ninguém.

ANFITRIÃO – Pense bem, Edson Rodrigues. Um milhão de reais não valem a pena?
EDSON – Não! Eu vou sair daqui
ANFITRIÃO – E se eu disser que se tentar fugir, um dos daqueles mortos no pomar, pode ser você?
EDSON – Vai para o inferno. Se eu encontrar você, você é um homem morto.
ANFITRIÃO – Então você é capaz de matar alguém? Então eu tenho uma notícia assustadora pra você, Edson Rodrigues: Uma daquelas pessoas lá dentro sabem quem sou eu, e todos vocês só vão sair daqui em segurança, se essa pessoa morrer. E eu lhe digo mais, essa pessoa está disposta a matar todos vocês para somente ela sair em segurança, e com o dinheiro de todos.
EDSON – Então é isso? Vai nos fazer digladiar por causa de dinheiro? Eu não entro em seu jogo.
ANFITRIÃO – Veremos.

O anfitrião deu uma gargalhada macabra.

Sala de convivência

GARIBALDI – Olha só quem voltou, o esquentadinho.
EDSON – Vai para o inferno.
TOM – O que aconteceu lá fora?
EDSON – O que aconteceu lá fora não interessa. Interessa o que está acontecendo aqui dentro. O anfitrião me disse que um de vocês está interessado em ver todos mortos, e que somente quando essa pessoa morrer, o restante de nós poderemos sair em segurança daqui.
SÉRGIO – Engraçado, pois é isso que está escrito em um bilhete que apareceu hoje de manhã debaixo da minha porta.
GARIBALDI – Eu não queria falar não, mas eu também recebi um bilhete assim.
SÉRGIO – Eu também…
PADRE DORNAS – E eu!
TOM – Parece que todos aqui recebemos bilhetes. Por que você não recebeu, Edson? Por que ele falou pessoalmente com você
EDSON – A questão é: por que vocês todos receberam e não falaram nada? Só agora é que a questão foi levantada, daí vocês vêm apontar pra mim? E não é porque eu sou o único negro da turma…
GARIBALDI – Não vem com esse papo não. Na certa você não recebeu o bilhete porque você é que está querendo nos ver pelas costas, e descobriu dos nossos bilhetes e está inventando histórias.

Todos olharam desconfiados pra ele.

EDSON – “Peraí” gente, vocês não estão acreditando nesse lunático, estão? Ele é escritor, está inventando história.
GARIBALDI – Ora ora! Então agora você lembra que sou escritor? Vai falar que leu o meu livro também.

Edson dá um murro na cara de Garibaldi. Garibaldi cai sobre a mesa, se levanta e se precipita sobre Edson, o esmurrando também. Depois um pula sobre o outro, indo ás vias de fato.

TOM –(aos berros) Vocês querem parar? Ninguém está acusando ninguém aqui. Mas, Edson, você tem que admitir que é muito estranho todos terem recebido bilhetes e você não.
EDSON – Tudo bem que é estranho, mas e daí? Isso faz de mim um assassino?
TOM – Isso faz qualquer um de nós um assassino.
PADRE DORNAS – Vocês não vão supor que um padre ou… uma freira possam ser assassinos…
GARIBALDI – vemos padres fazer coisas piores do que isso no noticiário.
PADRE DORNAS – Mas não eu!
TOM – Ninguém está te acusando de nada, padre. Até agora, todos somos suspeitos. Todos nós.
VALÉRIA – Espere um pouco, minha gente. Suspeitos de que, afinal de contas? Não aconteceu nada. Ninguém matou, ninguém morreu. Vamos parar com essa paranoia?
TOM – Valéria, você pode ver isso aí nas suas cartas, não pode?
VALÉRIA – Ver quem vai ser um assassino? Não, de jeito nenhum. O tarô é um livro que pode te dizer o que você deve fazer…
SÉRGIO – Bobagem! Eu vou descansar um pouco.

Durante a noite. Irmã Sofia ouve novamente uma criança chorando. Um bebê. Ela se levanta e tenta ir e direção ao pranto.

IRMÃ SOFIA – Tem alguém aí?

Silêncio. Ansiedade.

Como um fantasma, alguém se aproxima por trás e agarra o pescoço da madre com uma corda. Ela luta. Já não consegue respirar direito. Ela vai de retro pra tentar jogar o agressor contra a parede. Inútil.

IRMÃ SOFIA – Socor…

Já não há respiração. A irmã vê estrelas e cai desfalecida.

Fim do capítulo 3

A irmã Sofia acorda sobressaltada por causa do que leh aconteceu á noite. Alguém tenta matá-la estrangulada à noite. Os primeiros detalhes começam a surgir e causar constrangimentos. Sérgio admite que sfreu booling na infância. a irmã Sofia novamente acorda sobressaltada à noite e sai correndo do seu quarto. Ao ir procurá-la, Edson e Valéria são mais uma vez atacados pelos cães, mas são saçvos por Garibaldi, que quer ele mesmo matá-los.

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