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Aguenta Coração

Aguenta Coração – Capítulo 3

Apartamento Bella e Kelly – Manhã– Sala.

[Ela desliga o telefone]

Serafim: E então, quem era?

Kelly: Pode passar mais tarde pra pegar a chave desse trapo que você chama de apartamento. Agora somos ricas meu velho, muito rica!

[Ela ri e Serafim fica sem entender]

 

 

Baixa das Éguas, Brasil.

 

Boate Mastur Bar – Tarde.

[Sheila – gerente da boate – e algumas dançarinas conversam com Fátima e Divina – empregadas.]

Sheila: Gente, eu estou c-h-o-c-a-d-a! Até ontem o doutor Virgulino estava dando uma festa aqui na boate pra todos que o apoiaram na candidatura.

Divina: Você chocada? Se você que não viu nada está assim, imagina eu e a Fátima!

Fátima: As policias até barraram a entrada de qualquer pessoa na casa, até chegar alguém da família.

Sheila: Família, gente? Que família?

Divina: Vai dizer que não sabe que o Seu Virgulino e a dona Oneide têm filhos do outro casamento?

Sheila: Estão de brincadeira né?

Divina: E eu tenho cara de quem mente? Dizem que os guris são de Portugal… Esse circo vai pegar fogo, porque eu não me lembro de ter visto eles falarem em testamento.

Fátima: Nem eu.

 

Senhora da Hora, Portugal.

Apartamento Bella e Kelly – Noite – Sala.

[Bella chega da rua e encontra várias malas na sala, Kelly dobrando algumas roupas.]

Bella: Mas o que está acontecendo aqui?

Kelly: Isso se chama mudança! Quer que eu soletre?

Bella: Mudança? Pra onde? Debaixo da ponte?

Kelly: Não minha filha, pra um casarão com tudo que é mordomia.

[Bella apalpa as bochechas de Kelly]

Bella: Tem certeza que não está com febre?

Kelly: Querida, senta aqui.

[Bella senta no sofá]

Kelly: A sua mãezinha, morreu! [Ela ri, mas percebe que Bella está pasma] Que cara é essa? Somos as herdeiras de tudo que ela pegou daquele velho magricelo.

[Bella levanta assustada]

Bella: Minha mãe? Nossa mãe?

Kelly: Sua mãe, nossa mãe, mãe de quem quiser, quem vier, seja la como for! O importante é o dinheiro, sair dessa vidinha precária!

Bella: Ficou doida Kelly?

Kelly: Doida? Que doida o que, Bella… Pensa um pouco, poder afundar a cabeça no travesseiro sem ter que preocupar com contas, não ter que banhar junto com a irmã pra economizar água, não ter que ficar comendo bolacha água e sal em todo lanche, não ter que usar palha de aço na ponta da antena, não ter que dividir as mesmas roupas. Ter uma vida diferente!

[Bella fica pensativa]

Bella: Tudo bem, mas por você.

Kelly: É por isso que eu te amo!

[Elas se abraçam]

 

Centro Comunitário de Dança – Noite.

[Max dá aulas de dança para algumas pessoas.]

Max: Bom pessoal e por hoje é só, não se esqueçam de que a próxima aula será no sábado na casa da Diva. Combinado?

[Todos saem. Uma aluna se aproxima.]

Luana: Profe, será que tem como me descolar uns cinquentinha pra mim ir na night hoje?

Max: Ih querida, rodou a baiana… Tô mais duro que pau de tarado… Lisinho.

[Felipe chega]

Felipe: Não está mais.

Max: Felipe? O que está fazendo aqui?

Felipe: Tá preparado pra noticia que você sempre quis ouvir?

Max: Hã?!

Felipe: Estamos ricos Max, ricos! O coroa morreu e quem são os herdeiros? Nós!

[Max da um grito agudo]

Max: Me amarrota que eu tô passada.

Felipe: Então esqueça essas aulas mixurucas porque o Brasil nos espera.

 

Baixa das Éguas, Brasil.

 

Delegacia – Noite.

[O delegado chega a delegacia e encontra apenas um policial]

Ruan: Doutor Atos? O expediente do senhor já não acabou?

[Ele fica atônito]

Atos: Sim, sim. Eu esqueci uns papéis que eu tenho que entregar assinado amanhã de manhã sobre a morte do casal Mastur.

Ruan: Falando no casal de velhinhos, como anda o caso?

Atos: Parado Ruan, paradíssimo, nem sinal do autor do crime. Mas não vamos parar, ainda é cedo para bater o martelo. Inclusive agora mesmo está sendo realizado o culto fúnebre.

Ruan: E com quem? Se eles não tinham parentes….

Atos: Funcionários, da boate e da mansão.

Ruan: E quanto ao vice-prefeito do Virgulino?!

Atos: O Eurípedes? Aquele lá é outro… Está no velório, mas aposto que está escondendo algo.

 

Mansão Mastur – Noite – Velório.

[Há alguns funcionários – Divina, Fátima e Sheila – e o vice-prefeito – Eurípedes – ao redor do caixão. Divina chora falsamente.]

Divina: Aaaaah, meu Deus! E agora o que será de mim sem meu doutorzinho, meu patrão preferido. Aaaaah!

Fátima: Divina das Dores, por favor, menos, menos. Já tá soando falso demais.

[Alguém entra na sala, todos se viram para ver quem é. Virgílio – candidato oposto a Virgulino – entra na sala.]

Divina: Virgilio? O que você está fazendo aqui seu cretino?

Eurípedes: Por favor, acalme-se.

Divina: Acalmar o escambau! Aposto que foi esse magrelo infeliz que matou o doutor Virgulino.

Virgílio: Eu vim apenas prestar os meus pêsames a uma pessoa muito querida.

Divina: Querida? Querida? Confessa logo Virgílio. Foi ou não foi você quem matou doutor Virgulino e dona Oneide? Fala!

[Todos ficam tensos]

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Italo Silva

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