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Histórias da Vida

Histórias da Vida – Capítulo 12

Capítulo 12

Continuação do capítulo anterior…

Cena 1.

Quarto de Glória no Hospital.

Glória sentada na cama inquieta e sem paciência conversa com a enfermeira.

Glória: Eu sou quero ir embora.

Enfermeira: Mas as ordens da Doutora Sandra é não deixa à senhora sair sozinha.

Glória: Cadê o Helio que não veio me busca ainda?

Maria entra no quarto.

Maria: Quem vai levar à senhora sou eu.

Maria e Glória se encaram.

Glória: Enfermeira pode me internar de novo que eu não vou a lugar nenhuma com essa mulher.

Maria: Não precisa não. Ela está só brincando.

Enfermeira: Eu vou deixar vocês conversarem sozinhas.

Enfermeira sai do quarto.

Glória: Cadê o Hélio?

Maria: Está em casa. Eu o pedi pra vim buscar a senhora.

Glória: Pra que? Quer me matar no carro também?

Maria: Dona Glória, quantas vezes eu vou ter que te dizer que eu não tive culpa da morte do Heitor. Eu estava desacordada. Se eu tivesse acordada na hora eu nunca teria deixado ele se sacrificar por mim. Eu amava seu filho. E ele me amava também. Por isso ele se sacrificou.

Glória: Ele não devia ter feito isso.

Maria: Nisso eu também concordo com a senhora. Foi muito difícil o ver morrer. Foi mais difícil ainda ter que dar a volta por cima depois de descobrir todas as coisas que ele fazia. Mas já foi, estão no passado. Eu não guardei rancor dele por ele ter me colocado na mira de uma arma por causa de dinheiro que ele pegou com agiota e muito menos falei qualquer coisa que pudesse fazer meus filhos ter algum tipo de sentimento ruim por ele. E isso eu nunca vou fazer. Já se passaram 10 anos. As nossas vidas continuaram. E a senhora tem que seguir em frente.

Glória: Eu não vejo sentido pra isso.

Maria: A senhora tem netos incríveis, 6 netos que te amam.

Glória: Que nunca vão me ver. Só o Junior que nem meu neto de verdade ele é.

Maria: Ele é seu neto de verdade sim. Família é amor e não sangue. E quem te ama mais que tudo é o Helio. Ele que sempre tenta suprir tudo na sua vida. Que te da atenção, que aguenta a senhora reclamando de tudo e sempre o colocando pra baixo fazendo comparações com o Heitor.

Glória: Eu não vou discutir com você como eu trato meu filho. Não é da sua conta.

Maria: Realmente não é da minha conta. Mas a senhora estava machucando ele. Isso já ha muitos anos.

Glória: Já acabou? Você veio pra me levar em bora. Então vamos logo. Eu quero sair daqui.

Cena 2.

Dentro do carro.

Maria dirige e Glória no passageiro. As duas caladas, até que Maria rompe o silêncio.

Maria: Eu estava aqui pensando. Todo fim de semana a família sempre reúne lá em casa. Almoçamos todos juntos. Conversamos, divertimos. A senhora pudi…

Glória: Não precisa nem terminar a frase que eu não vou pra sua casa. A casa que meu filho custou comprar e você vendeu com menos de 1 mês que ele tinha morrido.

Maria: Eu vendi pra sobreviver. Tinha tanta divida acumulada. A senhora não faz nem noção de como foi minha vida depois que o Heitor morreu e a senhora se fechou para o mundo. Meus filhos não passaram fome porque Deus não deixou e Ele me concedeu a chance de dar a volta por cima. Eu vendi a casa, mas comprei-a de volta. Reformei. Está maior. A senhora devia dar outra chance pra gente. Tem 10 ano que a senhora não vai à minha casa…

Glória: E vou continua mais 10 se possível.

Maria: A senhora não honra o Heitor assim. Ele adorava ver a família reunida. E outra a senhora vai ficar sozinha na sua casa num dia tão lindo como esse? Dá uma chance pra família.

Glória: Maria…

Maria: Vou fazer Carneiro com hortelã que a senhora adora.

Glória: Está bem. Porque você está insistindo muito.

Cena 3.

Casa de Helio.

No quarto, Valéria em frente o espelho passa maquiagem no pescoço e consegue esconder a marca.

Valéria: Até que fim. Eu não aguentava mais esse lenço me incomodando.

Cena 4.

Casa de Hélio/Sala.

Valéria sentada no sofá folheia uma revista. Hélio chega à sala.

Hélio: Eu já estou pronto. Quando você estiver já podemos ir pra casa da Maria.

Valéria: Eu não vou.

Hélio: Como assim? Por que você não vai?

Valéria: Eu não estou a fim. A Maria se acha a mais importante dando esses almoços semanais na casa dela, mas na verdade é ridículo. Ela gosta mesmo de aparecer. Por que nunca fizemos um desses almoços aqui em casa?

Hélio: Porque você já deixou claro que não quer esse povo todo aqui em casa. Que você não vai cozinhar pra eles. Que a sua casa não é albergue pra aturar 20 pessoas comendo. Quer que eu continue?

Valéria: Você só sabe me criticar. Você devia me apoiar. Eu vou sua esposa.

Hélio: Você não faz por onde te apoiar.

Valéria: Eu também não preciso do seu apoio. Eu vou marcar um almoço aqui em casa, e esse sim, vai ser o verdadeiro almoço em família. Porque a Glória vai vim. Não tem como ser um almoço de família sem todos da família. Coisa que a Maria não faz.

Patty chega à sala.

Patty: Vocês não vão acreditar de quem está na casa da tia Maria. A dona Glória.

Valéria: Deixa de ser ridícula menina. A Gloria não suporta a Maria, pela morte do Heitor.

Patty: Eu também não acreditei, mas vou pra lá agora.

Hélio: Quem te falou que minha mãe está lá?

Patty: A Julia me mandou uma mensagem agora.

Valéria: Essa eu tenho que ver de perto.

Cena 5.

Orla do Leblon.

Na calçada, Lucas com fones de ouvido e pensativo corre pela calçada. Na direção oposta Sandra também corre pensativa e olhando sempre por relógio no pulso. Eles se aproximam e se reconhecem. Lucas sorri pra Sandra em sinal de cumprimento e Sandra sorri de volta os dois passam um pelo outro. Lucas se vira de costas e olha pra Sandra, Lucas olha pra frente e continua a corrida, Sandra vira o rosto e vê Lucas se distanciando e continua sua corrida.

Cena 6.

Orla do Leblon.

Parados em um quiosque Sandra e Lucas conversam.

Lucas: Que coincidência. Nunca imaginei te encontrar aqui.

Sandra: Corro aqui sempre. Eu que nunca te vi aqui.

Lucas: Mudei há pouco tempo pra cá. Resolvi tentar ter uma vida mais saudável.

Sandra: Sempre é bom cuidar da saúde.

Lucas: A gente se esbarrou no hospital e eu nem tive como me desculpar direito com você.

Sandra: Não se preocupe com isso. Está tudo bem.

Lucas: Eu ainda não sei seu nome.

Sandra: Sandra, e você?

Lucas: Eu sou o Lucas. Muito prazer.

Os dois se beijam no rosto.

Lucas: Eu estou suado desculpe.

Sandra: Não se preocupe eu também estou.

Lucas: Eu vou tomar uma água de coco. Acompanha-me?

Sandra: Adoraria, mas eu tenho que voltar pra casa. Eu tenho que ir para o hospital.

Lucas: É claro. Mas fica me devendo.

Sandra: Tudo bem. Tchau.

Sandra sai andando.

Cena 7.

Apartamento de Camila.

Guilherme entra no quarto de Camila e a vê olhando as roupas no guarda roupa.

Guilherme: Está em duvida? Escolhe o preto básico. Não é assim que vocês pensam?

Camila: Depende da situação. Como foi o jogo de tênis?

Guilherme: Bem. Perdi, mas joguei bem. Sabe quem eu vi agora pouco correndo na orla?

Camila: Seu pai?

Guilherme: Sim. Ele tava correndo na orla. Eu achei tão engraçado. Sempre acostumado em ver ele vestido de social por causa do trabalho e agora ele de sorte e camiseta.

Camila: É o que dizem, homem se separa já começa a cuidar do corpo e pra impressionar as novinhas.

Guilherme: Quem fala isso?

Camila: Não sei. Mas alguém deve falar.

Guilherme: E agora vai ser a senhora eu vai se cuidar. Nós vamos almoçar no shopping e vamos fazer compras. Você adorar comprar e está precisando de roupas. Já está até ficado em duvidas das suas.

Camila: Está bem.

Cena 8.

Casa de Maria.

Hélio, Valéria e Patty entram.

Valéria: Eu disse que era mentira.

Julia chega à sala.

Julia: Até que em fim vocês chegaram.

Hélio: Julia, cadê a minha mãe?

Julia: Está na área da piscina.

Valéria: Na piscina?

Cena 9.

Casa de Maria/ Área da piscina.

Glória sentada em uma das espreguiçadeiras.

Glória: Eu já disse que eu prefiro ficar lá dentro.

Junior: Não. A senhora vai ficar aqui fora com todo mundo.

Carla sentada debaixo da barraca: Eu vou trazer um suco pra senhora.

André: Uma cervejinha pra mim também.

Rafael sai da piscina: Não tem nada de suco e cervejinha não. Eu vou fazer uns drinks pra gente.

Junior: Boa, Rafa. Aproveita que você é barman e faz uns drinks bem maneiros.

Carla: Nada de drinks maneiros pra você Junior. Você não tem idade pra isso.

Junior: Nem começa Carla. Sua filha é a Patty.

Rafael: Eu vou fazer um, bem fraquinha pra você, Junior.

Rafael vai pra dentro de casa e Valéria, Helio, Patty e Julia chegam à área da piscina.

Valéria: Minha sogra, que surpresa. Nunca imaginei que a senhora iria vim aqui na casa da mulher que você sempre acusou de ter matado seu filho.

Nath chega à área da piscina: Mais respeito Valéria. Você está na casa da minha mãe.

Hélio abraça Gloria.

Hélio: Eu estou tão feliz que a senhora saiu um pouco daquela casa.

Glória: Eu não estou muito feliz não, mas a Maria insistiu muito e eu já estava sem paciência.

Junior: A senhora veio por causa do Carneiro com Hortelã. Pode falar a verdade.

Glória: Foi mesmo. Faz muito tempo que eu não como. Quando ela falou, minha boca encheu d’água.

Todos riem.

Deitado em uma espreguiçadeira do outro lado da piscina, Diego mexe no celular e olha as fotos dos seus amigos no Instagram, Diego vê a foto de um rapaz sem camisa na praia, sem perceber ele fixou na foto e observa o rapaz.

Julia e Patty chegam perto de Diego.

Julia: O que você está fazendo ai?

Diego passa à foto rápido.

Diego: Nada de importante.

Patty: Então vamos mergulhar. Vem.

Os 3 entram na piscina.

Cena 10.

Cozinha.

Na cozinha, Maria prepara o carneiro. Rafael e Breno chegam à cozinha. Rafael com uma bandeja cheia de drinks.

Maria: Breno. Está meio sumido.

Breno: Por ai, Como à senhora está?

Maria: Bem. Graças a Deus.

Rafael: Eu fiz margaritas você tem certeza que não quer mãe?

Maria: Tenho sim filho. Vou ficar só no vinho mesmo.

Breno: Não sabe o que esta perdendo Maria.

Maria: Depois eu bebo então.

Breno e Rafael vão pra área da piscina. Valeria vê Breno e caminha pra dentro da casa.

Rafael: Fiz uma bebidinha pra todo mundo. Dona Gloria uma margarita pra você.

Glória: Estou precisando sim.

Carla: A senhora veio do hospital. Será que não é perigoso.

Glória: Deixa-me beber Carla.

Breno: Rafael, eu vou dar um pulo no banheiro.

Cena 11.

Cozinha.

Maria continua preparando o Carneiro. Hélio entra.

Hélio: Quer ajuda?

Maria: Regra numero 1 da minha cozinha é não mexa nas minhas panelas.

Os dois riem.

Hélio: Eu sabia que você ia dizer isso. Posso pegar um pouco de vinho pelo menos?

Maria: Claro.

Hélio pega a garrafa de vinho em cima do balcão e coloca na taça.

Maria: Eu fiquei feliz que a Gloria veio.

Hélio: Eu fiquei surpreso. Nunca imaginei que ela fosse vim mesmo.

Maria: Eu acho que ela esta começando a abrir o coração pra gente de novo.

Hélio: Tomara. O que eu mais quero é que ela volte a viver. Abandone o luto.

Maria: É o que todos queremos.

Hélio: Devo tudo a você.  O que seria de mim sem você.

Maria: Para de exagero. Vamos brincar.

Os brindam, bebem um pouco de vinho e se olham. Eles mesmos não perceberam o que estava acontecendo entre ele. Mas o jeito que se olhavam não era o mesmo jeito que sempre se olhavam. Já tinha mudado há algum tempo. Mas ainda não perceberam.

Cena 12.

Casa de Maria/ Sala.

Breno e Valéria conversam na sala.

Breno: A gente não devia estar aqui.

Valéria: Estão todos lá fora ninguém vai aparecer aqui.

Breno: Mesmo assim.

Valéria: A última vez que nos encontramos você deixou meu pescoço marcado. A vontade que eu tive foi de te matar quando eu vi.

Breno: Sério? Nós temos que tomar mais cuidado com isso.

Valéria: Eu tenho que confessar que essa adrenalina de fazer as coisas escondidas me deixa bem excitada.

Valéria se aproxima de Breno com a intenção de beija-lo.

Valeria: Tudo que é proibido é mais gostoso.

Hélio chega à sala.

Hélio: O que está acontecendo aqui?

Valéria e Breno se assustam e encaram Hélio.

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