Capítulo 9 – Jovens Tardes
Roteiro de telenovela Brasileira Capítulo 009
Continuação Imediata do Capítulo anterior:
Cena 01. Interior, noite, Mansão Acioli. Quarto de Bela.
Bela está deitada de bruços na cama, totalmente IMÓVEL, e no criado mudo estão: uma garrafa de uísque e dois copos vazios.
SONOPLASTIA: Música de Suspense.
Nesse instante faz um barulho, a porta se abre, mostrando apenas o cano de uma pistola 38, que vai chegando próximo a Bela, até que dispara dois tiros em suas costas.
Acontece um apagão no quarto, e segundos depois, quando a luz se acende novamente, está apenas o corpo de Bela, com duas marcas de tiro e se esvaindo em sangue.
Com a pistola caída no chão.
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Imagens aéreas da cidade.
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Cena 02. Interior, noite, Hotel. Suíte Presidencial.
Missy Justem está deitada na cama em um sono profundo e a seu lado um copo totalmente vazio.
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Imagens da cidade amanhecendo.
Sonoplastia: Tatuagem (Marjorie Estiano)
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Cena 03. Interior,dia, Pensão Milú. Quarto de Melione.
Melione e Santa estão deitados na cama, em trajes de dormir. Acordados, os dois conversam e se acariciam.
Santa – Parece até sonho, nossa como eu desejei uma noite dessas com você.
Melione – Como eu desejei ter uma noite dessas. Ah Santa, você é a salvação da minha vida. Volto a viver feliz.
Santa – E eu, agora começo a viver. Parece que aquela garotinha da adolescência voltou. Cheia de energia, de planos e de amor. Tô me sentindo viva mais uma vez.
Melione – Santa, ontem eu cheguei aqui meio tarde e não te encontrei, onde você estava?
Santa (engasgando) – Ah Melione, passei pela rua… Também eu, eu me… Ah eu me atrasei lá na casa do Seu Marechal. Tanta coisa pra fazer.
Nesse instante a campainha toca.
Santa – Eu atendo, deve ser a Milú nos chamando para tomar café da manhã.
Santa se levanta, coloca o roupão e segue em direção à porta.
Santa abre a porta e fica surpresa.
Santa (surpresa) – Você?
Ância adentra o quarto com uma sacola nas mãos.
Ância – Como vai Santa?
Melione dá um salto da cama e fica de frente para a ex-mulher.
Santa – Eu vou tomar café. Assim deixo vocês mais a vontade para conversarem.
Ância (ríspida) – Fica.
Santa – O que?
Ância – Fique querida, afinal de contas você é a nova mulherzinha dele e precisa estar a par de tudo.
Melione – Ância eu iria lá hoje, buscar minhas coisas.
Ância – Resolvi vir antes, num último gesto de caridade, eu trouxe suas tralhas. Com isso eu vou pro céu.
Santa – Eu não quero ouvir em separação, tô feliz demais pra isso. Deixarei vocês dois conversando.
Ância – Querida, minha querida, tudo que diz respeito ao Melione deve ser do seu interesse. Além do que, separação é algo tão natural.
Santa – Mas não parece. Olha essas suas olheiras, parece que nem dormiu. Acho que separação não é nada natural.
Ância se senta na poltrona.
Ância – Pode rir, debochar e até me humilhar. Tá se achando a boazona, mas já já esse seu encantamento acaba. Acaba sim, eu sei que acaba. O Melione é enjoativo, feito calda de caramelo. Se lambuze agora, porque mais tarde não terá nenhum deleite.
Santa – Que recalque barato esse seu. Mais amor e menos rancor queridinha.
Melione se senta na cama.
Melione – Você veio falar da nossa separação né?
Ância (ironizando) – Claro que não. Vim planejar suas bodas de prata com a Santa. Menos hipocrisia Melione, por favor. Eu não acho uma vergonha se separar não, não acho, mas caramba, custava ter ido até em casa? Poderíamos ter mantido um diálogo, ter terminado esse casamento decentemente.
Melione – Eu errei, fui covarde. Mas eu não sabia qual seria sua reação.
Ância – Terminar um casamento, nunca é bom. Mas faz-se necessária a boa educação. Você tem duas filhas, que estão lá em casa esperando seu pronunciamento. Esperando o pai delas dizer se saiu de casa, ou se está na pensão com a amante.
Santa – Peraí, que não sou amante coisíssima nenhuma.
Ância – Enquanto eu estiver casada no papel, qualquer outra que se deite com esse daí, vai ser uma amante sim. E você é.
Santa (gritando) – Não sou nada!
Ância – Para de gritar. Somente grita, aquele que não sabe manter a conversa num patamar civilizado. Tô até me arrependendo de ter deixado você participar do papo.
Santa – Eu não admito que você venha ao nosso quarto e saia falando o que quiser.
Ância – Você não é nada aqui. Aliás, já que passou a noite comendo a carne, agora vai ter que roer o osso. Vai sofrer nas mãos desse daí. Não tô exagerando não, vai sofrer mesmo.
Melione – Diz logo o que tem a me dizer. Você não vê que está sendo demais na nossa casa?
Ância – Melione, por favor, que casa? Tão na pensão e já se acham casados, com filhos e morando em casa própria. Acorda pra vida bebê!
Melione – Quer saber? Me dá logo as minhas roupas e caça seu rumo. Eu vou resolver a situação do divórcio.
Ância (levantando a sacola) – Suas roupas, pertences pessoais e tudo mais estão aqui.
Santa – Impossível. Nem se você fosse mágica conseguiria. Eu sei que o Melione tem coleção de blusas de linho.
Ância – Eu botei fogo em tudo. Tudo que era seu virou cinza, o casamento, as roupas e a boa educação. Fez papel de moleque, fiquei com inveja e fiz papel de louca.
Ância esparrama as cinzas por todo o quarto.
Santa segura Melione, para que ele não avance em Ância.
Melione (alterado) – Eu vou te dar pancada na cara. Não podia fazer isso com as minhas coisas.
Santa – Você precisa de tratamento Ância. Precisa, sobretudo, aprender a lidar com as perdas.
Ância – Eu fiz pouco. Deveria era ter colocado fogo em vocês dois, ter feito churrasco de homem covarde e biscate solteirona.
Melione – Faz favor de sair daqui. Vou arrumar um advogado e te fazer me pagar uma boa indenização.
Ância – Se prepare você, pois estou indo conversar com a doutora Noriko, vou te fazer me pagar uma pensão gorda. Aí quero ver o amor de vocês resistir ao pão com ovo todos os dias.
Santa – Saia daqui ou eu faço pano de chão dessa sua blusinha.
Ância (rude) – Experimenta. Vai ver o que é bom pra tosse.
Melione – Sai daqui, ou não respondo por mim.
Ância – Veio morar com a Santa não foi? Peça a ela para fazer o milagre de transformar essas cinzas em roupa. Caso contrário, vai virar Adão e andar nu pela cidade.
Santa – Jesus ainda há de castigar você.
Ância – Ele há de castigar a libertinagem de vocês. Mas isso já não é mais problema meu.
Ância vai andando em direção a porta de saída.
Melione – Nunca mais volte.
Ância (saindo) – Vai dormir, vai!
Ância sai e Santa fecha a porta com força.
Santa – Mas que bruxa hein.
Melione – Eu esperava tudo, menos isso da Ância.
Santa – Vou te contar. Mulherzinha carne de pescoço.
Santa e Melione se olham e riem timidamente.
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Cena 04. Interior, dia, Mansão Acioli. Quarto de Bela.
O corpo de Bela permanece de bruços na cama, que está com o lençol completamente inundado de sangue seco.
Lorena (off) – Tia tá na hora de acordar. A Filó sumiu, escafedeu-se.
Lorena entra no quarto e vê a tia morta.
Lorena (gritando) – Socorro, Laerte vem cá, socorro, mataram a minha tia.
Lorena se ajoelha e começa a chorar.
Laerte entra desesperado e se assusta com a cena.
Laerte (apavorado) – Assassinaram sua tia? Meu Deus precisamos ligar pra polícia.
Lorena (chorando) – Não acredito nisso, não acredito.
Laerte pega o celular e começa a discar.
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Cena 05. Interior, dia, Hotel. Recepção.
A área da recepção está cheia de hóspedes e funcionários. Missy Justem está de camisola e falando com a recepcionista. Conversa já desenvolvida.
Missy – Mas você tem que me arrumar um táxi agora.
Recepcionista – Mas com esses trajes a senhora não vai conseguir nada.
Missy – Que eu estivesse pelada minha querida, eu preciso ir atrás da minha mulher, compreende?
A recepcionista olha surpresa e ao mesmo tempo com desdém.
Missy – Não acredito que você é homofóbica. O engraçado é que vai diminuindo o lugar, vai aumentando a ignorância. Eu poderia te colocar no seu devido lugar, mas sou bem superior a isso. Não preciso descer ao seu nível.
Recepcionista – Perdão, eu não quis…/
Missy – Guarda as suas desculpas, vai precisar quando eu resolver te processar, agora arruma um táxi pra mim urgente. Anda logo.
A recepcionista rapidamente pega o telefone para ligar pro taxista.
Missy começa a andar de um lado pro outro ansiosa.
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Cena 06. Exterior, dia, Mansão Acioli. Jardim Frontal.
Vários carros de polícia, bombeiros e ambulâncias estão parados em frente a casa, juntamente com curiosos e repórteres.
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Cena 07. Interior, dia, Mansão Acioli. Sala de Estar.
Lorena, Laerte, o delegado e mais alguns policiais estão de pé conversando. Lorena está visivelmente mais calma.
Delegado – Vocês sabem se ela tinha algum inimigo aqui na cidade?
Lorena – Muitos. A tia Bela sempre cultivou essas inimizades, desde o passado.
Laerte – Podemos apressar as coisas do velório?
Delegado – De forma alguma, o IML tá vindo recolher o corpo e acionei os investigadores de São Paulo, estão a caminho. Também lacrei o quarto e coloquei dois policiais vigiando, para que nenhum engraçadinho ouse modificar a cena do crime.
Lorena – Tem uma pistola no quarto.
Delegado – Eu sei disso, tá imóvel lá. Não quis modificar nada na cena do crime, nenhum fio de cabelo saiu do lugar. Eu pegarei esse assassino, custe o que custar.
Sonoplastia: Música de suspense.
Lorena e Laerte se olham tensos.
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Cena 08. Exterior, dia, Mansão Acioli. Jardim Frontal.
Vários carros de polícia, bombeiros e ambulâncias estão parados em frente à casa, juntamente com curiosos e repórteres.
Um táxi chega ao jardim, Missy Justem sai do carro de camisola e vários fotógrafos e repórteres vem procurá-la.
Repórter 1 – A senhora era alguma parenta da vítima?
Missy (desorientada) – Que vítima Darling?
Repórter 2 – Bela Acioli. A ex-modelo foi encontrada morta nessa manhã.
Missy fica em estado de choque, paralisada e em seguida começa a chorar.
Repórter 1 – O que a senhora era dela?
Missy (chorando) – Eu prefiro me manter calada.
Missy vai andando em direção a entrada principal da casa, onde é barrada por um policial.
Policial – A senhora não pode entrar aí.
Missy – Mas como não? Olha só, eu vou processar você. Acho melhor me deixar entrar, senão volto com um tanque de guerra e passo por cima de você, aliás, de todos aqui. Assim me livro de uma vez dessa cambada de curiosos.
Policial – A senhora está se exaltando demais, melhor parar ou lhe prendo agora.
Missy – A Bela iria viajar comigo honey. Nós duas moramos juntas, se é que me entende. Preciso vê-la. Tô em estado de choque.
O policial então libera a entrada de Missy a mansão.
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Cena 09. Interior, dia, Mansão Ceregí. Sala de Estar.
Fufu está sentada em sua poltrona cor-de-rosa, lendo revistas de moda, quando ouve passos, é Carmita.
Carmita (puxando suas malas) – Saudades de mim? Fulana Albuquerque Ceregí.
Fufu se levanta surpresa.
Fufu (surpresa) – Carmita? Você voltou?
Carmita – É o que tudo indica, voltei. Eu quero lutar pelo meu casamento.
Fufu – Se senta aí, vamos conversar.
Fufu e Carmita se sentam e começam a conversar.
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Cena 10. Interior, dia, Mansão Kalil. Sala de Jantar.
Marechal e Tomázia estão sentados a mesa tomando café da manhã. Helena está os servindo.
Marechal – Onde você foi ontem Tomázia?
Tomázia e Helena se olham tensas.
Tomázia – Eu sai para dar uma espairecida na cabeça, não aguento mais esse seu pé de guerra com a Melina e com o Laerte. Precisava dar um basta nisso.
Marechal – Hum, nada convincente.
Tomázia – E você? Saiu e não disse pra onde, quando cheguei em casa você ainda não estava aqui.
Marechal (nervoso) – Eu… Eu… Fui a casa do Igor, isso, fui lá conversar com ele. Bater um papo cabeça.
Tomázia olha com desconfiança para Marechal.
Tomázia – Helena, chama a Santa pra mim.
Helena – Ih dona Tomázia, a Santa ainda não chegou.
Marechal – Como assim não chegou? Eu deixei a Santa ir e dormir com o novo namorado, mas não dei folga pra ela. Nisso que dá sermos bonzinhos.
Marechal e Tomázia voltam a tomar café da manhã.
Santa entra desesperada.
Santa (gritando) – Seu Marechal, dona Tomázia. Tenho uma bomba pra anunciar.
Tomázia – Se acalma mulher.
Santa para e respira fundo.
Marechal – Agora desembucha isso logo de uma vez. Tá na minha mira.
Santa – A Bela Acioli foi assassinada.
Marechal, Tomázia e Helena ficam chocados e em seguida se olham tensos.
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Cena 11. Interior, dia, Casa de Ância. SALA.
Ância está sentada no sofá conversando com uma senhora de descendência japonesa, muito bem vestida. Conversa já iniciada.
Ância – Eu quero depenar aquele cafajeste doutora Noriko.
Noriko – Tem certeza disto Ância?
Ância – Não preciso do dinheiro dele, tampouco queria travar uma guerra judicial, mas ele me forçou a isso. Agora é questão de honra.
Noriko – Meus honorários são muito caros, vou logo lhe avisando.
Ância – Só porque sou passadeira e moro no subúrbio, você acha que eu não posso bancar seus serviços?
Noriko – Eu não quis dizer isso.
Ância – Mas foi o que deu a entender. Escute uma coisa doutora Noriko, você será paga, como tem que ser. Faça o seu trabalho, sem olhar se sou empresária ou passadeira, pois da minha questão financeira, cuido eu.
Noriko (sem graça) – Eu não quis criar um mal estar entre nós.
Ância – Poupe-me das suas desculpas. Vá para seu escritório e trate de achar uma forma para que eu tripudie em cima do Melione.
Noriko – Mas é claro.
Ância – Não te levarei até a porta, porque você já conhece o caminho. Só me ligue quando tiver uma boa notícia.
Noriko diz que sim com a cabeça e sai.
Ância (para si) – Vamos ver quem vence essa.
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Imagens aéreas da cidade.
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Cena 12. Interior, dia, Mansão Acioli. Sala de Estar.
Missy Justem, Lorena, Laerte e o delegado estão conversando, é quando o Investigador da Polícia Federal entra na mansão.
Delegado – E então investigador?
Investigador – Já retiramos todas as provas necessárias lá do quarto, o corpo acaba de ser liberado pelo IML. A família poderá fazer o velório, mas rápido.
Missy – Eu não acredito até agora que a Bela se foi.
Lorena – Era de se esperar. A minha tia tinha uma lista de inimigos, ela guardava a sete chaves, mas eu tenho essa lista, que inclusive, foi atualizada no dia da sua morte.
Missy Justem, Investigador, Laerte e o delegado olham surpresos para Lorena.
Lorena (se sentando) – Sei de có e salteado os nomes de alguns deles. Eu não parava de ler e reler aquela lista, fiquei impressionada com tudo. Ela pressentia a morte, sabia que mais hora ou menos hora iria morrer.
Laerte – Quem matou Bela Acioli?
Delegado – Lorena, você ainda tem essa lista?
Lorena – Tenho sim. Eu a peguei minutos antes de sair com o Laerte. Eu justamente iria levá-la a delegacia e pedir proteção policial para a tia Bela.
Investigador – Pode passar muito tempo, talvez levem anos, mas o assassino de Bela Acioli será descoberto e preso.
Delegado – Com a lista em mãos, vou interrogar um por um, cada um terá a sua vez de me mostrar se foi ou não ao fatídico encontro com a ex-modelo.
Missy Justem – Vocês também tem que investigar o carro que ela veio lá do hotel. Talvez tenham pistas sobre o assassinato lá.
Investigador – Já mandei lacrarem o carro, faremos uma reconstituição dos acontecimentos.
Lorena (se levantando e saindo) – Vou lá em cima pegar a lista de suspeitos para você delegado. Algumas pessoas eu não conheço.
Delegado – A cidade é pequena, garanto que reconheço pelos nomes.
Lorena sobe as escadas. O investigador, Laerte, Delegado e Missy Justem continuam a conversar sobre o caso. SEM ÁUDIO.
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Cena 13. Interior, dia, Mansão Ceregí. Sala de Estar.
Carmita e Fufu estão sentadas. Conversa ao meio.
Carmita – Aí eu decidi me afastar, pra não sofrer ao ver o Igor se deliciar com aquela golpista. Fui para a casa da minha tia em São José dos Campos.
Fufu – E o que te deu coragem a voltar?
Carmita – O amor.
Nesse instante Igor desce as escadas devagarzinho e fica escutando a conversa sem ser notado.
Carmita – Eu pensei e repensei a minha situação com o Igor. São muitos anos de casamento, muitos anos que não merecem serem jogados no lixo. Nada poderia me fazer mais feliz do que a presença dele.
Fufu – Mas você sabe que o Igor pode não querer mais nada com você, né? Ele até te procurou durante um tempo, mas…
Carmita – Eu já estava no escanteio e tentar uma reconciliação é tudo que eu posso fazer, é minha última arma. Se ele não me quiser, se realmente quiser investir na Bela ou em qualquer outra mulher, bacana. Recolho meus sentimentos e dou-lhe o divórcio.
Fufu – Você sabe que eu torço por você né Carmita, que eu sempre quis você como esposa do meu sobrinho.
Carmita (sorridente) – Você foi uma mãe pra mim. Não sei o que seria de mim sem você, sem seu apoio. (T) Mas o Igor, acho que ele não foi recíproco comigo.
Igor (entrando na sala) – Mas também precisava ter o hábito de amar.
Carmita e Fufu ficam surpresas.
Igor (se sentando ao lado de Fufu) – Você não demonstrava se gostava ou não de mim. Parecia querer só ter a estabilidade do casamento.
Carmita – Algumas pessoas tem sua forma de demonstrar que gostam, eu sempre fui mais reservada e não queria expor a minha situação. Mas o que posso lhe dizer é que eu sofria por não ter um filho, por não te tornar completo.
Igor – Ser pai é uma bênção, não nego, mas isso não me torna mais ou menos feliz ao seu lado. Eu me casei com você sabendo da sua condição, não foi surpresa. Casei-me porque te amava, aliás, ainda te amo.
Carmita – Eu também te amor Igor, e me humilhei ao vir aqui, pra pedir pra voltar. Eu quero você de volta, quero que seja meu homem, minha fortaleza.
Igor fica emocionado. Fufu sorri.
Igor levanta rapidamente e puxa Carmita pra si, dando-a um longo beijo apaixonado.
SONOPLASTIA: Primeira Lembrança (Banda Izzi)
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Cena 14. Interior. Dia. Pensão Milú. SALA DE ESTAR.
Milú, Luzia, Desiree e Hamilton conversam.
Milú – Quase não acreditei quando a Ância me contou.
Luzia – Ela soube como da morte? Pelo que sei a Ância nem era chegada da falecida.
Milú – Eu não sei, mas a Bela era famosa. Fatalmente a cidade toda saberia.
Hamilton – A boa da verdade é que a cidade é pequena e tem gente fofoqueira demais. Aqui até uma égua morta vira notícia de primeira página.
Milú – Você vai ao velório Desiree?
Desiree (emocionada) – Eu não conhecia a vítima.
Luzia – Para com isso mulher, ela era sua filha. É obrigação sua fazer presença na capela.
Desiree – Eu nunca tive filha, eu tenho livre arbítrio e posso decidir para onde ir e vir. Não vou velar corpo de ninguém.
Hamilton – Eu também não vou. A Bela estragou a vida de muita gente aqui na cidade. Não merece compaixão agora. Não é porque se foi que virou santa, continua a mesma peste.
Desiree – Nos livramos de uma boa bisca. Eu disse que o tempo dela na terra estava se esgotando. Tanto fiz que agora tanto faz. Que vá pro umbral e queime lá.
Luzia – Foi você quem atirou na Bela? Você matou a sua filha?
Desiree permanece quieta e olhando para o infinito.
Luzia, Milú e Hamilton se olham intrigados e receosos.