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Maçã do Amor

Maçã do Amor – Capítulo 15

Capítulo 15

 

Cena 01/ Salão de Beleza. Noite.

Adão – Espere! – e joga os dois braços para o alto, tentando tomar distância dele.

Trevas – Nunca ouviu aquele ditado que diz: “A curiosidade matou o gato”? Não refiro que você seja o gato, mas sim, que as vezes somos os culpados de nossa própria morte. E você se encaixa nisso. Quis se intrometer e botar o dedo na onde não foi chamado, quis dar um de Sherlock Homes, sinto muito. Na verdade, não sinto. Enfim.

Adão – Não é pelo fato de eu estar me intrometendo, mas sim para ajudar Eva. Não é justo o que está acontecendo com ela. E conheço boatos de Papis. E lhe adianto, não são muito bons não.

Trevas – Pouco me importo – e pega-o pelo colarinho – Vamos. Você precisa conhecer um lugar primeiro. – pega-o à força, levando-o até um carro estacionado no fim da rua. Joga-o no porta malas, e com o carro, partem para uma outra parte da cidade.

 

Cena 02/ Casa de Geralda. Quarto de Griselda. Noite.

 

Griselda não tinha saído de seu quarto o dia todo. Com as janelas fechadas, a porta trancada.

Encontrava-se sentada no chão, com os cabelos bagunçados, e com os olhos inchados, sem ter mais lágrimas para derramar. Por mais que “do lado de fora” pareça essa moça extrovertida e de bem com a vida, “por dentro” enfrentava uma possível depressão, ao qual guarda somente para si. Leva o celular a orelha pela milésima vez, e finalmente, sua ligação é atendida:

Edu (do outro lado da linha) – Eu li errado ou é impressão que eu sei quem é a pessoa que esteja me lingando à essas horas da noite?

Griselda – Você tem o meu número salvo – e sorri para si mesmo.

Edu – E pelo jeito, você também tem o meu. – silêncio por alguns instantes – Aconteceu alguma coisa com você?

Griselda – Não. É que, sei lá, só queria ouvir a voz de alguém sabe…

Edu – E pelo jeito, escolheu a minha.

Griselda – Não! Você foi só o primeiro número que eu encontrei na minha agenda.

Edu – Sei…

Griselda – E também queria agradecer por ontem lá na boate. Graças à você, fui eleita a mais nova ‘Mulher Biscoito’, mesmo não tendo me apresentado.

Edu – Não foi graças à mim, mas sim pelo seu talento. Você é uma ótima dançarina.

Griselda (envergonhada) – Obrigada…

Edu – Posso até tentar te ajudar nesse seu sonho.

Griselda – Sério?!

Edu – Eu sou empresário, esqueceu? Tenho contato com pessoas que num estalar de dedos poderão lhe fazer entrar para o ‘mundo das câmeras’.

Griselda – Seria demais!

Edu – É … – ele fica calado por alguns segundos, e depois retorna – Sinto muito vou ter que ir agora.

Griselda – Tudo bem, nos falamos depois.

Edu – Te pego às oito.

Griselda – O quê?! Como assim?

Edu – Vai me falar que não me ligou pensando um pouquinho nisso. Te pego às oito amanhã à noite na sua casa.

Griselda – Mas eu… – e ele desliga. Demora um pouco para a sua ficha cair e automaticamente esboçar um belo sorriso – Que doido… – fala, se levantando e ascendendo a luz de seu quarto. Vai até seu espelho, limpando a maquiagem borrada. Confirma se sua aparência estava bem e sai do quarto. (Um pouco bipolar mas tudo bem).

 

Cena 03/ Rua sem saída. Noite.

Edu desliga seu celular assim que vê Trevas chegando em seu carro, no mesmo ponto de encontro deles:

Edu – O “pacote” já está aqui? – pergunta, apontando para o carro.

Trevas – Já. Você conseguiu arrumar um barraco pra guardar o corpo dele?

Edu – Sim. Fica lá na mata, perto do rio.

Trevas – Melhor. – olha para trás, no começo da rua, encontrando apenas um cão revirando o lixo – Vamos logo acabar com isso, antes que a polícia nos localize. Eu vi que na frente do salão tem uma câmera. Não demorará muito para nos encontrar.

Edu – Vamos – e segue ele até o seu carro.

 

No porta malas, Adão procurava maneiras de conseguir fugir, o que era quase impossível. Foi quando lembra-se que em seu bolso estava o seu celular. Sem demora, estende sua mão até lá pegando. Quando o aparelho ligou, encontra as milhares de ligações perdidas de Éden. Retornou, mas seus créditos tinham se acabado. A bateria se acabava, e como se sua vida dependesse disso, consegue digitar uma mensagem para o número da garota da balada, Eva. “Socorro”. Foi a bateria se acaba, a tela se apaga, e o carro começa à andar.

Adão – Será que eu vou mesmo morrer? … – reflete em voz alta, e se vira para o outro lado do espaço – Que irado – e começa a roer as unhas.

 

Cena 04/ Lanchonete Pague & Coma. Noite.

Eles estavam no salão da lanchonete, preocupados e aflitos. Griselda desce até lá:

Griselda – Vocês tão aqui ainda? Achei que a lanchonete já tinha fechado – e se senta com eles na mesa.

Éden – Estamos esperando Adão dar notícias. O boboca resolveu sumir do nada.

Griselda – Adão sumiu de novo? Ele sempre dá dessas quando marca encontro com essas raparigas.

Naja – Mas não faz sentido. Ele estava conversando com a gente e falou que iria apenas resolver um probleminha.

Eva – Está aí. Qual probleminha seria esse?

 

Nessa hora chega uma mensagem no celular de Naja:

Naja – Gente, é ele! Ele mandou uma mensagem – e todos formam uma roda em volta dela para tentarem ler. Nesta horas as portas se abrem, e um homem, vestido com um uniforme de policial, entra no estabelecimento:

Policial – Por acaso, Eva se encontra?

Eva (se levantando) – Sim, sou eu. Aconteceu alguma coisa, senhor policial? – ele vai até o seu lado.

Policial – Andamos investigando o ocorrido ao seu salão.

Eva – E encontram alguma pista que mostre quem fez isso?

Policial – Ainda não. Entramos em acesso com a câmera de uma residência localizada próxima de seu salão. E nas primeiras imagens, de uma hora atrás, podem nos revelar algo bem mais profundo do que somente quem fez aquilo.

Eva – Mas não tem como. Fizeram isso na madrugada da noite passada.

 

O policial pega um tablet, abrindo o link de um vídeo, ao qual mostra para eles:

Policial – Que tal tirarem as suas próprias conclusões? – e a mesma roda se repete para ver o vídeo. O vídeo mostrava Adão sendo levado por um homem de capa preta, na qual coloca-o num porta malas de um carro, que vai embora.

Éden – Meu deus, é o Adão!

Naja – Ele está sendo sequestrado!

Eva – Deve ser por isso dele ter mandado aquela mensagem.

Policial – Mensagem? Que mensagem – Naja mostra o seu celular. O policial pega-o. – Isto é importantíssimo. Pois, se ele está com o celular, será mais fácil sua localização. – e começa à sair.

Eva – Espere! Vamos com você.

Policial – Vocês não podem…

Eva – Desculpe, policial, mas querendo ou não, eu preciso ir. Ele está nessa situação por minha culpa.

Policial (pensativo) – Ok, venha. – e toda a renca acompanha ele até a viatura – Ué, era só ela.

Naja – Ah, vamos logo, antem que ele morra – o policial lhe olha de cima abaixo, que andou normalmente até as viaturas de polícia.

Policial – Que ousada. – e fecha a porta. A viatura começa à ir até a localização que o celular de Adão lhe dava.

 

Cena 05/ Quarto do hotel. Noite.

 

Mamis terminava de colocar as suas roupas, enquanto Canadense continuava deitado na cama:

Mamis – Preciso ir. Já está de noite.

Canadense – Fica mais um pouco? Foi um saco ficar todo este caminho pra capital sem te tocar. Vamos aproveitar…

Mamis – Papis irá desconfiar a minha demora. Já está de noite, se você não percebeu.

Canadense – Você não precisa mais dele, o cara já está falido, não tem mais nada que estar com ele.

Mamis – Já conversamos sobre isso.

Canadense – Esqueceu do nosso combinado? O combinado era eu entrar como advogado, pegar toda a grana dele, e fugirmos. Lembra-se dos planos da fazenda no Texas? Ainda está de pé?

Mamis – Tem hora pra tudo, Canadá. E agora não é hora para abandonar o cara, assim. Ele irá se candidatar nas eleições. Poderá ter mais grana ainda.

Canadense – O que pegamos dele é o suficiente.

Mamis (terminando de se vestir e pegando sua bolsa) – Você não entende.

 

Canadense lhe olha no fundo dos olhos:

Canadense – Entendi tudo.

Mamis (em êxtase) – Entendeu o quê?

Canadense – Você está gostando dele não está? Fale a verdade!

 

Cena 06/ Mata. Noite.

Efeito sonoro de fundo (instrumental, suspense)

Trevas abre o porta malas, retirando Adão lá de dentro. Prende seus braços com uma corda:

Trevas – Por precaução, né – e começa à andar com ele para dentro da mata juntamente com Edu.

Adão – Para onde estão me levando?

Trevas – Calado! – e eles somem entre as árvores. [Corta].

 

A viatura de polícia parou bem ao lado do carro de Trevas. Todos descem correndo:

Naja – Será que chegamos tarde demais?

Eva – Espero que não.

Policial – Investigamos o cara que sequestrou ele. Se chama Trevas. E sua ficha não nos diz muitas coisas boas.

Éden – Como assim? Quem esse cara é?

Policial – Por enquanto, só sabemos que ele está foragido da polícia, e investigado por algumas mortes.

Éden – Legal. Me aliviou muito.

Griselda (apontando) – Olhem, tem um rastro ali na mata. Eles podem ter ido por lá.

Eva – Só tem um jeito de descobrirmos.

Policial – Vamos! – e eles correm pela trilha deixada pelo trajeto de Trevas. [Corta].

 

Trevas solta os braços de Adão, fazendo-o ficar na beira do barranco ligado ao rio.

Trevas – Suas últimas palavras – fala, erguendo as mangas de sua camisa, pegando a arma nas mãos.

Adão – Cuidado.

Trevas – Cuidado? – estranha – Esquisito, era o que você tinha que ter pensando antes de se meter com pessoas que não conhece.

Adão – Vocês sabem que irão pagar por tudo o que roubaram e as pessoas que mataram, não sabeM?

Trevas – Tente a sorte.

Adão – Vou lhe dizer de novo, cuidado…

Trevas – Olha aqui, você já encheu o meu saco e vou acabar logo com…

Edu – Chefe, cuidado!

 

Trevas ao se virar para trás, e vê o motivo dessa palavra. O policial estava bem detrás dele, pronto para golpeá-lo. O único problema é que com o susto, Trevas aperta o gatilho:

Eva – NÃOOOO!!! – grita Eva vendo Adão ser atingido pela bala, bem no meio de seu peito. O sangue se escorria, enquanto o seu corpo caia no rio, já sem vida.

 

CONTINUA…

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