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Maçã do Amor

Primeiro Capítulo – Maçã do Amor

 Capítulo 01:

 

“Passarinhos voavam harmonicamente no céu, entoando juntos uma linda ‘canção de passarinho’. No céu, azulado e ensolarado, havia nuvens, na qual algumas delas possuía formatos de elefantinhos e emojis sorridentes. Até que finalmente seus olhos encontraram os outros olhos em sua frente. Era um homem, digno de capa de revista. Estava sem camisa, exibindo um invejável peitoral. Braços largos, pele bronzeada, cachos loiros. Era sensacional aquele momento. Se sentia como se fosse no paraíso, até que …”

 

Cena 01/ Apartamento de Eva. Quarto de Eva. Dia.

Naja (gritando da cozinha) – Ôh Bela Adormecida, tu vai ficar aí dormindo mesmo ou terei de convocar um príncipe encantado para fazer o trabalho?

Eva – Já vou, bicha! – responde, agarrando seu travesseiro novamente, sonolenta.

 

Bem, tudo ia bem até sua melhor amiga, uma travesti, lhe acordar, lembrando-a que vivia no mundo real, e que a realidade, infelizmente, não era um conto de fadas.

 

Cozinha.

Naja (de boca cheia) – Querida, que olheiras horríveis são essas?

Eva acabava de sair de seu quarto, com uma feição mau humorada – a mesma em que fazia todas as manhãs.

Eva (se sentando na mesa) – … Minha cabeça parece que vai explodir … Cadê o café?

Naja – Ressaca das bravas pelo jeito – resmunga, levantando a garrafa térmica em sua frente – Falando nisso, qual é o bofe novo da vez, hein?

Eva – Que bofe, Naja?

Naja – Oras, pra chegar tarde da noite, só pode ter boy magia na parada.

Eva (de mau humor) – Bicha, não tem homem nenhum, ok?

Naja (desconfiada) – Sei … Sair domingo à noite e chegar só no dia seguinte? – murmura enquanto lhe entregava uma cartela de comprimidos – Aprontava o que na rua até essas horas, então?

Eva – Não me lembro nem como vim chegar aqui em casa vou adivinhar com quem eu estava? – rebate, engolindo um comprimido para dor de cabeça, dando uma golada em seu café – Ai … – volta a reclamar de sua enxaqueca; os sintomas da ressaca entraram na rotina de todas as segundas.

 

Cena 02/ Apartamento de Adão. Sala. Dia.

 

Em passos inaudíveis, Éden se aproximava do sofá onde Adão se encontrava jogado, roncando e babando, no ‘mundo dos sonhos’:

Éden (berrando) – ACORDA!!!…

Adão (assustado) – Porra, Éden! – se levantando de imediato ao ter contato com a água presente no balde lançado por Éden.

Éden (entre suas risadas maléficas) – Acordou molhadinho, foi?

Adão apenas lhe observava, com a cara fechada.

Éden (se recuperando dos risos) – Noitada boa pelo jeito ontem, não foi? Desta vez tem até marca de batom.

Adão – Ah, cara, meu sofá novo … – se entristece, enquanto esfregava os olhos, buscando acordar de vez – Você veio me acordar justo hoje que planejava dormir até mais tarde?

Éden – Dormir até mais tarde?

Adão – É. – afirma, inocente.

Éden – Em plena segunda-feira?

Adão – É …? – agora sua afirmação mudou para uma cara desanimada.

Éden – Nada disso! Hoje começa o nosso bico lá na lanchonete da dona Geralda. Se esqueceu?

Adão – Hoje?

Éden – Sim, senhor!

Adão – Precisa mesmo ir? – pergunta, preguiçoso.

Éden –Na crise que tá, meu irmão, vale um bico na mão do que dois desempregados voando.

Adão – Ok … Só sossega a periquita aí um minutinho pra eu tomar uma ducha gelada. – bufa, se espreguiçando, caminhando ao banheiro.

Éden – Um minutinho só, hein! E vê se vista uma cueca também? Vai pegar um resfriado balançando essa bunda molenga de um lado para o outro. – brinca, ao vê-lo partindo pelado; até já se acostumou com aquela visão, Adão despido pela casa.

 

Cena 03/ Apartamento de Eva. Quarto de Eva. Dia.

 

Naja – Eva, estou descendo pro salão. – comunica, batendo na porta e entrando no quarto de Eva, que terminava de se arrumar em frente ao espelho.

Eva – Tá, bicha. Me espera só um pouquinho, por favor? Já estou quase terminando.

Naja – Claro que espero. Tampar essas olheiras aí requer tempo. Haja pó de arroz também, né? – brinca.

Eva repreende-a com um olhar devorador:

Naja (intimidada) – Não tá mais aqui quem falou …

Eva pega a bolsa de dentro do guarda roupa:

Eva – Vamos? Nossas meninas esperam por nós.

Naja (emocionada) – Bateu até uma emoção te ouvir falando isso … – se levanta, jogando os seus longos cabelos, falsos claros, retornando na sua ‘pose’ – Mas vamos logo mesmo, porque hoje em dia, meu amor, tempo é dinheiro! – diz, colocando seus óculos escuros, abrindo seu leque agitadamente, enquanto saiam do quarto.

 

 Cena 04/ Mansão Papis. Sala de Estar. Dia.

 

Mamis estava sentada na sala, sorridente, enquanto bebericava pequenos goles de seu vinho francês na sua taça de cristal.  Papis descia as escadarias de granito, todo atrapalhado tentando dar um nó em sua gravata:

Mamis – Deixa que eu te ajudo, marido. – se oferece, indo até ele fazer o ‘difícil trabalho’.

Papis – Obrigado, minha adorável esposa. – agradece, buscando sua maleta de trabalho pela sala.

 

Mamis outra vez soluciona o “grande mistério”, levantando a maleta que estava bem detrás da estante com a sua televisão 90” 3D.

 

Mamis – Qual é o compromisso de hoje, marido? – pergunta, se sentando e pegando sua taça novamente.

Papis – Reunião com o Deputado Cunha. Ele me “emprestará” algumas verbas do ministério dele.

Mamis –Ah, que bom! – vibra, interessada – Estou de olho deis de ontem num anel lindérrimo de diamantes que vi no catálogo. Posso comprar?

Papis – Claro, esposa! Só que use o nosso cartão de conta conjunta. Não irei trazer dinheiro vivo. Ele vai transferir direto para a minha conta no banco pra garantir que nenhum desses repórteres novatos chatos do Fantástico nos flagrem, sabe?

Mamis – Tudo bem.

Papis – Cadê o nosso motorista? Não posso me atrasar.

Mamis – Ele foi embora.

Papis – Por que?!

Mamis – Ele estava me enchendo o saco, exigindo para aumentar o seu salário pra um salário mínimo.

Papis – E o que você fez?

Mamis – Demiti ele, ué? Até parece que serei ética algum dia sequer nesse mundo fazendo o que a lei me obriga a fazer. – resmunga de nariz empinado.

Papis – Mas e agora? Como vou ir para a reunião.

 

A campainha toca.

 

Mamis – Ah, é! Esqueci de te avisar. O seu advogado mandou falar que iria passar aqui em casa pela manhã.

Papis – É, estou vendo. – disse, enquanto sua empregada abria a porta e Canadense entrava em sua casa, posicionando-se no centro da sala.

Canadense – Bom dia!

Papis – O que queres de mim em plena manhã, Canadá?

Canadense – O correto é Canadense, meu senhor.

Papis (desinteressado) – Pouco me importo. Vá direto ao assunto?

Canadense – Vim aqui lhe avisar que consegui limpar a sua ficha. Só que custou um pouquinho mais caro do que o previsto. O delegado demorou pra liberar a barra.

Papis – Um pouquinho quanto?

Canadense – Alguns zerinhos à mais a serem descontados na sua conta. Mas pense pelo lado positivo! Agora poderá se candidatar nas eleições para prefeito de São Paulo. Com certeza, esses zerinhos não lhe custarão nada em relação aos impostos e dinheiro público que poderá conquistar.

 

Papis arqueia as sobrancelhas convencido.

 

Papis – Está bem. Por acaso, você sabe dirigir?

Canadense – Sei sim!

Papis – Está contratado então.

Canadense (confuso) – Contratado para quê, senhor?

Papis – Serás o meu mais novo motorista a partir de agora. E começa hoje. Vamos!

Canadense – Mas como …?

Papis (se despedindo da esposa) – Adeus, querida. – saindo de casa em seguida.

Canadense (perdido) – Tenha um bom dia, senhora Mamis. – responde, correndo para alcançar o patrão.

 

Assim que se encontra totalmente sozinha no cômodo, corre rumo ao telefone. Com o aparelho nas mãos, disca alguns números, aguardando sua ligação ser recebida:

 

Mamis – Alô? É da joalheria? (…)

 

Cena 05/ Lanchonete Pague e Coma. Cozinha. Dia.

 

Adão (resmungando) – Não, não, não …

Éden – O que foi desta vez, Adão?

Adão – Olhe isto … – diz, destacando seu avental de estampa florida e cor de rosa – Aposto que minha avó usava um igualzinho esse.

Éden – E daí?

Adão – E daí que isso é coisa de menininha!

Éden – Ah, pare de reclamar e vista logo isso.

Adão – Mas …

 

Sua reclamação é interrompida com a porta da cozinha sendo aberta:

 

Geralda – Mas que demora é essa? Não estão vendo que já tem cliente na lanchonete? Andem logo, seus molengas, se não descontarei no salário por cada cliente que me fizerem perder! – ordenou exigente, retornando ao seu posto no caixa.

 

Adão e Éden se olham, amedrontados:

 

Éden – Vista logo essa porra, antes que essa velha dos infernos volte outra vez.

Adão – Tá bom tá bom … – se rende, terminando de fazer um laço para prender o avental em seu corpo.

 

Em seguida, cada um pega sua bandeja, correndo para a outra parte do estabelecimento.

 

Cena 06/ Salão de Beleza. Dia.

As fofocas no salão continuavam:

 

Naja (curiosa) – E o que ele fez? – perguntou, enquanto dava pinceladas da tinta em seu cabelo.

Griselda – Tu nem imagina, bicha! Ele falou que sim!

 

Eva e sua cliente também escutavam a conversa:

 

Naja – QUE BABADO! – se vira para Eva – Viu como eu tinha razão? Falei ou não falei que esse boy sempre me foi suspeito?

Eva – É. Falou sim.

Naja – Por isso que eu digo pra vocês me ouvirem! Uma bicha sabe identificar outra. Nós “do ramo” sabemos quem curte da mesma fruta, é instintivo.

 

Eva e sua cliente riem, enquanto Griselda balançava sua cabeça inconformada:

 

Griselda – Que desperdício … Homem já está em falta no mercado, e os bonitos que ainda restam vão tudo pro outro time também? EU DESISTO!!! – berra dramática, com Naja grudando pedaços de papel alumínio em seu cabelo.

 

Eva – É por isso que eu prefiro ficar na minha mesmo. Ir no meu barzinho, tomar minha cervejinha. Bem melhor do que viver ‘aprisionada’ e vigiada 24h. por dia, e ainda mais, com medo de ser corna. Vixii, nem morta que vou namorar alguém um dia! Além do mais, a maioria dos homens não querem só farra? Eu irei querer só farra também.

Griselda – É. Tu tá certa.

Naja (se intrometendo) – Cuidado, amiga.

Eva – Cuidado com o quê, bicha?

Naja – Tu falas isso, mas quer apostar quantos que já arranjou um bofe novo na balada e não quer nos contar?

Eva – Outra vez esse assunto? Quantas vezes vou ter que dizer que não estou com ninguém? – se irrita.

Naja – Ah é? Então o que você estava fazendo pra chegar às quatro da manhã ontem? Ou melhor, hoje?

Eva – Ué, sempre chego esse horário quando volto da balada. Você sabe disso, bicha.

Naja – Ok, amiga. Eu sei disso, mas …

Eva – Então por que está implicando com isso agora?

Naja – Você podia estar bêbada, mas eu me lembro muito bem como você chegou em casa. E já lhe aviso, não chegou sozinha não …

 

Todas no salão passam à olhar para Eva, que se interrogava em pensamentos, tentando recordar de alguma coisa.

 

 

 

Continua …

 

 – E aí? O que acharam dessa breve introdução dos personagens? Comentem.

   Até o próximo capítulo, onde o enredo começará à se desenrolar –

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