Gira Mundão | Cap 01 | Nojo de negro
Capítulo 1:
Cena 1 – Cidade Matrênia – Nigéria – África – Dia – 1840
Taú, Zaila, Amara, Xoloni e Gaxambu estão à caminho dos navios negreiros junto aos outros negros.
Cena 3 – Praia – Brasil – Tarde
Carvalho: Abra a boca agora!
Carvalho: Muito bem, agora tire a roupa.
Zaila: Devolve meu menino! Gaxambu, volta!
Gaxambu: Me ajuda mãe!
Cena 4 – Fazenda Coro Velho – Dia
Jorge: Veremos.. Continue trabalhando que pensaremos em que você merece. Mas saiba que se desobedecer, o tronco lhe espera.
Taú: Fiquei sabendo das terras vizinhas, pelo que andam me dizendo eles são melhores que vocês.
Jorge: Você vai me agradecer muito, se continuar trabalhando aqui Taú. Lá, você realmente vai ser tratado muito pior. Agora pare de reclamar e vá trabalhar, já!
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Cena 5 – Fazenda Coro Velho – Brasil – Noite
Amara: Acabou nosso trabalho?
Xoloni: Acho que sim Amara, são apenas doze horas por dia.
Taú: O único jeito de tirar a dúvida é perguntar para eles.
Amara: Não, acho melhor esperar para ver. Se vermos os outros saindo daqui a alguns minutos, também sairemos.
Zaila: Então tudo bem.
Gaxambu, filho de Zaila e Xoloni, estava fora. Enquanto os pais trabalhavam, quem cuidava supervisionava ele era Aparecida. Só no final do trabalho os pais poderiam ver os filhos. Quando ele a vê, ele corre para os braços dela.
Aparecida: Jorge mandou eu entregar o menino.
Zaila: Obrigada!
Enquanto Zaila agradecia, Aparecida olhava fixamente nos olhos dela, estranhamente, com uma cara de nojo. Logo depois de entregar o menino, ela vai embora. Zaila preocupada, pergunta:
Zaila: Meu filho, fizeram algum mal para você? Onde estava? Comeu o que?
Gaxambu: Calma mãe. Não fizeram nada comigo, muito pelo contrário. Trabalhei com as outras crianças que foram trazidas para cá, costurando tecidos.
Zaila: Ah que bom! Mas trabalharam aonde? comeu alguma coisa filho?
Gaxambu: Trabalhamos lá atrás daquele casarão. E só comi frutas.
Táu: Sou novo neste paradeiro, cheguei aqui ontem mesmo.
Francisco: Tem muito que aprender ainda rapaz, quantos anos?
Taú: Tenho 20 e você?
Francisco: Tenho 78 anos. Trabalho aqui há 43 anos.
Taú: Nossa é muito tempo! Quando você vai embora?
Francisco levanta
Francisco: Não há nenhuma previsão de quando eu irei sair deste presídio… As vezes eu penso que nem vou fugir daqui. Porque, o Antônio tem 92 anos, está de pé e não foi embora.
Taú: Affs, impossível! Com 92 anos só estarei babando, como eles podem obrigar um senhor de idade a trabalhar intensamente assim?
Francisco: É a vida Taú. Não nascemos negros porque quisemos. Nascemos com essa cor e agora temos que superar todas a diferenças.
Taú: Gostei de você. Bastante sábio, parece um amigo meu… Ele é um grande gênio.
Francisco: Haha! Obrigado, você é bastante gentil.
Cena 7 – Mansão – Quarto – Dia
Aparecida está conversando com sua amiga de jardim, Jamili.
Jamili: Aparecida, já arrumei os preparativos para a festa
Aparecida: Ótimo, agora precisamos de pessoas para cuidar da decoração, comida, vestimentas. Estou muito ansiosa!
Jamili: Esse trabalho é mole, deixa tudo para os escravos de seu pai.
Aparecida: Não sei não em Jamili, eu pedir uma coisa pro meu pai atualmente não é nada fácil, ele está bastante estressado com os escravos e comigo também.
Jamili: Então, já aproveitando que ele está estressado manda esse trabalho para os negros, assim eles trabalham mais. Porque eles não fazem mais nada nesta fazenda a não ser catar cana de açúcar, agora eles podem também cuidar da festa.
Aparecida: Tá Jamili, você me convenceu. Vou falar com Jorge para ver se ele deixa, e calma, paciência!
Cena 8 – Fazenda de Jopretino – Tarde
As mulheres e crianças foram postas para trabalhar em uma fazenda diferente, a fazenda de Jopretino. Nessa fazenda, quem manda é José. Zaila, Amara e Gaxambu trabalharam lavando roupas, tecidos, coletando frutas entre outros. Todos foram divididos. Zaila trabalha coletando frutas. Ela está coletando mangas direto do pé.
Zaila(conferindo as mangas e falando alto): Manga podre, manga vermelha, espada… E agora, que tipo de manga eles gostam? Ela pergunta para Amara que está no chão à cerca de dois metros longe dela. Amara responde:
Amara: Você deveria ter perguntando antes de começar né Zaila. Agora vai lá perguntar porque estou ocupada, estas roupas estão encardidas!
Zaila: Estou com muito medo de perguntar Mara.. Em falar em roupas encardidas, Gaxambu ficou com os tecidos. Como é que está se saindo?
* Do outro lado da fazenda*
Zarina: Ei menino! Quantos anos você tem?
Gaxambu: Tenho oito anos e você?
Zarina: Nossa e você não tem medo de mexer com agulha de ferro não? Tenho seis anos
Gaxambu: Estou acostumado já, é costume de fazer isso. Minha família trabalha com tecidos há anos..
*Voltando ao outro lado*
Uma das escravas está caminhando na plantação olhando o trabalho dos escravos à mando de José.
Amara: Olha pergunta para esta mulher ai..
Zaila: Moça, você trabalha aqui a quanto tempo?
Janaina: Trabalho aqui há 9 anos, por quê?
Zaila: Ótimo! é que você pode me dar uma informação?
Janaina: Claro!
Zaila: Você sabe os tipos de mangas que eles gostam de comer? Para não pegar errado….
Janaina: Olha moça, desde quando eu comecei a trabalhar aqui na lavoura, eles não tem essa de escolher manga assim deste jeito não.. Você pega qualquer uma manga aí e entrega pra eles, se eles não gostarem do que você trazer é dó. Agora desculpa aí qualquer coisa, vou indo!
Zaila: Obrigada moça
* Ela se retira, depois Zaila vira, olha para Amara e diz*
Zaila: E agora, Amara?
Amara: Segue as dicas que ela lhe deu.
Cena 9 – Fazenda Coro Velho – Tarde
Jorge está sentando em uma cadeira, olhando o trabalho dos escravos e conversando com Lopes.
Jorge: Lopes, se você mandasse em algo, qual desses escravos você compraria para a sua fazenda?
Lopes: Olha senhor, pra falar a verdade o único que vale ainda a pena, é o Gonçalves…
Jorge: Você ainda vive insistindo no Gonçalves.. esse aí já é pedir pra morrer, está muito velho..
*Aparecida chega correndo e rindo com Jamili*
Aparecida: Ei pai! Jamili e eu andamos pensando, sobre a festa… Temos muito trabalho para frente, e decidimos que..
Jorge: Que?!
Jamili: Que nós déssemos todo o trabalho para os escravos.. eles não fazem nada além de plantar cana…
Jorge: O que você acha, Lopes?
Lopes: Numa boa cara
Jorge: Então tudo bem, os preparativos começam quando?
Aparecida: Ihh
Jorge: O que houve agora Maria Aparecida?
Jamili: Ainda não marcamos o dia..
Jorge: Como vocês querem algo sem ainda nem começar? O tempo não volta. Só mencionem essa festa para mim, quando pelo menos o dia estiver marcado.
Aparecida: Tudo bem
*Aparecida e Jamili saem*
Após as duas amigas saírem, Lopes diz:
Lopes: Linda sua filha em?
Jorge: Ah, essa boca moleque! Ela é uma moça direita, de família, não irá namorar nem casar com você.
Lopes: Posso dar uma palavrinha com sua filha na mansão?
Jorge: Vai vai, mas qualquer coisa além do comum, você vai ver.
Não percam o próximo capítulo de GIRA MUNDÃO!