Feridas do Passado – Capítulo 11
Cena 1. Continuação da cena final do capítulo anterior.
Victor: Se ponha no meu lugar, vivi todos esses anos achando que eu tinha uma família e agora simplesmente descubro que não, você não é a minha mãe biológica e o Juraci não é o meu pai biológico, como você se sentiria se fosse você?
Milena (Chorando): Me desculpa meu filho, eu não podia lhe contar a verdade, o importante é que você teve todo meu carinho e todo meu amor, não me deixe aqui neste momento.
Victor: Mãe, me conta de onde eu vim, me conta quem sou eu, e assim eu vou poder voltar a confiar em você.
Milena (Chorando): Não posso lhe contar a verdade, você jamais me perdoaria.
Victor: Então me deixa eu ir embora e seguir o meu caminho, vai ser melhor assim. – Victor fecha a mala e sai do quarto.
Milena (Chorando): Não vá embora, fica aqui comigo. – Milena se ajoelha ao chão.
Milena (Chorando): Me perdoa, me perdoa. – Milena se deita no chão onde continua a chorar.
Cena 2. Rio de Janeiro / Barra da Tijuca / Mansão de Juraci e Milena / Hall de entrada / Tarde.
Caíque fala com Victor antes dele ir embora.
Caíque: Espera, não vá embora agora preciso falar com você.
Victor: Pode dizer estou lhe ouvindo.
Caíque: Quanto você estaria disposto a pagar por uma carta que o papai escreveu antes de morrer contando a história das suas origens?
Victor (Espantado): Como assim? Do que você está falando?
Caíque: O papai escreveu uma carta para você antes de morrer, revelando de onde você veio e como veio parar aqui, porém está carta veio parar nas minhas mãos e para eu entrega-la a você, vai custar um preço.
Victor: Quanto você quer?
Caíque: Seus 250 mil reais. (Sorriso)
Victor: Não sei porque ainda me espanto com suas atitudes, você sempre foi um ambicioso mas tudo bem, esse dinheiro não me pertence ele é todinho seu.
Caíque: Basta assinar essa nota promissória no valor de 250 mil reais e terá a sua carta. – Caíque entrega a nota promissória a Victor.
Victor: Agora mesmo! – Victor pega a nota promissória leva até uma pequena mesa, assina e entrega de volta a caíque.
Caíque: Perfeito, faça bom proveito desta carta, agora por favor leia longe daqui não estou afim de ver suas lágrimas. – Caíque entrega a carta a Victor.
Victor: Eu lamento que você tenha se tornado esta pessoa que você é Caíque, lamento. – Victor pega a carta e sai da mansão.
Cena 3. Rio de Janeiro / Copacabana / Apartamento de Glória e Raul / Sala de estar / Tarde.
Glória tem lapsos de memória e começa a agir como se estivesse no passado.
Glória: Hoje teve mais confusão nas ruas, está tudo um caos, um verdadeiro terror.
Raul: Do que você está falando meu amor. – diz Raul sentado em sua poltrona lendo um livro.
Glória: Dos estudantes e dos militares, de quem mais posso está falando? A cavalaria está nas ruas, são tiros para todos os lados, bombas, fecharam mais um jornal que criticaram o governo militar.
Raul: Do que você está falando meu amor a ditadura já acabou a décadas, éramos tão mais jovens.
Glória: Está ficando louco Raul? A ditadura começou há quatro anos, estamos em 1968.
Raul: É sim meu amor, você tem razão.
Glória: Ah querido não podemos esquecer que amanhã a rainha da Inglaterra visita o Rio de Janeiro não podemos perder este evento, a Cidinha de Campos vai fazer uma festa com toda alta sociedade brasileira e claro não podemos deixar de estar lá.
Raul: Estaremos lá, com certeza será um grande evento.
Cena 4. Rio de Janeiro / Leblon / Cobertura de Wolf e Marília / Sala / Tarde.
Wolf comenta com Marília e Alex sobre os lapsos de memória de Glória.
Wolf: Tudo bem então qualquer coisa me liga. – diz Wolf desligando o telefone.
Marília: Quem era ao telefone meu amor?
Wolf: Era o meu pai.
Alex: Aconteceu alguma coisa de grave? O senhor está com uma cara.
Wolf: Ele acabou de me dizer que a mamãe está tendo lapsos de memória, agindo como se estivesse em 1968, falando das ruas cheias de estudantes e militares, de fechamentos de jornais, da visita da rainha da Inglaterra, coisas que eles viveram no passado.
Marília: Isso é normal para idade dela, isso se chama velhice.
Alex: Não penso desta forma pode ser algo mais grave.
Wolf: Claro que não, isso deve ser caduquice da mamãe e só aconteceu uma vez não vamos pensar no pior.
Cena 5. Salvador / Sede do Governo / Sala de Felipe / Tarde.
Felipe pergunta para Arlete como anda a procura pelo apartamento.
Arlete: Amanhã é o dia da inauguração das encostas dos bairros do subúrbio ferroviário, confirmo a sua presença ou peço que vá um representante?
Felipe: Pode confirmar a minha presença, eu gosto deste tipo de evento é muito gratificante ver o sorriso do povo.
Arlete: Isso é verdade, nada é mais valioso que um sorriso.
Felipe: Como andam as coisas na procura pelo apartamento? O Henrique tem se saído um bom corretor?
Arlete: Até o momento sim, marcamos de nós encontrar amanhã à noite para um jantar e ele vai me amostrar uns imóveis que ele selecionou para que eu possa escolher.
Felipe: Hum… Um jantar…Será que esse jantar é somente para tratar do apartamento?
Arlete: Acredito que sim Sr. Governador, não vai me dizer que o senhor está pensando que eu e o Henrique possamos ter alguma coisa? Imagina fico até envergonhada do senhor estar pensando isso de mim. – Diz Arlete meio sem graça.
Felipe: Por favor não me chame de senhor, me chame de você, de Felipe. Você pode até achar estranho mas eu me preocupo com você, eu só quero o seu bem mas se você achar que estou me intrometendo demais na sua vida é só falar que paro de imediato.
Arlete: Claro que não, eu tenho muito que agradecer ao senhor. Ops perdão! A você por ter me apresentado o Henrique que está me ajudando muito nessa minha procura pelo apartamento, e é muito bom saber que tem alguém muito especial que se preocupa comigo, fico muito feliz e bastante grata. – Diz Arlete sorrindo.
Ao ver o sorriso de Arlete, Felipe vê nela o rosto de Vanessa sorrindo.
Cena 6. Rio de Janeiro / Leblon / Apartamento de Maria Clara / Noite.
Victor chega com suas malas na casa de Maria Clara e é recebido com braços abertos.
Victor: Pronto, eu trouxe uma parte das minhas roupas.
Maria Clara: Como foi lá?
Victor: Ela não quis me contar a história das minhas origens, mas o Caíque me entregou uma carta onde o meu pai revela tudo que aconteceu no meu passado.
Maria Clara: E você já leu a carta?
Victor: Não tive coragem de ler, eu precisei esperar chegar até aqui e ler junto com você, preciso que me der forças.
Maria Clara: Irei te dar toda a força que for necessária.
Victor: Obrigado. – Victor abraça Maria Clara.
Victor: Vamos ler o que tem nesta carta.– Victor pega a carta e abre.
Cena 7. Rio de Janeiro / Barra da Tijuca / Mansão de Juraci e Milena / Quarto de Milena / Noite.
Caíque pressiona Milena para que ela venda tudo que recebeu da herança de Juraci.
Caíque: Oi mamãezinha. – Diz Caíque com um sorriso sarcástico ao entrar no quarto de Milena e encontra-la encostada na janela olhando o lado de fora da mansão.
Milena: O que você quer Caíque? – Diz Milena olhando fixamente para o filho.
Caíque: Um filho não pode mais ser carinhoso com a mãe sem a ter a intenção de pedir alguma coisa?
Milena: No seu caso não está na sua cara que você veio aqui para falar algo que com certeza não irá me agradar.
Caíque: Como você está inteligente adivinhou o que eu vim fazer mas diferente de antes eu não vim pedi eu vim exigir.
Milena: Exigir o que?
Caíque: Tudo que você recebeu da herança do papai, essa é a minha condição para não entregar a carta.
Milena: Eu vou lhe dar tudo, mas preciso de algum dinheiro.
Caíque: 50 mil reais para você e os duzentos mil reais para mim, acordo feito?
Milena: Tudo bem, feito.
Caíque: Amanhã iremos ao cartório e você vai passar tudo para o meu nome. – Caíque sorrir.
Cena 8. Salvador / Vila de classe média / Casa de Maitê / Noite.
Joseph e Maitê correm pela casa mas Maitê sente uma falta de ar.
Joseph: Eu aposto que você não me alcança. – diz Joseph correndo pela casa.
Maitê: Pois eu aposto que alcanço. – Maitê começa a correr atrás de Joseph e os dois correm pela casa, até que Maitê para e começa a sentir falta de ar.
Joseph: Está sentindo alguma coisa?
Maitê: Falta de ar. – diz Maitê tentando respirar.
Joseph: Seu Otávio, seu Otávio. – diz Joseph bem alto.
Otávio: O que houve? – diz Otávio descendo as escadas.
Joseph: A Maitê está com falta de ar.
Otávio: Está muito forte filha? – diz Otávio segurando os braços da filha.
Maitê: Sim. – diz ela com dificuldades para falar.
Otávio: Vamos para o hospital. – ele pega Maitê no colo e leva para fora de casa.
Rua da casa de Maitê.
Otávio coloca Maitê dentro do carro.
Joseph: Ela vai ficar bem?
Otávio: Vai ficar bem sim Joseph não se preocupe, agora vai para casa quando ela chegar eu dou notícias.
Joseph vai até o carro e fala com Maitê.
Joseph: Você vai ficar bem, promete?
Maitê não consegue responder, o pai dela liga o carro e segue as pressas para o hospital.
Cena 9. Senhor do Bonfim – Interior da Bahia / Bar / Noite.
Feliciano encontra Diego no bar e conversa sobre sua filha.
Diego: Seu Feliciano o senhor por aqui. – diz Diego sentado em uma das mesas do bar e levantando o copo de cachaça como forma de cumprimento.
Feliciano: Eu estava mesmo precisando falar com você. – diz Feliciano se sentando na mesa ao lado de Diego.
Diego: Pois fale cá estou eu para lhe ouvir.
Feliciano: Fui visitar a minha filha e ela anda muito estranha, parece estar infeliz e eu vi umas marcas nas costas que não me deixaram nada feliz.
Diego: Ela falou algo?
Feliciano: Não, mas estava na cara dela que algo de ruim está acontecendo e aquelas marcas.
Diego: São coisas bobas não tem do que se preocupar a sua filha é muito bem tratada.
Feliciano: Assim espero Diego, não sou cego e sei muito bem o que pode está acontecendo, mas espero que eu esteja errado. – diz Feliciano bebendo um gole da cachaça de Diego e em seguida se levantando e saindo do bar.
Diego: Quando eu chegar em casa a Carol vai ganhar um grande presente que ela não vai se esquecer jamais. – diz Diego com uma expressão de ódio.
Congelamento do rosto de Diego.
Fim do Capitulo