Capítulo 3 – Jovens Tardes
Roteiro de telenovela Brasileira Capítulo 003
Personagens deste Capítulo:
Pastor
Empregado
Continuação Imediata do Capítulo anterior:
Cena 01. Interior, dia, Mansão Kalil. SALA DE JANTAR.
Marechal – Me diz o que você fez de sério na vida até hoje? Nada. Você é um zero a esquerda. Eu tô fazendo muito em pagar esses estudos no exterior pra você.
Melina – Sabe o que eu acho? Que você quer é me ver longe daqui, nem que para isso você invente esta porcaria de estudos no exterior. Você quer que eu, a sua filha, fique longe de você.
Marechal – Você me cansa, você é uma inútil. Não percebe que eu faço muito por você. Levante suas mãos e agradeça por eu ser um pai que te dou dinheiro.
Melina – Dá dinheiro, mas falta dar carinho. Falta ser pai de verdade. Dar dinheiro não é sinal de muita coisa. Eu queria um abraço, um elogio, um afago seu, mas longe disso, eu só tive o seu desprezo.
Tomázia (gritando) – Chega, dá pra parar com essa discussão? Eu e Laerte não vamos ficar ouvindo isso aqui não. Vocês são pai e filha.
Laerte – Mas parece cão e gato, ou gato e rato.
Marechal – Eu tô indo pra editora. Te esperto mais tarde lá Laerte.
Tomázia (p/ Marechal) – Num vai nem se despedir da sua filha?
Marechal (p/ Melina) – Eu espero que não esteja me fazendo perder dinheiro. Utilize seu tempo pra estudar e pra colocar juízo nessa cabeça.
Santa entra e entrega a pasta para Marechal, que sai.
Melina começa a chorar e Tomázia a abraça.
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Cena 2.Interior,dia,Igreja Evangélica. ALTAR.
Maria Marta e Giulio estão cantando uma canção em adoração a Deus.
Após o fim da música os dois permanecem no altar e são ovacionados.
Pastor (p/ todos os presentes no culto) – Deus é lindo e faz obras maravilhosas em nossas vidas. Eu aqui como pregador de seus ensinamentos, posso garantir que a sua infinita bondade nos reserva momentos de extrema glória, glória esta que o casal Maria Marta e Giulio, servos do Senhor tem para proferir nesse nosso culto abençoado.
O pastor passa o microfone para Giulio.
Giulio – Graça e paz aos irmãos e irmãs presentes.
Todos – Graça e paz.
Giulio – Irmãos é com grande satisfação que eu conto à bênção que vem ocorrendo em minha vida. Todos aqui sabem que sou servo do Senhor há muitos anos e que partilho da amizade, das vitórias e dos momentos difíceis que todos aqui passamos. Mas nunca perdi a fé e Deus me recompensou da melhor maneira possível. O nosso Pai, me deu a namorada mais linda, fiel e abençoada que conheci.(T) Agora passarei para ela a palavra final.
Giulio entrega o microfone para Maria Marta.
Maria Marta – Graça e paz irmãos e irmãs. Que a divina glória do Pai esteja sobre vós.
Povo – Graça e paz, amém!
Maria Marta – Irmãos, eu sempre vim a este templo honrar a Deus, pedir benfeitorias e agradecer graças alcançadas. Por isso hoje eu venho aqui, diante de vocês, diante do nosso Pai e diante do pastor, dizer que eu e Giulio estamos noivos e queremos nos casar.
Todos aplaudem. Maria Marta e Giulio se abraçam.
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Cena 3. Exterior, dia, Igreja Evangélica.
Maria Marta e Giulio aguardam o pastor trancar a igreja.
Maria Marta – O culto de hoje foi bênção pura. Ô glória!
Giulio – Bênção é ter você na minha vida. Minha noiva divina.
O pastor chega.
Pastor – Me desculpem, eu atrasei porque não achava de jeito nenhum a chave da porta dos fundos.
Maria Marta – Que isso pastor, a gente nem teve sacrifício nenhum em ficar um olhando o outro.
Pastor – Dá-lhe alegria. É o senhor construindo maravilhas aqui na Terra. (T)Meus amados, foi lindo tudo hoje, mas devo adverti-los de uma coisa que terão que fazer.
Giulio (preocupado) – É muito grave?
Pastor – Muitos casamentos não dão certo porque as pessoas não se conhecem, a gente teve muito disso aqui no templo. Mas desde que lançaram um curso de casais em período de noivado, as separações reduziram a pó.
Maria Marta – Mas como faremos para nos ingressar?
Pastor – Como noivos, vocês já estão cadastrados e todos os dias de culto, vocês terão experiências com profissionais em casamento. Esse curso veio do Japão e é eficaz. Muitos casamentos são salvos por ele. Vocês o estrearão aqui na igreja.
Giulio – Quando?
Pastor – É surpresa. Vocês não podem estar preparados.
Maria Marta e Giulio se olham tensos.
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Cena 4.Interior, dia, Mansão Kalil. SALA.
Tomázia chegada rua triste e se senta no sofá.
Santa entra.
Santa – A senhora aceita um chá?
Tomázia – Não Santa. Eu aceito a minha filha. Quero ela aqui.
Santa – Ela se foi né dona Tomázia?!
Tomázia – Foi Santa. Talvez nem volte mais para ficar. Hoje foi ela, daqui a pouco o Laerte. Agora entendo porque a minha mãe dizia que a gente cria filhos pro mundo.
Santa – A sua companhia será o seu Marechal.
Tomázia – Até quando? Eu sinto, aqui dentro de mim, que tô perdendo ele pouco a pouco.
Santa – Não fica assim.
Tomázia fica pensativa.
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Cena 5. Interior, dia, Mansão Loureira. QUARTO DE ANITA.
Anita está ouvindo música de rock no volume altíssimo e deitada na cama. Besançon entra.
Besançon – Desliga essa porcaria.
Anita não ouve aí então Besançon abaixa todo o volume.
Anita (se levantando) – Que Poxa é essa?
Besançon – Olha o palavrão garota.
Anita – Eu tô na minha casa, no meu quarto e falo como quiser.
Besançon – Falava. Você falava como queria. Agora quem dá as ordens aqui sou eu.
Anita – Você não é minha mãe, não me manda.
Besançon – Veja lá se eu teria idade pra ser sua mãe, e além do mais eu sou muito linda pra ter uma filha mimada e chata como você.
Anita – Eu ainda vou acabar com você Besançon.
Besançon – Pago pra ver. Sabe o que eu vou fazer? Vou te mandar pra um colégio interno, desses da Europa, e fazer seu pai te esquecer. E quando você sair de lá, eu já terei gastado toda a grana dele.
Anita – Era isso que você queria a grana do meu pai.
Besançon – É. Agora vai se lixar.
Anita sai do quarto com ódio.
Besançon (feliz) – Essa daí vai ser mais fácil do que imagino.
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Cena 6.Exterior,noite, Fachada Motel.
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Cena 7. Interior,noite,Motel. QUARTO.
Várias imagens de Edith e Ariel se beijando em trajes íntimos.
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Cena 8. Exterior, noite, Parque Municipal.
Lorena está passeando pelo parque e se depara com um lago todo florido.
Lorena (admirada) – Nem nos meus mais lindos sonhos eu veria uma coisa tão bela.
Laerte chega por trás dela.
Laerte – Esse lago tem a minha idade.
Lorena vira-se assustada e acaba se encantando por Laerte.
Lorena – Eu levei um susto. Nem te vi chegar.
Laerte – Eu vi que uma linda moça passeava por aqui. Tava desacompanhada, aí decidi ser sua companhia.
Lorena – Mas você nem me conhece.
Laerte – Tem razão. Eu não a conheço, mas ficaria feliz se a conhecesse.
Lorena – Eu sou nova na cidade, cheguei por esses dias. Sou Lorena.
Laerte – Prazer, eu sou Laerte.
Lorena – É um belo nome.
Laerte – Obrigado.
Lorena e Laerte ficam se olhando apaixonadamente.
Bela (off) – Lorena, cadê você? Vamos embora.
Lorena – Preciso ir, minha tia tá me chamando.
Lorena abraça Laerte, que lhe dá um beijo na boca de surpresa.
Laerte (entregando um cartão) – Aqui tá meu número. Me liga, quero sair mais vezes com você.
Lorena (sorrindo) – Te ligo!
Lorena vai embora e Laerte se senta no chão todo sorridente.
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Cena 9. Interior, Dia, Editora Kalil. SALA DE REUNIÃO.
Estão sentados a mesa de reuniões: Laerte, Edith e alguns empregados.
Marechal está de pé.
Laerte (p/ Edith) – Pra quê essa reunião hoje?
Edith – Quem viver…verá!
Laerte então olha para todos com desconfiança.
Empregado – Podemos começar senhor Marechal.
Marechal – ótimo!
Laerte – Mas eu nem recebi a pasta com as pautas da reunião.
Marechal – Laerte, meu filho, se levante, por favor, e venha até mim.
Laerte olha para Marechal e se levanta.
Marechal – Agora venha até mim.
Laerte vai.
Marechal então abraça Laerte.
Marechal – Parabéns meu filho, você é o novo editor de imagem dessa empresa.
Laerte (emocionado) – Eu lutei tanto, mas tanto, pai.
Marechal – A vaga é sua. Mostrou competência.
Todos aplaudem e Laerte sorri muito.
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Cena 10. Interior, dia, Mansão Kalil. SALA.
Ância e Melione estão sentados no sofá. Tomázia desce as escadas acompanhada de Santa.
Ância – Desculpa a gente vir sem avisar.
Tomázia – A Santa me disse que vocês estavam aqui, logo vi que é algo importante.
Melione – É algo extremamente importante.
Tomázia – Santa, será que você pode preparar o almoço, o Laerte vem comer em casa hoje.
Santa – Mas é claro. Com licença.
Santa sai e se esconde para ouvir a conversa.
Tomázia – E então, qual o motivo de estarem aqui?
Melione – A gente sabe que o seu casamento com Marechal foi meio que na sorte. Com a ajuda nossa e da Carmita, você se casou.
Tomázia – Gente, eu sei disso.
Ância – Você nos recompensou, conseguiu um bom emprego para nossa Edith lá na editora. Além de nos ajudar financeiramente.
Tomázia – Mas é claro que eu iria ajudar. Vocês são a minha família. Mas agora, sem querer ser grossa, cheguem logo ao tema da nossa conversa. O que os trouxeram aqui?
Melione – Bela Acioli.
Tomázia – Eu acho que dessa vez eu perdi a batalha. O Marechal, mais dia ou menos dia vai voltar pra ela.
Ância – Você não pode deixar isso acontecer, não pode deixar essa mulher simplesmente destruir a sua vida.
Tomázia – Mas eu vou fazer o que? Matar?
Ância – Se for preciso, chegaremos até as últimas conseqüências.
Melione – Acho prudente a gente se armar contra essa mulher, ela é perigosa. Nem que para isso, a façamos comer grama pela raiz.
Tomázia fica assustada.
Close em Santa que fica surpresa e corre para a cozinha.
Tomázia – Gente, eu preciso cuidar do almoço do meu filho. Será que poderemos tratar desse assunto outro dia?
Ância – Não demore muito. Pode ser tarde demais.
Melione – Se você tiver medo de se sujar, pode ter certeza de que nós dois fazemos esse servicinho pra você.
Tomázia – Eu…eu vou à cozinha saber como anda o almoço. A gente se fala outro dia.
Ância e Melione saem. Tomázia se senta no sofá pensativa.
Tomázia (p/ si) – Matar a Bela? Não.
Nesse instante Santa aparece.
Santa – Precisa de algo?
Tomázia – Não deixe mais aqueles dois entrarem sem permissão minha.
Santa – Sim senhora. Eles te fizeram algum mal?
Tomázia – Eles só pensam em si próprios, vieram aqui com um papinho de me alertar, mas na verdade estão apenas com medo de perder a gorda pensão e de garantir o bom emprego que a Edith tem.
Santa – Como existe gente esquisita nesse mundo.
Tomázia – Mas a visita não foi de toda ruim. Eles podem ter razão quanto ao fim de uma mocréia aí. Talvez a única saída, seja mesmo essa que estou pensando.
Santa olha assustada para Tomázia.
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Cena 11. Interior,dia, Agência dos Correios.
Besançon entra preocupada, pega uma senha e se senta. Nesse instante Anita entra e se esconde atrás de um armário.
Besançon (olhando para o relógio) – Eu espero que não demore muito.
Atendente (gritando) – Senha 19.
Besançon sorri, se levanta e chega até o caixa de atendimento.
Atendente – Bom dia, pois não?
Besançon – Eu quero enviar uma carta.
Atendente (ironia) – Bem, minha senhora, eu acho que você veio ao local correto. É aqui que se enviam cartas.
Besançon (rude) – Seu trabalho aqui não é ficar fazendo piadinhas não, que são de péssimo gosto por sinal. Você tá aqui pra me servir, só isso.
Atendente – Fala logo o que você quer moça. Tem um montante de pessoas querendo utilizar os nossos serviços.
Besançon (entregando a carta) – Quero enviar essa porcaria. O endereço tá aí.
Besançon entrega a carta e sai. Nesse instante Anita corre ao balcão.
Atendente – Cadê a senha? Tô achando que você não é a próxima.
Anita – Eu preciso de uma única informação.
Atendente – Diz rápido, antes que alguém comece a resmungar ali.
Anita vê a carta de Besançon em cima do balcão e fica atônita.
Atendente – Vai desembuchar ou não garota?
Anita – Ai, desculpa, viajei aqui. Eu queria saber a escala do carteiro na minha residência.
Atendente – Espera aqui que eu vou lá dentro buscar um panfleto mostrando toda a escala dele aqui na cidade.
O atendente sai e Anita pega a carta e sai correndo.
Atendente – Ta aqui garota… (confuso) – Ué? Cadê a menina? Só pra me fazer de trouxa mesmo. (gritando) – Senha 20.
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Cena 12. Exterior, dia, Ruas de Pedrosa.
Anita está sorridente e andando pelas ruas, eis que seu celular toca.
Anita – Fiz o que você mandou e consegui coisa melhor. (pausa) Que nada. Não só descobri o nome, como consegui pegar a carta que a cretina iria mandar pra ele. (pausa) Te encontro daqui a pouco.
Anita desliga o celular e continua andando pelas ruas sorridente.
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Takes da cidade anoitecendo
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Cena 12. Interior, noite, Mansão Ceregí. SALA.
Igor está analisando o rosto de Gregório, com isso, faz até uns riscos em seu rosto.
Gregório – E então? Podemos marcar a cirurgia?
Igor – Não, antes temos que fazer exames e uma nova avaliação no meu consultório.
Gregório – Quero essa cirurgia o quanto antes.
Igor – Você tem certeza que deseja fazer uma cirurgia plástica no rosto?
Gregório – Certeza eu não tenho, mas preciso me sentir mais jovem. Minha esposa é mais jovem e não quero que pensem que sou pai dela.
Igor – O que os outros vão pensar é indiferente. Quem paga suas contas é você, além do mais, se vocês se amam, isso é que é importante.
Gregório – Mas eu quero fazer essa porcaria de cirurgia.
Igor – A decisão é somente sua. Mas faça porque quer e não porque os outros querem.
Gregório fica pensativo.
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Cena 13.Interior, noite, Pensão dona Milú. QUARTO DE DESIREE.
Desiree está sentada na cama e Bela em pé de frente para ela.
Bela – Eu sei que você era muito amiga da minha mãe, que gostava demais dela, mas não entendi o motivo de me chamar aqui com tanta urgência. Juro a você que não entendo.
Desiree – Há coisas na vida que a gente não compreende, elas acontecem apenas.
Bela – Querida, por favor, fale logo o que tem pra me dizer. Não estou a fim de perder meu tempo nessa pensão imunda e na companhia de uma velha.
Desiree – Não me ofenda. Estou aqui pelo seu bem. Não sabe como é difícil te dizer o que guardo como segredo.
Bela – Eu tô começando a perder a paciência, sabe? Eu não gosto de rodeios, quero a praticidade das coisas. Agora você diz logo o que tem pra dizer, ou eu vou sair por aquela porta e o seu tal segredo vai ficar pra um próximo dia.
Desiree – Tá bem, eu conto. Eu digo o que tá acontecendo.
Bela se senta em uma cadeira de frente para Desiree.
Desiree – Bela, você não era filha da Eliza Acioli. Na verdade, apenas a sua irmã mais velha era filha dela.
Bela (assustada) – Você só pode estar louca. A Eliza é minha mãe sim, eu sei que é.
Desiree – A sua mãe sou eu.
A imagem de Bela surpresa congela.