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Filho Amado

Capítulo 75 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 75( MOMENTOS FINAIS).

 


 

Em frente a casa de Noronha/ Noite.

 

Betânia salta do carro de Jurema: Nem precisa esperar por mim, do jeito que estou linda e maravilhosa, provavelmente volto só amanhã de manhã, isso se o Noronha não insistir pra eu ficar mais…Hoje finalmente terei a noite de glória que sempre desejei, com o homem que amo…

 

Jurema ri: Ah claro, mas não se preocupe, eu vou ficar aqui por que tenho certeza de que “ o homem que você ama” vai te expulsar dali em menos de cinco minutos- Ela fecha o vidro e liga o som.

 

Betânia debocha: Fique aí a noite inteira, amanhã de manhã eu conto os detalhes- Ela ajeita o cabelo- Provavelmente o Noronha está muito solitário depois que descobriu que Jasmine o traia…Precisa de uma mulher!- Ela nota que o portão está aberto, entra, e depois o fecha.

 

Lá dentro…

 

Anna ri enquanto todos estão horrorizados com o que ela disse.

 

Caio, furioso: Cadê o meu pai? CADÊ ELE?

 

Anna passa a mão sobre o  canivete, seu dedo fica cheio de sangue: Olha aqui…Olha o sangue do seu pai…Ele tentou passar por cima de mim, mas não conseguiu, e acabou tendo o mesmo fim que os outros. Nem tudo é final feliz, garoto!

 

Alminha começa a tremer.

 

Anna vê que Noronha está chegando: Olha…Olha o nosso querido Noronha vindo!

 

Noronha aparece, se arrastando pelas paredes, com o corpo cheio de sangue: Socorro…Alguém me ajuda…- Ele acaba caindo no chão da sala, por fraqueza. Havia perdido muito sangue.

 

Aurora, Jasmine e Caio vão até o seu socorro.

 

Caio, desesperado: Pai…Pai, fala comigo!

 

Anna, maldosa: SEU PAPAI TÁ PERTO DE IR PRO INFERNO!

 

Alminha a pega pelo braço: Cala a boca, sua infeliz! CALA A BOCA! VOCÊ VAI PAGAR POR TUDO!

 

Éssio tenta se arrastar até onde o irmão está.

 

José e Marinez estão em pânico.

 

Lá fora…

 

No carro de José do Gado, Conceição termina de tricotar uma roupa, Guido está abrindo e fechando a porta.

 

Conceição se irrita: Para de fazer isso meu filho, ou o seu Zé pode ficar bravo, e já já ele chega, foi só deixar a Aurora na mansão e depois nos leva pra casa…Ainda nem sei como isso aconteceu, ele nunca nos dá carona…Mas eu aceitei né…- Ela fica falando sozinha, quando percebe que o filho não está mais ao seu lado- Guido? GUIDO?!- Ela o vê entrando no jardim da casa de Noronha, já que o portão estava apenas encostado- Ai meu Deus, volte aqui!- Ela sai do carro e vai atrás dele.

 

Dentro da casa…

 

Aurora vê uma arma debaixo do criado-mudo da sala: Você não tinha o direito de fazer isso com o Noronha, não tinha! Aliás, se alguém aqui tinha que pagar pelo que fez, essa pessoa é você! Que sempre maltratou ele!

 

Anna, ainda sendo segurada por Alminha: Ah você não tem sangue frio, ninguém aqui tem, você é uma sonsa, vai fazer o quê? O Noronha, você, o Éssio, são todos uns idiotas!

 

Aurora pega a arma, pra surpresa de todos: Chega…

 

Marinez se aproxima dela: Não faz isso, filha, não estraga a sua vida, a polícia vai chegar e essa megera já vai ser presa!

 

Aurora chora: Ela foi capaz de fincar um canivete no próprio filho, que tipo de pessoa faz uma coisa dessa e ainda ri? Foi o extremo, o ápice!- E se mantém firme, com a arma em mãos.

 

Caio chora perto do corpo de Noronha: A culpa é da vó Anna!- Ele acaricia o rosto do pai.

 

Anna ri: Que vó o quê,  sua vó já tá morta e enterrada, queimada aliás! Eu não sou mãe do Noronha!- Diz, deixando todos boquiabertos.

 

Éssio, abismado: O quê?

 

Anna dá uma gargalhada maléfica: Eu não sou mãe do Noronha, ele era filho da HELENA!

 

Tensão.

 

Betânia aparece na hora: Oi gente…O Noronha est…- Ela o vê caído- MEU DEUS!

 

Anna aproveita que a atenção foi atraída pra Betânia e dá um soco em Alminha, ela sai correndo pra fora da sala sem ser alcançada por ninguém.

 

Aurora vai atrás com a arma, os pais a seguem, assim como todos os outros que estavam no ambiente. Anna ao invés de ir pro portão, acaba indo para o jardim, sendo seguida pelo grupo de pessoas, furiosas, como estava escuro, acabam se dispersando.

 

Aurora continua perseguindo ela. Marinez e José vão atrás. Alminha vai por um outro caminho enquanto Leopoldo e Lara seguem juntos, apoiados um no outro, Jasmine procura pelo filho Caio, que estava tentando bater em Anna, Bruno também persiste em achar o garoto. Ema e Helder correm com pouca velocidade, mas dominavam o local até no escuro. Betânia também está no meio de todos, assim como Conceição, que tenta localizar Guido.

 

Na sala…

 

Como todos haviam saído atrás de Anna, apenas Éssio e Noronha continuavam lá.

 

Éssio, que não pode se levantar, acaba se rastejando pra onde Noronha ficou caído: Irmão…Fala comigo…

 

Noronha está fechando os olhos: Me perdoa, Éssio…No dia da fuga…- Fala, com dificuldade- Você…Não sabia de nada…Perdão- Ele fecha os olhos.

 

Éssio tenta anima-lo: Noronha, não, NORONHA!- E começa a chorar.

 

Noronha, falando no mínimo tom: Você…Você não tá paraplégico, Éssio…O médico era contratado meu…Ele te deu uma injeção pra que você não sentisse as pernas…Me desculpa por isso…Me…- Começa a sair sangue de sua boca.

 

Éssio já está sujo de sangue: Noronha, seja forte, não é hora dessa história acabar, resista!- Clama, aos prantos.

 

Noronha vomita sangue.

 

Nos jardins da casa, Anna consegue se esconder atrás de uma moita.

 

Aurora passa por ela com a arma, sem percebe-la, outras pessoas vão atrás da moça.

 

Anna escuta Marinez falar: Filha, larga isso! Larga!

 

Anna apenas respira, sem falar nada, ela olha pra lua, o céu estava totalmente limpo.

 

Alguns minutos depois, resolve se levantar, ela olha para os dois lados, estava em um canto escondido do jardim…

 

Anna: Preciso fugir daqui, de vez!- Ela avista o portão, que estava muito distante.

 

Lá fora, a ambulância chega e os enfermeiros entram na casa, Noronha continua caído no chão, com Éssio ao seu lado.

 

Éssio, desesperado: Meu irmão…Ajudem ele- Os enfermeiros colocam Noronha na maca.

 

Enfermeiro: Tem mais duas pessoas desmaiadas, vamos precisar de outras macas- Eles carregam Noronha até lá fora.

 

Éssio fica sozinho: Cadê todo mundo?- Ele tenta se levantar e não consegue- Será que aquilo que o Noronha falou é verdade? Eu não tô paraplégico!- Foca no rosto dele, chorando.

 

Anna vê os enfermeiros levarem Noronha: E agora, por onde eu saio? Não posso escalar o muro…- Ela se senta.

 

Quando de súbito percebe a presença de alguém se aproximando.

 

Anna olha pra frente, mas vê apenas um vulto, o jardim estava sem iluminação, a luz da lua já era pouca, não favorecia em nada.

 

Anna, tentando identificar a pessoa: Quem é? Quem é?! Eu ainda tenho o meu canivete aqui…- Ela o aponta- E NÃO TENHO MEDO DE USA-LO!- Ela se levanta- APARECE, COVARDE, FALA ALGUMA COISA!- Provoca.

 

Mas tudo o que recebe é um golpe de enxada que a faz cair no chão. 

 

Depois mais um.

 

E outro, que atinge sua cabeça e a decapita.

 

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Lá fora…

 

Betânia aparece correndo, ela bate no vidro da porta do carro de Jurema.

 

Jurema o abre: Noronha te rejeitou, né? Eu sabia, devia ter apostado dinheiro!

 

Betânia está ofegante: Não é nada disso…Vamos embora daqui!- Ela dá a volta e entra pelo outro lado.

 

Jurema nota: E aquela ambulância estacionada em frente a casa? O que tá acontecendo afinal?

 

Betânia coloca o cinto: Não sei…Agora vamos logo antes que nos vejam aqui!

 

Jurema acelera: Então tá!- O carro sai em toda velocidade.

 

No jardim, Marinez e José se reencontram.

 

Marinez vinha de um lado: Achou nossa filha?

 

José, do outro: Não…

 

Marinez, cansada: Onde a Aurora se meteu? Estávamos correndo atrás dela e de repente a perdemos de vista!- Ela respira fundo.

 

José: Eu não sei, mas Aurora estava descontrolada, não sei o que ela era capaz de fazer contra a Anna, jamais tinha visto nossa filha com tamanha furia!

 

Marinez, séria: A Anna merece a morte…Tô arrepiada até agora com o que ela falou!

 

Conceição chega: Seu Zé, dona Marinez, são vocês? Não tô conseguindo ver, tá muito escuro…

 

José a pega: Somos nós sim, mas o que você tá fazendo aqui, Conceição? Falei pra você ficar esperando no carro, demorei porque aconteceram problemas aqui na casa do Noronha!

 

Conceição, aflita: Eu sei, mas o Guido fugiu e veio pra cá, tentei achar ele mas…O menino evaporou!

 

José limpa o suor da testa: Era o que faltava…

 

Aurora aparece, aérea.

 

Marinez a reconhece: Filha, tava aonde?- E a abraça.

 

Aurora está suando frio: Eu acho que eu cometi uma loucura…- Ela olha para trás, como se visse algo.

 

Os enfermeiros carregam Américo em uma maca.

 

Aurora corre pra perto deles: Cadê o Noronha?- Ela vê o amado na ambulância- Noronha! Noronha!

 

Alminha se aproxima da ambulância: Cadê a Anna, você viu ela?

 

Aurora demora pra responder: Não, Alminha, ela fugiu…

 

Leopoldo e Lara chegam.

 

Lara, ofegante: Onde você tava, tia? 

 

Alminha pigarreia: Eu…Tentei achar a Anna, mas foi em vão, tava tudo escuro no jardim, inclusive bati minha cabeça.

 

Bruno e Ema se juntam ao grupo, que estava em frente a casa.

 

Bruno fica triste ao ver o amigo sangrando:…Ele não merecia isso…

 

Ema afirma: Ele foi vingado, filho.

 

Os enfermeiros chegam.

 

Enfermeiro, preocupado: Tinham três pessoas em estado grave, o que aconteceu aqui? Vocês chamaram a polícia?

 

Leopoldo relata: Nós chamamos mas ninguém veio…

 

Enfermeiro: Vamos pro hospital porque o estado desse aqui- Ele aponta pra Noronha- É o mais sério, ele perdeu muito sangue, quem vai conosco?

 

Aurora se prontifica: Eu, eu vou- Ela sobe no veículo, o enfermeiro fecha as portas.

 

A ambulância sai.

 

O grupo de pessoas fica olhando o veículo se distanciar.

 

Jasmine aparece com Caio, Josélia e Benê estão atrás.

 

Jasmine, ofegante: Cadê o Noronha? Já foi?

 

Alminha faz que sim com a cabeça.

 

Jasmine se lembra: Ah meu Deus, o Éssio- Ela corre pra dentro da casa, com Caio.

 

Helder chega no momento.

 

Ema repara: Onde você estava esse tempo todo?- Questiona.

 

Helder, calmo: Cumprindo a minha missão…Bom, nós vamos ficar aqui no meio da rua? Depois de tudo o que aconteceu hoje, o mínimo que podiamos fazer era comer! Me estressei demais, criei um ódio dentro de mim pela Anna…

 

Alminha respira fundo: Acho que vou embora…Ela falou tantas barbaridades, e mesmo assim conseguiu fugir da gente! Creio que quando ela diz que é mais forte que todos, no fim está certa.

 

Ema: Acho que ela não fugiu…Tenho quase certeza- Ela olha pro marido.

 

Josélia, decepcionada: Vou me despedir de minha sobrinha e ir também…Só espero que Noronha fique bem…Tem o seus defeitos, mas não merecia ter passado por isso tudo- Ela pega na mão de Benê- Vamos?

 

Benê, meio tonto: Sim, querida.

 

Dentro da casa…

 

Jasmine vê Éssio sentado no chão.

 

Jasmine o abraça: Tá tudo bem? Você viu quando levaram o Noronha?

 

Éssio, com os olhos cheios de lágrima: Jasmine…Eu não tô paraplégico…

 

Jasmine, com um misto de surpresa e alegria: Como é?

 

………………………………………………DEPOIS……………………………………………………………..

 

No jardim…

 

Bruno fecha o portão: Parece que todos já foram embora- Ele passa a chave- Tomara que Noronha, Américo e o outro lá fiquem bem…Hoje foi o pior dia da minha vida.

 

Helder lembra: Assim que jantarmos, vamos pro hospital onde Noronha está! É o mínimo que podemos fazer, ficar lá, dar uma força…Ele é nosso patrão, nos tirou da miséria, devemos muito a sua pessoa.

 

Ema caminha vagarosamente: Parece que foi tudo um pesadelo… Vou esquentar a janta!

 

Bruno: E no final, a Anna conseguiu fugir! Aquela diaba, nojenta, infeliz!- Ele verifica se o cadeado está colocado e se dirige até a porta da casa- Podem entrar, eu vou ali no quintal dos fundos, esqueci uma coisa lá…- E sai.

 

Jasmine está na sala, Caio havia dormido no sofá, bem como Éssio, os dois estavam enrolados em uma manta fina.

 

Jasmine respira fundo: Minha tia já foi?

 

Ema avisa: Sim, eu vou esquentar o jantar…Vai querer?

 

Jasmine, dispersa: Não sei, tô sem apetite…

 

Helder: Nós vamos pro hospital onde o Noronha está, você vem conosco? Pra saber o estado de saúde dele e…Dar força, se certa forma.

 

Jasmine escorre uma lagrima: Vou sim.

 

De repente eles escutam o grito de Bruno.

 

Bruno aparece na porta, afobado: MEU DEUS! MEU DEUS EU JURO QUE VI!

 

Helder, sem entender nada: Viu o quê? Fala!

 

Bruno, ofegante: A cabeça da Anna, eu vi…Alguém matou ela!

 

Jasmine, Ema e Helder ficam em choque.

 

Casa de Conceição/ Exterior/ Noite.

 

Conceição e Guido descem do carro de José.

 

Conceição lhe dá um esporro: Nunca mais você faça isso comigo, eu quase morri de te procurar, menino!- Ela fecha a porta do carro e entra em casa com o filho, de lá, acena para o patrão.

 

José espera ela sair e olha para as próprias mãos, estavam cheias de sangue.

 

José, chorando: O que eu fiz…

 

Cadeia Municipal/ Noite.

 

Godofredo está cabisbaixo na sala dos policiais: Mais de mil presos fugiram…Quase quarenta policiais e guardas foram mortos pela tal “ criatura”…Um prejuizo que nunca tinhamos tido…

 

O chefe dos carcereiros havia sobrevivido: Eu vi com meus próprios olhos o tal do lobisomem, foi horrível!

 

Godofredo, furioso: Que me importa esse tal lobisomem, praticamente 100% dos detentos fugiram! A cidade está cheia de bandidos, livres! É o fim, o caos está instalado em Vila Varzeônica- Proclama.

 

Os poucos policiais que haviam sobrevivido ao ataque se entreolham, preocupados.

 

NO DIA SEGUINTE…

 

Hospital São Cristovão/ Inicio de manhã.

 

Noronha abre os olhos lentamente e vê Aurora, ela está com alguém, mas a visão é embaçada.

 

Aurora fala algo para a outra pessoa.

 

Um pouco depois, ele consegue perceber que é Jasmine.

 

Noronha mexe a boca lentamente: Aurora…

 

Elas percebem.

 

Noronha, confuso: O que aconteceu? Onde eu estou?

 

Aurora, triste: Você não lembra nada do que aconteceu na noite de ontem?

 

Noronha começa a ter lembranças: Minha mãe…Ela tentou me matar…A polícia prendeu ela?

 

Aurora conta: Não…Sua mãe morreu, Noronha, ou melhor…Alguém matou ela- Fala, soturnamente.

 

Noronha fica abismado.

 


 

Termina o capítulo 75.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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