Capítulo 61 – Filho Amado
Filho Amado.
Capítulo 61.
Josélia, sem entender: Como assim “A Jasmine fica”?
Noronha explica: A Jasmine vai ficar morando aqui comigo, deu pra entender? Ela e o Caio, quanto a você pode ir com seu Príncipe Reumático pro sítio e não voltar nunca mais, faço questão de não te ver mais.
Benê, triste: A Anna tava me contando que você me fez assinar um papel enganoso e tomou posse de todas as casas da família, é verdade?
Noronha confessa: É tudo verdade tio, e quer saber? Bem feito pra você que não leu os papéis, mereceu esse golpe, agora sai daqui por favor antes que eu tenha que expulsar vocês!
Benê: Como você teve coragem…
Josélia pega em seu braço: Vou fazer minhas malas, vamos embora daqui- Eles saem.
Jasmine se levanta, ainda machucada: Eu também vou…
Noronha aponta pro chão: Você e o Caio VÃO FICAR AQUI SIM! E se você fugir eu tomo a criança, eu rapto ele, e depois suborno o juiz pra ele me deixar ficar com o menino!
Jasmine se senta novamente: Só pode ser tortura…
Noronha olha pra Betânia: Você também, sai daqui, RUA!
Betânia arregala os olhos de espanto: Como assim, Noronha? Achei que tivéssemos intimidade, não tenho pra onde ir, o Belarmino morreu e…
Noronha, impaciente: Eu pouco me importo com os seus dramas Betânia, você pediu pra ficar uns dias aqui e já se passou do prazo. Não te vi indo procurar emprego e nem correndo atrás, pois bem, minha bondade acabou. Arrume suas malinhas e saia da minha casa também- Ordena, deixando a mulher abalada.
Ema tenta não rir, tarefa difícil.
Noronha olha pra todos: O show acabou, vão cuidar das suas vidas agora, e depois eu converso com quem tiver que conversar.
Um pouco depois…
Josélia está no portão, Benê põe as malas da namorada no velho carro.
Josélia abraça a sobrinha: Fica bem, e qualquer coisa me liga, eu te deixei o telefone e vou vir te visitar sim pois me importo contigo- Jasmine concorda- Eu tô muito preocupada contigo e com o Caio…
Jasmine a conforta: Vai tia, vai viver a sua vida que eu me viro por aqui. Muita gente que tá vendo isso pela primeira vez se impressionou, mas já passei por coisas piores…
Josélia beija suas mãos: Guerreira!- As duas se abraçam- Cuida do seu filho, ele não pode perceber o que aconteceu pro próprio bem…
Josélia entra no carro de Benê e acena, Jasmine fica na porta, e depois a encosta.
Quarto de Noronha…
Ele está sentado na cama, cabisbaixo, quando Betânia entra.
Betânia fecha a porta: Ainda dá tempo de você desistir dessa loucura de me colocar pra fora- Ela se senta ao seu lado, e põe sua mala no chão- Eu te amo, e entrei nessa casa disposta a te conquistar mas aconteceram uns problemas e nunca consegui dar prova do meu amor, acredita em mim, diferente da Jasmine eu serei leal, e te proporcionarei muito prazer e amor. Ela te traiu e não merece portar aquela aliança.
Noronha a encara: Você é mesmo uma iludida, Betânia. Eu tinha um pouco de consideração pela sua pessoa mas ela acaba já. Só te dei abrigo por piedade, mas nem isso tenho mais porque você quer uma vida fácil e de mordomia, não quer trabalhar e além de tudo pensa que é “ a melhor”. Se enxerga! Eu nunca te amei, se um dia eu me separasse da Jasmine iria batalhar pelo meu verdadeiro amor que é a Aurora!
Betânia, com os olhos cheios de lágrimas: Me dá uma chance e eu vou provar que sou melhor que essas duas juntas! Me ame, Noronha, vai ser a melhor coisa que você vai fazer.- Ela tenta beija-lo, mas ele se esquiva.
Noronha grita: SAI DAQUI, SOME DA MINHA VIDA E NÃO ME APARECE MAIS!- Ele abre a porta- Essas suas falas são toscas, ridículas. É isso que você é, uma ridícula!
Betânia pega a mala: Eu vou provar que não sou isso tudo e você ainda vai se render a mim!- Ela sai andando- Escuta o que eu digo…
Noronha nem liga: VAI LOGO EMBORA!
No jardim, Ema está a espera de Betânia.
Betânia anda de cabeça baixa, humilhada, ao ver a empregada ela para: Será que você podia chamar um taxi pra mim?- O estomago da dondoca ronca- E…Se não for pedir demais…Poderia conseguir um prato de comida pra mim? Eu como enquanto o taxi chega…
Ema ri: Desculpe mas eu obedeço a quem mora nessa casa, e pelo que entendi você foi expulsa, portanto se quiser o número do taxi vai na geladeira e pega! Quanto ao almoço, eu só posso servir os moradores dessa mansão, grupo do qual você não faz mais parte…- Ela não disfarça o prazer.
Betânia a olha, furiosa: Você me paga, Ema…
Ema a empurra até a porta: Já que não quis pegar o número do taxista, sai logo daqui! Foi um enorme desprazer conviver essas semanas contigo- Ela fecha o portão na cara da mulher.
Betânia, desesperada: O Noronha não podia ter feito isso comigo…Eu amava ele, e agora que essa traição da Jasmonga foi descoberta eu poderia finalmente ter minha primeira chance- Ela suspira- Só tem um lugar que posso ir agora…A casa da Jurema…
Cozinha da Casa de Noronha/ Tarde.
Ema aparece, Noronha bebe whisky.
Ema avisa: A Betânia já foi embora.
Noronha: Ótimo, não aguentava mais aquele encosto! E o detetive onde está?
Ema: O Helder estava cuidando dele, parece que já melhorou da queda- Ela repara no patrão- Que dia, hein…
Noronha coloca mais whisky no copo: Pode tirar o resto do dia de folga, depois eu vou falar com o detetive…
Ema acata e vai embora.
Noronha se senta na mesa e analisa novamente as fotos de Éssio beijando Jasmine, ele parece melancólico, mas tenta lutar contra o próprio sentimento e não esboça nenhuma reação. Apenas olha fixamente para as imagens, pensando em outras coisas.
Anna entra na cozinha, com passos cautelosos, e ao perceber que não há mais ninguém além do filho, resolve falar com ele.
Anna procura a melhor forma de falar com ele: Eu vim aqui te fazer um pedido…
Noronha ri: Eu posso imaginar o que seja- E bebe sem respirar todo o copo com whisky.
Anna, sem jeito: Eu queria pedir que você não punisse o Éssio pelo que ele fez. Agora o coitado tá muito frágil, e mais humilhações só fariam ele piorar.
Noronha aperta os olhos: “O COITADO”? O seu filho foi capaz de seduzir a minha esposa, então creio eu que ele está muito satisfeito…
Anna implora: Éssio fez isso antes de virar cadeirante, ele não media as consequências de seus atos, mas agora a vida deu uma lição nele, pode ter certeza que seu irmão virou uma pessoa melhor depois desse trauma todo…
Noronha nega: Não, não e não! Ele continua a mesma pessoa, eu conheço o Éssio faz muito tempo e se duvidar agora ele tá rindo no quarto! Rindo da desgraça depois de provoca-la, isso ele tem prazer em fazer!
Anna insiste: Acabei de dizer que ele mudou! Acredite em mim, e não puna o Éssio ou…
Noronha se levanta: Ou o quê? Você pretende fazer o quê?
Anna se encolhe: Calma, eu só estou tentando selar a paz…
Noronha enlouquece: Aqui não vai ter paz, depois dessa descoberta nada mais vai ser o mesmo! As pessoas tem que pagar pelos seus erros, e isso vai acontecer com o Éssio!
Anna: Se compadeça com o seu irmão, veja a situação dele!
Noronha ri: Pouco me importo com a situação dele, Jasmine e Éssio vão ter o que merecem sim! Agora me deixa em paz, vai cuidar dos seus afazeres domésticos, estou em momento de pensar- Ele vai saindo quando ela o puxa novamente.
Anna: Você não pode fazer isso com o Éssinho, é uma injustiça tremenda da sua parte!
Noronha a empurra: Eu posso fazer tudo, porque eu sou o dono dessa casa. DONO- Furioso, ele derruba tudo o que estava em cima da mesa no chão. Depois, vai até a geladeira e joga item por item no chão, vidros, plásticos, alimentos…
Anna, horrorizada: O que significa isso?
Noronha ordena: LIMPA. Limpa tudo, pra aprender a não tocar em mim e nem me questionar. Você ama aprender as coisas na marra, então eu vou te ensinar com muito prazer.
Anna não se move.
Noronha dá passos fortes até a lavanderia e pega um balde com água, depois um pano e um rodo: Pronto, tá tudo aqui- E o entrega pra mãe- Trate de limpar tudinho!
Anna, ainda sem acreditar, se ajoelha e arregaça as mangas. Ela molha o pano e o coloca no rodo.
Noronha cruza os braços: E limpa bem rápido, por favor, tem um monte de serviços aqui nessa casa que precisam ser feitos, e como eu dei folga pra Ema você fará todos!- Ele observa a mãe limpar, com muita satisfação- Acelera o serviço, querida.
Ao limpar o chão, todo sujo de corantes e outras coisas mais, ela vê o próprio reflexo no piso, o reflexo de uma mulher abatida, velha, com semblante triste. Uma pessoa cansada, cansada de tudo. Enquanto limpava, Anna começava a chorar calada, sob a rígida observação de Noronha.
Ela o olha, friamente: Qual a necessidade de fazer isso comigo? Prazer?
Noronha avança pra cima dela e a pega pela cabeça: É pra você aprender a me obedecer e me respeitar, quem manda aqui sou eu! NÃO QUESTIONE AS MINHAS ORDENS! LIMPA ESSE CHÃO- Ele pega na mão da mãe e a faz esfregar o chão- Mais forte, pra sujeira toda sair! Enquanto isso aqui não estiver brilhando você vai continuar! E sem falar, empregados não tem esse direito! Caso o contrário, deixo você e o Éssinho SEM JANTA!
Anna continua com seu trabalho, se acabando em choro. Enquanto Noronha se senta e observa, cada vez mais corroído.
No jardim, Éssio está deprimido na cadeira de rodas, sozinho…
De repente ele percebe alguém se aproximar…
José chega: Ora ora se não é o meu mais amado vice!
Éssio, assustado: Como você conseguiu entrar aqui?
José ri, nota-se que ele não está sóbrio: Olha, isso não importa agora. A única coisa que importa é o meu acerto de contas com você!
Éssio se afasta: Eu não tenho nada mais pra acertar contigo, nossa campanha já acabou e agora estou vivendo um outro momento na minha vida, você deve estar percebendo o quão delicado é…
José puxa a cadeira, e Éssio vai junto: Nós temos sim coisas pra acertar! Eu nunca vou superar essa minha derrota, e a culpa foi toda sua! Você merece sofrer mais ainda porque parece que depois de ficar paraplégico sua vida está melhor- Ele analisa o local-Morando nessa bela mansão, sendo sustentando pelo seu irmão…Sorte a sua!
Éssio: Eu já cansei dessa história de que eu sou o culpado por tudo, você realmente enlouqueceu! Se manca e deixa a minha vida em paz, nossa sociedade já acabou, esquece o passado José!
José: Eu não consigo…Eu não consigo…Me lembro do dia das eleições como se estivessem acontecendo agora, das palavras, das expressões. E era pra eu ter triunfado. EU.
Éssio tenta ir embora, mas José o prende: Você precisa de ajuda médica…Me solta, por favor, ou eu grito.
José debocha: Grita, pode gritar a vontade…Sabe que uma vez quando eu fui em um parque aquático tinha um brinquedo que todo mundo amava ir! O Splash! Nossa, me lembro que todo mundo gritava…Eu vou fazer contigo, pra reproduzir a mesma emoção!
Éssio gela: O quê? Me solta, José…PARA!- Ele é guiado pelo político até a beira da piscina.
Éssio fica em pânico, enquanto José ri sem parar.
José para de gargalhar para poder falar: Vamos lá, Éssinho! Em 3…
Éssio, desesperado: SOCORRO! TEM UM LOUCO AQUI!
Os olhos de José se fixam na límpida água da piscina: 2…
Éssio tenta bater em José mas não consegue, ele começa a soar frio.
José: E 1…- Diz, ao jogar Éssio e sua cadeira de rodas na piscina, provocando enorme barulho. Ele vê seu ex-vice se afogando e tentando a todo custo chegar na beira e ao mesmo tempo tem uma crise de risos.
Ema chega: Mas quem resolveu nadar essa hor…ÉSSIO?! Ah meu Deus!
José faz piada: Ele tava precisando de um bom banho pra lavar a alma!- Éssio consegue se apoiar na cadeira que boia, e respira- Hoje eu me diverti muito, até mais Éssinho!- E manda sinal de beijo.
Ema corre pra chamar alguém. O trauma transborda nos olhares assustados de Éssio.
Cozinha…
Anna termina de limpar tudo, Noronha ainda monitora, Helder chega.
Helder: Mandou me chamar?
Noronha vai até ele: Quero que você abra a porta do porão, lembro de que o tio Benê falou que tinha um, e a entrada era debaixo das escadas…- Sussurra ao entregar as chaves.
Helder: Certo- Ele sai.
Noronha ri: É lá que Éssio e Jasmine irão passar os piores dias de suas vidas. Esse é o preço por terem me desobedecido!
Termina o capítulo 61.
Victor Morais
Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.
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