Capítulo 56 – Filho Amado
Filho Amado.
Capítulo 56.
Anna fica caída no chão, ela vira o rosto lentamente: Como você tem coragem de bater na própria mãe…
Noronha, frio: Bater é pouco, eu ainda vou te dar tudo o que você merece por ter feito de mim lixo na infância, e não venha me dizer que eu sou fraco por viver do passado porque ele me move sim, e você ainda vai sofrer muito pelo que fez, mãe, porque nada sai impune nessa vida- Ele estende a mão- Você vai comer aqui na minha mão! Ele ri desesperado.
Anna, assustada: Seu maníaco obcecado, louco! Vou sair daqui com o meu filho, não sei onde tava com a cabeça quando aceitei a sua ajuda…Deve ter sido meu desespero…
Noronha abre a porta: Podem ir embora, mas deixem a cadeira de rodas e os remédios do Éssio- Ele ri.
Anna se levanta: Isso não vai ficar assim Noronha, você não pode fazer uma barbaridade como essas comigo! Nunca te fiz nenhum mal, e mesmo que tivesse feito sou sua mãe, e você deve abaixar a cabeça pra me respeitar!
Noronha fecha a porta com tudo e avança pra cima dela: NUNCA ME FEZ NENHUM MAL? Você escutou o que disse agora? Falsa e cínica é você!- Ele a sacode- Merece muita dor e sofrimento mesmo, não te devo um pingo de respeito sua monstra, você nunca nem ligou pro fato da minha existência, pois agora eu vou fazer a mesma coisa- Noronha arrasta a mãe até a sala e a joga no chão com toda a força- Vai trabalhar, limpar os móveis, faça qualquer coisa de útil, pra mim você agora é apenas uma serviçal e me deve todo o respeito do mundo!- Ele limpa as mãos e sai.
Anna se apoia no sofá: Essa situação vai mudar, banque de patrão enquanto pode, mas o que é seu tá guardado há tempos, Noronha Dávila- Ela escorre as frias lágrimas.
No quarto de Jasmine…
Jasmine está lendo um livro, quando Éssio entra.
Jasmine se levanta: Algum problema, Éssio? Precisando de ajuda?
Éssio fecha a porta: Tenho sim uma coisa muito importante pra te falar, tem uma pessoa nos chantageando.
Jasmine fecha o livro: Chantagem? Mas pelo quê?
Éssio se aproxima dela: Quer que eu demonstre? Não se faça de desentendida Jasmine, estou falando dos beijos que eu te dei, uma pessoa conseguiu tirar fotos e agora tá usando as provas pra me chantagear, e ela disse que se eu não pagar vai conta tudo pro Noronha.
Jasmine, desesperada: Meu Deus eu sabia que trair o Noronha teria um preço caro, mas a culpa nem foi minha já que VOCÊ me beijou a força! Eu te avisei que teriam consequências…
Éssio: Essa frase “ eu te avisei” não adianta nada agora, nós temos que dar um jeito de pagar essa pessoa ou ela conta tudo pro Noronha e ele nos afunda. De mim ele já tem raiva, vai ficar furioso e me espancar. Não duvido que ele faça o mesmo contigo!
Jasmine se lembra de quando recebeu tapas do marido, e de quando ele tentou lhe jogar do monte e depois do helicóptero: Não podemos deixar isso acontecer, sei que está pobre portanto eu vou pagar esse homem nem que seja toda a quantia do mundo pra ele calar a boca. Quem é o sujeito?
Éssio: É um lavoureiro, o Josué, ele vem me chantageando por vários motivos que não vem ao caso…
Jasmine se senta na cama: Não tô acreditando que isso tá acontecendo comigo…Essa chantagem vai ser como uma bola de neve, só crescendo e nos prejudicando!
Éssio: E o que você pretende fazer com o Josué, matar ele?
Jasmine repudia: Claro que não, nós temos que mandar ele pra longe e apagar essa história- Ela olha fixamente para o cadeirante- E a partir de agora a nossa história torta está morta e enterrada. Para o bem de todos. E o Noronha jamais…
Noronha entra no quarto, ele vê a cena: Nossa, meu irmão fazendo um social com Jasmine! Ouvi meu nome assim que entrei…
Jasmine explica: O Éssio tava contando sobre o acidente repentino…Estranho, né?
Noronha observa os dois: É…Quem seria capaz de ter feito isso?
Éssio pigarreia: Bom, eu vou indo então- Ele sai.
Jasmine fica tensa.
Um pouco depois…A noite…
Escritório de Noronha…
Américo entra: O senhor mandou me chamar novamente? Estou as suas ordens!
Noronha faz sinal pra que ele sente-se: Eu estou organizando a minha vida agora. Depois que a turbulência das eleições passou eu irei colocar tudo em ordem. Percebi que você tá muito parado e tenho uma missão pra ti.
Américo, cordial: Faço o que me for proposto, chefe. Eu estava estudando, pronto pra ser chamado a qualquer momento.
Noronha: Perfeito. Quero que você descubra tudo sobre aquele lavoureiro Josué, lembra dele? Pois bem, consiga o máximo de informações sobre o sujeito. E depois quero que o procure! Esse homem sabe muitas coisas sobre o Éssio e provavelmente tá chantageando ele, Josué me será muito útil nesse momento!
Américo anota tudo em um bloquinho: Amanhã mesmo tratarei de achar esse Josué e conseguir arrancar algo dele como o senhor pediu. Naquela festa agitada ele nos escapou, mas agora não mais!
Noronha ri.
NO DIA SEGUINTE…
Anna acorda, ela olha para Éssio que está dormindo na cama ao lado. O quarto está escuro, ela se espreguiça, quando de repente percebe que está sendo observada.
Noronha liga a luz: Vamos acordando que aqui os trabalhos domésticos começam cedo!
Anna se incomoda com a claridade: Eu já vou, não se preocupe e não precisa me acordar diariamente! Apaga a luz antes que Éssinho acorde!
Noronha apaga: Então se levanta, a Ema está te esperando pra você fazer as tarefas domésticas. Tenho pressa porque- Ele olha no relógio- Em meia-hora a companhia de demolição chega e tenho que estar lá pra prestigiar tudinho.
Anna pula da cama: Como assim? E os nossos pertences? O nosso sofá, nossa televisão…
Noronha: Eu falei com a Jurema e dei tudo pra ela, vocês não irão precisar já que ficarão morando aqui! Tem umas roupinhas suas e do Éssinho que eu mandei buscar!
Anna se levanta e sai do quarto, Noronha a segue: Eu pretendo tomar um outro rumo, não vou ficar aqui por muito tempo, vou implorar pra que alguém consiga o tratamento do Éssio.
Noronha: É mesmo? Boa sorte, eu se fosse você aceitaria minhas condições bem calada…Dê graças a Deus que seu filho está vivo!
Anna se vira: Eu…Eu preciso te perguntar uma coisa- Ela respira fundo- Você não tem realmente nada a ver com esse tiro no Éssio, certo?
Antes de Noronha responder, Ema aparece.
Ema: Bom dia pra todos, hoje amanheceu meio nublado…
Noronha pega a chave do carro: Ema dê as instruções pra minha mãe do que ela irá fazer. Saio mas antes do almoço vou voltar- Ele sai andando.
Anna espera ele sair: Ema, aqui tem algum outro carro?
Ema: Tem sim, o senhor Noronha comprou dois carros.
Anna implora: Por favor eu preciso ir em um lugar urgente, pede pro Helder me levar. POR FAVOR!
Ema hesita.
Mansão de José do Gado/ Início de manhã.
Aurora desce as escadas lentamente, parece com alguma dor. Conceição liga a tv baixinho, ela pega o caderno de receitas.
Conceição se senta no sofá: Não posso perder o programa Receitas da Venenosa que estreia hoje…
Aurora está com as mãos sobre a barriga: Ai, que enjoo…
Conceição estranha: Por esses últimos dias você anda muito esquisita e enjoada, você até rejeitou minhas comidas!
Aurora se senta, lentamente: Acho que posso confiar em você pra contar essa coisa tão importante…Eu tô grávida!
Conceição, exaltada: Meu Deus, Aurora que felicidade!!
Aurora, melancólica: Mas é do Clécio… É uma situação difícil, sabendo que meu filho é fruto de uma noite de amor com um pedófilo…
Conceição: Ô Aurorinha, não fica assim não…- Elas se abraçam.
Mas José do Gado escuta tudo do alto da escada, ele desce degrau por degrau com força, assustando ambas.
Aurora, assustada: Pai…
José, abismado: Grávida? Grávida…
As duas se levantam, surpresas.
Conceição, trêmula: Não é isso, você ouviu tudo errado seu Zé! Estávamos falando sobre uma amiga da Aurora que engravidou de um homem que também é pedófilo e…
Aurora a corta: Para Conceição. Chega de mentiras- Ela enfrenta o pai- Uma hora ou outra você ia descobrir, mentir só ia complicar tudo. Eu estou grávida do Clécio.
José fica parado, sem reação.
Aurora: E antes que você fale algo, já decidi que vou seguir em frente com essa gravidez! Meu filho não tem culpa do pai que tem, ele merece vir ao mundo.
José está carrancudo.
Aurora, tensa: Você não vai falar nada?
José toma postura: Sim. Se você quiser criar um filho, fruto de uma noite suja com um ser como o Clécio pode criar sim, mas longe de mim e da minha casa. Eu não mereço ver um bebê como esse vindo ao mundo e crescendo aqui.
Aurora, indignada: Espera aí você tá me expulsando daqui? É isso? Só te lembro que esse bebê que vai nascer aqui não é fruto de uma noite suja porque antes de eu descobrir quem o Clécio era eu o amava sim! Então a noite que gerou esse filho não foi suja, foi uma noite de amor!
José se mantém intacto: Já dei a minha posição sobre isso. Pra mim não existe noite de amor com um homem como aquele. E se você quiser sair eu acho bem melhor porque não vou aguentar ver essa criança crescendo aqui, desde que você se casou com o Clécio só aconteceu coisa ruim aqui!
Aurora, revoltada: Você tá lúcido? Me culpando por todos os seus fracassos, é isso mesmo?
Conceição: Seu Zé o que o senhor disse é muito forte! A Aurora não tem culpa de nada e não pode criar esse filho sozinha, ela precisa do apoio de vocês!
Marinez desce as escadas: Que frieza de um pai, que ser humano medíocre é você José do Gado. Depois que perdeu as eleições se tornou outra pessoa. E o duro é ver que até o amor que sentia pela própria filha se esgotou…Onde isso foi chegar…
José, irritado: Falem o que quiser mas eu não apoio essa gravidez, ou a Aurora tira esse filho ou ela sai daqui! A casa é minha e eu dito as regras aqui!
Marinez: Eu tô horrorizada com você, José! Seu…Seu…Monstro!
Aurora começa a chorar: Eu também não esperava esse tipo de reação mas já dei a minha posição também, se você não aceita eu saio daqui então!
Marinez se desespera: Eu não vou admitir isso Aurora, você tem que criar esse filho aqui, perto da família dele…
José abre a porta da sala: Não. Esse serzinho que vai nascer não é meu neto, ele é uma praga que ainda dá tempo de combater!
Marinez parte pra cima dele: Praga é você! Medíocre, sem sentimentos!
José, furioso: Se você tá incomodada sai também, cansei de gente que dizia que me amava e agora fica esfregando as coisas na minha cara! Eu não sou compreendido, mas já cansei desse encosto, vou me libertar de vocês e de quem mais me estressar! Essa é a regra!
Aurora: Então eu saio mesmo, vou só buscar as minhas roupas…
José, com o nariz empinado: ROUPAS QUE EU TE DEI! Sou tão bondoso que vou deixar você ficar com essa aí…Sai logo daqui e não me incomoda.
Marinez fica transtornada: Eu não acredito que tô ouvindo você falar isso…José, para e pensa no que você disse!
José pega a esposa pelo braço: Tá incomodada com as minhas palavras? Então sai, também me cansei de você sempre reclamando e querendo me mudar. Esse nosso casamento acabou- Ele a arrasta até lá fora.
Aurora, furiosa: Larga a minha mãe!
José abre o portão e joga Marinez na calçada: Aí está o seu lugar, e não volte mais aqui se for pra continuar desse jeito! CHEGA, CANSEI!
Aurora passa pelo portão e ajuda Marinez a se levantar: Mãe, tá tudo bem?
José fecha o portão, deixando Conceição aflita do outro lado: Essa aí não se machuca, gente ruim é resistente- Ele entra em casa novamente.
Marinez, desolada: Foi o fim, Aurora…Eu já não tava bem com o seu pai mas esse foi o limite! Ele se tornou vil, nojento como jamais tinha visto…A ponto de renegar o neto? Só pode estar fora do nível de lucidez!
Aurora se senta na calçada: E agora? Pra onde a gente vai?
Marinez mexe nos cabelos: Eu tenho um apartamento em meu nome que está vazio, fica no centro da cidade e é nossa unica alternativa…
Aurora suspira. Taléfica observa ambas de longe, chocada com a cena.
Taléfica: Eu troquei os remédios e o José enlouqueceu mesmo…Fui longe demais, tenho que desfazer isso!
Casa dos Dávila/ Manhã.
A companhia de demolição chega, Noronha está em frente a casa, sorrindo.
Em um outro carro, Anna observa tudo.
Helder palita os dentes: E aí? A gente vai ficar vendo tudo sem fazer nada? Ainda tenho muito trabalho pra fazer lá na mansão!
Anna, determinada: Não posso deixar isso acontecer- Ela sai do carro- E não vou.
Termina o capítulo 56.