Capítulo 51 – Filho Amado
Filho Amado.
Capítulo 51.
Éssio, cabisbaixo: Mãe…Eu gastei tudo, tudo, tudo.
Anna, boquiaberta: Como é meu filho?
De repente Noronha adentra: Exatamente o que eu queria ouvir- Ele tira seus óculos.
Anna, enraivada: Escuta aqui se você veio até essa casa pra humilhar seu irmão eu te expulso! Você ganhou roubando que eu sei, Éssio deveria estar comemorando agora.
Noronha se aproxima dela: Você não consegue aceitar mesmo, né mãe? Sempre defendendo o Éssio, mas eu já tô acostumado- Ele se senta na mesa- O que tem de bom pra comer? O Éssio ainda gosta daquela broa de milho?- Diz, como que se estivesse sem intenções.
Anna, fria: Noronha eu te conheço muito bem! O que você veio fazer aqui? Será que vou ter que te expulsar de novo?
Noronha olha a hora em seu relógio: Não…Acho que o que eu quero já está chegando- Alguém bate na porta- Essa encomenda foi pontual mesmo!
Anna, preocupada: Do que você tá falando?
Noronha pede: Abra a porta.
Anna vai até a porta e a abre, um homem pede que ela assine um papel e lhe dá uma carta.
Anna volta com o envelope para a cozinha.
Éssio, ficando tenso: O que você aprontou dessa vez? Já não basta tudo o que aconteceu recentemente você ainda insiste nos seus pensamentos e…
Noronha o interrompe: Querido dá pra ficar quieto? Quero ver mamãe ler a cartinha.
Anna abre a carta brutalmente e a lê, ela parece assombrada: O que significa isso daqui? HEIN?!
Noronha, debochando: Mãe, sabe o que é? Eu não consegui dar presente de aniversário pra ninguém durante anos, então eu pensei bem e juntei tudo em um só- Ele abre um sorriso.
Anna parte pra cima dele: Canalha, infeliz!
Éssio, sem entender nada: Mas afinal, o que tem nessa carta?
Anna, furiosa: É uma ordem de demolição da casa.
Éssio, assustado: COMO É?
Mansão de José do Gado/ Manhã.
Conceição serve o bolo para a patroa, muito calada.
Marinez: Por que você tá tão calada hoje, Ceição?
Conceição, tristonha: Sabe patroa, eu sempre fico triste quando o seu José perde as eleições, sempre tenho esperanças que ele vá ganhar e esse ano a campanha dele era tão boa!
Marinez come um pedaço do bolo de fubá: Já devia ter se acostumado- José chega na hora- Ele nunca vai ganhar, já falei isso mil vezes mas a mula não me escuta.
José, surtando, dá um murro na mesa.
Marinez nem olha para o esposo: Bom dia pra você também.
José, revoltado: Como eu posso ter um bom dia se você não me deixa! Sinceramente já cansei dessa sua má vontade com as minhas campanhas, Marinez, você nunca me apoia! Que tipo de esposa faz isso?
Marinez rebate: Uma esposa sensata, eu estava certa no fim, você perdeu e agora vai ficar se lamentando! Mas você nunca me ouve, Zé, e faz sempre as coisas erradas.
José aponta o dedo em sua cara: Eu me esforço, e você não reconhece isso. CANSEI DE VOCÊ! Acho que nunca ganho por culpa sua!
Marinez joga o café nele: Não venha me culpar pelos seus atos falhos. Você perdeu e sempre vai perder, sem mim ou comigo. FRACASSADO.
José lhe pega pelo braço: Você não me ama de verdade, não me apoia e nem é companheira! É uma aproveitadora isso sim- Ele começa a apertar os pulsos da mulher.
Marinez, com dor: Me solta! PARA, TÁ ME MACHUCANDO!
José a joga no chão: Eu vou dar uma volta por aí, esfriar a cabeça… Mas quando chegarmos vou ter uma conversa definitiva- Ele pega seu chapéu e sai.
Marinez chora no chão: Ele tá mais agressivo, Conceição- Ela olha para o frasco de remédio- Será que deixou de tomar?
Conceição se benze: Não diga isso, ele sempre tomou direitinho…Foi a derrota que fez isso com o seu Zé- Ela pega a patroa e a levanta- Toma café tranquilamente dona Mari, depois ele volta e se desculpa.
Casa de Noronha…
Betânia acorda: Agora que as eleições passaram eu vou me livrar da Jasmonga! Pra isso preciso ficar mais bonita que o normal, obviamente- Ela lembra da carta de Belarmino- Mas antes eu vou tentar entender a letra do Porco Man- Ela abre a carta e lê tudo- Ah não…Não é possível!
Casa dos Dávila…
Éssio, indignado: Como assim? Você não é o dono dessa casa portanto não pode dar uma ordem de demolição.
Anna, desesperada: Ele fez a cabeça de alguém e mandou demolir a casa!
Noronha ri: Bom, a escritura de todas as casas estava no nome do tio Bocó, digo, tio Benê. E ele assinou um papel aqui- Ele abre sua maleta- Achei! Esse papel aqui garante que ele passou todas as escrituras das casas para o meu nome, e eu posso fazer o que quiser agora com minhas propriedades. E VOU DEMOLIR ISSO DAQUI!
Anna lhe dá um tapa na cara: Você não vai fazer isso!
Noronha fica com a mão sobre o rosto: Não duvide mais de mim, já demorei demais pra fazer o que tinha planejado. Vocês tem 5 dias pra deixar essa casa- Ele pega a mala e sai.
Anna, furiosa: NORONHA VOLTE AQUI! NORONHA!- Ela percebe que o filho foi embora- Eu sabia, ele voltou pra nos arruinar filho, e vai passar por cima de todos, eu aposto que Noronha matou o Bento e armou as eleições, fez o tio Benê assinar os documentos. Foi tudo um plano- Ela começa a chorar.
Éssio, desesperado: E agora? O que a gente vai fazer?
Anna, atordoada: Eu não sei… Pela primeira vez na minha vida não sei o que fazer!
O celular de Éssio toca, ele vê no visor: É Josué.
Éssio, preocupado: Mãe, eu preciso atender essa ligação mas volto já! Fica calma, nós vamos conseguir resolver esse problema…- Ele atende e vai para seu quarto.
Josué está na linha do trem: Alô? Oi Éssinho, tá tudo bem com a minha fonte de renda favorita?- Debocha.
Éssio, tenso: Josué estou passando por momentos muito difíceis, não tenho tempo pra você. Se a minha mãe descobrir que eu usei todo o dinheiro da poupança pra cobrir uma chantagem ela me abandona!
Josué bebe água de coco: Olha Éssio você falou uma palavra que me interessa muito, DINHEIRO!- Ele ri- Tô aqui na linha do trem esperando uma encomenda e preciso falar contigo novamente, o meu dinheirinho precioso acabou e necessito de mais.
Éssio, furioso: Não vou te dar mais um centavo, não tenho mais e não aguento mais as suas chantagens, Josué! Preciso apoiar minha mãe, estamos passando por uma situação delicada e é hora de pensar friamente.
Josué não se importa: Éssio todos nós passamos por momentos difíceis, eu vi no jornal que você e José perderam. Uma peninha, eu votei em vocês! Olha, mas garanto que se você vier aqui vai ter uma surpresa, tô te esperando no posto 9 na estação do trem- Ele desliga.
Éssio, irritado: Eu não suporto mais esse caipira, tenho que me livrar dele agora antes que as coisas piorem- Ele pega uma arma em seu guarda-roupa e a esconde no bolso da calça.
Anna, preocupada: Filho, onde você vai?
Éssio: Vou ali e volto logo pra gente resolver esse problema, não se preocupe que não vou te abandonar em um momento desses- Ele beija a mãe na testa e sai, apressado.
Na linha do trem, Josué ri sozinho: Acho que meu amigo Éssinho vai ter uma leve surpresa- Ele tira da maleta uma foto grande de Éssio beijando Jasmine.
Casa de Noronha…
Betânia aparece, vestida para sair, Jasmine e a tia tomam café.
Josélia: Eu fiquei muito contente com a vitória do Noronha… Principalmente porque ele disse que vai abrir o inquérito da morte do Figaro! O culpado merece punição.
Betânia, apressada: Alguém tem número de taxi aí?
Ema chega com uma torta matinal: Colado na geladeira tem alguns, vai sair dona Betânia?
Betânia se olha no espelho e ajeita seu cabelo: É claro que vou, faz favor e vai pegar esse número de taxi!
Pouco depois o taxi chega e Betânia entra nele.
Betânia, séria: Eu quero ir para a venda de Jurema, no centro- Ela pega a carta de Belarmino- Ai, isso ainda vai me dar muito trabalho.
Estação de trem…
Éssio chega apressado, ele mal percebe que foi seguido por um carro.
Josué avista um trem vindo com a sua encomenda, mas esquece tudo ao ver Éssio.
Josué, falso: Éssinho, meus pêsames pela morte do seu pai, e eu sinto muito por você ter perdido as eleições…Sua vida só tem desgraça mesmo, eu conheço uma benzedeira muito forte que…
Éssio o corta: Chega de papo furado, eu vim aqui como você pediu mas já vou avisando que não tenho mais dinheiro!
Josué o ameaça: Você vai ter que conseguir dinheiro pra mim, eu tenho o exame de delito do Zézão que roubei dos policiais trouxas! E eu mostrei pra um amigo meu, tem suas impressões digitais nele. Se a polícia daqui fosse eficiente obviamente teriam conseguido outro exame de delito, mas ele não se importam com isso!
Éssio, furioso: Cansei dessa história da morte do Zézão! Você é um pobre tosco que arranjou isso pra se dar bem na vida, mas hoje acabo com isso!
Josué o provoca: Vai me matar? Se eu fosse você não faria isso, Éssinho! Eu descobri uma coisa muito interessante sobre sua pessoa- Ele pega uma foto- Veja e tire suas próprias conclusões!
Éssio vê a foto em que beija Jasmine: Como…
Josué ri: Eu tirei mil cópias dessa foto, não seria uma pena se Noronha descobrisse tudo? Ele já não gosta de você, depois disso então ia tornar sua vida um inferno!
Éssio rasga a foto, descontrolado: EU NÃO AGUENTO MAIS VOCÊ, JOSUÉ!
Josué levanta o dedo: Escuta aqui, fale baixo comigo. Onde está o respeito? Eu quero mais dinheiro, Éssio, ou entrego essa foto pra o Noronha, e se você me matar tem várias pessoas de confiança com as cópias! É a sua única saída.
Éssio lhe pega pelo colarinho: Eu gastei todo o dinheiro da poupança do meu pai contigo! Para de me torturar, eu não te fiz nada.
Josué: Me solta rapaz! Eu não quero saber dos seus problemas somente das minhas necessidades. Tenho dó do Bento, uma pessoa que foi tão boa com um filho como você, que mata gente inocente e pega a própria cunhada!
Éssio não suporta e lhe dá um soco: Seu nojento! Eu te odeio!
Josué perde um dente: Vou relevar dessa vez, eu exijo que você me respeite seu idiota! OU EU CONTO TUDO PRO NORONHA!- Ele se recupera- Vou pegar a minha encomenda, te dou três dias pra você me dar 5 mil, ia pedir 10 mas acabei ficando com pena…- Ele sai.
Éssio fica desolado, ele se senta em um banco, mas logo resolve ir embora. A antiga estação aberta está vazia, apenas Josué permanece por lá.
Éssio se aproxima lentamente do carro que era do pai: Eu preciso fazer alguma coisa…- Ele não percebe que está sendo monitorado por alguém em outro carro todo escuro.
A voz fala: Ele está em um ponto perfeito. Atira!- Ordena- ATIRA!
Éssio fica sentado um pouco no capô, refletindo.
A arma misteriosa mira em Éssio, que está de costas para o atirador. Com precisão ele atira duas vezes nas costas do irmão de Noronha.
Éssio despenca no chão, e continua caído. O carro arranca com tudo.
Termina o capítulo 51.