Capítulo 49 – Filho Amado
Filho Amado.
Capítulo 49.
Anna se faz de vítima: Além de perder meu marido ainda sou atacada sem razão pelo meu filho, o que eu fiz pra merecer isso? ME LEVA DEUS, EU NÃO QUERO MAIS VIVER!
Noronha, furioso: EU TE ODEIO, EU TE ODEIO- Ele parte pra cima da mãe, e começa a lhe distribuir uma sequência de tapas, todos se desesperam e tentam conter a briga, mas Noronha continua batendo nela e puxando seus cabelos- SUA MONSTRA, VOCÊ VAI PAGAR POR TUDO!
Éssio consegue separa-los: Seu louco, você não sabe lidar com as suas emoções, já tinha percebido isso antes, sai daqui antes que aconteça uma tragédia!
Noronha, descontrolado: Eu ainda vou provar pra todos que estão aqui que essa mulher que diz seguir os princípios de Deus é na verdade uma assassina, mas isso vai acontecer no tempo certo, a justiça merece ser feita!
Anna, toda arrebentada: Meu Deus, Noronha, eu sou sua mãe e jamais quis seu mal e nem o mal de ninguém…- Ela desmaia e é ajudada por todos.
O pessoal começa a xingar Noronha.
Jasmine: Noronha, vamos embora daqui!
Américo observa Anna: Como ela consegue ser tão falsa?
Alminha contém todos: Vamos ficar em paz, pessoal-Ela repara que todas as velas que cercavam Bento se apagaram- Ao invés de brigarmos, temos que nos despedir do Bento.
Noronha olha para o pai, ele pega Caio e vai até o caixão.
Caio, inocentemente: O que houve com o vô Bento? Por quê tá todo mundo brigando, papai?
Noronha, trêmulo: O vô foi fazer uma viagem…E ele vai demorar pra voltar…- Ele leva Caio até a cabeça de Bento, e o menino dá um beijo na testa do avô.
Noronha, emocionado: Pode deixar pai, você ainda ia ser muito feliz mas alguém entrou no nosso caminho e atrapalhou meus planos- Ele fecha os olhos- Se você tiver me ouvindo, sabe que eu nunca vou desistir das minhas ideias, mas eu vou punir quem te fez isso ainda mais, eu juro…-Ele pega na mão do pai- Adeus…Adeus pai…- Ele dá um beijo na testa de Bento- Obrigado por tudo que o senhor fez por mim, te amo…-Ele pega Caio e vai embora, Jasmine, Josélia e o detetive o seguem, assim como Bruno.
Noronha pensa: Amanhã, amanhã eu vou ter a minha vitória, e vai ser na tua homenagem.
NO DIA SEGUINTE…
O simbólico enterro de Bento ocorre de manhã, com vários convidados que lhe prestam homenagens das mais diversas formas. Logo depois começam as eleições, formam se filas imensas no único posto eleitoral da cidade, José do Gado distribui seus santinhos por toda a cidade com seus ajudantes, está muito entusiasmado com tudo, Éssio segue seu líder mas sem a mesma empolgação por conta do acontecido. Já Anna também distribui panfletos de José em uma praça pública, ela parece ter esquecido a noite anterior e transborda.
Anna, animada: Vote no Zé do Gado e no meu filho Éssinho, eles vão mudar a cidade!- Diz ao distribuir vários santinhos e cartões eleitorais- CHEGA DE CORONEL BRAVEJO!!
De repente o Inspetor Batista chega: Nossa, ontem no velório do seu marido a senhora estava tão abatida e agora feliz por aí? Estranho, não parece sentir nada por ele!
Anna rebate: Você não pode me julgar por nada, a vida segue e o Bento sabe que eu o amava muito, mas ficar triste por aí não adianta nada! Mas eu sei qual é o seu mal, Inspetor, é a INVEJA!
Batista debocha: Inveja do quê? Todo mundo tá vendo que o Bravejo vai ganhar, ele fez muito pela cidade nessas últimas eleições, até as ruas foram afastadas por ele.
Anna continua distribuindo panfletos: Ai, tenho pena de você que além de carregar uma maldição de lobisomem carrega a inveja também dentro de si, inveja porque foi trocado pelo meu filho Éssinho, inclusive você tentou atacar ele, mas Nossa Senhora Varzeônica protegeu meu filho da sua maldade!
Batista: Mas além de cínica deu pra mentir também? Eu não sou lobisomem coisa nenhuma, já você aparenta ser uma bruxa!
Anna solta todos os papéis que segurava e começa a gritar: SOCORRO! SOCORRO ESSE HOMEM TÁ ME BATENDO!
Batista pega em seu braço, tentando conte-la: Tá louca?
Um policial chega: Batendo nessa pobre mulher? O senhor tá preso por agressão!
Batista se impressiona: O quê?
Perto dali…
Noronha e a família chegam no posto eleitoral, que é uma escola: Eu vou votar, vocês podem me esperar aqui- Ele coloca seus óculos escuros.
Jasmine, Josélia, Américo e Caio se sentam em um banco.
Josélia: Devo estar cheia de rugas, esses meses andam muito turbulentos, primeiro perdi o Figaro e agora o Noronha perde o pai de uma forma tão cruel!
Jasmine suspira: Coitado, o Noronha tá muito abalado ainda e vai ficar por um bom tempo, ninguém se recupera de uma tragédia assim tão rápido…
Caio vê o sorveteiro: Eu quero sorvete, eu quero!!
Josélia se levanta: Eu pago um pra você, nos acompanha Américo?
Américo: Sim, vamos- Os três saem.
Jasmine percebe que Éssio está em outro banco da praça e resolve ir até ele.
Éssio está descansando um pouco: Odeio essa maldita política, odeio distribuir panfletos, quando eu e o Zé ganharmos assumo meu posto e ganho meu salarinho sem precisar fazer nada… Agora preciso ganhar mais do que nunca, o papai era o único que trabalhava…
Jasmine se aproxima: Éssio, posso falar contigo?
Éssio fica radiante ao vê-la: Jasmine, quanto tempo! Claro que posso falar contigo, vamos até a confeitaria?
Jasmine, séria: Não precisa, o Noronha foi votar e logo logo ele volta…Só queria deixar claro que o que aconteceu naquele debate foi algo acidental, eu estava frágil e por isso te beijei, sou compromissada e…
Éssio, provocante:…e não ama seu marido que eu sei! E sei também que você adorou aquele nosso beijo!
Jasmine, constrangida: Fala baixo, Éssio!
Éssio se levanta e a puxa: Vamos pro meu carro, lá a gente conversa melhor!- Ele saem correndo.
Josué vê a cena: O Éssio de novo com aquela mulher, hoje eu descubro a relação que eles tem- O lavoureiro segue os dois.
Na praça, Batista é preso e José do Gado vê a cena.
Batista implora: Eu sou inocente, juro!-Ele repara em José do Gado- Zé, por esses anos todos que fomos parceiros, me ajuda!
José ri: Você fez por merecer, querido, não posso te ajudar dessa vez, tchau…- Ele ri junto com Anna.
Batista, chorando: Vocês vão me pagar, os dois, eu acabo com as suas vidas- O policial fecha o vidro do carro e dá a partida.
Anna: Isso foi por o que você fez com o Éssinho!
José, feliz: Obrigado por me apoiar, Anna, e meus pêsames pela morte do Bento, soube só hoje…
Anna: Isso é passado, vamos rumar no futuro e na sua vitória hoje na contagem de votos!
José estranha sua reação, mas aceita.
No carro de Éssio…
Jasmine, irritada: Eu tenho que voltar pra praça ou o Noronha vai sentir minha falta, ele tá muito triste pela morte do pai, coisa que você também devia estar!
Éssio: E também estou, só você pra me alegrar, Jasmine, o Noronha não sabe te dar valor mas eu sei- Ele a agarra.
Josué, impressionado: Mas gente, esse Éssinho é cheio de podres também, agora quer roubar até a mulher do próprio irmão!-Ele pega seu celular- Com esse meu HiPhone que compre graças ao dinheiro do suborno vou fotografar TUDINHO- Ele tira várias fotografias.
Jasmine se solta: Para Éssio, chega!- Ela sai do carro- Tentei ter uma conversa civilizada contigo mas não deu!- Ela sai correndo.
Éssio grita: Não dá pra correr do destino, viu? Você me ama que eu sei!- Ele sorri.
No posto eleitoral…
Noronha vai saindo da escola quando é aclamado pelos eleitores.
Eleitor, feliz: Desde que você chegou aqui a cidade mudou muito, tô votando só por você mesmo!
Bravejo, que estava lhe esperando, fica enciumado.
Noronha agradece: Muito obrigado!- Ele põe seus óculos escuros de novo, ainda está muito abatido- Vamos ganhar essas eleições, não se preocupe…
Bravejo o consola: Não quero te ver com essa cara de enterro na apuração hoje a noite, se anime Noronha- Diz falsamente- O Bento, onde quer que esteja, está muito feliz com seu desempenho.
Noronha tira os óculos: O senhor tem razão, chega desse clima…- Ele respira fundo- Vou voltar pra casa e me preparar pra apuração, te vejo a noite.
Bravejo, feliz: Tudo bem, vou continuar aqui!
Sitio de Belarmino…
Betânia para em frente ao sitio: Hoje eu vou pegar o restante das minhas roupas que eu deixei com esse velho nojento, cansei de usar os trajes da Jasmonga- Ela sai do carro que Noronha havia lhe emprestado.
Betânia bate palmas, mas ninguém aparece.
A vizinha chega: Oi dona Betânia, o seu Belarmino não tá aqui, ele sumiu faz dias! Mas ele deixou uma coisa comigo, e disse que se você ou a irmã dele Jurema aparecessem eu devia entregar, vou buscar!-Ela sai.
Betânia ironiza: O idiota deve ter ido viajar, agora vou ter que comprar roupas novas, as custas do Noronha é claro…Mas será que ele vai me aceitar por muito tempo lá? Calma, calma Betty você ainda vai conquista-lo, só preciso tirar a Jasmonga do caminho, e é isso que farei!
A vizinha volta com a carta: Aqui está!
Betânia, brava: Ele não deixou nenhuma roupa minha??
Vizinha: Não, agora a senhora me dê licença que uma porca minha tá parindo e tenho que filmar, quer ver?
Betânia sai sem responder nada.
Apartamento de Lara/ Inicio de noite.
Ela conversa com o pai por telefone.
Leopoldo conta: Depois dessa viagem eu pude descobrir como o mundo é lindo, filha, tenho pena de quem nunca vai conseguir sair de Vila Varzeônica. Nunca vi cidade tão boa de morar como a tal da Lisboa, agora tô aqui em Londres, comprei presente pra todos, pra você pra Alminha, pro Bento…
Lara, triste: Foi por isso mesmo que eu te liguei pai, vou falar logo ou então a ligação vai ficar cada vez mais cara…Aconteceu uma tragédia aqui…
Leopoldo, curioso: O que houve, Lara?
Lara, melancólica: Ontem o tio Bento foi achado morto perto da prefeitura, atiraram três vezes nele…
Leopoldo cospe o chá gelado que bebia: Meu irmão Bento? Não acredito, Lara…
Lara, triste: Eu ainda tô muito chocada também, ele nunca foi metido com bandido ou coisa do tipo, ninguém tem ideia de quem possa ter atirado nele, mas do jeito que o mundo anda hoje em dia…
Leopoldo lembra de Noronha: Meu Deus…Isso deve ser uma consequência da vingança que o Noronha insiste em fazer, aposto que as coisas estão tomando proporções maiores!
Lara não entende nada: O quê? Vingança?
Leopoldo fica aflito: Nada filha, esquece, só se lembre do que eu te disse: Fique longe do Noronha, tente não se aproximar dele!
Lara: Credo pai, já falei que não me meto com o primo Noronha, que insistência sua!
Leopoldo: Ótimo, tenho que desligar…Fica bem- Ele desliga o telefone- Meu Deus, proteja minha filha, que o Noronha não a use nessa maldita vingança…- Ele vai até a janela e olha para a rua do hotel onde está instalado- Essa viagem foi ótima, mas acho que já é hora de eu voltar, as eleições são hoje e a cidade vai ficar mais pacífica…É isso, hora de eu retornar pra Vila Varzeônica!
Estádio Varzeônico. Início de noite. Os cidadãos da cidade começavam a chegar para a apuração de votos.
Na mansão de José do Gado…
José, irritado: Marinez, vem ajeitar a minha gravata, quero chegar o mais cedo possível no estádio.
Marinez aparece, toda elegante: Ai, já passei por essa situação tantas vezes que não sei se devo rir ou chorar.
José: Ria, porque dessa vez eu vou ganhar do Coronel BraveLIXO…Vou realizar meu sonho e ser prefeito da cidade!
Conceição limpa alguns quadros: Ainda bem, depois de décadas tentando tinha que ter a primeira vez!
José, estressado: QUÊ?
Conceição: Nada…
Marinez alerta: Cuidado, você sempre com essa confiança acaba perdendo pro Bravejo depois fica louco pelos cantos, descontando a derrota em todos que lhe cercam!
José, confiante: Nada vai me abalar, nem suas palavras negativas e nem meu passado vergonhoso, hoje eu senti nas ruas que a massa popular me ama mais do que nunca e já se cansaram da má administração do Bravejo!
Aurora chega: Vamos?
Marinez, emocionada: Filha, mas hoje você está mais linda do que o normal!
Aurora, abatida: Não exagera, mãe, para de tentar massagear meu ego que não adianta de nada.
José passa perfume: Vocês nem imaginam a notícia que eu recebi hoje, o pai do Noronha foi assassinado!
Aurora, surpresa: QUÊ?
Marinez: O Bento?
José se olha no espelho: Esse mesmo, o enterro foi hoje de manhã.
Aurora, abalada: Coitado do Noronha, ele deve estar muito triste, que eu saiba o pai era a pessoa que ele mais considerava!- Ela fica pensativa.
No estádio…
Noronha e Jasmine chegam.
Noronha, irritado: Nojo desse povo daqui, ai que calor insuportável!
Jasmine se abana: Fizemos bem em deixar todos em casa, a tia Josélia não tem mais disposição pra essas coisas, e depois da morte do Figaro ela ficou bem mais amiga do Caio!
Noronha vê o Coronel: Lá vem ele, amarelo de suor, me cumprimentar!
Jasmine: Pelo visto seu humor ácido já voltou…
Noronha avisa: Desliguei o botão Noronha Sofredor e talvez nunca mais voltarei a liga-lo. Infelizmente meu pai foi uma vítima, mas eu me vingarei por ele, Jasmine, e já tenho tudo planejado!
Bravejo chega e abraça Noronha: Nosso grande momento chegou, os votos nas urnas já estão sendo contabilizados! Chamei um amigo meu pra anunciar o vencedor, Odorico Paraguaçu Jr, conhece?
Noronha, falso: Não, querido Coronel. Mas que bom que EU dei a ideia de instalar urnas aqui na cidade durante as eleições, chega daquela história de contar papel por papel que sempre acabava em confusão.
Noronha avista Éssio e Anna Maria chegando.
Noronha coloca seus óculos escuros: Odeio essas luzes amareladas desse estádio, coitada da minha pele…- Ele analisa o irmão- Derrotado até na aparência…Não se preocupe, pai, depois que eu me eleger essa vingança vai começar- Murmura.
Bravejo: Falou algo?
Noronha disfarça: Falei que quero ir para o palco e me sentar, hoje foi um dia muito agitado- Eles sobem no palco.
José do Gado chega com a família.
Um homem aparece no palco e cochicha algo no ouvido de Bravejo, que acata.
Noronha, curioso: Uma das urnas quebrou?
Bravejo ri: Nada disso, todos os votos foram contabilizados Noronha, já temos um novo prefeito pra Vila Varzeônica…- Ele ri.
Termina o capítulo 49