Capítulo 7 – Para Todo o Sempre
CENA 1. QUARTO DE ALEXANDRE. INT. DIA
Continuação imediata da cena do capítulo anterior, com Odete flagrando Maria no quarto de Alexandre.
ODETE – Estou esperando, Maria. O que está fazendo aqui?
MARIA – Eu… eu…
ODETE – (provoca) O que? Não estou entendendo. Fala, sua vadia!
MARIA – Você me respeite… sogrinha.
Odete fica virada no cão.
ODETE – (furiosa) Saia da minha casa agora! Sai. Eu não quero ver você nunca mais aqui, entendeu?!
MARIA – Eu vou voltar pela porta da frente quando me casar com Alexandre. E acho melhor você começar a se acostumar com a ideia. Beijos!
E sai com o nariz empinado.
ODETE – Eu mereço mesmo essa cruz, meu Deus? Ah, mas eu não vou deixar meu filho, meu filhinho querido, meu bebê, se casar com essa serpente.
CENA 2. PORTA DA CASA DE MARIA. DIA
Apesar de ter parecido forte, Maria estava desesperada por dentro. Imagina ser flagrada com a mão na massa por Odete.
MARIA – (baixinho) Eu preciso de um plano melhor. Não posso simplesmente entrar lá. Tenho que pensar em alguma coisa para finalmente encontrar o que eu estou procurando.
MADALENA – (sai para a porta) Falando o quê sozinha, minha filha?
MARIA – (assustada) Que susto, mãe!
MADALENA – Você anda muito distraída ultimamente. O que está acontecendo?
MARIA – Engano seu, mamãe. Eu acho que estou é ansiosa para o casamento.
MADALENA – Nem sei porque esse alvoroço todo. Pra casar com um cafajeste como o Alexandre. Mas tem que ser assim: se ele te desonrou, tem que casar.
MARIA – É, mamãe. Concordo totalmente.
CENA 3. QUARTO DE DANIELA. INT. DIA
Daniela acordou, arrumou a cama, tomou café, e… deitou de novo.
DANIELA – Não tem nada pra fazer nessa droga de castelo.
Ela pegou um livro para ler. Gostava muito de livros de aventura e mistério. Alice sempre a provocava dizendo que esses não eram “livros para moças”. Ela nunca ligou para esses comentários e odiava romances água com açúcar.
Ironicamente, hoje ela não estava conseguindo ler nenhuma página do thriller que estava lendo. A concentração se foi.
DANIELA – Não é possível! Um idiota desses na minha mente.
Mas a verdade era que Daniela não conseguia tirar Alexandre da sua cabeça. Principalmente do beijo que tiveram. Fora há dias atrás mas mesmo assim aquele camponês pairava na mente e no coração da princesa de Veseli.
CENA 4. CAMPOS DE FLORES DE VESELI. DIA
A plantação de flores está indo maravilhosamente bem. Patrício estava colhendo um monte de margaridas. Guilhermina estava colhendo ao seu lado.
GUILHERMINA – Linda essas flores! Não tem trabalho melhor que esse. Não sei como Maria largou esse trabalho na cooperativa pra ficar consertando sapato daquelas madames da elite.
PATRÍCIO – Essa Maria é uma chata. Quando vinha colher flores só ficava reclamando. Reclamava da terra no sapato, reclamava dos insetos, reclamava de tudo!
GUILHERMINA – Não fale assim da minha amiga.
PATRÍCIO – Eu não sei como você aguenta essa metida! Você é tão mais… mais… (ele ficou com vergonha de terminar a frase. Viu que estava corando)
GUILHERMINA – (constrangida) Que isso… Maria é muito mais linda, mais extrovertida, mais tudo. Eu sempre fui a sem graça.
PATRÍCIO – Imagina! Você é linda!
GUILHERMINA – Você não precisa falar isso só pra me agradar.
PATRÍCIO – Não! Eu…
GUILHERMINA – (corta) Vamos continuar o trabalho? Temos muita coisa pra fazer ainda.
PATRÍCIO – Mas…
GUILHERMINA – CHEGA!
Patrício não consegue esconder a frustração. Essa era a oportunidade perfeita para se declarar para Guilhermina, mas não conseguiu. Nesse momento ele se lembrou que Guilhermina continuava comprometida com…
PATRÍCIO – (baixinho) Ramiro. O que ela viu nesse troglodita?
GUILHERMINA – Falou alguma coisa?
PATRÍCIO – (mal humorado) Não. Agora vai colher essas flores!
Ele se arrependeu logo em seguida.
CENA 5. POLÔNIA. DIA
O barco da família real francesa finalmente chega na costa da Polônia. Carlota está verde de enjoo. Rogério também não esconde a felicidade de pisar em terra firme.
Após esse momento de alívio, Carlota e Rogério entram em um café para fazer o chá da tarde.
CARLOTA – Fiquei sabendo que os chás poloneses são uma coisa de outro mundo.
ROGÉRIO – Comparado às refeições que fizemos a bordo daquele navio, até a comida dos plebeus seria um banquete.
CARLOTA – Imagine! Eu nunca comeria aquela refeição asquerosa. Você já me imaginou colocando uma espiga de milho na minha boca? Nunca! Ainda mais depois que soube da origem disso. Essa é a dieta básica dos seres selvagens que os navegadores encontraram.
ROGÉRIO – O que importa é que dentro de alguns dias chegaremos a Veseli. E ouvi dizer que a culinária de lá é uma coisa marravilhosa.
CARLOTA – É, mas o que vai ser marravilhoso é o que a gente vai fazer por lá.
ROGÉRIO – Isso mesmo! Vamos botar aquele reino abaixo.
CARLOTA – O que sabemos poderá acabar com aquele conto de fadas da família Crawsky.
E eles riem diabolicamente.
CENA 6. PLANTAÇÃO DE FLORES. EXT. DIA
Patrício continua colhendo flores. Ao passar o dia, o serviço vai ficando cansativo. Ele deixara Guilhermina descansar em casa. Este ato de cavalheirismo lhe custaria uma dor absurda nas costas ao final do dia.
PATRÍCIO – Mas vale a pena, só para ver aquele sorriso novamente amanhã.
Patrício continuava nos seus pensamentos agradáveis quando uma cena o trouxe de volta à realidade.
PATRÍCIO – O que é aquilo? Eu não posso acreditar no que estou vendo.
Ao longe, achando que estariam sozinhos e escondidos atrás do celeiro, estavam Maria e Ramiro, aos beijos.
PATRÍCIO – (estarrecido) Não é possível! Alexandre e Guilhermina precisam saber disso. E já!