Capítulo 9 – Recomeçar
https://www.youtube.com/watch?v=mNRA7Ovyvzc
CENA 01. PRODUTORA GALVÃO. SALA DE LEONOR. INT. DIA.
Continuação imediata da última cena. Leonor pasma com o que acaba de ouvir do detetive.
LEONOR: – Casada?! Garota de programa?! Prostituta?! (recosta-se na cadeira, espantada, e dispensa o detetive ) Ta, tá, pode ir. Qualquer coisa eu entro em contato.
DETETIVE: – Com a sua licença. (sai)
LEONOR: (consigo mesma) – Por essa eu não esperava. Leonor, você precisa pensar muito bem no que vai fazer com essas informações. Mas uma coisa é certa: essa ordinária não vai se criar em cima do meu filho.
Leonor surpresa, preocupada e disposta a agir. Corta para:
CENA 02. LANCHONETE DA PRODUTORA GALVÃO. INT. DIA.
Kadu e Davi estão numa mesa, lanchando. Kadu suspira:
KADU: – Um mês de namoro, e eu nunca fui tão feliz. Eu tô completamente apaixonado, meu amigo.
DAVI: – Como se fosse preciso dizer. Eu, como seu amigo, fico muito satisfeito em te ver assim.
KADU: – E o Filipe, não deu mais sinal? Que cara louco, né?
DAVI: – Eu devia ter sacado de cara, logo na noite da tua festa de noivado. O Filipe não quer nada com nada. Só quer curtir, zoar… Como ele mesmo disse, estamos em estações diferentes.
KADU: – Mas pelo que você me contou, ele já passou por relacionamentos sérios. Não sei, deve ter se desiludido, não quer se magoar… e pra evitar isso, prefere não se envolver, não criar laços com ninguém.
DAVI: – É, ele disse mais ou menos isso. Mas vamos mudar de assunto… Hoje é sexta-feira e eu tô a fim de piração. Vai comigo mais tarde à Frenzy?
KADU: – Boate? Putz! Tô no clima não. Tô mais pra um cineminha, programinha a dois, beijinho, carinho e tal… sabe como é, né? (levanta o copo de suco) Um brinde ao amor!
DAVI: (brinda) – Ao amor que se perdeu pelo caminho.
Kadu pega na bochecha de Davi e faz graça. Descontração. Corta para:
CENA 03. APART. DE GILDA. SALA/COZINHA. INT. DIA.
Abre numa ilustração que está sendo feita num papel por Filipe. Está trabalhando na mesa da cozinha. No sofá, Gilda não larga do laptop, passando as imagens captadas pela câmera no quarto de Abel na última madrugada.
GILDA: (estressada) – Pelos olhos violetas da Elizabeth Taylor, não acontece nada nesse Big Brother +18! Oh meu Deus, assim não dá! Há semanas que eu tô grudada nesse computador e até agora nada da Leonor visitar o gostoso do Abel. Que mancebia mais broxante!
FILIPE: – Você ainda vai se dar mal nessa história, já te avisei.
GILDA: – Quem vai se dar mal é a ratazana da Leonor! Quando ela cair na minha ratoeira, eu vou tê-la aqui ó… na minha mãozinha. Vou fazer aquela vaca ‘emperucada’ engolir cada desaforo que me disse. Na marra!
FILIPE: – Não digo mais nada. Depois, não venha chorar as pitangas pro meu lado. E, mãe, devolve meu laptop, por favor.
GILDA: – Uma hora ela há de baixar na casa do amante. E quando essa hora chegar, nós estaremos feitas! Eu e Olívia Watterson!
Na expressão deslumbrada de Gilda, corta para:
CENA 04. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Música: “Castle In The Snow”– The Avener. Stock-shots rápidos do Rio, sugerindo a passagem de algumas horas. Corta para:
CENA 05. APART. DE TIA SOFIA. SALA. INT. DIA.
Júlia ajuda Javier na lição de casa. Belita bate um bolo e vê TV. Tia Sofia vai sair.
TIA SOFIA: – Vou descer até a agência ali na esquina. Fiquem de olho na torta de camarão que tá no forno, meninas, pelo amor de Deus. Volto já!
JÚLIA: – Pode ir despreocupada, tia.
Tia Sofia sai. Alguns segundos depois, a campainha toca. Júlia vai ver quem é. Olha pelo olho mágico. Respira fundo e abre. É Leonor, muito séria.
Closes alternados nos rostos delas. Nisso, corta para:
CENA 06. PRODUTORA GALVÃO. ESTÚDIO. INT. DIA.
Música: “Save Room” – John Legend. Kadu fotografa um casal de atores. Glamour e filtros. Depois, mostrar ele tentando ligar pra Júlia, sem sucesso. Segue as fotos e música. Corta para:
CENA 07. APART. DE TIA SOFIA. SALA. INT. DIA.
Continuação da cena 05. Leonor parada na porta. Ela e Julia entreolham-se.
LEONOR: – Como é que é, não vai me convidar pra entrar?
JÚLIA: – Belita, leva o Javier pra brincar um pouco lá embaixo, por favor.
Belita desliga a TV e sai com Javier. Leonor continua séria de dar medo. Júlia tenta ser gentil, mas está desconfortável, não esperava pela visita. As duas de pé:
JÚLIA: – Entre. Sente, fique à vontade. A senhora bebe alguma coisa? Um refresco, café, água/
LEONOR: (corta) – Imagino que você saiba quem sou eu.
JÚLIA: – Sim, eu lembro da senhora… da festa na sua casa.
LEONOR: – Não lembro de ter convidado gente como você.
JÚLIA: – Não, eu não fui convidada. Eu estava trabalhando, trabalhando no buffet que serviu a festa.
LEONOR (ligando os pontos) – Ah, quer dizer então que você estava na festa de noivado do meu filho como serviçal. Logo, presumo que você tenha conhecido o Carlos Eduardo nessa noite. Estou certa?
JÚLIA: – Olha, dona Leonor/
LEONOR: (corta) – Eu te fiz uma pergunta.
JÚLIA: – Sim, o Kadu e eu nos conhecemos naquela noite. Euestava servindo os convidados, aí a gente se esbarrou e/
LEONOR: (corta) – O meu filho não esbarra em prostituta!
JÚLIA: – Oi? Não entendi.
LEONOR: – Você entendeu muito bem. (T) Você ainda não se deu conta com quem está lidando, não é? (T) Se bem que eu devo estar te subestimando. Sim, porque já percebi que você não brinca em serviço. Entrou na minha casa pelas portas do fundo na noite do noivado do meu filho, deu uma bela cruzada de pernas e virou a cabeça dele. A ponto dele desistir da noiva e cair nos seus braços. Ou seria melhor dizer “no meio das suas pernas”?
JÚLIA: – A senhora não sabe o que diz. Não foi bem assim que as coisas aconteceram.
LEONOR: – Ah, não? Não me diga que a relação que vocês estão mantendo à minha revelia se resume a… Ele paga pra te levar pra cama?
JÚLIA: (mais nervosa, desconfiada) – A senhora está me ofendendo.
LEONOR: – Ué, não era isso que você fazia na Argentina, sua vagabunda?
Júlia treme. Olhar já marejado. O passado que ela tanto queria esconder parece vir à tona. Nesse momento, o celular de Júlia toca. O aparelho está na mesinha de centro, numa posição que Leonor consiga ver quem está ligando. É Kadu.
LEONOR: – Não vai atender? Ele deve estar louco pra te ter essa noite. Vai, atende e diz que consegue uma horinha pra ele.
Muito tensa, Júlia pega o telefone e atende. Intercalar agora com a cena 06.
JÚLIA: – Oi, meu amor.
KADU: – Estou te ligando desde cedo. Onde você está?
JÚLIA:- Em casa. Eu tô em casa.
KADU: – Aconteceu alguma coisa? Sua voz tá estranha.
JÚLIA: – Não, não, não aconteceu nada. Tá tudo bem.
KADU: – Tô ligando pra gente marcar alguma coisa hoje à noite. Cinema, que tal?
JÚLIA: – É… pode ser.
KADU: – Passo às 20h pra te pegar. Te amo. Muito!
JÚLIA: – Também. Agora eu vou ter que desligar, a minha tia tá chamando, vou ver o que é.
KADU: – Tá bem. Até daqui a pouco. Beijo!
JÚLIA: – Outro.
Júlia desliga. Segue apenas nesta cena. Leonor não tira os olhos de Júlia, como se pudesse fuzilá-la com eles.
JÚLIA: – Como é que a senhora sabe? Como é que a senhora desenterrou essa história?
LEONOR: – Já ouviu falar em detetive? Você não percebeu, mas tinha um muito esperto na sua cola nessas últimas semanas. Como é que você acha que eu cheguei até aqui? Adivinha eu não sou. O Carlos Eduardo também não me daria o seu endereço. (T) Essa gente faz um trabalho admirável, você não acha? Eu acho formidável. Não essa coisa de ficar seguindo a pessoa e tirando foto, mas sim a investigação que eles fazem além disso, por trás, colhendo informações, juntando as pecinhas e chegando ao resultado final. Todo mundo esconde algum podre no passado. Foi acreditando nisso que eu contratei um detetive pra fuçar o seu. O que eu não contava é que o seu passado fosse um lamaçal só.
JÚLIA: – Isso já tem muito tempo. Eu tava sem emprego, precisava de dinheiro, acabei metendo os pés pelas mãos… Não foi por querer.
LEONOR: – Nunca é por querer, meu bem. Quer dizer, a não ser que seja uma pervertida doente. (T) O Carlos Eduardo vai ficar chocadíssimo. Mas talvez fique até mais quando souber que você é casada.
Com esse golpe, Júlia sente-se mal, leva a mal à testa, trêmula.
JÚLIA: (senta) – Não tô me sentindo muito bem. Eu gostaria de ficar sozinha.
LEONOR: – Não, não, nada disso. Eu espero seu sangue voltar a circular nas veias. Vou até sentar. (senta)
JÚLIA: – Não é verdade. Eu não sou casada. Fui casada, mas separei. Não separei no papel ainda, mas não tenho mais nada com ele… (segura) Diz logo, o que a senhora quer com isso tudo? Vem à minha casa, me ofende, vasculha a minha vida… Qual o propósito disso? Quer que eu termine com o Kadu? Quer que eu abra mão do seu filho?
LEONOR: – Eu não vou te obrigar. Mas acredito que você tenha bom senso. (tira um envelope da bolsa) Sabe o que é isso aqui? Veja você mesma. (passa)
Júlia pega o envelope e tira dele uma foto. A CAM não focaliza, mas deixa subentendido que é algo comprometedor, da época em que Júlia se prostituía.
LEONOR: – Que fase, hein! Já pensou se isso cai nas mãos do seu filho daqui a alguns anos, quando ele tiver mais crescidinho?
JÚLIA: (enfurecida) – Sai da minha casa!
LEONOR: – Seria traumático pro menino.
JÚLIA: (mais alto) – Sai da minha cada agora!
Tia Sofia acaba de entrar.
TIA SOFIA: – O que tá acontecendo aqui?
JÚLIA: – Essa mulher…
TIA SOFIA: – A senhora não ouviu a minha sobrinha mandá-la sair? Tá esperando o quê?
LEONOR: (levanta) – Pode ficar com a foto. De onde ela veio, tem mais.
Leonor sai. Júlia chora. Tia Sofia a consola, mesmo sem saber o que se passa. Corta para:
CENA 08. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA/NOITE.
Música: “Let Me Go” – Cymcolé ft. Mister Jam. Stock-shots. O sol vai dando lugar à lua. Corta para:
CENA 09. MANSÃO DE LEONOR. QUARTO DE LEONOR. INT. NOITE.
Leonor vai saindo de roupão do banheiro. Horácio está sentando na poltrona, com alguma revista nas mãos.
HORÁCIO: – Detetive, Leonor? Eu não acredito que você chegou a esse ponto.
LEONOR: – Você é muito engraçado, Horácio. Eu te digo que o nosso filho está envolvido com uma prostituta e você vem condenar os meios que eu usei pra descobrir isso.
HORÁCIO: – Pra mim, os fins nunca justificaram os meios.
LEONOR: – Pois pra mim sim. Ainda mais quando o que está em jogo é o futuro do meu filho, o patrimônio da nossa família, os negócios… O casamento com a Alessandra seria uma mão na roda pra produtora.
HORÁCIO: – O Kadu vai vir com tudo pra cima de você quando descobrir que tinha um detetive no calcanhar dele todos esses dias, tô te avisando. E eu não quero estar aqui pra veresse circo pegando fogo.
LEONOR: – Primeiro, o detetive estava na cola da ‘talzinha’, não do Carlos Eduardo. E segundo, você acha mesmo que ele vai dar mais cabeça a isso do que ao fato da “namorada” não passar de uma marafona, e que ainda por cima mente pra ele? Posso apostar contigo que não.
HORÁCIO: – E você pensa em delatar a moça? Vai contar ao Kadu o que descobriu sobre essa Júlia?
LEONOR: – Isso, meu querido, vai depender dela.
Leonor de frente para o espelho. Corta em fade out para:
CENA 10. FACHADA DO PRÉDIO DE TIA SOFIA. EXT. NOITE.
Música: “This Never Happened Before” – Paul MacCartney. Kadu passa pra pegar Júlia. Ela não parece muito bem, mas ele não nota. Beijam-se dentro do carro, antesde saírem. Corta para:
CENA 11. SALA DE CINEMA. INT. NOITE.
Segue a música. Juntinhos, Júlia e Kadu veem um filme. Ao contrário dele, ela não consegue prestar atenção. Está com a cabeça cheia. Parece querer aproveitar os últimos momentos ao lado do homem que ama. Corta para:
CENA 12. PRAIA. EXT. NOITE.
Lado a lado, Júlia e Kadu estão deitados na areia, olhando o céu estrelado e a lua cheia:
KADU: – Quando eu era criança, imaginava que a superfície da lua fosse uma enorme aglomeração de estrelas. Todas acesas na fase cheia e algumas apagadas nas fases crescente e minguante.
JÚLIA: – E a lua nova?
KADU: – A lua nova? Bom, aí eu imaginava que todas elas, todas as estrelas, tinham caído no sono, exaustas, cansadas de tanto brilhar. (pausa e olha Júlia nos olhos) Hoje eu sei que elas nunca se cansam de brilhar, da mesma forma que eu nunca me canso de dizer que te amo.
Beijam-se. Sobe a música das cenas anteriores, que estava ao fundo. Tempo no beijo. Corta para:
CENA 13. BOATE FRENZY. PISTA/BAR. INT. NOITE.
Badalação. Música: “Can’t Feel My Face” – The Weeknd. As pessoas se divertem, bebem, namoram etc. Depois, CAM encontra Davi, dançando com alguns amigos. De repente, ele vê Filipe aos beijos com um rapaz e para de dançar. Off na música. Entra agora “Together” – The xx. Davi está surpreso e entristecido. Em seguida, Filipe acaba o beijo e o vê. Closes alternados. Davi vira e sai. Filipe continua onde está, recusando outro beijo do rapaz.
Corte descontínuo para o bar. Davi está no balcão, tomando um drink. Sério. Filipe chega de mansinho e senta perto. Faz sinal pro barman pedindo uma bebida. Davi procura mostrar que não se importa:
FILIPE: – Como é que você tá?
DAVI: – Eu tô ótimo.
FILIPE: – Que bom. (T) Olha, aquilo que você viu ali, eu e aquele rapaz/
DAVI: (corta) – É isso mesmo? Você veio até aqui pra dar me dar satisfação do que estava fazendo? Ah, vá se danar, Filipe.
FILIPE: – Desculpa. Eu só pensei que você/
DAVI: (corta) – Pensou errado. Dá licença.
Davi sai e volta pra pista. Filipe fica com cara de tacho. Corta para:
CENA 14. FACHADA DO PRÉDIO DE TIA SOFIA. EXT. NOITE.
Kadu estaciona o carro. Ele percebe que Júlia está com algum problema.
KADU: – Tá bom. Deixa eu ver… Como foi que o bandidão morreu?
JÚLIA: – Hã? Que bandidão?
KADU: – No filme. O vilão do filme, como ele morreu? (T) Você tá preocupada com alguma coisa, Júlia. Com a cabeça em outro lugar, aérea, nem se ligou no filme… E não adianta dizer que não é nada, você tá assim desde cedo. Vai, me conta.
Tensa, Júlia respira fundo, sob o olhar inquisidor de Kadu. Corta para:
CENA 15. MANSÃO DE LEONOR. QUARTO DE LEONOR. INT. NOITE.
Música: “Vinho Guardado” – Nana Caymmi. Horácio dorme. Sentada na poltrona, Leonor lê um livro, à luz do abaju. Logo para a leitura e vai ao closet. Prepara-se para sair. Pega uma frasqueira e sai.
CENA 16. ESTACIONAMENTO DA BOATE FRENZY. EXT. NOITE.
Davi vai entrando em seu carro para ir embora. Filipe despede-se de alguns amigos e corre para alcançá-lo. Bate no vidro.
FILIPE: – Dá uma carona?
Corta para:
CENA 17. AVENIDA. EXT. NOITE.
Davi dirige o carro. Sério. Filipe está no passageiro. Silêncio. Climão.
FILIPE: – Coloca uma música. Tem Placebo? Você curte Placebo?
DAVI: – Não. E chega de música por hoje.
Longa pausa.
FILIPE: – Você não bebeu? Não devia estar dirigindo.
DAVI: – Beberiquei só.
FILIPE: – Hum…
Outra pausa.
FILIPE: – A gente podia passar em algum lugar antes de ir pra casa.
DAVI: – Por exemplo?
FILIPE: – Não sei, num motel, talvez.
Davi freia o carro bruscamente. Irritado:
DAVI: – Sai do meu carro!
FILIPE: – Calma, cara!Eu não falei sério, Davi.
DAVI: – Sai agora do meu carro, filho da puta!
O clima pesou de vez. Davi furioso. Filipe abismado. Corta para:
CENA 18. FACHADA DO PRÉDIO DE TIA SOFIA. EXT. NOITE.
Júlia e Kadu estão dentro do carro parado. Ele continua querendo saber o que se passa, mas sem perder a doçura:
KADU: – Eu tô esperando, Júlia. Não vai me contar mesmo o que tá te deixando assim?
JÚLIA: – A gente pode subir? No terraço é melhor pra gente conversar.
Corta para:
CENA 19. TERRAÇO DO PRÉDIO DE TIA SOFIA. EXT. NOITE.
Terraço com algumas plantas. Júlia de costas para Kadu e de frente para a CAM.
JÚLIA: – Você não vai entender. Você nunca vai entender. Vai me julgar, vai me dizer que/
KADU: (corta) – O que isso, Júlia? Você tá começando a me deixar realmente preocupado. É grave? É doença? Você tá doente?
JÚLIA: – Não, não é nada disso.
KADU: (virando-a de frente) – Olha pra mim. Ei, sou eu, o homem que te ama, o homem que prometeu te fazer feliz, lembra? Seja o que for que você tenha pra contar, eu vou procurar entender. Juro.
Júlia com os olhos marejados. Corta para:
CENA 20. APART. DE ABEL. SALA/QUARTO. INT. NOITE.
Abel abre a porta e recebe Leonor. Entra a música: Vinho Guardado – Nana Caymmi. Ambos abrem um sorriso, se abraçam e se beijam. Corte descontínuo. Abel e Leonor caem na cama. Transam. Corta para:
CENA 21. APART. DE GILDA. SALA. INT. NOITE.
No sofá, Gilda já está sonolenta. Não aguenta mais monitorar o quarto de Abel pelo laptop. De repente, vê Abel e Leonor caindo na cama, transando, e arregala os olhos.
GILDA: – Wow! Finalmente! Mas olha isso, gente! A vaca demorou a ir pastar, mas quando foi, foi fa-min-ta!Adoooro!
Gilda ri. Não perde nenhum movimento. Delicia-se com as cenas no computador. Corta para:
CENA 22. TERRAÇO DO PRÉDIO DE TIA SOFIA. EXT. NOITE.
Kadu esperando pelo que Júlia vai dizer. Chorando, Júlia busca coragem dentro de si.
JÚLIA: – Lembra o dia que eu disse que fui trabalhar em Buenos Aires…que as coisas não deram muito certo e passei por uns perrengues?
KADU: – Sim, eu lembro. Mas o que tem isso?
Pausa:
JÚLIA: – Eu me… eu me prostituía.
Na expressão surpresa de Kadu, efeito e corta para:
FINAL DO CAPÍTULO 09