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Filho Amado

Capítulo 8 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 08.

 


 

Bravejo, sem entender: Como assim assassino? Você só pode estar brincando comigo!

 

Éssio nega: Não. O Noronha é uma pessoa muito perigosa, ele pode explodir a qualquer momento, e se tiver alguma coisa “ matável” na frente dele, o danado vai lá e usa! Já pensou se você o contratasse? Ele podia ficar bravo com o senhor e tentar te atirar da janela!

 

Bravejo se apavora: Nossa, eu conheço ele faz tanto tempo, nunca poderia imaginar que Noronha tivesse essa personalidade que você descreveu.

 

Éssio, com o sorriso estampado no rosto: Não se preocupe Coronel, você não convive com ele diariamente, não sofre riscos, diferente de mim, da minha mãe e do meu pai, que somos diariamente expostos aos riscos de ter um ser como esse em casa.

 

Bravejo, ainda assustado: Sim…- Ele toma postura novamente- Bom, vamos começar a sua entrevista e esquecer o Noronhassassin, digo, o Noronha.

 

Butique/ Interior.

 

Betânia, curiosa: Posso saber quem é o noivo da sua filha?

 

Marinez, arrogante: E eu posso saber quem é você?

 

Betânia se apresenta: Maria Betânia Amaral, filha da dona da Butique, eu vim te atender, não sabia que seria tão mal tratada!

 

Marinez percebe o engano: Me perdoe mesmo, eu te confundi com outra pessoa, não sabia que você era filha da Norberta, sou Marinez do Gado, esposa do José do Gado, e muito amiga da sua mãe.

 

Betânia chama o garçom da loja: Não tem problemas, eu te perdoo sim- O garçom chega com champanhe- Peguem o champanhe e aproveitem pra me contar o que desejam aqui na nossa HUMILDE butique.

 

Marinez e Aurora se entreolham: Bom, chega de mentiras, eu vou falar logo o que queremos: É um vestido de noiva pra minha filha.

 

Betânia, querendo obter informações: Nossa, então a filha de José do Gado vai se casar! Posso saber com quem é?

 

Aurora: Não.

 

Marinez tenta evitar mais constrangimentos: Na hora certa você saberá, querida, mas por enquanto apenas me mostre os vestidos, e por favor, não comente isso com ninguém.

 

Em frente a casa dos Dávila…

 

Carro do Coronel Bravejo…

 

Bravejo aperta a mão de Éssio: Foi uma ótima entrevista, pode se considerar contratado, você começa a trabalhar depois que a festa passar, já sabe o que fazer, certo?

 

Éssio afirma: Sei sim.

 

Bravejo lhe dá um leve murro: Você terá uma ótima carreira profissional!

 

Éssio: Então obrigado pela carona, tchau.

 

Bravejo o impede: Espere, eu vou com você, vou falar um oi para sua mãe.

 

Os dois saem do carro.

 

Na cozinha…

 

Noronha continua enforcando Anna, até que ela consegue pegar uma panela e taca na cabeça do filho.

 

Anna finalmente consegue respirar: Se antes eu tinha duvidas agora já sei que você é um louco!

 

Noronha, dolorido: Se sou assim, a culpa não é minha…

 

Anna parte pra cima dele: Escuta aqui, Noronha, você ainda vai se arrepender por tudo o que está fazendo com a nossa família, você é a nossa ruína!

 

Noronha a segura de novo: QUEM VAI SE ARREPENDER É VOCÊ…

 

De repente Éssio e o Coronel Bravejo entram na cozinha.

 

Bravejo, indignado: LARGA ELA, NORONHA!

 

Anna corre para perto do Coronel: Graças a Deus que vocês chegaram- Ela começa a chorar- Esse louco estava tentando me matar! Eu que sou a própria mãe dele!

 

Bravejo, decepcionado: Então era tudo verdade mesmo, eu jamais esperaria um comportamento tão ridículo de você, Noronha.

 

Noronha fica sem saber o que fazer: Eu…

 

Bravejo abraça Anna: Não fale mais nada Noronha, ou você piora sua situação comigo.
No dia seguinte.

 

Garagem da casa dos Dávila/ Tarde.

 

Noronha e Bruno montam a barraca: Aí o Coronel Bravejo falou “Não fale mais nada Noronha, ou você piora a sua situação comigo”.

 

Bruno escuta a história toda: É, mas você pegou pesado com o seu irmão e principalmente com a sua mãe, tentou inforcar ela! Isso é coisa que se faça, amigo?

 

Noronha, triste: Eu sei disso, mas é que na hora da raiva eu não sei o que acontece comigo…Minha pressão sobe, parece que eu esqueço de tudo, inclusive de pensar…Agora que eu parei pra analisar o que eu fiz, parecia que eu estava louco…

 

Bruno apoia: Exato. Espero que com a festa que começa hoje você consiga respirar um pouco mais aliviado, e depois trate de pedir desculpas aos dois.

 

Noronha coloca uma faixa na barraca: Eu vou fazer isso, uma hora ou outra, e quanto a festa…- Ele pigarreia- Eu queria te perguntar se você me deixa usar o fogão da sua casa pra fazer os bolinhos…Eu mal estou conseguindo entrar em casa, me sinto mal, não consigo encarar ninguém…Quem está estranhando tudo é meu pai, que ainda não sabe da história.

 

Bruno, sorrindo: É claro que pode usar o fogão lá de casa, vamos só terminar de montar a barraca e podemos ir pra lá.

 

Noronha: Você vai na frente, eu tenho que me encontrar com a Aurora na praça antes, ela disse que tinha uma coisa importante pra me falar.

 

Praça/ Um pouco mais tarde.

 

Noronha está sentado em um banco esperando Aurora, quando de repente ela chega, mas acompanhada da mãe.

 

Noronha, surpreso: Dona Marinez?

 

Marinez tira os óculos escuros: Você já deve saber por que eu estou aqui, a Aurora me contou tudo, sobre o seu plano de ir morar na capital e de se casar com ela.

 

Noronha: Eu até imagino sua reação…

 

Marinez, séria: Realmente fiquei muito surpresa, mas eu pensei bem e resolvi apoiar minha filha, apesar de eu não te considerar o noivo ideal e de achar que ela é jovem demais pra casar…Eu vou aceitar a união dos dois.

 

Noronha, feliz: Vai aceitar?

 

Marinez: Mas terá apenas uma condição Noronha: Você terá que se casar aqui antes de ir embora com a Aurora pra o tal JOVEM  DE OURO.

 

Noronha: O quê? Mas eu fui no banco e eles me disseram que os resultados saem uma semana depois do pagamento.

 

Marinez: Não tem problema, eu vou na igreja, sou amiga do padre, consigo uma data pra semana que vem…O que importa é que vocês devem se casar aqui, o pai da Aurora ainda nem sabe dessa nova combinação, eu temo que ele não vai aceitar…Mas ele não conseguirá impedir vocês dois de serem felizes.

 

Aurora, animada: Mãe, que bom que você acredita no nosso amor- Ela abraça 
Noronha- E então? Você aceita a nossa proposta?

 

Noronha pensa um pouco: Aceito…

 

Marinez, rigida: Nem sei como eu posso apoiar uma loucura de vocês, dois jovens que nem sabem o que é amor direito, de qualquer forma eu vou contar tudo pro Zé hoje, durante a festa, vamos ver o que vai acontecer…

 

Aurora: Se ele apoiar ou não eu e o Noronha vamos seguir os nossos rumos de qualquer jeito.

 

Marinez põe os óculos novamente: Vai dar trabalho pra ele aceitar, mas ele não vai poder impedir vocês- Ela coloca os óculos escuros- Eu vou indo porque pelo visto vou ter muito trabalho com esse casamento, principalmente com a cerimônia.

 

A noite…

 

Começa a festa do pequi, tradicional na cidade, o estádio está mais cheio do que nunca, algumas pessoas se sentam em mesas( As que chegam primeiro) e o resto se senta em arquibancadas, acontecem shows e apresentações, lá fora os ambulantes tentam lucrar já que o estádio não oferece nada para comer.

 

Bravejo testa o microfone: Som…Som…- Ele abre um sorriso- Povo de Vila Varzeônica, antes de começarem as apresentações tradicionais da dança do pequi eu gostaria de falar umas palavrinhas. Primeiramente, gostaria de falar que estou muito feliz com a festa desse ano, que está primorosa, é a minha oitava festa, espero que possam haver mais festas lindas como essa, que valorizam a tradição local e mostram para todos que nós, os Varzeônicos, temos uma cultura tão digna quanto a de outras cidades do Brasil.

 

Ele fica esperando aplausos, mas tudo o que acaba ouvindo são vaias. O povo começa a vaiar as palavras do Coronel, alguns gritam pelo saneamento básico, e outros tentam atingi-lo com alguma coisa.

 

Ruper o puxa: Vamos Coronel, antes que o senhor morra.

 

Bravejo não se intimida e tenta continuar falando, mas a vaia é geral, ele então resolve gritar: JÁ QUE NÃO VÃO ME APLAUDIR, EU APENAS GOSTARIA DE DIZER QUE ANTES DAS APRESENTAÇÕES COMEÇAREM, NÓS TEMOS A PISTA DE DANÇA LIVRE PARA DANÇAR, PORTANTO, APROVEITEM- E desce do palco.

 

A pista de dança ficava sempre livre por uma hora antes das apresentações.

 

Lá fora…

 

Barraca de Noronha.

 

Bruno conta o dinheiro: Noronha do céu, parece que já arrecadamos- Ele vai até o ouvido do amigo- 504 reais!

 

Noronha não se dá por satisfeito: Ainda é pouco, imagina se não tivessemos subido o preço dos bolinhos mágicos de dois pra quatro reais!

 

Bruno, contente: Mesmo assim os bolinhos são um sucesso!

 

Chico Branco e José do Gado passam.

 

Chico, faminto: Não comi nada até agora Zé, preciso comer alguma coisa antes do nosso discurso triunfal, e esses tais “ bolinhos mágicos” parecem apetitosos.

 

José do Gado repara no dono da barraca: Vamos procurar outro lugar, o dono dessa barraquinha apoia o Bravejo, ali tem uma sopa de pequi deliciosa.

 

Noronha sai da barraca: Bruno, fica aí tomando conta que eu preciso ir falar com a Aurora.

 

Bruno atende uma cliente: Sim, chefe.

 

No estádio, a família Dávila está em uma mesa exclusivamente reservada para eles.

 

Bento, se remexendo: Será que a barraca do Noronha está dando certo?

 

Anna, rancorosa: Tomara que não.

 

Éssio pensa: “ Tem que ter algum jeito de eu acabar com a barraca do trouxa do Noronha, aquele idiota não merece sucesso nenhum…”

 

Alminha chega: Pessoal! Que prazer ver vocês aqui!

 

Bento se levanta: Minha irmã querida, faz tanto tempo que eu não te vejo, achei que você tinha ficado rica com a sua carreira de vidente!

 

Alminha abraça o irmão: Eu AINDA não fiquei rica, mas hei de ficar, e cadê o Noronha?

 

Bento consegue uma cadeira pra irmã se sentar: Ele está com uma barraquinha lá fora, a do bolinho mágico.

 

Anna, fria: Receita que ele copiou de mim, ingrato…

 

Bento: Falando nisso eu vou lá ver como está a barraquinha, vem comigo Éssio!

 

Éssio, sem querer: Pai, infelizmente eu já vejo o Noronha todo dia, vou pra pista ver se acho alguém interessante pra dançar- Ele vai pra pista, que está lotada.

 

Alminha bebe água: Ai que calor, não sei como você aguenta ficar com essa roupa toda fechada, de lã, e ainda preta!

 

Anna, estressada: Alminha me deixa em paz!

 

Alminha: Eu estou sentindo você diferente…O que aconteceu?

 

Anna, trêmula: Nada, que te interesse.

 

Alminha de repente começa a sentir alguma coisa.

 

Anna preocupada: O que foi Alminha? Tá tudo bem? Me desculpe se eu te ofendi…
Alminha fica sem folego: Não é isso…É a aurea…Estou pressentindo…

 

Anna: Pressentindo o quê?

 

Alminha, paralizada: Alguma coisa devastadora vai acontecer nessa festa, Anna.

 

Anna solta imediatamente a mão de Alminha: Ah, me poupe Alminha! Eu não acredito mais nas suas previsões desde que você disse que o Noronha ia ficar rico.

 

Alminha, toda suada: Mas é verdade, alguma coisa vai acontecer, e tem haver com os seus filhos.

 

Anna: Como é que é?

 

Noronha entra no estádio: Preciso falar com a Aurora e resolver a situação do casamento logo- De repente ele vê Aurora na pista de dança, mas com Éssio- Não…NÃO É POSSÍVEL!

 


 

Termina o capítulo 08.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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