Capítulo 7 – Filho Amado
Filho Amado.
Capítulo 07.
Mansão de José do Gado/ Sala.
A campainha toca, Aurora abre a porta, é Chico Branco.
Chico, alegre: Olá minha querida Aurora, seu pai está?
Aurora, atordoada: Quem?
Chico repete: Seu pai, ele está?
Aurora volta a realidade: Claro, está na sala com minha mãe.
José do Gado fica feliz ao ver ele: Chico, há quanto tempo, cheguei a pensar que você tinha desistido de mim!
Chico o cumprimenta: Ao contrário meu caro estou com novos planos para sua campanha eleitoral esse ano!
Marinez termina de beber seu café-pós janta: Bom, eu vou deixar vocês dois conversando porque não quero me contaminar com esses assuntos políticos.
Aurora aproveita: Mãe, posso conversar com você?
Marinez, feliz: Claro! Vamos pro meu quarto, filha.
Lá…
Aurora, com receio: Eu preciso falar com você porque eu recebi umas propostas atualmente mas não sei se devo aceita-las.
Marinez, sem entender: Propostas, filha? Que propostas?
Aurora resolve contar: É uma proposta de ir pra capital, e arrumar um emprego lá, e também uma proposta de…De casamento.
Marinez, surpresa: Meu Deus do céu, por onde você acha que eu estive esse tempo todo? Você estava namorando e não me contou!
Aurora: Mãe eu não queria te esconder isso, mas é por conta da reação do papai que eu não contei, acho que ele pode ficar bravo quando descobrir quem é o namorado.
Marinez, chateada: E quem é esse namorado Aurora?
Aurora olha fixamente para a mãe: É o Noronha mãe, filho da Anna e do Bento.
Marinez, chocada: O Noronha!
Casa dos Dávila/ Ainda noite…
Bento termina de guardar a louça, Éssio já havia saído para a praça e Noronha não tinha chegado ainda.
Anna se aproxima, com a cara fechada: O Éssio saiu?
Bento, desatento: Saiu, foi pra praça.
Anna fica parada, como se quisesse alguma coisa.
Bento, estranhando: Algum problema?
Anna arregala os olhos: Eu é que te pergunto Bento, tem alguma coisa acontecendo que eu não saiba?
Bento, nervoso: Que eu saiba não.
Anna o marca: Não? Então as tentativas de assassinato que estão acontecendo aqui nessa casa pelas minhas costas não tem importância?
Bento tenta se fingir de desentendido: Do que você está falando, Anna? De tanto assistir novela ficou paranóica!
Anna, profundamente irritada: Até quando você achou que ia conseguir esconder de mim os crimes que o Noronha tentou cometer contra o Éssinho?
Bento, cuidadoso: Calma, Anna, foi justamente por isso que eu nunca te contei nada do que aconteceu, eu sabia que você iria reagir desse jeito…O Noronha não cometeu crime nenhum, ele só se descontrolou um pouco…
Anna, descontrolada: Você está tentando minimizar o que ele fez! O Noronha tentou matar o irmão pelo que eu escutei, isso é algo que uma pessoa em sã consciência faça? Ele é um psicopata!
Bento, tentando apoiar o filho: Não! Ele é uma pessoa como todos nós, que precisa de carinho e respeito também, e acima de tudo compreensão!
Anna, perigosa: Você sempre está tentando defender ele, é impressionante, o que ele fez contra o Éssio não tem justificativa!
Bento, bravo: É claro que tem! Na noite em que o Noronha tentou matar o Éssio VOCÊ tinha humilhado ele, esqueceu? Você tem culpa nas atitude dele sim!
Anna ri ironicamente: Está puxando a conversa pra outro assunto, você está sendo ridículo defendendo o Noronha.
Bento retruca: É ótimo você enxergar que eu sou ridículo defendendo alguém, é assim que você faz quando defende o Éssio, você está errada Anna Maria, porque não quer enxergar a sua culpa no que o Noronha fez!
Anna explode: BASTA BENTO! Eu não vou mais discutir com você, agora que eu sei tudo, posso fazer o que eu quiser, eu posso denunciar ele pra policia!
Bento começa a rir: Você não tem provas, sua tosca!
Anna, ameaçadora: Do jeito que o Noronha é, ele pode tentar matar o Éssio de novo, eu não duvido nada, mas se ele tentar isso novamente eu juro que eu mando prender aquele desgraçado!
Bento, sem acreditar: Você vê como se refere ao Noronha? Anna, você nunca procurou entendê-lo!
Anna, indignada: Entender o quê, seu infeliz? Entender isso- Ela pega a faca- Você quer que eu mostre o que o Noronha tentou fazer contra o Éssio?- Ela se aproxima com a faca.
Bento, estressado: Por favor, solta essa faca e converse civilizadamente! Assim você está mostrando que tem as mesmas atitudes que o Noronha!
Anna, louca: Não era você que estava defendendo ele até agora? Reconhece que ele é um psicopata! RECONHECE!
Bento parte pra cima dela: Você tá se fazendo de burra! ME DÁ ESSA FACA AGORA- Ela tenta se soltar, mas acaba atingindo Bento no braço.
Anna, sem ação: Ah…Meu Deus, o que eu fiz.
Bento observa o braço sangrar: Até onde estamos chegando Anna Maria? Desse jeito, aonde nossa família vai parar?
Mansão de José do Gado…
Marinez anda de um lado para o outro no quarto: Você não podia ter me escondido esse namoro, eu sou sua mãe, sua confidente!
Aurora, chorando: Me perdoa mãe, eu queria ter te contado mas toda vez que eu pensava em fazer isso eu me lembrava do dia em que o papai perdeu pro Bravejo pela primeira vez, lembra? Ele ficou louco, explodiu com todo mundo!
Marinez, angustiada: Lembro sim Aurora, mas você já pensou no que vai fazer agora? Vai aceitar essa proposta do Noronha? Vai com ele pra capital?
Aurora: Ainda não sei o que fazer mãe…
Marinez, preocupada: Você pode até ir embora, a capital é um bom lugar pra se morar quando se tem um bom emprego, mas você tem que se casar AQUI, o seu pai não vai permitir que você vá morar com o Noronha antes de se casar…
Aurora escorre suas lágrimas: Eu sei, estava pensando em contar isso para o papai no dia da festa…
Marinez: É uma boa ideia, mas deixa que eu preparo ele primeiro, pra que não aconteça nenhuma reação explosiva.
No outro dia…
Estádio de Vila Varzeônica.
Bravejo e Ruper observam algumas pessoas organizarem a festa, que será no dia seguinte.
Bravejo suspira: Ruper está chegando a hora da tão aguardada festa…
Ruper faz algumas anotações: Pelo visto vai ser um sucesso…Olha, até o Chico Branco tá se preparando!
Bravejo concorda: É verdade até o…CHICO BRANCO? De onde você tirou essa ideia?
Ruper aponta: Olha ele ali, parece que está montando um mini-palco!
Bravejo fica surpreso, e vai até ele: Ora, ora, ora, Chico Branco, posso saber o que você está fazendo aqui no estádio?
Chico continua trabalhando: Estou montando um mini palanque pra o José do Gado fazer um discurso na festa…Algum problema?
Bravejo, tentando manter a postura: Não sei- Ele se dirige a Ruper- Por acaso tem alguma regra que impeça ele de montar esse palanque?
Ruper revira as páginas do manual: Infelizmente não.
Bravejo finge não ligar: Não me importo, de qualquer forma EU estarei no palanque maior- Ele e Ruper saem.
Chico, confiante: Pode se vangloriar enquanto pode, Bravejo, esse ano você não ganha as eleições- Ele e mais dois operários continuam montando o palanque.
Casa dos Dávila/ Cozinha.
Anna, Éssio e Noronha tomam o café. A matriarca fica observando o filho mais velho.
Anna, ainda séria: Bom…Eu vou comprar a mistura de hoje, volto já- Ela finge sair e fica observando os dois.
Éssio come sua broa quieto, está todo arrumado.
Noronha, curioso: Vai aonde com essa roupa?
Éssio, se exibindo: O Coronel Bravejo vai conseguir um emprego pra mim, um trabalho decente na prefeitura.
Noronha, debochando: Emprego decente? Você sonha alto mesmo, de certa forma está certo, é sempre bom sonhar.
Éssio, rindo: E você sonha por acaso?
Noronha, sincero: Sonho sim, e você vai ver que depois dessa festa minha vida vai mudar muito, eu vou ir embora com a mulher da minha vida, e vou me casar com ela.
Éssio, morrendo de rir: CASAR? Quem é a louca que vai querer se casar contigo, Noronha? Você nem emprego tem!
Noronha, prometendo: Depois da festa eu vou esfregar tudo isso na sua cara, Éssinho.
Éssio se levanta e se espreguiça: Veremos então, agora deixe me ir, tenho agenda cheia hoje, ao contrário de você que vai ficar o dia todo aí, sem fazer nada- Ele sai, rindo.
Noronha, não se dando por satisfeito: Engana-se você!
Butique da Cidade/ Interior.
Marinez e Aurora reparam em alguns vestidos de noiva.
Marinez instrui: Filha, finja que está interessada em um vestido qualquer, menos no de noiva, ninguém pode saber que você vai se casar ou então a fofoca vai se espalhar e em uma hora todos já vão saber!
Aurora, cochichando: Mas mãe eu não queria escolher o vestido agora, eu ainda nem falei com o Noronha sobre isso, você está adiantando muito as coisas…
Marinez: Já que vai casar, se casa logo, e você devia agradecer a mim que em vez de te virar as costas estou dando o maior apoio, apesar de eu não gostar do seu noivo, filha.
De repente Betânia chega: E quem seria o noivo da sua filha?
Marinez e Aurora ficam sem reação.
Prefeitura/ Sala de Bravejo.
Éssio chega e cumprimenta o Coronel.
Bravejo, simpático: Deseja algo para beber? Chá? Café? Suco?
Éssio se aproveita: Se tiver refrigerante de laranja eu aceito!
Bravejo estranha: Então tá…Ruper,vai ver se tem refrigerante de laranja na geladeira.
Ruper abre a geladeira: Não tem não, na verdade não tem nada na geladeira prefeito.
Bravejo, irritado: Então vai comprar, e vê se não demora, por favor.
Ruper sai apressado.
Bravejo se dirige a Éssio: E o Noronha? Ele não se interessou pela proposta?
Éssio resolve mentir: Dá até constrangimento de falar…Mas o Noronha falou que não quer ouvir sua proposta porque ele jamais aceitaria trabalhar com um cara como o senhor.
Bravejo, surpreso: Ele disse isso mesmo?
Éssio consente: Sim, falou que preferia ser um desempregado a ter que trabalhar contigo- Ele tenta não rir- Mas esqueça ele, tem gente que não sabe aproveitar as oportunidades.
Bravejo, com raiva por dentro: Você tem razão, Éssio…
Éssio decide aproveitar a chance: E o senhor não ia querer trabalhar com ele mesmo, o Noronha é bem diferente do que todos pensam, ele é muito perigoso, volúvel, na verdade…O Noronha é um assassino.
Bravejo arregala os olhos: ASSASSINO?
Casa dos Dávila/ Um pouco depois.
Anna entra na cozinha, Noronha ainda está sentado na mesa.
Noronha, desconfiado: Já foi no açougue mãe?
Anna, fria: Fui sim mas antes queria ver se você ia tentar matar o meu filho de novo.
Noronha, sem reação: Do que…
Anna o corta: Não adianta mais tentar esconder de mim os seus crimes, Noronha, eu descobri tudo, descobri que você tentou matar o Éssio uma vez e ontem tentou fazer o mesmo! ASSASSINO!
Noronha, indignado: Aquilo lá faz muito tempo, e foi culpa sua!
Anna ri: Sempre tentando me culpar pelos seus erros, é impressionante, eu sempre sou a vilã da história!
Noronha se justifica: Se eu fiz aquilo não foi atoa, eu tive um motivo, quer que eu repita quantas vezes que você nunca gostou de mim!
Anna, furiosa: E VOCÊ QUER QUE EU REPITA QUANTAS VEZES QUE ISSO É MENTIRA!?
Noronha a confronta: Se fosse mentira você realmente teria sido uma mãe pra mim, mas parece que você me criou obrigada por alguém, como se eu fosse uma obrigação horrível e nojenta!
Anna: Você é um ingrato, isso sim, e não me canso de repetir isso, e além de tudo tenta matar o irmão e ser o bom da história! Eu nunca vou te entender!
Noronha derruba a mesa: EU TENTEI MESMO! O ÉSSIO SEMPRE FOI UMA PEDRA NO MEU SAPATO, ELE SEMPRE ESTRAGA TUDO NA MINHA VIDA E NO FIM ACABA SE DANDO BEM!
Anna dá um tapa no filho: Invejoso, você não consegue suportar o sucesso do seu irmão, ele sim é um…- Noronha avança pra cima da mãe e começa inforca-la.
Noronha, descontrolado: Ele é o quê? O que o Éssio é?
Anna, sem ar: ME SOLTA! ASSASSINO! SOCORRO!
Termina o capítulo 07.