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Agridoce

Capítulo 1 – Agridøcє

Agridøcє

Caminhava pelo comprido corredor equilibrando algumas caixas nos braços, completamente ciente dos três pares de passos logo atrás de mim. Parei na última porta do corredor e empilhei as caixas do lado da porta, procurando as chaves nos bolsos da calça.

— Então, chegamos… — Suspirei abrindo a porta com um empurrão, fazendo a bater com um baque leve do outro lado da parede.

— É bem… Bom… Bem… — Mamãe suspirou e desistiu de tentar encontrar uma palavra para descrever o pequeno cômodo que acomodava duas camas, uma encostada em cada parede oposta do quarto, duas escrivaninhas apertadas entre as camas e a parede dos fundos, duas prateleiras dispostas em cima de cada cama e duas pequenas cômodas.

— Bem “cara de prisão”. — Disse Ally olhando por cima dos meus ombros.

— Pra mim está bom. — Suspirei, me abaixando para pegar as caixas do lado da porta e as levando para dentro, depositando-as em cima da cama do lado direito do quarto.

Mamãe, papai e Ally entraram no quarto, depositando as caixas que carregavam perto das minhas, com nós quatro ali dentro, o quarto se tornava quase claustrofóbico.

— Bom, acho que está na hora de irmos… — Mamãe deu um passo curto em direção da porta, me olhando com os olhos marejados.

— Ah, mamãe! Combinamos de não chorarmos, lembra? Isso não é pra ser algo ruim! — Sorri.

— Eu sei querida, mais já estou com saudades de vocês, sempre tentei me preparar para esse momento, mais nunca achei que chegaria tão cedo! — Ela deu um passo para frente e me abraçou.

— Acho que devemos realmente ir, Penny. — Chamou papai já do lado de fora do quarto. — Ainda temos que levar as coisas de Ally para seu dormitório. E Wendy precisa arrumas suas coisas.

— Encontro com vocês lá embaixo, Antony. — Mamãe sussurrou, ainda me abraçando.

Papai piscou, esse era seu jeito de dizer que me amava, mas que não queria despedidas para não chorar na frente da família.

— Qualquer coisa me mande uma mensagem! — Ally gritou seguindo o papai pelo corredor.

— Querida, me ligue sempre que precisar, ok? Se quiser ir para casa nos finais de semana me avise, venho te buscar… — Mamãe disse, ainda me abraçando.

— Tudo bem, mãe! Não se preocupe, vou ficar bem.

— É, eu sei. — ela suspirou, se afastando. — Então me ligue quando achar que eu preciso de você. — sorriu e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Olhei em volta, para as paredes azuis e para o chão de madeira cinza escuro. Era tudo muito impessoal, tudo era igual, das duas camas aos dois abajures em cima das duas escrivaninhas. Respirei fundo e me sentei na cama, fazia 10 minutos que eu era oficialmente uma “aluna de faculdade”, mas já queria ir embora. Respirei fundo mais uma vez e comecei a remexer nas caixas.

Já havia guardado minhas roupas na cômoda, e espalhado algumas coisas pela escrivaninha quando escutei a porta se abrir. Me virei discretamente enquanto via um menino entrar no quarto com uma pilha de caixas.

— Hey, Joy! Sua colega de quarto já chegou! — Ele gritou para o corredor, depois se virou para mim e sorriu. — Olá!

— Oi. — encarei o chão enquanto o menino botava as caixas em cima da cama do lado esquerdo do quarto.

— Prazer, sou Rylan! Irmão da sua colega de quarto, Joy! — Ele estendeu a mão e eu a apertei ainda encarando o chão.

— Deixe a garota em paz, Rylan! — Disse Joy entrando no quarto equilibrando duas caixas em um braço enquanto puxava uma pequena mala de rodinhas pelo outro.

— Só me apresentei. — Ele fez um biquinho e foi se sentar na cama da irmã.

— Hm. — ela suspirou. — Prazer, Wendy, né?

— Sim. — Sussurrei, botando o cabelo atrás da orelha.

— Caso ainda não tenha descoberto, eu sou a Joy. — Ela piscou.

Há alguns meses atrás havia recebido uma carta da Universidade Estadual da Carolina do Sul, informando que minha colega de quarto seria alguém chamada Joy Thomas, passou pela minha cabeça milhares de estilos e personalidades para ela, menos a que eu via ali. Joy era uma menina minúscula, pelo menos uns 10 centímetros a menos que eu, um cabelo preto super curto com uma franja moderna jogada na testa, uma pele branca porem bronzeada, lindos e grandes expressivos olhos verdes, contornados por um delineador grosso e bem feito. Usava roupas pretas e pude ver pela parte que sua blusa não cobria uma ou outra tatuagem.

Enquanto a analisava, Joy jogou suas coisas na cama, revirou algumas caixas, pegou o que procurava e saiu do quarto, com seu irmão indo logo atrás, não me disse mais nada, não me olhou, não se despediu, apenas saiu e fechou a porta atrás de si.

Encarei as prateleiras acima da minha cama e as duas caixas lotadas de livros. Será que Joy se incomodaria se eu pegasse as prateleiras dela?! Bom, talvez. Suspirei.

  • Capítulo 2 – Dia 29/12

Stephanie

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