Notas de Um Destino – Capítulo 41 (Reta final)
Rosa Maria: E para entregar o prêmio, vem aí a anfitriã da festa, ressuscitada dos mortos: Quitéria Garcia, EU MESMA!
Dona Memê: Que palhaçada é essa?
Rosa Maria: Gostou da surpresa, madrinha? Ou devo dizer: MADRASTA? Essa festa só pra você: e te garanto uma coisa, ainda nem começou.
Dona Memê: Maldita! Você está morta! Morta!
Rosa Maria: Antes estivesse. Assim eu não diria tudo o que eu tenho pra dizer, por exemplo: que a verdadeira mãe da Maria de Lurdes é você, sua ladra de crianças. Que todos saibam. Minha irmã Maria de Lurdes é filha de um pistoleiro com esta charlatã. O mesmo pistoleiro que matou seus pais adotivos. O mesmo pistoleiro que mandou matar Clemente, noivo da De Lurdes.
Dona Memê: Cale-se! Mentirosa!
Rosa Maria: Pergunta pra ela, Maria de Lurdes, pergunta como ela conseguiu casar com o nosso pai! A troco de que chantagem? Acabaram-se as suas cartas, Memê. Agora é a minha vez de ditar as regras. Aqui se faz o que eu mando. Sabe, eu achei seu filho fofo. O seu também, Maria de Lurdes.
Dona Memê: Sim, e daí?
Rosa Maria: Eu tenho uma amiga que é estéril, pobrezinha. Ela mora em Houston. E o sonho dela é adotar dois meninos. Acho que… vou levar os dois e finalmente realizar o sonho dela de ser mãe. O que me dizem?
Maria de Lurdes: Você não vai levar meu filho a lugar nenhum, sua ladra de crianças!
Rosa Maria: Ah, mas eu pago o preço que vocês pedirem.
Maria de Lurdes: O meu filho não é mercadoria!
Rosa Maria: É mesmo? Eu também não era! Mesmo assim você me vendeu pra essa larápia que você chama de mãe! Tem ideia do quanto eu sofri por culpa de vocês? Não, não tem… Por isso, vocês agora vão sentir a dor que eu senti. E como é ruim perder um filho! Porque vocês querendo ou não, os garotos vem comigo.
Dona Memê (se ajoelhando): Nãããããooooo!!!!! Pelo amor de Deus! Se quiser castigar alguém, castigue a mim, mas não toque nos meus filhos nem no meu neto, por favor! Entenda o meu sofrimento de mãe.
Rosa Maria: Essa! Essa mesma expressão de desespero que você tem agora, eu devo ter feito naquele dia quando implorava pra você não me separar da minha família… Você lembra?… Você lembra, Dona Memê?… Você disse que a gente ia manter contato,… mas depois o que fez?… Diga!… Diga a todos o que fez depois!
Dona Memê: Eu… sumi com o dinheiro que a De Lurdes me deu… Depois voltei pra chantagear o seu pai por causa deste segredo e lhe roubei as terras, daí você veio. Depois de um tempo, eu o procurei de novo com mais uma chantagem, para que se casasse comigo ou a De Lurdes saberia toda a verdade.
Rosa Maria: É… foi isso… Mas, anda, implora por misericórdia… Eu tô esperando!… Vai!
Dona Memê: Eu imploro que pelo amor de Deus, não me separe dos meus filhos, nem do meu neto, pelo que você mais ama. Eu não sei viver longe deles. Minha vida não tem sentido.
Rosa Maria: Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Muito bem, dona Memê. Mas nem com isso paga todo o mal que fez a uma pobre criança indefesa. Mas aquela criança de outrora cresceu e a única diferença entre antes e agora é que você é uma serpente e eu, só era uma inocente menininha. Quanto a você, Maria de Lurdes, só agora eu percebi que teve a melhor das intenções, pois sempre soube que eu não iria conseguir me defender de um pai alcoólatra e, que tipo de educação eu teria naquele meio? Por isso você fez questão de me mandar pra uma família de bem, caridosa. Os Saboia me receberam de braços abertos e estavam dispostos a me dar todo o amor e boa educação para que nada me faltasse. Mas eu não conseguia chamar outra pessoa de mãe a não ser Edvirgens Garcia, por isso fugi da casa deles e fui parar num convento, onde as freiras me deram toda educação e me conseguiram a família Parker-Smith, mas problemas no casamento deles eram tantos que eu não suportei e fugi. De Lurdes, hoje eu entendo que, se você quis que nos separássemos, foi pra me proteger e não por falta de amor. Eu tenho coração, irmã. Eu nunca faria o mesmo aos filhos de vocês. Nem que isso me trouxesse uma aparente paz de espírito, mas roubaria a de vocês. Posso pedir um abraço?
(Todos se abraçam, menos Dona Memê)
Rosa Maria: Dona Memê, eu lhe peço. Saia de nossas vidas, de uma vez por todas.
Dona Memê: Não é tão simples, Quitéria. Sou a mãe da Maria de Lurdes.
Rosa Maria: Não é! Nossa mãe é Edvirgens Garcia, ela sofreu para nos educar.
Dona Memê: Isso quem diz é a De Lurdes.