Conexão Webs – Programa 24 (Terça-Feira)
Entrevista com o autor Augusto Vale, da web ‘Recomeçar’.
1) Onde buscou referências para criar a sinopse de Recomeçar? Teve título provisório? A sinopse de "Recomeçar", que anteriormente chamava-se "Apaixonante", já existe há um bom tempo, só que com a adição de outras tramas. Então, para conseguir contar essa história em formato de web-série, tive que abrir mão de vários personagens e me dedicar ao mínimo possível, tentando deixar a narrativa enxuta e coesa para o leitor. E foi curioso, porque foi aí que percebi que as três histórias pinçadas orbitavam num mesmo tema: o recomeço, as novas chances que a vida nos proporciona. Então, o título não poderia ser outro. Sobre referências, posso dizer que sou noveleiro desde criança, e inegavelmente o gênero me influenciou. 02) Quando desenvolveu essa sinopse, já estava definido o começo, meio e fim? Começo e fim, sim. Quando começo a escrever uma história, tenho em mente de onde vou partir e o ponto em que quero chegar. Agora, o caminho até lá tem que ser algo indefinido, porque isso me instiga a criar. Gosto de me surpreender. Claro, tenho ideia dos conflitos que a trama vai gerar. Mas como tudo vai acontecer, digamos, é a própria história que vai me dizer. Deixo o enredo me levar. Ter total controle sobre tudo torna o trabalho burocrático, e isso é péssimo. 03) Qual o saldo positivo que tira de Recomeçar que termina essa semana? A web já estava totalmente escrita quando comecei a publicá-la aqui no Séries de Web. Não alterei absolutamente nada desde então. É uma história da qual me orgulho bastante, me deu muito prazer em escrevê-la. Quem está acompanhando, pode perceber que os capítulos foram ficando cada vez maiores à medida que a trama foi se desenrolando. Quer dizer, a satisfação em contar essa história só foi crescendo. Pude aprender muito nesse exercício. 04) Algum personagem se destacou além do previsto? Não exatamente, porque os três personagens que movem "Recomeçar" (Júlia, Gilda e Filipe) tiveram o mesmo peso dentro da narrativa. São três personagens que se depararam com a oportunidade e a necessidadede recomeçar suas vidas. Mas, talvez, a Gilda tenha ganho um enfoque maior que o previsto. Foi um personagem delicioso de escrever, pois funcionou como respiro cômico ao drama. E, se querem saber, aqui vai uma revelação: inicialmente, os perfis do casal Davi e Filipe eram diametralmente opostos. Quer dizer, tudo que aconteceu ao Davi, na verdade, seria vivido pelo Filipe - inclusive a doença. Alterei por dois motivos: pela coerência e, também, para não interferir na trajetória de Gilda, que, com o filho doente, fatalmente se tornaria coadjuvante de sua própria história. 05) Satisfeito com a audiência da produção? Sinceramente, não. Esperava uma resultado melhor do que o que vi. Pelo que pude ver na aferição que o site faz, a web apresentou altos e baixos no número de viés. Se a história já não tivesse totalmente concluída, talvez eu ficaria desestimulado a continuar escrevendo (risos). 06) Como foi abordar a homossexualidade? Não entrei em questões de homossexualidade, heterossexualidade... A sexualidade de Filipe e Davi era um mero detalhe. O que eu queria contar era uma história de amor e foi isso que fiz. O fato deles serem homossexuais não é importante. Em nenhum momento ao longo desses 20 capítulos isso é salientado. Não falo sobre aceitação, preconceito, homofobia, nem levanto bandeira. É um romance natural, que se desenvolve sem interferências externas. Mas, claro, não deixa de ser uma abordagem otimista em comparação ao que se vê no mundo de hoje. 07) O que não pode faltar em uma novela para ser sucesso? Em novela não pode faltar romance. Um seriado pode até abrir mão disso e se dar bem. Mas uma novela não consegue prender a atenção sem uma boa história de amor em primeiro plano. 08) Tem algo em mente para o segundo semestre de 2016? Pode nos adiantar algo? Sim. Uma história rural que fala sobre mágoa, inveja e obsessão. Mas ainda não existe absolutamente nada escrito. 09) Quem é Augusto Vale? Uma pessoa que procura enxergar o mundo e a vida da maneira mais realista possível. Tento não ser refém do tempo e das conveniências hipócritas de nossa sociedade. Acredito que reflito isso nas histórias que escrevo. Próxima entrevista: Gabriel Rabelo (Sentimento Verdadeiro)