Batalha Espiritual: harmonia entre enredo bem amarrado, personagens bem construídas, narrador conciso e ortografia impecável
Escrita por Gabriela Santos Ribeiro. No ar desde 13/ 11/ 2016. Classificada para maiores de 16 anos.
Confesso logo que fantasia não é um gênero que me atrai. Bem como o maniqueísmo é algo que, em geral, me cansa. No entanto, desde que li a sinopse de Batalha Espiritual me senti incrivelmente interessado – e não foi à toa: a autora foi muito feliz ao adaptar a história já conhecida da Bíblia e inserir novas personagens, tão atraentes quanto as figuras de “bem” e “mal”.
Começo, portanto, falando do começo. No primeiro capítulo, somos apresentados à figura complexa de Micael (o bem), descrito pelo narrador (outro ponto a ser comentado adiante) como uma divindade perfeita. E então conhecemos Lucian (o mal), que apesar de sua nobreza e o alto cargo na sociedade contextualizada, é tomado pela inveja e se rebela contra o (único) deus Micael. Admito que esse engessamento à história original que a maioria – se não todos – conhece, me desapontou, a princípio, mas já no segundo capítulo já não existe mais esse impasse, pois aparecem Serena e Francine, habitantes da Terra, a nova criação de Micael, muito bem desenvolvidas pela autora.
É muito interessante observar o conflito de interesses entre as duas irmãs, Serena e Francine, que representariam nós, os seres humanos. Elas se tornam a linha tênue, o muro entre o bem (Micael) e o mal (Lucian, assumindo o nome de Draco). Apesar do cenário medieval, são pontuais ao vivenciar questões morais e psicológicas sempre contemporâneas, em meio a tantas ideologia. São personagens que fazem mais que atender às necessidades do enredo, são pilares fundamentais para a batalha espiritual do título.
Além das personagens, o narrador com certeza é outro aspecto que merece ser elogiado. Apesar de pender para “o bem”, o narrador onisciente nos permite conhecer o que se passa internamente em todos os integrantes da trama. Fico curioso por uma perspectiva em primeira pessoa, seja de Lucian/ Draco ou Micael, mas a terceira não é algo que eu deva me queixar, uma vez que oferece uma boa troca com o público, levantando questionamentos que surgem durante a leitura.
A harmonia entre o enredo bem amarrado, as personagens bem construídas, o narrador conciso e uma ortografia igualmente impecável, garante o mérito da autora a nota 5,0 de 5,0. No mais, parabéns, Gabriela. Já sou fã de sua história e espero encontrá-la mais vezes no site.
E você, o que está achando de Batalha Espiritual? Não deixe de responder aqui e nos capítulos, também – a relação autor-leitor é essencial para o bom desenvolvimento do enredo.
Fico feliz em saber que foi positiva. É muito bom ler uma análise do que tem acontecido na história, isso esclarece pontos positivos e também o que ainda pode ser melhorado. Muito obrigada por ter utilizado parte do seu tempo para me ajudar e até mesmo incentivar, João! Eu procurei estudar para escrever e não me fazer apenas daquilo que todo mundo já sabe ou tem noção. Algumas pessoas naturalmente se desagradam do tema e/ou do jeito que as coisas foram montadas, mas é importante lembrar que é um reflexo da minha tentativa de mostrar os valores por trás dessa história (independentemente de crenças).
Estou no Séries há sete meses e esta é minha terceira história. Infelizmente, parece que será a última, mas foi um prazer ter contato com você neste curto período. Espero que continue gostando e quero que saiba que estou muito grata pela crítica! Abraço.